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Capítulo 4- Análise de Sustentabilidade

4.1. Introdução

Ao longo deste capítulo irá ser analisado o perfil ambiental de três potenciais painéis, garrafas PET com enchimento de terra, água e vazias, não sendo relevante a sua orientação, pois os constituintes são os mesmos e portanto não existem distinções no seu perfil ambiental.

Para uma maior compreensão e simplificação ao longo do trabalho em estudo, os painéis com o material de enchimento de terra, água e vazias são designados por Pterra, Pag e Par

respetivamente de acordo com a Tabela 3.6.

4.2. Análise

4.2.1. Definição de Objetivo e Âmbito, Unidade Fu ncional e Limite do

Sistema

O principal objetivo é o conhecimento da natureza e amplitude dos impactes ambientais durante o ciclo de vida dos materiais em estudo (garrafas PET pós-consumo com 3 diferentes materiais de enchimento), com a finalidade de avaliar o perfil eco, a poupança de energia e os benefícios ambientais da utilização destas matérias-primas recicladas para a fabricação de painéis construtivos para edifícios, inventariando os aspetos ambientais, quantificando os impactes ambientais potenciais pelo método CML 2001 de AICV, identificando e propondo oportunidades de melhorias ambientais para o sistema de produto estudado. Espera-se que os resultados da pesquisa sejam utilizados em estudos comparativos de ACV.

Neste estudo, a unidade funcional FU é representada por 1m2 de painel como

referência para os fluxos de inventário e impactes ambientais. A escolha desta FU facilita a comparação com outros materiais testados permitindo, por sua vez, uma melhor interpretação dos resultados adquiridos.

No que diz respeito ao limite do sistema os impactes ambientais foram avaliados de acordo com uma abordagem “do berço ao portão”. A análise inclui a fase de extração de matérias-primas e a fase de produção. A fase de utilização e de deposição não são consideradas, uma vez que durante a sua utilização não há gastos. Fica de fora do limite do sistema a produção da maquinaria e equipamentos industriais, sendo apenas contabilizados os gastos inerentes, tais como a eletricidade devido à sua reduzida relevância no processo produtivo. Fica também de fora do sistema todo o processo de produção das garrafas, sendo apenas contabilizado a partir da utilização destas como um resíduo.

Figura 4.1 - Fluxograma das etapas de ciclo de vida dos painéis de garrafas PET

4.2.2. Inventário

No presente estudo foram utilizadas 75 garrafas de plástico PET de 1,5L cada. Em cada painel foram usadas 25 garrafas. Para o painel com material de enchimento de terra foram necessários 43,8 kg de terra e para o painel com enchimento de água for necessários 37,5 L de água (aproximadamente 37,5 kg de água). Para os 3 diferentes painéis foram utilizadas 12 placas de EPS (100x50x10cm) e 3 latas de espuma de poliuretano (PU) de 750 ml cada. Na Tabela 4.1 estão representadas as quantidades de cada um dos constituintes de cada painel.

Capítulo 4- Análise de Sustentabilidade

Tabela 4.1 -Dados de inventário relativos aos painéis para a mesma unidade funcional.

4.2.3. Inventário do Ciclo de Vida

Em primeiro lugar é indispensável uma procura minuciosa acerca de cada material e processos de produção em estudo. De seguida é necessária uma procura e um cálculo dos valores indispensáveis para 1 m2 de painel. Por último efetuou-se a pesquisa de bases de

dados referentes às substâncias e/ou processos necessários.

O GaBi 6 foi o software utilizado para a ACV dos painéis, pois é o mais adaptado para a execução da aquisição de todas as bases de dados indispensáveis para o estudo.

Tabela 4.2 – Inventários de Ciclo de Vida (ICV) e bases de dados utilizadas.

