• Nenhum resultado encontrado

23CAPÍTULO 4- DESENVOLVIMENTO DO PROJETO

4.1. O VALOR DOS CONCEITOS DO DESIGN UNIVERSAL NO PROJETO

Existem momentos em que todos nós experienciamos dificuldades nos espaços em que vivemos ou com os produtos que usamos. Essas dificuldades resultam de situações de inadaptação das características do meio construído face às nossas necessidades.

Os designers estão acostumados a projetar para um público-alvo de porte médio que é jovem, saudável, de estatura média e assumindo que este consegue sempre entender como funcionam os novos produtos, que não se cansa, que não se engana ao utiliza-lo.

É possível conceber e produzir produtos para toda a diversidade humana, incluindo crianças, adultos mais velhos, pessoas com deficiência, pessoas doentes, ou, simplesmente, pessoas colocadas em desvantagem pelas circunstâncias de vida. Esta abordagem é designada como o “design universal ou design inclusivo”. O design inclusivo, num produto direcionado para os sem-abrigos é de extrema importância devido ás capacidades dos mesmos. Design de produtos que respondem às pessoas com diferentes habilidades e diversas preferências, sendo adaptáveis para qualquer uso. Tem que ser um produto de fácil entendimento para que uma pessoa possa assimilar, independentemente dos seus conhecimentos, da sua experiencia, dos seus conhecimentos linguísticos ou dos seus níveis de concentração ainda que baixos.

O desenho universal procura responder às necessidades e viabilizar a participação social da maior gama possível de usuários, contribuindo para a (re)inclusão das pessoas que estão impedidas por algum motivo, de se relacionar com a sociedade. (Universal & Universal, 2017)

O valor dos conceitos universais nos âmbitos institucionais nos abrigos, é conhecer a diferença como aspeto fundamental no desenvolvimento humano e reivindicar a contribuição de cada sujeito nesse procedimento. O desenho universal oferece condições para o usuário participar e interagir, fazendo com que desenvolva novas competências cognitivas e sociais. O design universal atinge as suas especificações para o design acessível e resulta em produtos que são utilizados e comercializados para quase todos.

Um desenho que segue o design universal responde a sete princípios, como o uso equitativo, a flexibilidade do uso, uso simples e intuitivo, informação percetível, tolerância ao erro, um baixo esforço físico e por fim o tamanho e o espaço para aproximação e uso. (Universal & Universal, 2017)

Baseado nesses princípios, o design universal age de forma determinante na conceção de espaços, artefactos e produtos que visam atender simultaneamente a todas as pessoas, com diferentes características antropométricas, de maneira autônoma, segura e confortável, constituindo-se nos elementos ou soluções que compõem a acessibilidade.

Com estes sete princípios base, o produto tem de ser intuitivo, de fácil uso/montagem a qualquer pessoa, tem que ser um produto abrangente, com dimensões e espaço apropriado para a interação, independentemente do tamanho do corpo, um produto que não provoque qualquer tipo de fadiga e que fornece ao utilizador informações necessárias para o seu uso, determinando assim, pouca margem para erros e acidentes.

Uma sociedade acessível contribui para melhorar a qualidade de vida e bem-estar de todos os cidadãos. Assim, os produtos devem ser concebidos do ponto de vista do design universal, possibilitando que tudo possa ser utilizado por todos.

24

Com isto, a “mini house” é projetado de forma intuitiva para qualquer tipo de usuário, sem ser necessário o uso de qualquer tipo de guião. O produto apresenta conforme apresentado posteriormente na ergonomia do homem (fig. 26/27) as medidas exatas para a usabilidade do mesmo.

4.2. LOCAL DE INTERVENÇÃO – CIDADE DO PORTO

Tendo como ponto de partida esta realidade, foi escolhida a cidade do Porto como local de intervenção para a realização de um estudo de caso, devido a densidade populacional,

e a proximidade geográfica, onde é possível observar diversos casos ligados a este e pelos laços emocionais que tenho com o Porto, pelo fato de ter nascido aqui.

Devido a este fenómeno dos sem-abrigo, causado por diversos fatores, sendo que o principal é a crise económica que atravessa o país, faz com que esta população esteja constantemente a aumentar.

A cidade do Porto é apoiada por uma grande rede de instituições e associações que doam e ajudam a população desfavorecida, e que contribuem com a distribuição de ajuda que colmata muitas das necessidades básicas como alimentação, vestuário, higiene, etc.

