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CAPÍTULO 3 CAPITÃES-MORES EM CIRCULAÇÃO: PERFIL E TRAJETÓRIA

3.2 Vidas em circulação e conhecimentos em obtenção

3.2.1 Capitães-mores do Rio Grande

Valentim Tavares Cabral foi o capitão-mor escolhido após o primeiro governo de Antônio Vaz Godim, sendo nomeado em 1663, e assim como seu antecessor, permaneceu no posto por pouco mais de seis anos. Era natural de Pernambuco. Os seus serviços somavam pouco mais de 20 anos principalmente na dita capitania, fazendo algumas incursões em Itamaracá, Rio Grande, São Francisco e no Ceará durante a guerra contra os holandeses. Assim como Vaz Godim, também participou da Batalha dos Guararapes. Em 1658 foi para o reino participar dos momentos finais da Guerra de Restauração contra os espanhóis, participando do cerco de Elvas, e depois dirigiu-se ao Alentejo para continuar na luta contra os castelhanos.230

Um aspecto interessante de sua nomeação, que provavelmente não foi por meio do habitual concurso realizado pelo Conselho Ultramarino, é que ao mandar passar a sua patente, o rei determinou também que sua irmã recebesse alvará do cargo de provedor da Fazenda do Rio Grande para aquele que casasse com ela.231 Sabe-se que normalmente o processo de nomeação dos provedores era realizado por meio de consultas semelhantes às dos capitães-mores, por isso é de se estranhar o fato de a irmã de Valentim Tavares

230REGISTRO da patente Real em que foi provido Valetim Tavares Cabral no posto de Capitão-mor desta

Capitania, por Sua Majestade. In: LEMOS, Vicente de. Capitães-mores e governadores do Rio Grande do Norte. Rio de Janeiro: Tipografia do Jornal do Comércio, 1912, V. 1. P. 90.

231 BILHETE do [secretário do Conselho Ultramarino] Marcos Rodrigues Tinoco, sobre passagem de carta

patente de capitão-mor do Rio Grande do Norte a Valentim Tavares Cabral, e alvará do cargo de provedor da Fazenda Real da mesma capitania para o dote de casamento de uma irmã do capitão-mor. AHU-RN, Papéis Avulsos, Cx. 1, Doc. 5.

Cabral ter conseguido um alvará de nomeação para esse posto como dote de seu casamento, fazendo parecer que a ida de Valentim Cabral ao Rio Grande como capitão- mor o fizesse merecedor de maiores benefícios por assumir essa responsabilidade.

Em 1682, já não mais exercendo o governo do Rio Grande, fez um requerimento apontando que tinha tentado ser capitão-mor do Cacheu, que era subalterno ao governador e capitão-general de Cabo Verde, sendo dessa forma um lugar e um posto de semelhante graduação ao que ele exercia no Rio Grande, mas foi impedido por não ter ainda em mãos a residência do tempo que ocupou o posto de capitão-mor. Ele alegou que fez um ótimo governo tanto que não seria lembrado por erros, mas sim louvado pelos habitantes daquela capitania e que havia

muitos exemplos de pessoas que, não obstante não terem dado residências, foram despachadas segunda vez, como Antônio Vaz, que foi provido outros três anos na do Rio Grande; Ignácio Coelho, que foi provido no governo do Maranhão, Antônio Botelho da Silva, sendo capitão do Gurupá e outras muitas pessoas, tendo-se consideração às boas notícias que se teve de seus procedimentos, o que nele suplicante também concorrem, como se mostra dos avisos que fez a câmara do Rio Grande, sobre a sua pessoa, e o governador e capitão-geral que foi do Estado do Brasil, Alexandre de Sousa Freire, por cartas repetidas, lhe agradecia o zelo com que se havia no serviço de Vossa Alteza[...].232

Terminou o requerimento pedindo para que a falta de sua residência não o impedisse de ser opositor a outros postos. Com tais afirmações, Valentim Tavares Cabral se mostrou um grande conhecedor da situação de pessoas que ocuparam o posto de capitão-mor, fosse na própria capitania onde ele atuou ou em outros lugares, pois não apenas conhecia os lugares onde elas exerceram os respectivos cargos, como também sabia que elas não tinham tirado ainda a residência de seus postos anteriores e mesmo com isso foram nomeadas para outros governos. É importante lembrar que muitas vezes essas pessoas serviram nas mesmas batalhas e talvez até mesmo nas mesmas companhias, o que potencializa a chance de conhecerem umas às outras, e por possuir tal conhecimento, mostra que elas deviam trocar informações entre si como uma forma de