Elemento ICV Base de Dados

Água Tap water PE-GaBi

Terra Sandy soil PE-GaBi

Espuma de Poliuretano Polyurethane flexible foam

(PU) Plastics Europe

Garrafas PET Polyethylene terephthalate-

bottle PE-GaBi

Diesel EU 27-Diesel mix at refinery PE-GaBi Eletricidade Electricity grid mix PE-GaBi

Transporte Truck PE-GaBi

Elementos Unidade Pterra Pag Par

Enchimento de Terra kg 43,8 - - Enchimento de Água kg - 37,5 - Enchimento de Ar kg - - 0 Espuma de Poliuretano kg 0,7 0,7 0,7 Garrafas PET kg 0,7 0,7 0,7 Energia MJ 5,94 5,94 5,94 Diesel kg 0,00285 0,00949 0,00516 Transporte km 100 100 100

4.3. Perfil Ambiental dos Painéis

A metodologia utilizada é a CML 2001, sendo as categorias da Tabela 4.3 as utlizadas para a avaliação de impacte ambiental dos painéis.

Tabela 4.3 - Categorias de Impacte utilizadas no Caso de Estudo.

Categoria Unidades Descrição

Aquecimento Global Potencial (GWP) kg CO2 equivalente

Está relacionado com a emissão dos gases de efeito de estufa (GEEs) como o CO2 e o metano CH4 provocando o aumento da temperatura

terrestre na baixa atmosfera. Os efeitos desta categoria são o aumento da temperatura média global do planeta e as súbitas mudanças climáticas regionais, afetando o ecossistema, o bem-estar humano, etc. Depleção da Camada de Ozono (OLD) kg CFC-11 equivalente

Refere-se à redução desta na estratosfera, que é provocada pelas emissões de clorofluorcarbonetos (CFCs), intervindo nas reações normais do ciclo do oxigénio, provocando uma maior incidência dos raios UV sobre a superfície da Terra, o que pode causar doenças nos humanos, desequilíbrios nos ecossistemas, etc.

Acidificação (AP)

kg SO2

equivalente

Refere-se maioritariamente às substâncias ácidas como a emissão para a atmosfera de óxidos de azoto (NOx) e de enxofre (SOx) assim

como a sua deposição na água e no solo. Ocorre a adição do catião de hidrogénio (H+) que tem como resultado a diminuição do pH levando

ao aumento da acidez da água e/ou do solo. Como consequências, surge a chuva ácida, havendo um impacte sobre a fauna e a flora.

Eutrofização (EP)

kg NOX

equivalente

Trata-se do enriquecimento abrupto e excessivo de nutrientes na água ou no solo, especialmente a partir de substâncias à base de azoto ou fósforo. Tem impacte nos ecossistemas, pois na água pode conduzir a uma diminuição na concentração de oxigénio dissolvido, afetando diversos organismos presentes. No solo e também na água pode alterar a biodiversidade dos ecossistemas.

Toxicidade Humana

(HTP)

kg 1,4-DB equivalente

É originada pelas atividades antropogénicas que emitem substâncias tóxicas à saúde humana quer por ingestão quer por inalação. Estão associados a efeitos toxicológicos crónicos, carcinogénicos e não- carcinogénicos.

Capítulo 4- Análise de Sustentabilidade

As categorias de impacte referidas na tabela anterior são as utilizadas neste estudo, pelo facto de serem as mais comummente empregadas em diversos casos de estudo, permitindo uma melhor comparação com outros materiais.

Na Tabela 4.4 está representado o perfil ambiental dos 3 painéis.

Tabela 4.4 - Perfil ambiental dos painéis.

O perfil ambiental do painel Pterra assinala que o seu ciclo de vida é responsável pela

emissão de 4,84 kg CO2eq (aquecimento global), de 7,35x10-11 kg CFC-11eq (depleção de

ozono), de 2,3x10-2 kg SO

2eq (acidificação), de 4,42x10-2 kg NOxeq (eutrofização) e de 1,04 kg

1,4-DCBeq (toxicidade humana).

O perfil ambiental do painel Pag mostra que o seu ciclo de vida é responsável pela

emissão de 4,74 kg CO2eq (aquecimento global), de 6,82 x10-11 kg CFC-11eq (depleção de

ozono), de 2,25x10-2 kg SO

2eq (acidificação), de 4,32x10-3 kg NOxeq (eutrofização) e de 1,03

kg 1,4-DCBeq (toxicidade humana).

