• Nenhum resultado encontrado

CAPÍTULO 4. PEC/FOR PROF: EDUCAÇÃO OU TREINAMENTO?

4.4 O Campo de Investigação

Para a realização dos objetivos enunciados no início deste capítulo, optou-se por selecionar, como campo de investigação, a sala de trabalho monitorado (TM) on-line19, turma da tarde, com média de 40 alunos/professores por sessão, localizada no CEFAM/Bauru.

Constatou-se que nesta sala havia cursistas PEB I de três cidades diferentes: Avaí (4.469 habitantes), Bauru (313.670 habitantes) e Presidente Alves (3.895 habitantes).20 A

disparidade no número de habitantes das cidades permitia pesquisar professores que se defrontavam com realidades geográfico-sociais diferentes, configurando realidades pré PEC/FOR PROF diversas, que deveriam apresentar, portanto, cada qual, uma forma de conhecimento da educação a distância e os meios usados para efetivá-la, no contexto da educação continuada do curso.

Para a coleta de dados, na primeira etapa, empregaram-se questionários contendo 20 questões, distribuídas em três partes: como o professor definiria sua profissão antes, durante e após o PEC. Contataram-se 40 dos cursistas: 22 não responderam por motivos variados: “falta de tempo”, “obrigações escolares e familiares”, “nada a dizer”, “envio brevemente”; 18 responderam aos questionários.

19 Também havia sessões de trabalho monitorado (TM) off-line, orientadas por tutores (um por turma de 40

cursistas), enquanto as sessões de trabalho monitorado (TM) on-line possibilitavam a interação dos estudantes/professores com os assistentes virtuais, via Internet, a partir de protocolos de trabalho previamente estabelecidos. O atendimento das sessões on-line era realizado na proporção de um assistente por até 60 cursistas por sessão.

Em uma segunda etapa, 3 professores-estudantes foram entrevistados. Como já haviam preenchido os questionários, não foi difícil exprimirem-se a respeito de sua relação com a educação a distância e os meios usados no PEC, tais como a teleconferência e a videoconferência. Esclareceu-se, também, sobre o porquê da necessidade de se gravar a entrevista e quanto à ética na preservação da identidade de cada um dos sujeitos deste estudo.

4.4.1 Características das Entrevistadas

De maneira geral, as três professoras entrevistadas têm entre 30 e 50 anos, cursaram habilitação específica para magistério no Ensino Médio em escolas públicas estaduais. Já lecionaram para as séries de 1ª à 4ª séries do primeiro ciclo do Ensino Fundamental. Atualmente trabalham em apenas uma escola com jornada de 30 horas semanais, declarando renda igual ou pouco superior a R$ 1.081,00. Responderam a todas as questões propostas, observando-se certas peculiaridades, como se colocará, a seguir, na explicitação sobre o perfil de cada uma delas.

Professora A – Efetiva desde 1990, conta com 22 anos de experiência, trabalhando

em uma escola pública estadual da Vila Falcão, bairro populoso da cidade de Bauru. Tinha um e-mail e computador em casa antes de cursar o PEC. Conheceu formas novas de lidar com o computador e o faz, atualmente, para uso pessoal. Além de retroprojetor e tevê, nenhuma outra tecnologia era usada em sala de aula, porquanto a escola não possuía nenhum computador. Conhece o entorno da escola. Faz seus planejamentos a partir de análise da comunidade para conhecer melhor os alunos. Leu livros de autores recomendados pelo PEC, quando explicitavam sua prática escolar. Estava no terceiro ano de Engenharia quando se casou e abandonou a Faculdade. Decidiu lecionar para o ensino fundamental, como uma forma de acompanhar os estudos dos filhos. É articulada na fala e muito informada. Considerou que a videoconferência foi um “excelente veículo de informação”.

Professora B – Efetiva PEB I, com 12 anos de atividade em escola pública estadual

na cidade de Bauru. Gosta de trabalhar em conjunto com as colegas de série. Pensava que educação continuada eram os cursos de formação e atualização que, às vezes, fazia nos formatos de palestra e treinamento. Não conhecia pessoalmente nada de informática, considerava-se uma “analfabeta” no uso da Internet. Após o PEC, não havendo um laboratório de informática em sua escola, usa o computador e a internet como meio de pesquisa e aprimoramento de sua atuação em sala de aula. Lembrava-se de alguns autores citados no primeiro módulo do PEC porque já os conhecia anteriormente e o assunto se referia à identidade e à formação do professor. Não entende o PEC como um treinamento, mas como uma forma de educação.

Professora C – Efetiva PEB I, com 18 anos de atividade em escola pública estadual

na cidade de Bauru. Professora por opção e gosto. Pensava que educação continuada era “uma continuidade de estudos feita em cursos de especialização”. Fez o curso para enquadrar-se no que exigia a LDB. Quase não lia sobre teoria da educação. Mas conhecia Paulo Freire, não por suas teorias, mas por sua batalha em prol do ensino/aprendizagem. Conhece bem a comunidade onde leciona. Acha que o PEC foi um treinamento porque entende que a palavra remete à idéia de que é uma forma de especialização na área de atuação de qualquer profissional.

4.4.2 Tratamento dos dados

Os dados dos questionários foram submetidos a uma análise de conteúdo, e seus resultados possibilitaram uma descrição dos resultados, encontrada nas respostas às perguntas, quanto aos objetivos deste trabalho, conforme se poderá delinear na discussão a que se intentará proceder no próximo item.

Na coleta dos dados das três entrevistas, houve classificação em categorias temporais: antes, durante e após o PEC/FOR PROF, e uma delas, encontra-se, na íntegra, no Apêndice – C, p. 154 e ss. do presente estudo, com o intuito de facilitar a leitura das representações dos relatos verbais das informantes.

Nessa coleta, houve uma análise cruzada, através de categorias temporais de entrevista de professora participante do PEC.

Documentos relacionados