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2.4 EMPREENDEDORISMO SOCIAL

2.4.1 Capital Social

Na concepção de Serafim e Andion (2012), o Capital Social é um dos conceitos mais promissores surgidos no último século. O Capital Social busca agregar fatores sociais na análise dos fatores econômicos, procurando explicar a diversidade dos comportamentos individuais e coletivos, a forma como os indivíduos veem o status, e como as organizações percebem a conquista da vantagem competitiva. Segundo os empreendedores sociais, o Capital Social é um fator positivo para o empreendimento, pois fortalece os laços com colaboradores e clientes, favorecendo o compartilhamento de informações e o conhecimento, gerando, dessa maneira, novas oportunidades de negócios.

O sociólogo americano James S. Coleman foi o primeiro autor a discutir a importância do Capital Social para a aquisição de Capital Humano. Conforme Coleman (1988), o Capital Social compreende uma dimensão de estrutura social, cuja função é servir de recurso para facilitar a ação das pessoas que desejam alcançar determinados objetivos. Serafim e Andion (2012) esclarecem que, do mesmo modo que outros tipos de capital, o Capital Social é produtivo porque permite alcançar determinados objetivos que não seriam possíveis sem ele.

Segundo Coleman (1988), o capital físico na organização se estabelece a partir de modificações no processo que facilitam a produção, enquanto o capital social é gerado a partir do momento em que as pessoas adquirem novas habilidades e capacidades, e passam a agir de forma diferenciada. Por conseguinte, é possível conceber que o capital social ocorre por meio das relações interpessoais e que as mudanças impulsionam e facilitam a ação. O autor enfatiza que o capital social estabelece uma relação de cumplicidade entre o que foi beneficiado e o beneficiador; isso envolve confiabilidade e lealdade, criando, assim, um vínculo relacional fortalecido, e essa relação, muitas vezes, favorecerá o compartilhamento de informações.

De acordo com Travaglini (2012), o capital social é representado tanto por relações interpessoais baseadas na confiança, reciprocidade e apoio mútuo, como também por formas mais estruturadas de cooperação comercial, organizações e associações voluntárias. Ainda segundo o mesmo autor, do ponto de vista econômico, o capital social pode ser considerado um dos motivos para o crescimento do negócio ou a semente

para melhores negócios, servindo como catalisador de relações de cooperação dentro das empresas ou entre elas. A empresa social é um ímã para a partilha e para as relações úteis, um ativador do capital relacional independente, um terreno fértil para o capital social.

No entendimento de Davidsson e Honig (2003), o capital social é operacionalizado mediante a identificação de redes e relações de rede, às vezes definido pela força das relações, por meio de atividades com grupos repetidos, reuniões frequentes e outras interações formais, bem como reuniões informais e outras atividades sociais e relacionamentos familiares. Do ponto de vista empresarial, o capital social fornece redes que facilitam a descoberta de oportunidades, assim como a identificação, coleta e alocação de recursos escassos.

Segundo Albagli e Maciel (2002), o termo capital social vem sendo amplamente discutido em vários meios por sociólogos e cientistas políticos, como também nas organizações públicas e privadas. Nesse sentido, os autores sugerem algumas razões que justificam a acelerada discussão a propósito do tema “Capital Social” no contexto da atual realidade, são elas:

a) a valorização das relações e estruturas sociais no discurso político e na ótica econômica, bem como a preocupação, em certas correntes da sociologia, em introduzir uma dimensão normativa em sua análise; b) o reconhecimento dos recursos embutidos em estruturas

e redes sociais não contabilizados por outras formas de capital, e a valorização de sua importância para o desempenho econômico;

c) o ambiente político-econômico emergente, desde a década de 1980, levando a um reposicionamento dos papéis do Estado e da sociedade, assim como das relações entre o público e o privado;

d) a necessidade de desenvolver conceitos que reflitam a complexidade e o inter-relacionamento das várias esferas de intervenção humana;

e) o capital social serve, como um termo guarda-chuva, que pode ser compreendido e utilizado transversalmente por diferentes disciplinas.

Na concepção de Anderson e Jack (2002), o capital social não é uma “coisa”, mas um processo. É o processo de criação que gera condição para o intercâmbio de informações e recursos. Ele só pode existir entre as pessoas; por consequência, é um artefato relacional que só se pode observar como uma das suas manifestações dimensionais. Nesta visão, pode ser visto como um processo de construção que une os indivíduos.

Diante dessas razões, tem-se que o capital social é um tema discutido por diversas áreas do e, quando se refere ao termo, está se referindo a um ativo que está inserido num contexto de pertencer a algo ou alguém e que requer processos intensivos de aprendizagem. Tal fato reveste o capital social de difícil mensuração, pois, quando se fala em capital social, está-se referindo em alguns casos de capital humano, por isso Durston (2000, p. 12) explica que:

O capital social é o conjunto das relações de confiança e cooperação, mas não necessariamente produz altos níveis de participação, nem

sociedades civis altamente democráticas, nem necessariamente resulta em aumentos de produtividade e resultado econômico para empresas ou economias.

Segundo Durston (2000), o capital social nem sempre gerar ganhos para a organização, sendo representado por seres humanos, bem como a imagem da organização perante o seu cliente, como pelo know how que possua, existe certa fragilidade nesse capital, pois a qualquer momento a organização poderá deixar de tê-lo, bastando, para isso, que o colaborador deixe a organização por buscar melhores condições, ou que qualquer fato que ocorra denigra a imagem conquistada com grande esforço, essa “fragilidade” é um dos fatores que dificultam a sua mensuração.

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