O perfil ambiental do painel Par assinala que o seu ciclo de vida é responsável pela

emissão de 4,72 kg CO2eq (aquecimento global), de 6,79x10-11 kg CFC-11eq (depleção de

ozono), de 2,25x10-3 kg SO

2eq (acidificação), de 4,31x10-3 kg NOxeq (eutrofização) e de 1,03

kg 1,4-DCBeq (toxicidade humana).

Na Figura 4.2 está representada a comparação dos perfis ambientais dos três painéis em estudo.

Categoria de Impacte Unidade Pterra Pag Par

Aquecimento Global kg CO2eq 4,84 4,74 4,72

Depleção de Ozono kg CFC-11eq 7,35x10-11 6,82x10-11 6,79x10-11

Acidificação kg SO2eq 2,30x10-2 2,25x10-2 2,25x10-2

Eutrofização kg NOxeq 4,42x10-2 4,32x10-2 4,31x10-3

Figura 4.2 – Comparação dos perfis ambientais dos painéis.

Na categoria de impacte “Aquecimento Global”, o painel Par exibe o menor impacte

ambiental com um valor igual a 4,72 kg CO2eq e o painel Pterra apresenta o maior impacte

ambiental com um valor igual a 4,84 kg CO2eq, o que significa que apenas existe uma diferença

de 2,5% entre os painéis.

Na categoria de impacte “Depleção de Ozono”, o painel Par apresenta o menor impacte

com um valor igual 6,79x10-11 kg CFC-11

eq e o painel Pterra apresenta o maior impacte

ambiental com um valor igual a 7,35x10-11 kg CFC-11

eq, havendo uma diferença de 7,6% entre

eles.

Na categoria de impacte “Acidificação”, os painéis Par e Pag apresentam o menor

impacte com valor igual a 2,25x10-3 kg SO

2eq e o painel Pterra apresenta o maior impacte

ambiental com um valor de 2,30x10-3 kg SO

2eq, havendo assim uma variação de 2,2% entre

os painéis.

Na categoria de impacte “Eutrofização”, o painel Par apresenta o menor impacte com

um valor de 4,31x10-3 kg NO

xeq e o painel Pterra apresenta o maior impacte ambiental com um

valor de 4,42x10-3 kg NO

Capítulo 4- Análise de Sustentabilidade

Na categoria de impacte “Toxicidade Humana”, Pag e Par apresentam o menor impacte

com valor igual de 1,03 kg 1,4-DCBeq e Pterra apresenta o maior impacte ambiental com um

valor de 1,04 kg 1,4-DCBeq, havendo desta forma apenas uma diferença de 1% entre eles.

Analisando o perfil ambiental, Figura 4.2, e Tabela 4.4 conclui-se que o painel Par é o

painel que apresenta o melhor desempenho ambiental, uma vez que se verifica uma menor contribuição das cinco categorias de impacte ambiental estudadas, sendo elas o aquecimento global, a depleção de ozono, a acidificação, a eutrofização e a toxicidade humana, apesar dos valores das categorias de impacte serem apenas entre 2,5 a 7% inferiores aos dos restantes painéis. Os principais processos associados à construção da parede PET estão representados na Tabela 4.5.

Tabela 4.5 - Principais processos associados à construção da parede

De seguida, é apresentada a análise do contributo dos diferentes processos de cada um dos três diferentes painéis na Tabela 4.6.

Processos Características

Transporte É realizado o transporte das garrafas até ao local de estudo. Enchimento das Garrafas É introduzido nas garrafas o material de enchimento

respetivo.

Montagem do Painel

Depois de introduzido o material de enchimento, é aplicada a espuma de poliuretano em cada painel para o condicionamento destes.

Tabela 4.6 - Contribuição ambiental dos processos dos painéis.

