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Caminhos que a escola percorre para a qualidade na inclusão: o

2 EDUCAÇÃO INCLUSIVA

2.4 FORMAÇÃO DE PROFESSORES E A INCLUSÃO

2.4.4 Caminhos que a escola percorre para a qualidade na inclusão: o

Com as novas demandas trazidas pelas políticas públicas como a Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva (BRASIL, 2008) a escola passou a repensar seu espaço colocando-se como um lugar que busca reinventar suas práticas para desenvolver o trabalho com a educação inclusiva. Diante disto, como uma forma de trabalho com os alunos público-alvo da educação especial, surge o Atendimento Educacional Especializado (AEE), um serviço da educação especial que, "[...] identifica, elabora e organiza recursos pedagógicos e de acessibilidade, que eliminem as barreiras para a plena participação dos alunos, considerando suas necessidades específicas" (BRASIL, 2008).

O AEE complementa e/ou suplementa a formação do aluno, visando a sua autonomia na escola e também fora dela, sendo obrigatório nos sistemas de ensino, e realizado na escola comum. O espaço que deve ser ofertado o AEE é a Sala de Recursos Multifuncional, e este espaço físico é de responsabilidade da escola. Sendo que também deve fazer parte do Projeto Político Pedagógico da escola (PPP)

e são atendidos alunos considerados público-alvo da educação especial conforme o decreto Nº 7611/2011 (BRASIL, 2011). Esses alunos são:

- Alunos com deficiência, conforme a Organização das Nações Unidas (ONU), que apresentam comprometimentos a longo prazo de caráter físico, mental, intelectual ou sensorial, os que devido a diversas barreiras podem não ter sua participação plena na sociedade com igualdade de condições que os demais sujeitos.

- Alunos com transtornos globais do desenvolvimento são as crianças/adolescentes que apresentam alterações qualitativas nas interações sociais recíprocas e na comunicação, um repertório de interesses e atividades restrito, estereotipado e repetitivo (BRASIL, 2008).

- Alunos com altas habilidades/superdotação são os alunos que demonstram um grande potencial em uma das seguintes áreas, isoladas ou combinadas: intelectual, acadêmica, liderança, psicomotricidade e artes, além de apresentar grande criatividade, envolvimento na aprendizagem e realização de tarefas em áreas de seu interesse (BRASIL,2008).

Desta forma observa-se a importância do AEE fazer parte do PPP da escola, contemplando os objetivos de uma prática inclusiva, e também articulando, planejando e executando as metas propostas pela escola como um todo. Já que, conforme o Decreto N° 7.611,

Art.2°: São objetivos do atendimento educacional especializado:

I-prover condições de acesso, participação e aprendizagem no ensino regular aos alunos referidos no art. 1º;

II -garantir a transversalidade das ações da educação especial no ensino regular;

III-fomentar o desenvolvimento de recursos didáticos e pedagógicos que eliminem as barreiras no processo de ensino e aprendizagem; e

IV-assegurar condições para a continuidade de estudos nos demais níveis de ensino (BRASIL, 2011, s/p).

Para tanto se percebe que a educação inclusiva com a sala de recursos está operando avanços e que as escolas estão sofrendo uma transformação no que diz respeito ao trabalho com alunos considerados da educação especial. Tais avanços denotam que a escola está reconhecendo que necessita mudar sua postura em relação à seus alunos público-alvo da educação especial, pois atender a diversidade

de alunos é um passo importante para o sucesso na inclusão. Diante dessa perspectiva está sendo considerada a diferença nas aprendizagens de seus alunos, sendo, a sala de recursos, um espaço organizado com materiais didáticos e pedagógicos e não deve ser visto como um espaço de repetição de conteúdos e sim um espaço de aprendizagem e produção do conhecimento.

Para o trabalho ser desenvolvido de forma adequada no AEE é importante que o professor seja especializado, pois “para atuação no AEE, o professor deve ter formação inicial que o habilite para o exercício da docência e formação específica na educação especial, inicial ou continuada” (BRASIL, 2009, p. 4). Porque é fundamental para o exercício de suas atividades na sala de recursos que ele tenha conhecimentos específicos que subsidiem sua atuação enquanto professor que atua no AEE para melhor desenvolver suas atividades com seus alunos, desta forma a formação e conhecimento para essa prática torna-se imprescindível.

