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LISTA DE ABREVIATURAS E SÍMBOLOS Símbolo Significado

4. ASPECTOS FÍSICOS E ECONÔMICOS DA ÁREA DE ESTUDO 1 RIO INDAIÁ

4.2. CARACTERÍSTICAS CLIMÁTICAS

A região apresenta altas taxas pluviométricas, com valores que podem variar entre 1.150 e 1.450 mm anuais. O regime pluviométrico é típico das regiões de clima tropical, com a ocorrência dos valores mensais máximos no período do verão e dos mínimos no inverno. O trimestre mais chuvoso contribui com cerca de 55 a 60% do total anual precipitado, correspondendo aos meses de novembro, dezembro e janeiro. O trimestre mais seco, que corresponde aos meses de junho, julho e agosto, contribui com menos de 5% da precipitação anual.

São encontradas na região duas tipologias climáticas, de acordo com a classificação de Wladimir Köppen:

• Cwa - clima temperado brando com verão quente (temperatura média do mês mais quente superior a 22 ºC) e inverno brando (temperatura média do mês mais frio inferior a 18ºC); a estação seca coincide com o inverno.

• Aw - clima tropical chuvoso, quente e úmido, com inverno seco e verão chuvoso. A temperatura média do mês mais frio é sempre superior a 18 ºC. Esse tipo climático ocorre nas latitudes mais baixas da bacia, entre 18º e 19º, nas proximidades do reservatório de Três Marias.

A umidade relativa média anual da área encontra-se em torno de 70 a 80%, com os valores mais elevados ocorrendo nas áreas de maior altitude.

4.3. GEOLOGIA

A bacia do rio Indaiá situa-se na unidade geotectônica Cráton do São Francisco sobre rochas proterozóicas do Grupo Bambuí (Formações Serra da Saudade, Serra de Santa Helena e Três Marias); e rochas sedimentares e vulcanoclásticas dos grupos Areado e Mata da Corda, de idade Cretácea.

A litoestratigrafia original do Grupo Bambuí foi proposta originalmente por Branco & Costa (1961) e estendida ao conjunto da bacia do rio São Francisco por Dardenne (1978). O Grupo Bambuí é subdividido da base para o topo nas formações Sete Lagoas, Serra de Santa Helena, Lagoa do Jacaré, Serra da Saudade e Três Marias. As formações Sete Lagoas, Serra de Santa Helena, Lagoa do Jacaré e Serra da Saudade são agrupadas no Subgrupo Paraopeba.

A Formação Serra da Saudade se apresenta em aproximadamente 72,3% da área de estudo, ao longo de toda a extensão longitudinal da bacia, e é constituída por arenitos finos, argilitos, siltitos, verdetes (pelitos verdes) e folhelhos, com pequenas e esparsas intercalações lenticulares de calcário. O conjunto foi submetido a metamorfismo regional dinamotermal de baixo grau.

A Formação Serra de Santa Helena ocupa uma pequena parcela na região sul da bacia (0,2% da área), e é composta, predominantemente, por folhelhos, siltitos, margas e lentes esparsas de calcário.

A Formação Três Marias é observada na região norte da bacia e ocupa aproximadamente 8% da sua área. De acordo com Branco & Costa (1961), essa Formação representa a sedimentação siliciclástica, em ambiente de bacias de antepaís, da porção superior do Grupo Bambuí. A Formação Três Marias é composta por arcósios, arenitos arcosianos e siltitos.

O Grupo Mata da Corda ocorre em todo o trecho extremo ocidental da área de estudo e em uma pequena porção da região sul, e ocupa 10% da área da bacia. Esse grupo é subdividido em duas formações: Formação Capacete, no topo, e Formação Patos, basal.

A Formação Capacete é constituída por arenitos cineríticos, localmente conglomeráticos, com cimento carbonático (Ladeira et al., 1971). Ocorre associada às fácies vulcânicas, as quais recobre e se interdigita lateralmente, apresentando estratificações cruzadas acanaladas e geometria em cunhas. A unidade é interpretada como depósitos de leques aluviais gerados nas encostas dos edifícios vulcânicos (Seer et al., 1989).