No processo de transporte o painel Pterra emite 1x10-2 kg CO2eq (aquecimento global),

4,15x10-14 kg CFC-11

eq (depleção de ozono), 5,83x10-3 kg SO2eq (acidificação), 1,49x10-5 kg

NOxeq (eutrofização) e 4,06x10-4 kg 1,4-DCBeq (toxicidade humana). O processo de

enchimento das garrafas é responsável pela emissão de 0,98 kg CO2eq (aquecimento global),

de 3,94x10-11 kg CFC-11

eq (depleção de ozono), de 4,65x10-3 kg SO2eq (acidificação), 3,90x10- 4 kg NO

xeq (eutrofização) e de 7,59x10-2 kg 1,4-DCBeq (toxicidade humana). O processo de

montagem do painel emite: 4,18 kg CO2eq (aquecimento global), 3,39x10-11 kg CFC-11eq

(depleção de ozono), 1,89x10-2 kg SO

2eq (acidificação), 4,02x10-3 kg NOxeq (eutrofização) e

0,96 kg 1,4-DCBeq (toxicidade humana).

Relativamente ao painel Pag, o processo de transporte deste emite 1x10-2 kg CO2eq

(aquecimento global), 4,15x10-14 kg CFC-11

eq (depleção de ozono), 5,83x10-3 kg SO2eq

(acidificação), 1,49x10-5 kg NO

xeq (eutrofização) e 4,06x10-4 kg 1,4-DCBeq (toxicidade

humana). O processo de enchimento das garrafas é responsável pela emissão de 0,88 kg CO2eq (aquecimento global), de 3,42x10-11 kg CFC-11eq (depleção de ozono), de 4,05x10-3 kg

SO2eq (acidificação), 2,93x10-4 kg NOxeq (eutrofização) e de 7,12x10-2 kg 1,4-DCBeq (toxicidade

humana). O processo de montagem do painel emite: 4,18 kg CO2eq (aquecimento global),

Categoria

de Impacte Unidade

Transporte Enchimento das Garrafas Montagem do Painel

Pterra Pag Par Pterra Pag Par Pterra Pag Par

Aquecimento

Global kg CO2eq 1E-2 0,98 0,88 0,86 4,18

Depleção de Ozono

kg CFC- 11eq

4,15E-14 3,94E-11 3,42E-11 3,39E-

11 3,39E-11 Acidificação kg SO2eq 5,83E-3 4,65E-3 4,05E-3 4,03E-3

1,89E-

2 1,84E-2 Eutrofização kg NOxeq 1,49E-5 3,90E-4 2,93E-4 2,85E-4 4,02E-3

Toxicidade Humana

kg 1,4- DCBeq

Capítulo 4- Análise de Sustentabilidade

3,39x10-11 kg CFC-11

eq (depleção de ozono), 1,84x10-2 kg SO2eq (acidificação), 4,02x10-3 kg

NOxeq (eutrofização) e 0,96 kg 1,4-DCBeq (toxicidade humana).

Relativamente ao painel Par o processo de transporte deste emite 1x10-2 kg CO2eq

(aquecimento global), 4,15x10-14 kg CFC-11

eq (depleção de ozono), 5,83x10-3 kg SO2eq

(acidificação), 1,49x10-5 kg NO

xeq (eutrofização) e 4,06x10-4 kg 1,4-DCBeq (toxicidade

humana). O processo de enchimento das garrafas é responsável pela emissão de 0,86 kg CO2eq (aquecimento global), de 3,39x10-11 kg CFC-11eq (depleção de ozono), de 4,03x10-3 kg

SO2eq (acidificação), 2,85x10-4 kg NOxeq (eutrofização) e de 7,1x10-2 kg 1,4-DCBeq (toxicidade

humana). O processo de montagem do painel emite: 4,18 kg CO2eq (aquecimento global),

3,39x10-11 kg CFC-11

eq (depleção de ozono), 1,84x10-2 kg SO2eq (acidificação), 4,02x10-3 kg

NOxeq (eutrofização) e 0,96 kg 1,4-DCBeq (toxicidade humana).

A Figura 4.3 representa o contributo ambiental de todos os processos dos três diferentes painéis.

Relativamente à categoria de “Aquecimento Global”, o processo que tem um impacte mais elevado nos três diferentes painéis, é o processo de montagem do painel em consequência da espuma de poliuretano utilizada no processo que resulta da emissão de dióxido de carbono (CO2) e metano (CH4).

