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5.3 Análise das categorias Sexualidade, Gênero e Diversidade Sexual nos Projetos

5.3.5 Campus de Porto Nacional

O campus de Porto Nacional oferece cursos de licenciatura em Letras- Libras, História, Letras Inglês/ Literaturas, Letras Português /Literaturas, Ciências Biológicas e Geografia sendo o campus que mais oferece Licenciaturas na UFT.

Quadro 6: Cursos e disciplinas ofertadas LETRAS PORTUGUES

/LITERAURAS

Resolução CONSEPE 32/2009

Ementa/ Objetivo

Literatura das identidades periféricas brasileiras

A identidade das minorias e o processo de exclusão e silenciamento histórico no espaço literário. Cânone e literatura de minorias: A escritura negra, feminina e homoafetiva. O espaçamento geográfico como fator de exclusão: a literatura periférica. Literatura e representação social.

GEOGRAFIA

Resolução CONSEPE 32/2013

Prática de ensino e diversidades

Articulação entre o ensino de Geografia e a prática na vivência de situações

concretas relacionadas ao ensino-

aprendizagem de Geografia na educação básica. Análise e discussão dos conteúdos e propostas curriculares para trabalhar os temas transversais. Desenvolver

metodologias de aplicabilidade do Tema Transversal Pluralidade Cultural dos PCNs. A realidade brasileira e o ensino da Geografia. As diversidades regionais, culturais e econômico-sociais e o ensino da Geografia para a educação básica.

Objetivo: Refletir sobre a prática pedagógica e didática do professor para trabalhar com o ensino de Geografia na educação básica frente às diversidades multiculturais das escolas, dos alunos e da sociedade em geral. Conhecer os recursos didáticos adequados para trabalhar o ensino de Geografia na educação básica frente às questões de gênero, raça, etnia, identidade, linguagem, religião e padrões culturais. Analisar situações concretas e significados que impedem a reformulação de visões preconceituosas a respeito dos segmentos étnico-raciais;

Fonte: PPC do curso

O campus de Porto Nacional é o segundo no número de cursos de licenciatura e ainda possui na sua estrutura o Núcleo de Estudos das Diferenças de Gênero (NEDIG). O núcleo NEDIG trabalha, na sua concepção, com as categorias de analise dessa dissertação. Porém, não sabemos explicar qual a frequência ou uso do Núcleo para a construção dos saberes dos professores e alunos, tendo em vista a ausência de leitura dos Planos de aulas das disciplinas. Mas, observamos, como processo de formação, que o Núcleo deveria ser incluso nos PPCs dos cursos, promovendo uma maior divulgação das categorias que permeiam o ser humano.

Nas duas disciplinas que os cursos apresentam para análise, a história da sexualidade e a construção social e política que permeiam os gêneros é descrita e evidenciada, pois se não houvesse tais questionamentos e empoderamento do movimento feminista, as diversidades sexuais não teriam tamanha importância ao serem evidenciadas na literatura homoafetiva e ―no ensino de Geografia na educação básica frente às questões de gênero, raça, etnia, identidade, linguagem, religião e padrões culturais‖.

No que se refere à ―análise e discussão dos conteúdos e propostas curriculares para trabalhar os temas transversais‖ presentes na ementa da disciplina Prática de Ensino e Diversidades do curso de Geografia, a forma de apresentação permite a interpretação e a inclusão do Tema Transversal Orientação Sexual, uma vez que o termo está no plural. Aqui, percebemos, mais uma vez, o ocultamento e a opção política de se abordar um Tema em relação aos demais.

Ainda, no objetivo da mesma disciplina ―conhecer os recursos didáticos adequados para trabalhar o ensino de Geografia na Educação Básica frente às questões de gênero, raça, etnia, identidade, linguagem, religião e padrões culturais‖ cabe uma reflexão sobre quais recursos didáticos adequados são apresentados aos alunos em relação ao trabalho pedagógico nas escolas quando o tema é gênero e padrões culturais. Para auxiliar o entendimento dessa situação, Louro (2000, p. 87) esclarece que:

[...] as teorias educacionais e as inúmeras disciplinas que constituem os cursos de formação docente pouco ou nada nos dizem sobre os corpos – dos estudantes ou dos nossos. Com exceção da Educação Física, que faz do corpo e da sua agilidade o foco central da sua ação, todas as demais áreas ou disciplinas parecem ter conseguido produzir o seu ‗corpo de conhecimento‘ sem o corpo.

Outra observação que se faz necessária é que no curso de Ciências Biológicas a própria dimensão biológica da sexualidade foi ocultada, porém, o corpo humano estudado, tornou-se parcial quando atribuído às categorias e às diversidades sexuais. A esse respeito, questionamos se os cromossomos XX e XY são suficientes para o embasamento do corpo humano em sua totalidade ou, como foi afirmado no Capítulo II, que tais cromossomos se tornam uma parte do processo. Com base nos argumentos apresentados nos capítulos anteriores, podemos concluir que nascer com ―pênis ou vagina‖ não torna ninguém homem ou mulher em essência, mas, pode produzir um mecanismo de repressão e um retrocesso quando analisado apenas no sentido do sistema sexual e reprodutivo. A esse respeito, Miskolci (2007, p. 105) destaca:

considerava-se que a então chamada ―inversão sexual‖ constituía uma ameaça múltipla: à reprodução biológica, à divisão tradicional de poder entre o homem e a mulher na família e na sociedade e, sobretudo, à manutenção dos valores e da moralidade responsáveis por toda uma ordem e visão de mundo. Essas razões levaram os saberes psiquiátricos e as leis a colocarem o homossexual no grupo dos desviantes, ao lado da prostituta, do criminoso nato e daquele que talvez fosse seu parente mais próximo: o louco.

Percebemos a ausência total das categorias estudadas no curso de Letras Libras e, como nos referimos à educação inclusiva em momentos anteriores nessa dissertação, podemos concluir, que o ocultamento dessas categorias para um público específico significa, também, a negação ou privação do corpo, ainda mais se considerarmos que a deficiência desse público é da dimensão física, biológica. Se, para os portadores de deficiências, lidar com tais categorias no decorrer da vida individual já é complexo, o curso poderia contribuir para diminuir essa realidade.

O Quadro 6 apresenta o conjunto de disciplinas oferecidas pelo Campus e o quantitativo de disciplinas relacionadas às categorias de análise.

Quadro 6.1: Quantitativo de disciplinas oferecidas por cada curso no Campus de Porto Nacional

CURSO Disciplinas

obrigatórias

Disciplinas optativas Referente às categorias Biologia Licenciatura 47 08 00 História 36 15 00 Geografia Licenciatura 41 21 01 Letra Libras 38 11 00 Letras habilitação em língua Inglesa 37 02 00 Letras habilitação em língua portuguesa 32 14 01 Total de disciplinas 231 71 02 Resultados 302

Fonte: PPCs dos cursos.