A Formação Patos (Hasui, 1969) é representada por derrames, brechas, lapilitos, tufos e cineritos máficos e ultramáficos, de assinatura alcalina, de chaminés da região de Patos de Minas. A base da formação é dominada por rochas piroclásticas, enquanto em seu topo acumulam-se derrames alcalinos (Seer et al., 1989). A idade do vulcanismo alcalino foi determinada em 80 Ma (Hasui & Cordani, 1968), posicionando o Grupo Mata da Corda no Cretáceo Superior.

Os tufos e lavas da Formação Patos encontram-se geralmente decompostos e alterados em argilas montmoriloníticas. Possuem cor verde, característica, a cinza esverdeada. As rochas da Formação Patos sobrepõem-se imediatamente aos arenitos do Grupo Areado, sem que se note uma discordância entre as unidades (Brasil, 2002).

O Grupo Areado é observado em 7,8% da área de estudo. Esse grupo é atribuído ao Cretáceo Inferior e apresenta uma grande variação lateral de fácies, caracterizadas por depósitos de

formações compõem o Grupo Areado: Abaeté, Quiricó e Três Barras (Campos & Dardenne, 1997).

A Formação Abaeté é composta por conglomerados e arenitos fluviais, com espessura variável de centímetros a poucas dezenas de metros. A parte superior dos pacotes conglomeráticos é caracterizada pela presença de seixos polidos e facetados pelo vento (ventifactos). O ambiente de sedimentação é interpretado como leques aluviais e sistema de rios entrelaçados, sob vigência de clima semi-árido (Ladeira et al., 1971; Seer et al., 1989 e Brasil, 2002).

A Formação Quiricó é composta predominantemente por sedimentos pelíticos interpretados como resultantes de uma sedimentação lacustre, com folhelhos e siltitos esverdeados, rosados, ocres, violáceos ou avermelhados, que ocorrem interestratificados, apresentando rápidas variações de cores. Subordinadamente ocorrem intercalações de arenitos finos, médios e grossos, os quais são mais frequentes na parte superior da seqüência. De maneira restrita, ocorrem fácies de calcários micríticos cinza esverdeados dispostos em bancos maciços associados aos pelitos (Sgarbi, 1989, citado por Campos & Dardenne, 1997).

A Formação Três Barras é constituída por arenitos calcíferos e conglomeráticos, siltitos, argilitos e folhelhos. Essa unidade interdigita-se lateralmente e sobrepõe-se às formações Abaeté e Quiricó. O ambiente de sedimentação da Formação Três Barras corresponde a planícies flúvio-deltáicas, representadas por rios meandrantes com planícies de inundação bem desenvolvidas e por deltas lacustrinos (Seer et al., 1989).

Em algumas áreas da bacia (1,3%) são observadas coberturas detrito-lateríticas com concreções ferruginosas. A origem dessas coberturas está relacionada a diferentes ciclos de pediplanação e denudação, e ocorrem sob a forma de chapadas, às vezes com ligeiras ondulações, em altitudes que variam de 800 a mais de 1000m. Constituem-se de sedimentos argilosos e arenosos, consolidados ou não.

No que diz respeito à geologia econômica, ressalta-se que a área do presente estudo se insere numa região que pode ser considerada como de elevado potencial de ocorrências minerais economicamente exploráveis. Segundo levantamentos realizados pelo DNPM, em 1984/85, nos domínios das três falhas inversas na região da Serra da Saudade e, portanto, ao longo de

todo o vale do rio Indaiá, ocorrem lentes de calcário (fabricação de cal e corretivo de solos) e camadas lenticulares de fosforita. No leito do rio Indaiá há garimpos ativos de diamante em vários pontos, e no vale também ocorrem potenciais jazidas de ardósias.

A Figura 4.1 apresenta algumas litologias observadas em visita de campo. Na Figura 4.2, pode ser observado o Mapa Geológico da bacia do rio Indaiá, produzido pela CPRM.

(a) Contato entre verdete e arenito da Formação (b) Talude de corte de estrada em arenito Serra da Saudade da Formação Serra da Saudade

(c) Argilitos verdes da Formação Serra da (d) Agregações mais resistentes à erosão laminar Saudade