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O Campus Universitário de Tocantinópolis – localizado na região conhecida como Bico do Papagaio - foi criado juntamente com o novo Estado e a Universidade. Nesse período de atuação tem desenvolvido um profícuo trabalho de ensino, pesquisa e extensão. Para escrever um pouco sobre o campus de Tocantinópolis, pensei em retratar a atuação da comunidade pela sua manutenção, uma vez que ele esteve ameaçado de extinção em abril de 1999.

95 Documento “Diretrizes Básicas pág. 2”.

Para evitar a extinção do Campus de Tocantinópolis, a comunidade acadêmica reuniu-se e organizou o Fórum de Defesa e Permanência da Unitins no Bico do Papagaio96. O movimento iniciado naquela época conseguiu evitar o fechamento do Campus e o incorporou ao processo de Federalização da Universidade que teve início no ano seguinte.

Dessa articulação, dentre outros procedimentos, foi escrita uma carta. Alguns trechos da carta do “Fórum em Defesa e Permanência da Unitins”, pode nos revelar alguns traços importantes desse momento e da inquietude que muitos dos alunos ainda continuam a sentir, uma vez que o processo de federalização da Universidade ainda não está concluído.

A carta abaixo foi escrita pela Coordenação desse Fórum97 – em junho de 99 - e tinha como objetivo informar, agregar e articular as lideranças da sociedade civil e política da região para conversar com o Governador do Estado sobre a necessidade da manutenção do Campus de Tocantinópolis, uma vez que a iminência do seu fechamento era evidente. Seguem alguns trechos da carta:

“Inúmeros representantes da Sociedade Civil e Política das Cidades do Norte do Estado de Tocantins, região conhecida como Bico do Papagaio, reuniram-se no dia 25 de junho para discutir as notícias sobre a Unitins, ventiladas pelo Jornal do Tocantins a partir do dia 17 do mesmo mês.

A matéria mencionava que esta Universidade, segundo o Reitor Ruy Rodrigues, passará por reestruturação antes de ser credenciada. Segundo ele, entre outras medidas, deseja centralizar os cursos afins em um único Campus e criar o Instituto Superior de Formação e Treinamento de Professores que deverá concentrar todos os Cursos de Pedagogia no campus de Miracema. Com essa medida, o Curso de Pedagogia de Tocantinópolis – o único oferecido na Região - será transferido para a cidade pólo.

Para defender a permanência da Unitins na Região, foi criado o FÓRUM EM DEFESA DO CAMPUS DE TOCANTINÓPOLIS E DO CURSO DE PEDAGOGIA.

96 Os dados que foram colocados nessa etapa do trabalho foram retirados de duas fontes documentais: Os documentos referentes ao Concepe e os referentes ao Fórum de Defesa do Campus de Tocantinópolis e do Curso de Pedagogia.

97 Essa carta foi redigida e levada ao conhecimento de todos os setores da sociedade civil e política da Região, bem como ao Reitor, Senador, Prefeitos e Deputados de todo o Estado no mês de junho de 1999. Ela foi catalogada nesse trabalho no cap. I.

Este conjunto de pessoas e instituições considera que atitudes como essas, realizadas sem consultar a sociedade Civil e Política devem ser amplamente discutidas por todos. O debate é, certamente, um caminho possível para impedir a arbitrariedade, uma forma de evidenciar os benefícios da Unitins para a população do Norte do Estado e, concomitantemente, a principal via para democratizar a sociedade.

(...) Para os membros do Fórum o centralismo universitário preconizado pelo Reitor, desconhece a diversidade do Estado, coloca todos os cursos em torno de quatro Campi, - próximos a Palmas - e deixa a população do Norte do Estado desassistida de qualquer possibilidade de ingresso na Universidade, considerando que só existe esta em toda a Região.

Essa atitude do Reitor desconsidera, segundo os inúmeros depoimentos e a carta do Prefeito de Tocantinópolis, que o Estado do Tocantins nasceu para desenvolver a antiga Região Norte do Estado de Goiás, - contrariando o sonho do Governador - que a Região do Bico do Papagaio possui o maior índice de analfabetismo de todo o Estado e que, para enfrentar esses desafios, o Campus de Tocantinópolis vem desenvolvendo inúmeras atividades, dentre as quais destacam-se: Curso regular de Pedagogia em Tocantinópolis; Curso de Licenciatura em Pedagogia - Regime Especial, convênio UNITINS/SEDUC em Araguatins; Curso de Licenciatura de Letras em Regime Especial; Projeto MUDE - Formação do Magistério - desenvolvido em parceria com a AMBIP/UNDIME/SEDUC; Projeto PRONERA, numa atuação conjunta dos Movimentos Sociais - INCRA (Governo Federal), o Projeto da Alfabetização Solidária realizado em parceria com a Comunidade Solidária dentre outras atividades de pesquisa e extensão voltadas para a resolução dos problemas específicos do Bico do Papagaio.

O Fórum de Tocantinópolis, nas palavras de um dos maiores representantes políticos do Norte do Estado, fará de tudo para mostrar ao Excelentíssimo Governador que esse projeto não é benéfico para nosso Estado. Assim sendo, fará um Seminário sobre a importância da Unitins no dia18 de julho na cidade de Araguatins e no dia 11 de agosto em Tocantinópolis. Esses eventos objetivam envolver toda a população em torno do debate sobre a importância da Universidade para a Região.”

Várias análises são possíveis partindo dessa carta: Tentar compreender as atividades acadêmicas que são desenvolvidas pelo Campus de Tocantinópolis; entender os motivos da Reitoria para fechar o Campus de Tocantinópolis; as motivações do Fórum para evitar o fechamento do Campus, entre outras possíveis leituras.

No entanto, intenciono, a partir dessa carta traçar as atividades acadêmicas – ensino, pesquisa e extensão - desenvolvidas pelo Campus, como um caminho para situar os cursos de Regime Especial.