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A competência informacional é aplicada em diversos aspectos da vida. A capacidade de buscar informações, abstraí-las e transformá-las em novos conhecimentos é aplicada nas atividades profissionais e na vida pessoal. Neste sentido, pode ser utilizada, por exemplo, para que as pessoas ampliem seus conhecimentos a respeito das doenças e de seus tratamentos.

Assim, a questão central a ser abordada pela presente pesquisa é: de que maneira os pacientes hipertensos interagem com a informação? As respostas a essa pergunta implicam em conhecer as formas pelas quais os pacientes obtém informações sobre suas doenças e tratamentos, a forma como a informação influencia o comportamento do paciente e de que maneira isso interfere no trabalho do profissional da informação. 1.2 Objetivos

1.2.1 Objetivo geral

Refletir sobre os fundamentos teóricos e metodológicos da competência informacional em pacientes hipertensos que procuram o Instituto de Cardiologia de Santa Catarina, localizado na rua Adolfo Donato da Silva, s/n, no Bairro Praia Comprida, em São José – SC, junto ao Hospital Regional de São José - Dr. Homero de Miranda Gomes (HRSJ).

1.2.2 Objetivos específicos

a. Identificar o estágio atual da competência informacional como domínio de conhecimento;

b. Analisar o arcabouço teórico da competência informacional; c. Identificar as necessidades informacionais dos pacientes

hipertensos do ICC/HRSJ;

d. Identificar fontes de informação de pacientes hipertensos do ICC/HRSJ

1.3 Justificativas

O acesso à informação é considerado de fundamental importância para a tomada de decisão dos pacientes em relação à sua saúde. Estudos nos Estados Unidos e Reino Unido revelam que 80% dos usuários de

internet já procuraram informações sobre saúde na internet, sendo que 66% afirmam que as informações obtidas têm impacto sobre suas decisões de saúde. (ANTHEA; JOSIP; AZEEM, 2010, p. 1)

As pessoas têm acesso a um número cada vez mais amplo de informações, sejam elas úteis, inúteis, confiáveis, equivocadas, tendenciosas, etc. Assim, surge a necessidade do desenvolvimento da competência informacional e, aos profissionais da informação, a capacidade de interagir com mais intensidade nesse processo.

Neste contexto, pessoas portadoras de patologias muitas vezes, buscam informação em fontes não confiáveis (não embasadas em pesquisas e estudos científicos) e acabam colocando em risco sua saúde e prejudicando o tratamento médico. O desenvolvimento da competência informacional também resulta na capacidade de identificar as fontes que merecem crédito. Nesse sentido, os profissionais da informação podem colaborar para a geração de uma consciência crítica em relação à confiabilidade dos recursos informacionais. Segundo o Relatório da Online Computer Library Center (OCLC), a credibilidade e a relevância são os aspectos mais desejados pelos usuários, juntamente com agilidade, rapidez, links diretos, pesquisas simplificadas e facilidade de recuperação, na busca e na entrega de materiais de pesquisa. (OCLC, 2009, p. 11-20)

Existem várias formas de se adquirir ou desenvolver competência informacional. Algumas bases de dados (por exemplo, a Medline e a Web of Science) e, por meio de tutoriais, diretórios de periódicos (como o Wilson Web Journal Directory) orientam pesquisas, contribuindo para a construção da habilidade de pesquisa – que é parte da competência informacional. Um autodidata, que tenha tempo e espírito crítico, também pode desenvolver a competência informacional, ainda que com as dificuldades inerentes a essa condição. Mas uma das maneiras mais consistentes de promover a competência informacional é por meio de programas formais de ensino, o que deve ocorrer em todas as fases da educação das pessoas, atendendo as necessidades específicas de cada etapa educacional e de cada campo de conhecimento. A competência informacional deve ser estimulada a partir da educação fundamental.

No contexto da pesquisa escolar – estratégia didática que demanda a utilização de fontes de informação – o aluno tem a oportunidade de praticar suas habilidades informacionais. É também o momento apropriado para que ele aprenda e refine esse tipo de habilidade, tornando- se um pesquisador cada vez mais competente pelo

uso constante dessa estratégia didática, mediada pelo professor e pelo bibliotecário, cada um contribuindo em pontos específicos do processo. (CAMPELLO, 2009, p. 14-15)

A competência informacional não tem aplicação apenas nas atividades estudantis e acadêmicas. Serve para todos os aspectos da vida das pessoas, incluindo suas preocupações e cuidados com a saúde.

1.3.1 Justificativa pessoal

A inquietação da autora em relação ao tema tem origem na experiência de oito anos de atuação em centro de informação da área da saúde, na Associação Catarinense de Medicina, em Florianópolis-SC. Naquele período, a autora desenvolveu a competência em resgatar informações científicas, auxiliando profissionais da área da saúde, atuação que a colocou em contato direto com os profissionais da medicina e com as fontes de informação. O trabalho ocorreu entre 1998 e 2006, quando as fontes on-line de informação se ampliaram, inovaram e consolidaram-se sob novos formatos digitais. No mesmo período, os médicos também ampliaram a familiaridade e o uso dos referidos recursos informacionais.

Em observação empírica, a autora constatou que as demandas dos profissionais da área da saúde foram se alterando. No início, os médicos solicitavam artigos científicos sobre determinados assuntos, depois começaram a pedir orientações e, até mesmo, treinamentos sobre como realizar as pesquisas. Posteriormente, passaram a demonstrar uma preocupação crescente em relação à confiabilidade da informação e das fontes. Por fim, o aparato cada vez maior de informações sobre as doenças por parte dos pacientes, ampliando os questionamentos nas consultas se tornou outro motivo de apreensão dos médicos.

Neste contexto, despertou a percepção da autora sobre o desafio do profissional da informação em identificar ou criar mecanismos, metodologias e conceitos que ajudem o usuário a selecionar o essencial, o relevante e o necessário. Em todas as áreas, os profissionais devem buscar a constante atualização e o aperfeiçoamento devido à evolução tecnológica e às mudanças no processo de gestão das atividades e tarefas de seu cotidiano.

Esta pesquisa tem, em sua configuração, foco social e científico. O primeiro caso refere-se ao direito constitucional à informação (BRASIL 1988, art. 220) e dos pacientes à informação sobre a doença e

o tratamento (CFM 2010, art. 34), além do aprofundamento do conhecimento, em especial de pacientes e familiares sobre as doenças, de maneira que possam chegar ao estágio de emancipação. É quando o paciente pode discutir o tratamento com o médico e tornar-se agente ativo, protagonista da decisão. (UNIMED GRANDE FLORIANÓPOLIS, 2009, p. 27)

O foco científico decorre do aprofundamento das pesquisas nos campos da Ciência da Informação e das Ciências da Saúde. Quanto à informação, podem ser estudados os comportamentos dos cidadãos diante dos novos dados e o próprio desenvolvimento da competência informacional. Do ponto de vista das Ciências da Saúde, a disseminação das descobertas e dos avanços entre os pacientes demanda um aprofundamento da capacitação dos profissionais que os atendem.

2 Fundamentação histórico-conceitual

Este capítulo apresenta a fundamentação conceitual de competência informacional, iniciando-se pela descrição do seu desenvolvimento histórico.