Na categoria de impacte “Depleção de Ozono”, o processo que apresenta o maior impacte ambiental nos painéis Pterra e Pag é o de enchimento, originário do consumo de energia

e do material de enchimento introduzido neste processo, que advém da emissão de R-11 e de R-114.

Na categoria de impacte “Acidificação”, o impacte mais elevado nos três diferentes painéis, diz respeito ao processo de montagem do painel resultante da espuma de poliuretano utilizada que resulta da emissão de dióxido de enxofre (SO2) e de dióxido de azoto (NO2).

Na categoria de impacte “Eutrofização”, o processo que apresenta um maior impacte nos três painéis é o processo de montagem do painel, causado pela emissão de óxidos de azoto (NOx) para o solo, amónia (NO3) e fósforo (P).

Na categoria de impacte “Toxicidade Humana”, o impacte mais elevado em todos os painéis diz respeito ao processo de montagem do painel proveniente do consumo de energia, de que resulta a emissão de arsénio (As) e de fluoreto de hidrogénio (HF).

Em análise à Figura 4.3, o processo que exibe menor contributo de impacte ambiental é o transporte, em todas as categorias de impacte e deste modo é o que tem um melhor desempenho ambiental. Contrariamente, o processo de montagem do painel é o que tem pior desempenho ambiental, pois é o que mais contribui para o impacte ambiental, em 4 das 5 categorias em estudo. Esta elevada contribuição é originada pela quantidade de espuma de poliuretano utilizada, conduzindo a gastos de energia e de emissões de CO2, CH4 e NOx

maiores. Apenas na categoria de Depleção de Ozono, o processo enchimento das garrafas dos painéis Pterra e Pag, têm um maior contributo ambiental, devido à quantidade de material

de enchimento utilizado assim como a quantidade de energia envolvida no processo.

Posteriormente, na Tabela 4.7 foi realizada uma comparação entre os três painéis estudados (Pterra, Pag e Par) e outros materiais estudados por outros autores.

(Duijve 2012) avaliou o perfil ambiental de materiais de isolamento térmico convencionais como: lã de vidro (LV) , lã de rocha (LR), EPS, linho (L), poliuretano (PU) e espuma de fenol-formaldeído (PF). Definiu a fronteira do sistema “do berço ao portão” cuja unidade funcional escolhida para a avaliação é o material de isolamento térmico necessário para 1m2 de parede para uma resistência de 3,5 m2 K / W.

Capítulo 4- Análise de Sustentabilidade

(Han et al. 2015) avaliaram o desempenho ambiental de painéis de fachada de cerâmica (C) com 3 cm de espessura, com outros três tradicionais: mármore (M) com 3 cm, vidro (V) com 1,5 cm e chapa de alumínio (A) com 0,3 cm. Definiram a fronteira do sistema “do berço ao portão” cuja unidade funcional é 1m2 de parede.

(Pargana et al. 2014) avaliaram os impactes ambientais da produção de materiais de isolamento térmico convencionais: poliestireno extrudido e expandido (XPS e EPS, respetivamente), poliuretano (PUR), aglomerado expandido de cortiça (ICB) e agregados leves de argila expandida (LWA). Definiram a fronteira do sistema “do berço ao portão” cuja unidade funcional é definida como a massa (kg) da placa de isolamento que fornece uma resistência térmica de R= 1 m2K / W e uma área de 1 m2.

(Sierra-Pérez et al. 2016) avaliaram a sustentabilidade da cortiça como material de isolamento. Definiram a fronteira do sistema “do berço ao portão” cuja unidade funcional é definida como a massa (kg) de uma placa de isolamento com área (A) de 1 m2, que fornece

um valor de resistência térmica de R=1 m2 K / W.

