CAMPO DE ESTUDO E OS SUJEITOS DA PESQUISA

5.2.1 A Escola

A pesquisa-ação foi realizada em uma Escola Estadual de Ensino Fundamental, Médio e EJA, localizada em um núcleo de moradores de um projeto de irrigação na cidade de Petrolina PE. O núcleo é considerado zona rural apesar de ter uma população de mais de três mil habitantes entre os que moram nas vilas e os que moram nos lotes. São duas vilas que compõem o núcleo chamadas de Vila Nova e Vila Velha, isso porque os moradores que são denominados colonos (os primeiros moradores e donos dos lotes) residem nessa vila. A Vila Nova são os que lá chegaram depois para trabalharem nos lotes e grandes fazendas de exportação. A escola fica localizada na divisa entre a Vila Nova e a Vila Velha. Os moradores são provenientes de cidades e estados vizinhos, com destaque para o estado do Piauí, com aproximadamente 40% da população advinda de cidades desse estado.

A escola é composta por aproximadamente 850 alunos e 45 profissionais em educação. O quadro de funcionários é composto por 60% de efetivos e 40% de contratos temporários. O quadro é composto por 43 professores, todos com licenciatura plena, 01 diretor, 01 diretor adjunto, 01 secretário, 01 educador de apoio,

01 técnico educacional, 02 assistentes administrativos, 01 faxineira, 05 merendeiras e 02 porteiros.

A escola possui 10 salas de aula para o ensino regular, 01 sala para o programa Mais Educação, 01 banheiro feminino com 02 sanitários, 01 banheiro masculino com 02 sanitários também, 01 secretaria, 01 sala de professores, 01 banheiro para os funcionários, 01 cozinha, 01 sala de vídeo e de leitura, 02 depósitos e 01 pátio, a escola não possui quadra poliesportiva usando a da comunidade que fica ao lado da escola. A escola foi construída pela Codevasf para os filhos dos colonos, a princípio a escola tinha apenas 06 salas, 01 secretaria, 02 banheiros e a cozinha. Com o passar do tempo, outras salas foram sendo construídas sem se fazer mudanças no projeto original, o que hoje resulta em poucos banheiros para muitos alunos, dentre outros problemas estruturais.

Ela funciona com turmas a partir do 6º ano Ensino Fundamental até o 3º ano do Ensino Médio. A escola funciona em três horários, sendo que a maioria das turmas corresponde ao Ensino Fundamental. Os turnos matutinos e vespertinos funcionam com dez turmas do Ensino Fundamental cada um, o noturno com quatro turmas do ensino médio e três do EJA. A escola recebe alunos da comunidade, dos lotes e de assentamentos do movimento sem terra.

É possível notar a disparidade entre a quantidade de turmas do Ensino Fundamental e do ensino médio, sendo dezoito turmas do primeiro e cinco do segundo. A escola tem trinta anos na comunidade há mais de dez oferece o ensino médio, mas muitos os alunos ficam no meio do caminho.

A escola apresenta problemas comuns a outras escolas como a indisciplina, a pouca presença dos pais na escola, problemas físicos que interferem diretamente na aprendizagem como o calor excessivo, salas numerosas e poucos recursos tecnológicos. Mas os problemas não impedem que seja feito um bom trabalho pelos professores que apesar da diversidade tem apresentado bons resultados nas avaliações externas. O que preocupa a escola são os altos índices de reprovação. Apesar de ser um tema importante para discussão esse não é o tema da nossa pesquisa, embora esses fatores devem ser observados, uma vez que podem de certo modo refletir no interesse do aluno em sala de aula.

A proposta de pesquisa-ação foi implementada em uma turma de 9º ano do Ensino Fundamental do turno matutino. A turma iniciou o ano letivo com 39 alunos, mas durante o ano 01 aluno desistiu e outros foram mudados de turma ou transferidos de escola, outros alunos chegaram de outras escolas, finalizando o ano com 37 alunos.

A média de idade dos alunos é entre 14 e 16 anos, a maioria deles são moradores do núcleo, sendo que 10% deles residem em lotes que ficam afastados do núcleo, 30% deles moram no assentamento do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra que fica a 5 quilômetros de distância. Esses alunos, ou seja, 40% dependem de transporte escolar para chegar à escola, o transporte costuma ser era pontual e assíduo, raras vezes os alunos moradores dessas localidades deixaram de assistir às aulas por falta de transporte.

Os alunos em sua maioria são de origem humilde, seus pais são trabalhadores rurais assalariados, boa parte das famílias tem renda composta pelo salário da mãe e do pai. Muitos desses alunos acabam exercendo a função de pai e mãe dos irmãos mais novos que ficam sobre os seus cuidados para que os pais possam trabalhar. Poderíamos dizer que um pouco mais da metade tem acesso à internet, uns em lan house, alguns em celular e poucos com internet em casa. Muitos deles utilizam a internet para redes sociais e poucos utilizam para pesquisa. Na escola não há laboratório de informática e os alunos não utilizam a internet da escola.

A comunidade não oferece lazer apropriado à idade desses alunos, muitos frequentam algum tipo de igreja, outros com um pouco mais de condições financeira vão à cidade, mas a maioridade fica na ociosidade oferecida pelo ambiente em que vivem.

A opção por uma turma de 9º ano se deu por alguns fatores entre eles o da professora pesquisadora ter sido a professora titular da turma no 8º ano, portanto já conhecia a maioria dos alunos, sabia de suas dificuldades e competências. Outro fator está relacionado à dificuldade transmitida pelos professores do ensino médio da referida escola ao relatarem os problemas com a produção textual. Também analisamos os gêneros pensados para o projeto e os gêneros que são obrigatórios a serem trabalhados na série de acordo com a BCC de Pernambuco. Pensando nisso resolvemos escolher a turma do 9º ano para realização desse trabalho.