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CAPITA (US$) Bermudas 20

No documento A filiere suinicola em Santa Catarina (páginas 66-69)

Suiça 17.840 EUA 17.500 Japão 18.850 Alemanha 12.080 Holanda * 11.860 França 10.740 Humbria ** 7.890 Venzuela ** 1.810 Brasil ** 1.810

FONTE: Banco Mundial -1988

* referente a 1987 ** referente a 1986

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Por isso, o melhor caminho para o crescimento suínicola é o seguido pela avicultura: apresentar ao consumidor melhores opções de corte de carne e preços reduzidos. Da mesma forma que hoje encontra-se asa, pescoço de frango, sobrecoxa e peito no mercado, é importante que o consumidor tenha acesso aos diferentes cortes e partes do suíno.

Os principais frigoríficos de suínos do Brasil estão lançando no mercado interno linhas especiais de cortes e derivados de carne de porco para tentar alavancar o consumo. A tendência é o enobrecimento dos cortes, porções menores, produtos auto-serviço, semi-processados e embalagens especiais que facilitem a preparação dos pratos. Com isso espera-se também vencer outra barreira dos consumidores, que relacionam a carne de porco com altas taxas de gorduras. "Os hábitos de consumo no Brasil são diferentes da Europa. Aqui o consumo in natura não se difundiu"^.

Mesmo partes nobres como o lombo, o carré, o pernil e a paleta têm consumo restrito, ligados a datas ou pratos típicos. O bacon, que dá excelente aproveitamento industrial à barriga dos animais, também não se difundiu no país.

O poder aquisitivo da população torna-se uma grande barreira para o aumento do consumo de carne suína no país. "Entre 1986 e 1987 o consumo per capita cresceu 33,8%, por conta do aumento real dos salários e a menor oferta de carne bovina durante o Plano Cruzado (ASSOCIAÇÃO DOS EXPORTADORES DE CARNE SUÍNA, 1991).

Para incentivar o consumo seria necessário trabalhar em duas grandes frentes. Avanços em alimentação, genética e manejo permitiriam ao setor oferecer carnes com menos gorduras e 31,5% mais baratas no ano 2.00014 n3 área mercadológica, o fundamental, seria a difusão de cortes especiais que facilitem o consumo in natura, campanhas de esclarecimento e promoção sobre características da carne e formas de preparo, e melhorias no sistema de distribuição.

Mas, antes de chegar ao prato do consumidor, a caame suina enfrenta dois grandes obstáculos: o milho e os impostos.

No Brasil tem-se hoje um ICMS da ordem de 18,5% incidindo sobre os alimentos básicos. Acrescentando a isso PIS, Finsocial, transporte e outros créditos

13Entrevista com Sr. Lóris Basso, Diretor Comercial da Perdigão Agroindustrial

como insumos. O produtor de suínos pode ter um imposto sobre a carne por ele produzida de até 25%, enquanto a França não ultrapassa 5% e na Suíça, zero.

O frango e o suíno nada mais são do que pacotes de milho e farelo transformados em carne, que significam 70% do custos desses animais. Se o milho é importado, o preço da carne de suíno e de frango eleva-se ao valor estipulado pelo mercado internacional e a renda per capita do brasileiro não é equivalente, o que faz com que o produtor e o industrial enfrentem dificuldades.

3.3.3 - O consumo de carnes para diferentes níveis de renda

O consumo de alimentos no Brasil se caracteriza por grande desigualdade nos diferentes estratos, em função da distorcida e perversa distribuição de renda da população brasileira.

O indicador econômico, usualmente utilizado para representar o crescimento de consumo esperado a partir do crescimento da renda, é denominado "elasticidade-renda". Esse indicador é obtido, geralmente, de análises de dados estatísticos referentes ao consumo de cada produto ou grupos de produtos, por famílias de diversos categorias de renda. Uma elasticidade-renda de valor 0,5, para um determinado produto, significa que um aumento da renda da ordem de 1,0% resulta num aumento esperado do consumo do produto próximo a 0,5%^ ^

No que concerne ao consumo dos produtos suínicolas, a falta de dados estatísticos torna muito difícil uma análise mais detalhada.

A única fonte de informação disponível se refere a enquete ENDEF (Estudo Nacional da Despesa Familiar), realizada pela Fundação IBGE em 1974.

Segundo a enquete ENDEF, as despesas com alimentação, representam entre 30% e 40% em média das despesas totais de consumo, segundo as diferentes regiões do Brasil. A participação da alimentação nas despesas de consumo aumentam a medida que as rendas diminuem.

O consumo de carne representava apenas um quarto das despesas alimentares totais no país.

Nos estados do Sul, o consumo de produtos suinícolas representava 11,3% do total das despesas de alimentação.

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Com o objetivo de medir a variação do consumo de carne causado por uma variação na renda foram calculadas as elasticidades-renda através de dados de despesa anual total com carnes e pescados, por família. Os coeficientes de elasticidade foram calculados para diferentes estratos de renda, medidos em salários mínimos a nível de São Paulo e Brasil. O resultado da pesquisa encontra-se no QUADRO 12.

A classe que consumia mais carne de porco era aquela cujas despesas se situavam entre 0,5 e 1,0 salário mínimo da família por pessoa, e por ano. Esta classe, no estudo da ENDEF, era a terceira em ordem crescente de renda.

A enquete ENDEF não verificou quais os cortes de carne preferidos segundo o nível de renda, somente que as classes com menor poder aquisitivo consumiam mais as carnes de 2a, enquanto as classes com renda mais elevada consumiam carnes de 1a.

A elasticidade-renda era mais elevada para os produtos embutidos (salsicharia). Seu consumo aumentava à medida que aumentava a renda. Pode-se observar estes dados no QUADRO 13.

QUADRO 12 - ELASTICIDADE-RENDA POR LIMITE EM SALÁRIOS-MÍNIMOS PARA PROTEÍNA

ANIMAL

No documento A filiere suinicola em Santa Catarina (páginas 66-69)