(Mateus et al. 2013) avaliaram os impactes ambientais de dez alternativas de conceção para uma parede divisória de membrana leve (LSM) comparando com duas tecnologias de referência: i) alvenaria convencional (HCM) com uma resistência de 0,56 m2 K

/ W e ii) parede divisória de gesso leve (LRP) com uma resistência de 1,25 m2 K / W. Neste

caso, das dez alternativas da parede (LSM) apenas irá ser feita a comparação com uma delas, sendo a resistência de 1,04 m2 K / W. Definiram a fronteira do sistema “do berço ao portão”

cuja unidade funcional selecionada para a avaliação é 1m2 de parede cumprindo os requisitos

Tabela 4.7 - Comparação entre os três painéis estudados e outros materiais numa abordagem “berço ao portão”. Categorias de Impacte Aquecimento Global Depleção de Ozono

Acidificação Eutrofização Toxicidade Humana Unidades kg CO2eq kg CFC- 11eq kg SO2 eq kg NOx eq kg 1,4- DCBeq P ar ede P E T Pterra R=0,85/2,0 m2ºC/W

4,84 7,35E-11 2,3E-2 4,42E-3 1,04

Pag R=0,14/0,24 m2ºC/W 4,74 6,8E-11 2,25E-2 4,32E-3 1,03 Par R=0,39/1,91 m2ºC/W 4,72 6,79E-11 4,31E-3 (Du ijv e 2 01 2) R= 3,5 m 2ºC/ W LV 5 4,2E-7 3,0E-2 - - LR 8 4,2E-7 5,3E-2 - - L 5 1,0E-6 3,7E-2 - -

EPS 6,8 2,0E-7 1,8 E-2 - -

PU 13 - 3,0 E-2 - - PF - 2,2E-7 - - - (Han et al . 2015) R= n.d .

C 31,1 9,4E-7 1,4 E-1 2,3E-2 38,6

M 71,2 4,5E-6 4,97 E-1 1,19E-1 29,2

V 40,1 2,5E-6 6,3 E-1 5,9E-1 29,6

A 19,5 1,6E-6 9,6 E-1 6,9E-1 22,9

(P ar g an a e t a l. 2 01 4) R= 1 m 2ºC/W

EPS 3,25 9,25E-8 1,0E-2 1,35E-3 -

ICB 1,16 1,11E-6 3,6 E-2 1,6E-2 -

LWA 8,07 2,05E-8 1,1 E-1 7,46E-3 -

PUR 3,33 8,23E-8 1,3 E-2 1,56E-3 -

XPS<80mm 5,21 4,03E-7 1,7 E-2 1,83E-3 -

XPS>80mm 7,06 4,54E-8 2,2 E-2 2,45E-3 -

(S ier ra - P ér ez et al. 2 01 6) R= 1 m 2 ºC/ W

Cork 12,2 1,91E-6 5,3 E-2 - -

(Ma teus et al. 2013) LSM R=0,56 m2ºC/W 42,9 5,03E-7 1,5 E-1 - - HCM R=1,25 m2ºC/W 44,3 3,31E-6 1,1 E-1 - - LRP R=1,04 m2ºC/W 17,0 1,58E-6 7,1 E-2 - -

Capítulo 4- Análise de Sustentabilidade

Atravésda Tabela 4.7 podemos analisar comparativamente a parede PET e os outros materiais de estudos realizados relativamente às emissões geradas, as suas resistências e para (Han et al. 2015) a espessura, pois não apresenta os valores de resistência.

Os materiais convencionais de (Duijve 2012) têm uma resistência maior assim como um maior impacte em todas as categorias relativamente à Parede PET.

As paredes estudadas por (Mateus et al. 2013) têm um maior impacte em todas as categorias de impacte, apesar de ter umas resistências mais elevadas e outras mais reduzidas em comparação com a Parede PET.

Os painéis estudados por (Han et al. 2015) têm um maior valor de impacte em todas as categorias, tendo todos eles uma espessura muito menor que a Parede PET em estudo.

Todos os materiais estudados por (Pargana et al. 2014) apresentam valores maiores na categoria de depleção de ozono, relativamente às outras duas categorias analisadas (aquecimento global e acidificação), apenas o EPS, ICB e PUR apresentam valores ligeiramente mais baixos em relação à Parede PET em estudo. Têm também todos eles uma resistência menor que a parede PET estudada, com material de enchimento de terra e de ar.

