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Caetano Evangelista

No documento jakelineduquedemoraeslisboa (páginas 74-79)

ANEXO VI Entrevistas

2 TURNERSCHAFT-CLUB GYMNASTICO JUIZ DE FORA

2.2 AGENTES E ALUNOS DO CLUBE GINÁSTICO

2.2.1 Os professores

2.2.1.2 Caetano Evangelista

O terceiro professor de Ginástica foi Caetano Evangelista que podemos também visualizar na foto anterior, sendo o primeiro da esquerda para direita. Este nasceu na Bologna, Itália, em 15 de agosto de 1893. Veio para o Brasil aos cinco meses de idade, sendo registrado em Juiz de Fora. Foi aceito como sócio no Turnerschaft em 30 de novembro de 1913. Segundo sua filha, Climene Evangelista, ele trabalhava perto do Clube, na Oficina George Grande, e isto foi um facilitador para sua entrada no Turnerschaft: a proximidade e a convivência com os alemães e teutos. Esteve à frente como diretor até 1961, quando faleceu no dia 3 de março deste mesmo ano. Durante todo este período residiu com sua família nas dependências do Clube.

FIGURA 15- Caetano Evangelista-década de 1910

Fonte: arquivo particular: ALEMIDA, Climene Evangelista de

No ano de seu falecimento, escreveu o Jornal Diário Mercantil:

Era, com efeito, um líder na acepção inteira e justa da palavra, porque nada o induzia a sê-lo, senão o designo que marca o destino dos pioneiros e dos fortes. (18/03/1961)

Nome querido em Juiz de Fora, mercê de suas virtudes de bom cidadão e chefe de família honrado, o Professor Caetano Evangelista, que desaparece aos 67 anos de idade, constituiu família em nossa cidade, legando um patrimônio de trabalho digno de nota, para o que muito concorreu seu espírito cristão, sempre voltado para as boas causas. (04/03/1961)

Caetano foi o professor que ficou mais tempo à frente das atividades do Clube. Dentre suas vitórias enquanto atleta, destacamos, baseados em algumas noticias de jornais e livros que citam sua biografia, que este professor foi bi-campeão brasileiro de ginástica e vice-campeão sul-americano na década de 1910. Quando Caetano Evangelista assumiu o Clube Ginástico, inicialmente não foi feita nenhuma cobrança financeira como pagamento pelos seus serviços, pois as aulas eram realizadas à noite e nos finais de semana. Nas leituras dos documentos,

encontramos indícios de realização de alguns pagamentos realizados a Caetano, mas não era mencionado o pagamento de salário. Ele apenas dava aulas fora de seu horário de trabalho nos colégios da cidade.

Como condição para aceitar o convite, impôs não haver remuneração em espécie alguma, desde que a atividade não interferisse nas suas tarefas nos colégios que o contrataram como professor de educação física (Granbery, Bicalho, Santa Rita de Cássia, Escola Normal, Educandário Carlos Chagas, Grupo Central). Além disso, Evangelista solicitou que ele pudesse usar as dependências do clube ginástico para aulas particulares (YAZBECK; GAMA, 1996, p.22).

Caetano foi um dos responsáveis pelo crescimento do Clube, inicialmente realizando as atividades da ginástica e do atletismo. Posteriormente, tendo contato com outras instituições esportivas, o Clube Ginástico decidiu também realizar atividades de voleibol, basquetebol, escotismo, esgrima, boxe e tênis de mesa. O Clube Ginástico foi uma das primeiras instituições em Juiz de Fora a desenvolver essas atividades esportivas, o que demonstra sua importância para o desenvolvimento dessas práticas na cidade.

Caetano Evangelista, por seu trabalho no Clube Ginástico, tornou-se um ilustre juizforano. Ele dá nome a uma rua, bem como a um centro de esportes organizado pela Prefeitura Municipal. Caetano recebeu post mortem, a Comenda Henrique Guilherme Fernando Halfeld, a mais alta condecoração do município de Juiz de Fora.

Muitas lembranças são guardadas por pessoas que tiveram contato com o professor Caetano Evangelista:

Formidável, formidável [...] (Elyett Villela, ex-aluna de ginástica e voleibol na década de 40 – entrevista 4).

Ah... Muito bem, muito educado, muito bom. Ele era enérgico, mas ele era é dessas pessoas enérgicas, mas educadas „né‟? O seu Caetano era muito educado [...]. (Odett Ciampi, 88 anos, ex-aluna de ginástica e voleibol, década de 30 – entrevista 2).

Muito amigo e, mas ele era severo „né‟! Mas conversava, ria muito com a gente, era um amigo! (Ophelia Ciampi, 89 anos, ex-aluna de ginástica, voleibol, década de 30 – entrevista 3).