232 CONSULTA do Conselho Ultramarino ao príncipe regente D. Pedro, sobre o requerimento do capitão-

mor do Rio Grande, Valentim Tavares Cabral, solicitando o pagamento dos soldos devidos pelos serviços prestados na guerra dos Guararapes em defesa da capitania de Pernambuco contra os holandeses, assim como nas conquistas do Ceará e Rio Grande do Norte, e a licença para se apresentar como opositor nas vagas de governo que existirem no Brasil para neles ser conduzido, à semelhança do praticado nos casos de Antônio Vaz no governo do Rio Grande, de Inácio Coelho no governo do Maranhão e de Antônio Botelho da Silva como capitão do Gurupá. AHU-Brasil Geral, Cx. 1, Doc. 95.

se ajudarem e aumentar a chance de passar por esses processos burocráticos de seleção, já que muitas delas constantemente estavam passando por diversos postos em diversos lugares que exigiam a repetição do mesmo processo no Conselho Ultramarino. Esse mesmo tipo de situação foi visto em outros casos, o que corrobora com a ideia de que elas se conheciam e possuíam uma rede de informações que era consultada sempre que necessária. O Conselho foi de parecer favorável ao requerimento.

Sabe-se ainda sobre ele que em 1684 tentaria ser capitão-mor da capitania do Sergipe, no entanto, foi preterido nessa consulta, ficando em segundo lugar, sendo esta sua última aparição nos documentos.233

Agostinho César de Andrade, natural da ilha da Madeira, possuía foro de fidalgo e hábito da Ordem de Cristo. Foi capitão-mor do Rio Grande em duas oportunidades, a primeira em 1688 e a segunda vez em 1694, sendo esta segunda nomeação como interino.234 Possuía cerca de 29 anos de serviços prestados à Coroa, todos eles na capitania de Pernambuco e na de Itamaracá, chegando a fazer uma incursão ao Rio Grande. Ocupou os postos de praça de soldado, alferes, capitão auxiliar de cavalos, coronel de ordenança e capitão-mor.235 Antes de assumir o governo do Rio Grande pela primeira vez já tinha passado por uma experiência governativa anterior, sendo capitão-mor de Itamaracá em 1675.236 Inclusive, quando estava no governo desta capitania não conseguiu exercer o seu posto devido às querelas entre o governador de Pernambuco e o governador-geral, sendo destituído do posto a mando de Dom Pedro de Almeida, governador de Pernambuco, mandado ser preso e teve seus bens confiscados, mesmo sendo um dos protegidos de João Fernandes Viera, que inclusive teria feito articulações para que Agostinho César de Andrade fosse nomeado para o governo de Itamaracá.237

Em 1676, fez um requerimento ao rei pedindo que as ordens do governador de Pernambuco fossem revistas. Nesse documento ele descreveu a situação do que aconteceu na capitania de Itamaracá quando as tropas enviadas por Dom Pedro de Almeida foram à sua residência para prendê-lo. Um “capital inimigo” seu foi enviado com mais 60 homens

233 CONSULTA do Conselho Ultramarino referente a nomeação de pessoas para o posto de Capitão Mor

de Sergipe del Rey. Escolhido Jorge de Barros Leite. AHU-SE, Papéis Avulsos, Cx. 1, Doc. 43.

234 LEMOS, Vicente de. Capitães-mores e governadores do Rio Grande do Norte. Rio de Janeiro:

Tipografia do Jornal do Comércio, 1912, V. 1, p. 47.

235 Registo Geral de Mercês, Mercês de D. Pedro II, liv. 1, f.393v.

236 CONSULTA do Conselho Ultramarino ao príncipe regente D. Pedro, sobre o requerimento de Agostinho

César de Andrade, nomeado capitão da capitania de Itamaracá, pedindo pagamento regular do cargo. AHU- PE, Papéis Avulsos, Cx. 11, Doc. 1026.

