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4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.4. Aspectos Qualitativos, em Termos de Valor Fertilizante

4.4.1. Capacidade de Troca Catiônica (CTC)

A CTC mede a capacidade do composto de adsorver cátions. Sendo que essa capacidade será tanto maior, quanto maior for o índice de humificação do material. Isto porque as substâncias húmicas que compõe o composto são colóides eletronegativos com grande superfície específica. O processo de humificação, que ocorre, principalmente, na maturação e qualidade do composto, pode ser medida pelo valor da CTC do composto ou também pela relação CTC/COT, ou seja, estas variáveis dão indicativos do grau de maturação do composto orgânico.

Os valores obtidos para CTC e CTC/COT, no material mantido na composteira, estão apresentados na Tabela 4.2.

Como pode ser observado a CTC, após 60 dias de manutenção na composteira, foi de 175 cmolc kg-1, o COT foi 41,52 dag kg-1 e a relação CTC/COT

foi de 4,22. Após 90 dias de compostagem, 30 dias de reviramento no pátio de compostagem, o material retirado da composteira apresentou CTC de 209 cmolc

kg-1, COT de 36,37 dag kg-1 e relação CTC/COT de 5,75. Nos primeiros 30 dias de compostagem no 2º Estágio, houve acréscimo de 19% no valor da CTC, juntamente com uma redução de 12,4 dag kg-1 na concentração de COT. Isto ocorreu devido à degradação da matéria orgânica, que proporcionou maior humificação do material, proporcionando aumento no valor da CTC e a transformação do COT em dióxido de carbono, reduzindo sua concentração. RODELLA & ALCARDE, (1994) misturando serragem e turfa, em diferentes proporções, verificou que a CTC e a relação CTC/COT variava proporcionalmente ao teor de matéria orgânica presente na mistura. Nesse experimento, a CTC variou de 5,48 cmolc kg-1, na mistura com 0% de turfa, até 51,57 cmolc kg-1, na

mistura com 41% de turfa. A relação CTC/COT variou de 0,35 a 3,38. Segundo HARADA & INOKO (1980) valores de CTC/COT superiores a 1,7 indicam bom grau de humificação do material orgânico. De acordo com esse valor de

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referência, os materiais compostados nesse trabalho podem ser classificados da seguinte forma:

• O material da composteira apresentou coeficiente de humificação de cerca de 2,5 vezes o valor de referência (1,7), já no final do 1º estágio de degradação, e de 3,5 vezes, nos 30 primeiros dias do 2º estágio; • O material da LEA 01 apresentou coeficiente de humificação, aos 45

dias de compostagem, de 3 vezes o valor de referência (1,7). Após 60 dias de compostagem, essa relação se manteve;

• O material da LEA 02 apresentou coeficiente de humificação de 3 vezes o valor de referência (1,7), aos 30 dias e, manteve esse coeficiente aos 45 dias. Aos 60 dias, o coeficiente de maturação foi 4 vezes superior ao valor de referência e, aos 90 dias, esse valor reduziu para 3,4;

• O material da LEA 03 apresentou coeficiente de humificação de 2,65, aos 30 dias, de 3,4, aos 45 dias e de 5,7, aos 90 dias.

Avaliando os índices obtidos nos processos de compostagem que têm, em sua composição, os mesmos materiais, observa-se que:

• O material da LEA 03 apresentou coeficiente de maturação, aos 90 dias, 1,7 vezes o valor obtido no material da composteira. Como pode ser observado na Tabela 4.2, este valor foi conseguido não pelo ganho em termos de CTC, mas da redução do COT;

• O material da LEA 02 apresentou coeficiente de maturação, aos 90 dias, 1,3 vezes o valor obtido no material da LEA 01. Essa diferença é devida ao ganho, em termos de CTC, e também à redução do COT.

Diante destes resultados, observa-se que, em relação a essa variável, a trituração das carcaças de frango, favorecendo a degradação e humificação do material. Entretanto, conforme pode ser observado pelos valores apresentados na Tabela 4.2, esta melhoria foi, basicamente, em função da redução do COT, ou seja, da aceleração do processo de compostagem.

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4.4.2 – Outros Nutrientes

Na quantificação dos valores de concentração dos nutrientes, fósforo, potássio e sódio no material em compostagem, foram observados pequenas variações com o tempo de compostagem, sendo as diferenças creditadas mais à amostragem. Os valores apresentados na Tabela 4.1 foram determinados com base na média dos valores encontrados nas amostras de 90 dias do experimento.

Embora as concentrações desses nutrientes no material, ao contrário das concentrações de C e N, não variam ao longo do processo de compostagem, sendo apenas função das matérias primas da mistura inicial, KUMAR et al. (2007) encontrou perda significativa de P no material quando a compostagem foi conduzida nos períodos de chuva. As concentrações de P nos materiais deste trabalho variaram de 1,84 dag kg-1, no período de chuvas, a 2,91 dag kg-1, no período de verão e os autores atribuíram essa perda à lixiviação desse nutriente através da leira. Os valores encontrados neste trabalho foram de 1,47 dag kg-1, no material da Composteira, 1, 98 dag kg-1, no material da LEA 01, 2,39 dag kg-1, no material da LEA 02 e de 2,12 dag kg-1, no material da LEA 03. COSTA et al. (2006) encontrou concentração de P de 2,69 dag kg-1 no composto final, enquanto SILVA et al. (1998), citados por COSTA et al. (2006), trabalhando com compostagem de resíduos sólidos de frigorífico, encontraram P igual a 0,71 dag kg-1 e COSTA et al. (2005), trabalhando com resíduos sólidos da indústria de desfibrilação de algodão, encontraram concentração de 0,35 dag kg-1 de P.

A concentração de K no material foi de 2,20 dag kg-1, no material retirado da Composteira, 1,71 dag kg-1, no material da LEA 01, 2,42 dag kg-1, no material da LEA 02 e 2,63 dag kg-1, no material da LEA 03. Essas variações se devem, provavelmente, às diferentes proporções de palha de café e frango nas amostras analisadas. KUMAR et al. (2007) encontrou em suas leiras de compostagem concentração de K entre 2,13 e 3,2 dag kg-1. Os mesmos autores citam outras pesquisas, nas quais os valores de K variaram de 1,7 a 4,07 dag kg-1. COSTA et al. (2006) encontraram concentração de K de 2,67 dag kg-1 no composto final. SILVA et al. (1998), citados por COSTA et al. (2006), trabalhando com compostagem de resíduos sólidos de frigorífico, encontraram concentração de

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0,97 dag kg-1 de K e COSTA et al. (2005), trabalhando com resíduos sólidos da indústria de desfibrilação de algodão, encontrou concentração de 2,04 dag.kg-1 de K. Essas diferenças apresentadas comprovam o que foi dito anteriormente que as concentrações dos nutrientes, no composto final, estão diretamente relacionadas aos materiais que compõe a mistura inicial.

As concentrações de Na encontradas foram de 0,47 dag kg-1, no material retirado da Composteira, 0,58 dag kg-1, no material da LEA 01, 0,77 no material da LEA 02 e 0,67 dag kg-1, no material da LEA 03. Segundo MATOS (2006a), a cama de frango tem cerca de 0,54 dag kg-1, palha de café 0,016 dag kg-1 e resíduos da cana-de-açúcar varia de 0,04 a 1,4 dag kg-1. Com exceção do valor obtido no material da composteira, os demais valores seriam os mesmos encontrados, caso se fizesse uma composição dos diferentes materiais que compõe cada leira e suas respectivas proporções.