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Capacidade de integrar informação nova em um corpo de conhecimento existente e usa informações com pensamento crítico

Competência 1: Diagnosticar a necessidade de informação (Indicadores)

6.1 Análise dos resultados

6.1.8 Capacidade de integrar informação nova em um corpo de conhecimento existente e usa informações com pensamento crítico

na resolução de problemas

A pesquisa envolveu 45 entrevistados e não se pode identificar um que consiga reunir mais do que dois ou três atributos da competência informacional. As respostas demonstram que os pacientes que acessam internet questionam mais o médico e são mais críticos em relação às informações. Mas, num plano geral, pode-se observar que alguns buscam mais fontes de informação, adotam uma estratégia de busca mais elaborada ou questionam seu médico. Contudo, são manifestações isoladas de um ou outro entrevistado.

Um paciente chamou a atenção por buscar informações em uma base de dados científica e em sites dos fabricantes de medicamentos. Na entrevista, esse paciente demonstrou estar adotando esse comportamento por causa do desespero que o assaltou, ao perceber a gravidade de seu estado de saúde e a displicência com que vinha se cuidando. É possível que esse e alguns outros pacientes desenvolvam uma capacidade de integrar informação nova em um corpo de conhecimento existente ou usar informações em um pensamento crítico e resolução de problemas. Mas esse estágio ainda não foi alcançado.

A integração da nova informação em um corpo de conhecimento existente e a utilização de informações com pensamento crítico na resolução de problemas são atributos citados por Doyle (1992, p. 2) e Xiaomu (2008)

6.2 Desdobramentos

As conclusões apresentadas induzem a uma reflexão a respeito de como desenvolver a competência informacional, em particular, em pacientes de serviços de saúde, mas, de maneira mais abrangente, na sociedade como um todo. Conforme constatado na fundamentação teórica, a competência informacional pode ser estimulada e se constitui no aprendizado ao longo da vida. Assim sendo, o primeiro passo é propor aos estudantes, já nos anos iniciais, a prática e a reflexão a respeito das implicações da identificação de fontes confiáveis, de estratégias de pesquisa, avaliação e da transformação da informação em novo conhecimento e em elemento que vai contribuir para a solução de problemas.

O desenvolvimento da competência informacional pode se constituir em disciplina formal ou conteúdo transversal de programas de ensino. O ambiente escolar é particularmente propício para o desenvolvimento da competência informacional, adequando-se às diversas faixas etárias, mas inserida de maneira formal pela direção da escola, para que os alunos compreendam sua necessidade e percebam que seja uma política educacional. (BELLUZZO; KOBAYASHI; FERES, 2004, p. 95; CAMPELLO, 2009, p. 14-15; TAMMARO; SALARELLI, 2006, p. 330)

É importante, em qualquer circunstância, seguindo a recomendação de Kuhlthau (2002, p. 13), usar a linguagem e os modelos mentais adequados a cada idade. Nos anos iniciais da educação fundamental, a ação deve ser mais lúdica, com propostas de interação com a informação, provocando estímulos a respeito da identificação das

necessidades da informação, os primeiros questionamentos sobre a credibilidade das fontes e a transformação das informações em novo conhecimento.

O nível de aprofundamento da competência informacional deve ser ampliado com o avanço dos estudantes nas faixas etárias e nos níveis de escolarização. Estudantes dos anos finais da educação fundamental e do ensino médio devem ter a autonomia e o discernimento para buscar a informação necessária, útil e confiável para o complemento de seu aprendizado. Na graduação e pós-graduação, o aluno deve ser suficientemente autônomo para promover a interação entre o conteúdo das disciplinas e informações externas.

Pessoas que não estão em programas formais de educação também podem aprender a desenvolver a competência informacional. Programas de treinamento e orientações podem ser criados em clínicas e hospitais, ambientes culturais, sistemas bancários, iniciativas ambientais, enfim, em qualquer situação que envolva a vida humana. Para citar dois exemplos de possibilidades: um centro de estudos de um hospital pode realizar oficinas de desenvolvimento da competência informacional entre seus pacientes, apresentando situações reais de pesquisa, desenvolvendo técnicas de análise da credibilidade das informações encontradas e aplicação prática dos novos conhecimentos, a exemplo dos propostos por Tomaél et al. (2001, p. 4-11) para informações na internet. Um parque ecológico pode estimular seus frequentadores a pesquisar as informações antes e depois das visitas, potencializando o conhecimento adquirido na interação presencial.

Nas clínicas, hospitais e consultórios médicos, o desenvolvimento da competência informacional deve respeitar as especificidades dessas atividades e seus atores – os profissionais e os pacientes. Detentores do conhecimento, os profissionais da saúde se acostumaram a transmitir a ciência aos pacientes, com pouco espaço para questionamentos ou debates. Os pacientes tornam-se reféns desta condição e, já debilitados pela condição de saúde, têm ainda menos condições de estabelecer uma nova forma de relacionamento. É importante, entretanto, observar que o desenvolvimento da competência informacional pode ser um fator de sucesso para os tratamentos propostos pelos especialistas. A competência informacional será útil para que pacientes compreendam melhor sua condição de saúde e as medidas que podem contribuir para um melhor resultado das condutas. Será útil também para agendamentos e marcações de consultas e exames ou para acompanhamento on-line do estado de saúde dos pacientes. A competência informacional vem complementar e não substituir o trabalho dos profissionais da saúde.

Em todos os casos, há um campo aberto aos profissionais da informação. Trata-se de um espaço que pode e deve ser ocupado, criando alternativas para o desenvolvimento do conhecimento e disseminação da informação. As transformações que o mundo experimentou nos últimos anos, os avanços tecnológicos e as novas formas de ser das pessoas exige um reposicionamento dos profissionais da informação e sua inserção nos novos paradigmas.