237 MELLO, Evaldo Cabral. A fronda dos mazombos: Nobres contra mascates, Pernambuco, 1666-1715. Eª

para executar a dita ordem, mas para sorte do suplicante, ele não se encontrava em casa quando chegaram. Lá fizeram sequestro de todos os bens que encontraram, fosse dinheiro, materiais consumíveis e cabeças de gado. Além disso, no momento da invasão, sua mulher, que segundo ele pertencia a uma das mais importantes famílias de Pernambuco, e filhos, estavam em casa e foram muito constrangidos, o que trouxe grande prejuízo para ele e sua família. Devido a este acontecimento o suplicante se encontrava refugiado na Paraíba. Pediu neste requerimento que fosse enviado um desembargador e não ouvidores de Pernambuco e Itamaracá, pois seriam figuras suspeitas de terem ligações com o governador Dom Pedro de Almeida, ou então corriam o risco de serem intimidados por ele. Além disso, enviou nesse requerimento uma carta de João Fernandes Viera falando a seu favor, mostrando como os dois de fato possuíam um vínculo que os conectava. O parecer do Conselho foi favorável ao pedido de Agostinho César de Andrade, uma vez que não existia ordem alguma para prendê-lo e que isso foi uma atitude de exagero por parte do governador de Pernambuco.238

Após passar por esses momentos conturbados, em 1699, fez um requerimento ao rei pedindo tenças efetivas a serem pagas no almoxarifado de Itamaracá, dois hábitos de Cristo e um ofício que vagasse na capitania de Pernambuco para o seu filho. Para justificar o seu pedido, além de descrever os seus serviços e postos ocupados, destacou a ajuda que ele concedeu aos moradores do Rio Grande durante o intenso conflito com os indígenas que estava ocorrendo naquela capitania239 Infelizmente nesse requerimento não foi apresentada a resposta para ele, mas se acredita que se não conseguiu todas as mercês pretendidas, ao menos um hábito de Cristo ele recebeu, tendo em vista, como foi destacado por Vicente de Lemos, Agostinho César de Andrade foi um cavaleiro da dita ordem. Nesse mesmo ano foi ao reino resolver alguns problemas pessoais, entre eles a pendência de sua residência quando fora capitão-mor do Rio Grande. Isso porque ele pretendia entrar como opositor para o governo da Paraíba, mas ainda não possuía sua

238 REQUERIMENTO do capitão-mor de Itamaracá, Agostinho César de Andrada, ao príncipe regente [D.

Pedro], pedindo que se reveja as ordens do Governo da capitania de Pernambuco, no que se refere a tê-lo destituído de seu posto e obrigado a se refugiar na Paraíba, obtendo perdas nos seus bens de raiz, e que na forma de direito, o reponha no dito posto e o libere para provar sua inocência. AHU-PE, Papéis Avulsos, Cx. 11, Doc. 1051.

239 REQUERIMENTO de Agostinho César de Andrade ao rei [D. Pedro II], pedindo a concessão de tenças

efetivas assentadas no almoxarifado de Itamaracá ou no da capitania de Pernambuco, mais dois Hábitos de Cristos com tenças e um ofício que vagar na dita capitania, para seu filho Jerônimo César de Melo, em remuneração aos seus serviços. AHU-PE, Papéis Avulsos, Cx. 18, Doc. 1799.

residência.240 O fato de viajar para o reino para resolver essa questão de maneira mais efetiva mostrou uma grande vontade de ele assumir o dito posto. Apesar do parecer favorável da maioria do Conselho, ele não foi escolhido para governar a Paraíba.

Antônio Carvalho de Almeida foi escolhido em 1701 para assumir o posto de capitão-mor do Rio Grande. Moço da câmara, foi nomeado, pelo menos pode-se atribuir parte da responsabilidade a isso, a partir da indicação de seu irmão, o padre Miguel de Carvalho, que iria prestar serviços na região do Assu, na capitania do Rio Grande, e teria pedido ao rei para que seu irmão fosse nomeado capitão-mor da dita capitania, fato este que foi destacado na própria patente da seguinte maneira: “em consideração do que se me representou a favor do Padre Miguel Carvalho em ordem ao serviço que se vai fazer nos sertões do Açu, e da melhor execução que nele pode ter servido seu irmão, Antônio de Carvalho e Almeida, Capitão-mor do Rio Grande.”241 Outro fato que fortalece o poder de influência de Miguel de Carvalho foi que para a nomeação de Antônio Carvalho de Almeida não existiu o concurso que normalmente era realizado pelo Conselho Ultramarino, o que mostra que ele teria sido nomeado de forma direta, sem disputar com outros opositores.