Muitas das vezes, as coisas não são como nós pensamos que são, não são fáceis. Por mais voltas que tentemos dar, as coisas nem sempre correm bem e para estas pessoas, pior ainda. Maior parte das vezes sofrem muito de solidão e cabe a quem os quer ajudar resgatar àquelas pessoas um sorriso que eles já não têm há muito tempo. Daí também querer fazer parte da vida destas pessoas, fazer alguma coisa por elas e poder ver isso diariamente.

4.3. PERFIL DOS UTILIZADORES

As pessoas sem-abrigo, têm por norma o apoio das instituições particulares de solidariedade social em paralelo com a estratégia nacional (Nacional, 2017) num esforço conjunto, de melhorar as condições de vida destas pessoas que sofrem de exclusão social, quer a nível físico ou emocional e em particular no tema deste trabalho, as pessoas que não tem acesso a uma habitação.

Estas instituições funcionam em processo de voluntariado (CASA, 2006). Para obter informações sobre os apoios sociais, existe o serviço de apoio de atendimento da Segurança Social da área de residência. Foi escolhido como caso de estudo, o centro de apoio ao sem-abrigo (CASA), que tem como objetivo levar a cabo ações de solidariedade social, esta é uma associação sem qualquer tipo de fim lucrativo (INABITAT, n.d.).

Esta associação para além de oferecer apoio alimentar também ajuda no alojamento a crianças, adolescentes e idosos.

Este centro de apoio, no que diz respeito às pessoas sem abrigo, tem como principais intervenções a distribuição de refeições, cobertores, sacos cama e produtos de higiene, funcionando durante 365 noites do ano e atuando nas regiões de Lisboa, Porto, Albufeira, Azeitão, Cascais, Coimbra, Faro, Figueira da Foz, Funchal e Setúbal.

25

A CASA dispõe um grupo de centenas de voluntários espalhados por todo o país, porém, toda a ajuda é preciosa e existe sempre a necessidade de mais meios.

Qualquer pessoa pode entregar donativos em género, junto da instituição mais próxima da sua área de residência. A maior necessidade são produtos alimentares, devido à quantidade de refeições doadas a estas pessoas também os produtos de higiene pessoal, agasalhos, cobertores e embalagens para a distribuição de comida são essenciais e bem-vindos.

4.4. DEFINIÇÃO DO SEGMENTO DO MERCADO

Para fortalecer uma estratégia e perceber como se pode atingir o público alvo, é necessário compreender o seu significado.

A expressão de segmentação de mercado caracteriza um grupo de consumidores com um determinado grau, em termos de necessidade e de preferência do consumidor.

Uma correta segmentação do mercado permite-nos ter um maior conhecimento acerca do consumidor do nosso produto e quais as suas verdadeiras necessidades. Consoante as necessidades do cliente, a segmentação do mercado traz à empresa uma melhor adaptação, uma maior objetividade daquilo que o cliente necessita (Ronda, 2016).

De acordo com Beane e Ennis (1987) para se realizar uma segmentação de mercado, existem duas razões principais. Para procurar novas oportunidades de produtos ou áreas que podem ser recetíveis ao reposicionamento de um produto e para criar uma melhoria nas mensagens publicitárias através de um maior entendimento dos consumidores.

As variáveis normalmente utilizadas para a criação dos segmentos de mercado devem estar em conformidade com os objetivos do marketing e podem ser designadas por demográficas, geográfica, psicográficas e comportamental. O consumidor final será o individuo que vive em situações desfavorecidas, uma pessoa sem teto para dormir e uma pessoa com poucas posses financeiras. Este produto tem como publico alvo uma classe baixa. No que diz respeito ao comportamento face ao produto, é um produto de fácil utilização, devido à classe dos indivíduos que se pretende atingir. Tem-se como público-alvo escolhido para o desenvolvimento do produto homens e mulheres com idade entre os 18 e os 65 anos.

26

4.5.

ESTUDO DA CONCORRÊNCIA

Seguidamente apresenta-se um estudo efetuado de propostas que visam o auxílio somente de sem-abrigo, visto que os sem-abrigo estão concentrados nas cidades, as propostas em seu auxílio estarão, portanto, inseridas em ambiente urbano. Com este estudo pretendo fundamentar as opções de implantação da minha proposta.

Figura 8: Cardborigami

Fonte: http://www.cardborigami.org/#cardborigamihome

Figura 9: Abrigo de emergência para desastres naturais

27

Documentos relacionados