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SUJEITO GLORIFICADO

1.2. Capitão Mendonça

A ruptura entre o primeiro e o segundo segrnento desta primeira se qüência está marcada principalmente pela disjunção actorial: entra em cena o capitão Mendonça. O dialogo que desencadeia a presença do ator Mendonça o ferece uma disjunção enunciativa que contribui para a segpientaçao por nos pro posta.

Este segundo segmento foi organizado pelo enunciador em dois blo cos, o primeiro apresenta um diálogo, inscrito, portanto, no nível pragmat_i co. No segundo bloco, ou sub-segpiento, predomina a narração que se situa no plano cognitivo. Tonos respectivamente:

1.2.1. O encontro propriamente dito.

1.2.1. As impressões de Amaral sobre o capitao.

1.2.1. O Encontro Propriamente Dito

Este sub-segmento e marcado por uma debreagem interna de 29 grau, o narrador cede a palavra a seu interlocutor criando o dialogo.A introdução, no discurso — enunciado, de uma situaçao de dialogo gera, junto ao enuncia tario, o efeito de realidade.

”0 efeito de fieatidade e. ph.odazi.do, em gfiande medida petas desembreagens inteAnas [segundo, te/iceiAo gsiaus) que estiam a ilusão de òituação "neal" do diálogo". 9

de delinear personagens, onde as mesmas se revelam através de palavras e a ções. Temos assim, investidas no encontro com Mendonça, una série de figuras reveladas por suas próprias palavras, que deixam transparecer una personagem atrevida e pouco respeitadora da memória do amigo (pai de Amaral) o que pode ser comprovado na franqueza da expressão "era un tanto fraco seu pai".

Para estabelecer o ator Mendonça o enunciador utiliza-se, além da debreagem interna de segundo grau, da ancoragem espaço e temporal. A per sonagem é situada no "aqui" e "agora", porém seu ponto de referência é dado pelo tempo "anterior" (passado) e no espaço do "la". A referência ao estado do Rio Grande do Sul remete a personagem no espaço do "lá" procedendo a anco ragem espacial. A amizade que teve com o pai de Amaral e os fatos historicos qué conta,como a campanha contra Rosas, localizam o ator no tenpo "passado". A localização espacial e temporal dão a origem da personagem contribuindo, as

sim, para concretizá-la dando-lhe verossimilhança.

A debreagem de segundo grau coloca frente a frente os atores A maral e Mendonça e é concomitante com uma atividade cognitiva dos atores.

O ator Mendonça opera uma atividade cognitiva denominada reconhec^ mento, já a atividade cognitiva de Amaral recai no nao reconhecimento.

EN^ = F reconhecimento (Mendonça ---- 3* Amaral)

ENg = F nao reconhecimento (Amaral --- Mendonça)

O reconhecimento e operado através da memória e prevê um estagio an terior — o conhecimento. O ator Amaral nao passou pelo estágio do conhecimen to, por isso, nao reconhece Mendonça.

Já Mendonça reconhece Amaral através do conhecimento indireto, ou seja, pela semelhança entre Amaral e seu pai.

O reconhecimento (através do conhecimento do pai de Amaral) efetua do por Mendonça, equivale ao saber operado pelo fazer cognitivo.

1.2.2. As Inpressões de Amaral Sobre o Capitao

Neste sub-segrnento Amaral retoma a palavra para expor sua opinião, oü impressão sobre a personagem Mendonça. Esta tomada de palavra está situa da no nível cognitivo e opoe-se ao sub-segpiento anterior que ocorreu no pia no pragpiático do diálogo.

Primeiramente Amaral nos dá conta da impressão negativa que lhe cau sam as palavras do capitao ao refrir-se ao seu pai ja falecido, visto nas ex pressões grifadas:

"Adnirou-me que o maJj, f-ieJL amigo de me u pai tAcutcUsòe tão dudmho&amojnts, a 6ua memónla, eenXJKLi to go a. iiL&peÁJjoA. da amizade, que. ot> Liga/ia no exeAcJXo".

Logo apos Amaral nos dá, através da descrição, os traços fisicos do capitão Mendonça como: "homem de boa presença, gesto militar, olhar um tanto vago, barba de fonte a fonte, passando por baixo do queixo, como convém a um militar que se respeita". Amaral parece estar profundamente adnirado como ca pitão.

1.2.2.1. O Percurso Figurativo do Capitao

Neste segmento tem inicio o percurso figurativo que qualifica o ca pitao Mendonça, segundo o ponto de vista de Amaral.

"homem de presença" "olhar um tanto vago" "o velho capitão" "o olhar vago"

"excêntrico" "original" "ladrão"

"singularidade da fi gura do capitão" "seu olhar era sempre vesgo"

"doido"

"homem tao singular" "doido"

"um doido manso" "um filósofo" "um nescio"

"supô-los doidos" "inventor"

"seu olhar mais vago que nunca"

"Seriam dois loucos" "ar diabolico"

"olhar mais vago que nunca" "sábio" "quimico" seqüência 1 seqüência 2 seqüência 3 seqüencia 4 seqüência 5 seqüência 7

O percurso figurativo (PF) do capitao vai de homem normal a louco. A reiteração do lexema olhar, que pode ser tomado como o "espelho da al ma", configura a presença da loucura.

"olhar u m tanto vago" - seqüência 1 "o olhar vago" - seqüência 1

"seu olhar era sempre vesgo" - seqüência 3

"seu olhar mais vago do que nunca" - seqüência 5 "olhar mais vago que nunca" - seqüência 7

Para a formação da personagem capitão Mendonça entra em jogo, a lém do PF dado por Amaral, a auto-imagem, ou seja, a imagem que o Mendon ça faz de si próprio através do percurso figurativo que evidencia a sua supe rioridade. Este PF que inicia neste segmento com as expressões: "fui o úni co amigo fiel que ele teve", "era u m tanto fraco seu pai; a unica rixa que ti vemos foi por eu uma noite chamar-lhe tolo. O coronel reagiu, mas conven ceu-se finalmente", continuara ate a seqüência 7, e sera salientada sempre que for oportuno.

O capitao Mendonça causa em Amaral profunda admiração, seja como homem normal ou como louco — razao de vir este a ser protagonista princi pal de seu pesadelo.