Era um soldado da corte e não ocupou postos militares superiores, apenas chegou a ser cabo de artilharia o que é de se estranhar, uma vez que esse posto era considerado baixo na hierarquia militar, o que corrobora ainda mais com a ideia de que a sua nomeação ocorreu principalmente devido às influências que sua família possuía no reino, tendo em vista que nenhum outro capitão-mor nomeado possuía uma patente militar tão baixa quanto a dele. Poucas sãos as informações disponíveis sobre sua trajetória e é bem provável que o governo do Rio Grande tenha sido seu último posto desse gênero nas capitanias do Brasil.

Domingos Amado foi um militar com mais de 18 anos de experiência antes de ser nomeado capitão-mor do Rio Grande em 1715, todos eles na província da Beira, em Portugal, ocupando os postos de praça de soldado, sargento supra e do número, furriel- mor, alferes e capitão de infantaria. Assim como Salvador Álvares da Silva, seu antecessor no governo do Rio Grande, também participou intensamente dos conflitos

240 CONSULTA do Conselho Ultramarino, ao rei D. Pedro II, sobre o requerimento de Agostinho César de

Andrade, opositor ao posto de capitão-mor da Paraíba, solicitando que seja suprida a falta de residência do tempo que foi capitão-mor do Rio Grande. AHU-PB, Papéis Avulsos, Cx. 3, Doc. 229.

241 REGISTRO da patente Real em que foi provido Antônio Carvalho de almeida no posto de Capitão-mor

desta Capitania, por Sua Majestade. In: LEMOS, Vicente de; MEDEIROS, Tarcisio. Capitães-mores e governadores do Rio Grande do Norte. Rio Grande do Norte: Edição do Instituto Históricos e Geográfico do Rio Grande do Norte, 1980, V. 2. P.87.

decorrentes da Guerra de Sucessão Espanhola, adentrando inclusive em território castelhano nas incursões que realizou. Em sua patente foi afirmado que era um homem de grande coragem, pois sempre avançava na vanguarda dos terços nos momentos de conflito. Tal coragem lhe rendeu “sete feridas penetrantes” e terminou sendo prisioneiro dos franceses. Após retornar a Portugal, não se sabe como escapou dos franceses, continuou a participar das batalhas relacionadas à dita guerra.242 Em 1720, quando já não era mais capitão-mor, tornou-se um cavaleiro professo na Ordem de Cristo e também passou a receber uma tença pelos seus serviços prestados.243

A sua participação intensa na Guerra de Sucessão foi fator decisivo na sua escolha para capitão-mor por parte do Conselho, pois no parecer elaborado pelos conselheiros, foi afirmado que, dentre outros motivos, Domingos Amado deveria ser escolhido por “ter servido com grande satisfação na guerra presente em que recebeu sete feridas na batalha de Monança”.244 Somando-se a isso, sua experiência como capitão-mor do Rio Grande o deve ter feito merecedor de receber o hábito da Ordem de Cristo, mostrando que, de certa forma, essa experiência governativa o possibilitou ascender socialmente.

Domingos de Morais Navarro, natural de São Paulo, já era um conhecedor da capitania do Rio Grande, uma vez que tinha participado das incursões das tropas de paulistas àquela capitania quase 30 anos antes e por lá permaneceu por um longo período, até 1723, quando precisou ir à corte para resolver problemas com relação aos seus requerimentos. Foi nomeado capitão-mor do Rio Grande em 1726. Ocupou os postos de praça de soldado, alferes do mestre de campo e capitão de infantaria. No tempo em que permaneceu na capitania, envolveu-se em diversas batalhas contra os indígenas, tornando-se, um militar com uma vasta experiência no que se refere ao tratamento com os índios.245 Ficou no reino de 1723 até a sua nomeação, em 1726, fazendo inclusive um

242REGISTRO da patente Real em que foi provido Domingos Amado no posto de Capitão-mor desta

Capitania, por Sua Majestade. In: LEMOS, Vicente de; MEDEIROS, Tarcisio. Capitães-mores e governadores do Rio Grande do Norte. Rio Grande do Norte: Edição do Instituto Históricos e Geográfico do Rio Grande do Norte, 1980, V. 2. P.103.