Nessa perspectiva o professor do AEE deve desenvolver atividades voltadas para a valorização e desenvolvimento dos alunos tendo como suas atribuições,

a. Identificar, elaborar, produzir e organizar serviços, recursos pedagógicos, de acessibilidade e estratégias considerando as necessidades específicas dos alunos público-alvo da educação especial;

b. Elaborar e executar plano de atendimento educacional especializado, avaliando a funcionalidade e a aplicabilidade dos recursos pedagógicos e de acessibilidade;

c. Organizar o tipo e o número de atendimentos aos alunos na sala de recursos multifuncional;

d. Acompanhar a funcionalidade e a aplicabilidade dos recursos pedagógicos e de acessibilidade na sala de aula comum do ensino regular, bem como em outros ambientes da escola;

e. Estabelecer parcerias com as áreas intersetoriais na elaboração de estratégias e na disponibilização de recursos de acessibilidade;

f. Orientar professores e famílias sobre os recursos pedagógicos e de acessibilidade utilizados pelo aluno;

g. Ensinar e usar recursos de Tecnologia Assistiva, tais como: as tecnologias da informação e comunicação, a comunicação alternativa e aumentativa, a informática acessível, o soroban, os recursos ópticos e não ópticos, os softwares específicos, os códigos e linguagens, as atividades de orientação e mobilidade entre outros; de forma a ampliar habilidades funcionais dos alunos, promovendo autonomia a atividade e participação. h. Estabelecer articulação com os professores da sala de aula comum, visando a disponibilização dos serviços, dos recursos pedagógicos e de acessibilidade e das estratégias que promovem a participação dos alunos nas atividades escolares.

i.Promover atividades e espaços de participação da família e a interface com os serviços setoriais da saúde, da assistência social, entre outros (BRASIL, 2009, p. 4).

Desta forma percebe-se que o professor de AEE é muito importante para o desenvolvimento da prática de inclusão realizado na escola e na sala de recursos

multifuncional. Com isso a função do professor de criar estratégias que auxiliem no desenvolvimento do aluno é primordial.

Diante disso é importante que o professor do AEE tenha uma boa relação com o professor de turma para que possam desenvolver um trabalho em conjunto para o desenvolvimento global do aluno, destacando sempre suas habilidades e observando suas dificuldades. É importante também que esse professor observe esse aluno na sala de aula junto de sua turma e professor (es) para trabalhar com mais eficácia no desenvolvimento das habilidades desse sujeito.

O trabalho desenvolvido na sala de recursos deve vir ao encontro dos interesses e necessidades dos estudantes sendo sempre oferecido práticas pedagógicas que contribuem para sua aprendizagem para além do AEE, buscando uma metodologia diferenciada de acordo com a singularidade do aluno. Em relação a isso o Decreto 6. 571 (BRASIL, 2008) define que o AEE é “o conjunto de atividades, recursos de acessibilidade e pedagógicos organizados institucionalmente, prestado de forma complementar ou suplementar à formação dos alunos no ensino regular (BRASIL, 2008, Art. 1º).

Nesse sentido podemos inferir que o AEE deve estar articulado com o ensino da classe comum, tendo em vista que o trabalho da professora regente da turma e do professor do AEE deve estar em sintonia para favorecer a aprendizagem de seus alunos. Com isso deve-se buscar sempre essa articulação de ensino para que não ocorra “a ausência de estratégias sistemáticas, abrindo caminho para ações no campo do improviso e da informalidade” (MICHELS; CARNEIRO; GARCIA, 2012, p. 26).

Desta forma trabalho pedagógico a ser desenvolvido na sala de Recursos Multifuncional deverá partir dos interesses, necessidades e dificuldades de aprendizagem específicos de cada aluno oferecendo subsídios pedagógicos, contribuindo para aprendizagem dos conteúdos na classe comum e, utilizando-se ainda de metodologia e estratégias diferenciadas, objetivando a valorização do aluno. Desta forma um plano de ensino desenvolvido para o trabalho no AEE com o aluno será significativo para a autonomia, aprendizagem e permanência desta criança na escola comum.

Nessa perspectiva a escola lança mão também de outros subsídios para o trabalho com a inclusão dos alunos que são considerados público-alvo da educação especial, que é a atuação de um profissional de apoio à inclusão que fica em sala de

aula junto do aluno deficiente. Diante desta nova proposta, busca-se entender como a escola se utiliza deste profissional e quais os dispositivos legais que permitem o seu trabalho na escola, na sala de aula, junto da turma/aluno deficiente/ e professor.