A placa de cortiça estudada por (Sierra-Pérez et al. 2016) apresenta valores mais elevados em todas as categorias de impacte estudadas, tendo uma resistência menor que a parede PET estudada, com material de enchimento de terra e de ar.

Nas Figuras 4.4, 4.5, e 4.6 irá ser efetuada uma relação entre Aquecimento Global, Depleção de Ozono, Acidificação e a Resistência, comparando os três diferentes painéis com materiais e paredes de outros autores.

Figura 4.4 – Relação Aquecimento Global/ Resistência dos três diferentes painéis comparativamente

a outros autores.

Em análise à Figura 4.4 apenas o EPS, ICB e PUR de Pargana tem menor contributo de impacte ambiental na categoria de aquecimento global que as paredes PET em estudo. Todos os restantes têm valores maiores o que significa que provocam um maior impacte ambiental.

Em análise percentual, os materiais estudados por Duijve apresentam valores de Aquecimento Global superiores entre 6 a 64% aos das paredes PET, dos materiais estudados por Pargana, o ICB, EPS e PUR apresentam um impacte menor entre 31 a 75%, o LWA e os XPS têm um contributo ambiental superior entre 10 a 41% comparativamente às paredes PET. O material de cortiça estudado por Sierra-Pérez apresenta um contributo ambiental 41% superior. Por último os materiais estudados por Mateus apresentam valores de Aquecimento Global superiores entre 72-89% aos das paredes PET em estudo. Relativamente à resistência, os materiais estudados por Duijve são os únicos que apresentam valores mais elevados que os três diferentes painéis em estudo, tendo todos os outros valores mais baixos, ou seja, menor desempenho térmico.

Capítulo 5- Conclusões e Propostas de Futuros Trabalhos

Figura 4.5 – Relação Depleção de Ozono/ Resistência dos três diferentes painéis

comparativamente a outros autores.

Em análise à Figura 4.5 todos têm maior contributo de impacte ambiental na categoria de depleção de ozono que a parede PET em estudo. Podemos verificar que os valores são de 3 a 5 casas decimais superiores, o que significa que todos eles provocam um maior impacte ambiental.

Figura 4.6 – Relação Acidificação/ Resistência dos três diferentes painéis comparativamente a

outros autores.

Em análise à Figura 4.6 o EPS estudado por Duijve; o EPS, PUR, XPS<80mm e o XPS>80mm de Pargana são os que apresentam menor contributo de impacte ambiental na categoria de acidificação relativamente às paredes PET em estudo. Todos os restantes têm valores maiores o que significa que provocam um maior impacte ambiental.

Pelas Figuras 4.4, 4.5 e 4.6 podemos verificar que apenas os materiais estudados por Duijve apresentam um melhor desempenho térmico, ou seja, valores superiores de resistência, contudo os valores de impacte ambiental são mais elevados que os 3 painéis em estudo, tendo assim um pior desempenho ambiental. De um modo geral, o desempenho ambiental dos painéis em estudo é melhor comparativamente aos restantes materiais estudados pelos outros autores.

Capítulo 5- Conclusões e Propostas de Futuros Trabalhos

4.4. Considerações Finais

Foi efetuada a análise de sustentabilidade com o apoio dos conceitos da Análise do Ciclo de Vida (ACV), de forma a compreender a natureza e a extensão dos impactes ambientais dos painéis em estudo. A unidade funcional é 1 m2 de parede, sendo que o limite

do sistema abrange a fase de extração de matéria-prima e a fase de fabrico. Para proceder ao cálculo do impacte ambiental, foi utilizada a metodologia CML-2001 escolhendo as seguintes categorias de impacte: aquecimento global, depleção de ozono, acidificação, eutrofização e toxicidade humana.

Segundo a análise de sustentabilidade dos painéis, verifica-se que o painel Par é o que

exibe o melhor desempenho ambiental nas categorias de aquecimento global, depleção de ozono, acidificação e toxicidade humana em relação aos restantes painéis, apesar de apresentar valores com uma diferença pouco significativa. Observando os contributos dos diferentes processos dos painéis para as categorias de impacte, verifica-se que o processo

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