243 Registo Geral de Mercês, Mercês de D. João V, liv. 7, f.149-149v

244 CONSULTA do Conselho Ultramarino ao rei D. João V, sobre a nomeação de pessoas para o cargo de

capitão-mor do Rio Grande do Norte. Foi nomeado Domingos Amado, por resolução de 6 de Junho de 1714. AHU-Rio Grande do Norte, Papéis Avulsos, Cx.1, Doc. 77.

245REGISTRO da patente Real em que foi provido Domingos de Morais Navarro no posto de Capitão-mor

desta Capitania, por Sua Majestade. In: LEMOS, Vicente de; MEDEIROS, Tarcisio. Capitães-mores e governadores do Rio Grande do Norte. Rio Grande do Norte: Edição do Instituto Históricos e Geográfico do Rio Grande do Norte, 1980, V. 2. P.115.

pedido, em 1724 para prorrogar a sua licença de permanência no reino para continuar resolvendo questões envolvendo suas folhas de serviços.246

Em 1725, quando descobriu que estava aberto o concurso para o posto de capitão- mor do Rio Grande, fez um requerimento ao rei pedindo para ser provido no dito posto, no qual ele estava participando como opositor do concurso, para com ele poder voltar ao Brasil o mais rápido possível.247 Provavelmente, esperava Domingos de Morais Navarro, que sendo nomeado capitão-mor, além de receber um acréscimo no seu ordenado, também estaria crescendo na hierarquia dos cargos. E junto a isso, apesar de não afirmar no seu requerimento, ele esperava receber uma ajuda de custo para poder voltar, tendo em vista que era uma prática muito comum conceder o pagamento das passagens para o deslocamento das pessoas recém nomeadas para um cargo de governo nas conquistas ultramarinas que ainda estavam no reino, como será visto. Não se pode afirmar com precisão que esse requerimento foi atendido ou se influenciou de alguma forma no processo de seleção, mas no final, ele terminou sendo escolhido pelo Conselho Ultramarino dentre os outros opositores e foi nomeado pelo rei. Logo após sua nomeação, tratou de fazer um requerimento pedindo aumento de seu soldo, usando como justificativa o fato de o capitão-mor do Ceará receber mais do que ele, no entanto, não foi possível descobrir a resposta do Conselho ou do rei.248

Após o seu período no governo do Rio Grande, voltou ao reino. Durante esse tempo, foi agraciado com um hábito da ordem de Cristo, em 1734.249 Depois de seis anos na corte, em 1738 fez um requerimento solicitando para ser nomeado no governo do Ceará, que naquele período estava vago e caso não fosse possível, que fosse nomeado então para o governo do Rio Grande do Norte ou do Espírito Santo, que eram capitanias de “mesma graduação.” Juntamente a isso, alegou que precisava voltar a prestar serviços, pois na corte estava tendo muitas despesas. Além disso, fez uma série de requerimentos, que foram anexados a um único conjunto de documentos, para postos diferentes em diferentes lugares, como o governo de Cabo Verde, caso fosse negado sua ida ao Ceará,

246 REQUERIMENTO do capitão de infantaria do Terço do Açu, Domingos de Morais Navarro, ao rei [D.

João V] pedindo prorrogação de licença a fim de tratar dos seus requerimentos em Lisboa, por mais um ano. AHU-RN, Papéis Avulsos, Cx. 2, Doc. 94.

247 REQUERIMENTO do capitão de infantaria do Terço do Açu, Domingos de Morais Navarro, ao rei [D.

João V] pedindo para ser provido no posto de capitão-mor do Rio Grande do Norte, ao qual é opositor, para poder regressar ao Brasil o mais rapidamente possível. AHU-RN, Papéis Avulsos, Cx. 2, Doc. 100.

248 REQUERIMENTO do capitão-mor do Rio Grande do Norte, Domingos de Morais Navarro, ao rei [D.

João V] pedindo para se lhe acrescentar o soldo, conforme se mandou acrescentar ao capitão-mor do Ceará.