O professor Caetano era uma pessoa séria, ao mesmo tempo extremamente carinhosa. Ele talvez não extravasasse tanto sentimento, mas em atitudes dele, a gente percebia o quanto afetivamente ele era ligado às pessoas que frequentavam o Clube.

Era uma pessoa séria, mas ao mesmo tempo muito generosa. Eu só tenho lembranças muito queridas [...] (Patria Soares de Oliveira Zambrano, 70 anos, ex-aluna de ginástica e voleibol, década de 50 – entrevista 12).

Era uma figura como eu poderia citar ímpar na cidade de Juiz de Fora [...]. Era muito dinâmico, muito querido, um atleta perfeito [...]. (Alberto Surerus, 83 anos, ex-aluno de ginástica e basquetebol, décadas de 30 e 40 – entrevista 7).

Ele era muito enérgico, não permitia a gente fazer ginástica com uniforme sujo [...] muita atenção, muita atenção, muita disciplina, muita rigidez. Me tornei seu fã direto. (Ítalo Paschoal Luiz, 82 anos , ex- aluno, ex-professor de ginástica e ex-Presidente, décadas de 40 a 70. – entrevista 8)

Era uma relação de amizade. Papai era um líder, mas não era um ditador. Era enérgico, disciplinador, educador. Todas as pessoas que frequentavam o clube ele sabia um pouquinho de cada um, pois ele se interessava pela educação das pessoas. (Climene Evangelista de Almeida, filha do professor Caetano, ex-aluna de ginástica e voleibol, 80 anos, décadas de 30 a 60 – entrevista 10).

Percebemos que em algumas falas há a presença da questão disciplinadora exigida por Caetano e reconhecida por alguns ex-alunos, os quais se lembram de sua maneira “enérgica” de conduzir suas aulas dentro do Clube Ginástico. Esta característica era marcante nos professores de ginástica da época que desenvolviam suas atividades dentro dos ideais e objetivos preconizados pelas escolas de ginástica. Neste caso, citamos a ginástica alemã e a ginástica sueca, pois ambas asseguravam a importância da ginástica para a formação de um homem melhor através da formação do caráter, uma vez que a educação se dava de maneira disciplinadora, moralizante. Assim, Caetano se encaixava neste perfil do professor de ginástica, procurando educar seus alunos de forma séria, enérgica e disciplinadora.

Não podemos deixar aqui de mencionar o nome de uma pessoa que não foi professora, mas que teve uma importância muito grande para diversos alunos pelo carinho e atenção que eram desprendidos por sua esposa conhecida como D. Neném24.

Sobre este carinho, relembra Pátria Zambrano (entrevista 12):

24 Constança de Moura Evangelista casou-se com Caetano Evangelista em 15 de agosto de 1915 e teve 7 filhos.

Eu tenho uma lembrança da cozinha da casa deles e do macarrão que se fazia lá todo sábado. Era muito gostoso aquilo. As excursões que a gente fazia, ela nos acompanhava, eu como era novinha ficava sempre na companhia dela, da D. Neném.

De acordo com o Sr. Haroldo Thees (entrevista 5), pelo fato do Professor Caetano ser um pouco rigoroso, quando os alunos queriam algo, eles recorriam a D. Neném: O seu Caetano era uma pessoa interessante, ele era um cara amoroso, mas muito fechado às vezes, distante, [...] Tudo que a gente queria se aliava a D. Neném [...].

Umas das diversas situações de demonstração de disciplina e educação que o Professor Caetano buscava ensinar a seus alunos além do carinho de D. Neném, escrevem Ivanir Yazbeck e Maurício Gama (1996):

A presença de D. Neném se faz sempre em intervenções maternas, como no dia em que seu Caetano puniu dois brigões com uma suspensão, baseado no relato de um auxiliar às voltas com um treino entre os menores. Encerrado o expediente, d. Neném revela que presenciara o incidente e que não fora tão grave assim. Mas o marido manteve-se firme na sentença.

- Imagina- d. Neném tentou mais uma vez- se um desses meninos se envolve em algum acidente lá fora, justamente na hora da ginástica... Diante da força do argumento, a anistia foi concedida imediatamente.

FIGURA 16: Alunas de voleibol e D. Neném ao centro-década de 1950

Sobre seu falecimento, escreve Arides Braga no Diário Mercantil:

“Feliz o Clube Ginástico! Viveu sob a direção segura de D. Neném e, agora, feliz, por que vai viver sob seus ensinamentos e guiado sempre pelos exemplos que ela deixou. Uma força viva e latente de dedicação a uma obra que era a continuação de seu lar”. (23/07/1955).

No documento jakelineduquedemoraeslisboa (páginas 74-79)

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