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Verificam-se algumas características e vantagens que o CAA agrega, conforme se descreve a seguir.

As características do CAA são obtidas a partir do uso de aditivos superplastificante à base de policarboxilatos que permite a obtenção de uma fluidez elevada, mesmo com relações água/cimento muito baixas. Apesar da fluidez, o CAA se mantém homogêneo, viscoso, sem segregação ou exsudação. Verifica-se, também, que se faz necessário uma composição adequada do concreto, considerando- se a exigência de uma quantidade maior de finos (partículas ≤ 0,125

mm). De forma simplificada, as características determinantes para o CAA é que apresente alta fluidez e estabilidade. Apesar das grandes vantagens que o CAA apresenta em relação ao CC, devido à sua maior fluidez, a pressão lateral nas formas é, em princípio, mais elevada. Assim, as formas deverão ser estruturalmente dimensionadas para suportar maior pressão lateral, além de melhor vedação das juntas a fim de evitar que o CAA fresco escoe pelos possíveis vazios nas emendas das formas. Outro aspecto importante a ser observado é o tempo disponível para trabalhabilidade do CAA fresco, desde a mistura na central de fabricação até a conclusão da operação de lançamento nas formas e adensamento, com maior atenção nas regiões de clima mais quente, onde esse tempo disponível será, possivelmente, menor.

Desnerck (2012), em Properties of fresh self-compacting

concrete mixes, considera três determinantes propriedades do

concreto auto-adensável (CAA) fresco: capacidade de enchimento; capacidade de passagem; resistência à segregação. Para um bom CAA é necessário nível adequado de atendimento das três propriedades em conjunto. A habilidade de enchimento leva à capacidade da mistura fresca fluir sob seu próprio peso e preencher completamente todos os espaços da forma. A capacidade de enchimento deve ser alta o suficiente para permitir que o ar escape e contribua para obtenção de concreto adequadamente compacto. A capacidade de passagem mede o quanto bem o CAA fresco fluirá através de espaços confinados e com restrições, aberturas estreitas e entre as armaduras de reforço do concreto. Os agregados grossos podem representar risco de obstrução do fluxo. Assim, ligando-se com a capacidade de enchimento, os agregados grossos podem se rearranjar nas suas posições e o fluxo ter continuidade. A resistência à segregação é a capacidade da mistura fresca para manter a distribuição original, a uniformidade, dos materiais constituintes durante o transporte, colocação e adensamento. A resistência à segregação está relacionada à viscosidade plástica e densidade da pasta, estando ligada a dois princípios: sólido denso dentro de um líquido tende a afundar e um

líquido viscoso flui com dificuldade ao redor de um sólido. Assim, baixa viscosidade em combinação com agregados densos conduzirão a maiores riscos de segregação. Segundo Desnerck (2012), na prática fica difícil de estudar separadamente essas propriedades. Por exemplo, tendência à segregação corresponde também à redução na capacidade de passagem. Assim, é preciso ter atenção com os ensaios com concreto fresco.

O ACI Committee 237 (2007) ao tratar as propriedades e características do CAA no estado fresco, indica que a trabalhabilidade descreve a facilidade com que o concreto pode ser misturado, lançado, adensado e concluído. A trabalhabilidade do CAA depende da capacidade de enchimento das formas, capacidade de passagem pelos obstáculos e manutenção da estabilidade estática e dinâmica, sendo caracterizado através de métodos específicos de ensaios. Dessa forma, a trabalhabilidade necessária para as operações de concretagem depende do tipo de construção, métodos adotados de lançamento e adensamento, complexidade das formas, e detalhes do projeto de estruturas que afetam o grau de dificuldade de passagem do concreto através dos obstáculos representados pelas armaduras.

No estado endurecido, para a resistência à compressão, verifica-se que a característica do CAA apresentar elevada fluidez associada à suficiente coesão para resistir à segregação, muitas vezes requer a utilização de fator água/cimento (a/c) menor que o utilizado para CC equivalente. Menor fator a/c conduz à obtenção de maiores resistências à compressão. As composições de CAA empregadas tipicamente para obras pré-moldadas apresentam fator a/c de 0,32 a 0,40. Composições de CAA com fator a/c maiores que 0,40 são algumas vezes utilizadas para obras moldadas no local ou obras de recuperação, apresentando resistências características similares ao CC. Para o módulo de elasticidade, verifica-se relação com a resistência à compressão, tipo e quantidade dos agregados.

Segundo De Schutter (2012), em General Introduction

to SCC and constituent materials, deficiência de compactação e

durabilidade, razão pela qual o CAA foi desenvolvido no Japão na década de 1980. O CAA preenche a forma como um líquido, não necessita de energia externa para compactação e agrega substanciais benefícios ecológicos. Para o concreto lançado no local, requer-se: qualidade do concreto; durabilidade; boa aparência visual. Para a realidade das obras atuais, torna-se cada vez mais difícil e trabalhoso a concretagem de elementos estruturais devido à complexidade das formas e a elevada densidade das armaduras.

Em continuação, De Schutter (2012) aponta como propriedades do CAA: fluidez; habilidade de passagem; estabilidade (resistência contra a segregação), a partir da combinação de superplastificantes, agentes modificadores de viscosidade e adições minerais. Assim, CAA pode ser definido como um concreto que no estado fresco tem capacidade de fluir sob seu próprio peso; de preenchimento dos espaços necessários de formas complexas; apresenta-se como material denso e adequadamente homogêneo; sem necessidade de compactação externa. A Figura 2.1 apresenta fotos dos dois concretos: concreto auto-adensável (CAA) e concreto convencional vibrado (CC).