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2.2. Deficiência Física

2.2.2. Características da deficiência física

Conhecer o aluno com deficiência física levará, com certeza, ao desenvolvimento de ações pedagógicas que vão ao encontro das suas necessidades e possibilidades individuais, dando condições para que o profissional tenha seus programas pedagógicos focados para desenvolver o potencial individual de cada um.

Esse conhecimento básico e prévio pelo professor é salientado por Cidade e Freitas (1997) quando abordam sobre as implicações necessárias para a prática pedagógica na escola. As autoras observam que ter conhecimento básico do seu aluno, como tipo de deficiência, idade em que apareceu a deficiência, se foi repentina ou gradativa, se ela é transitória ou permanente, as funções e estruturas que estão prejudicadas, são de suma importância para o seu trabalho. Da mesma forma, os diferentes aspectos do desenvolvimento humano, sejam eles biológicos, cognitivos ou motores, devem ser parte do conhecimento adquirido pelo professor de Educação Física e dos profissionais envolvidos na Educação como um todo.

Essa preocupação pedagógica pode ser observada em diferentes estudos envolvendo diferentes tipos de deficiências e esportes. Munster (2004) demonstra, em seu estudo junto a pessoas com deficiência visual e esportes na natureza, a importância de se ter conhecimentos prévios para facilitar o trabalho pedagógico que se pretende implementar. Conhecer o seu aluno, suas possibilidades e necessidades, é condição sine qua non do educador.

Via de regra, os alunos envolvidos nesse contexto serão aqueles que, segundo a própria definição de deficiência, apresentam alterações musculares, ortopédicas, articulares ou neurológicas que comprometem ou não o seu desenvolvimento, acarretando dificuldades no processo de aprendizagem. Caso seja necessário e não seja possível, pelos meios tradicionais, proporcionar uma aprendizagem de qualidade, devem ser prestados ao aluno recursos e equipamentos adaptados que facilitem a construção do seu conhecimento (SILVA, 2006).

A deficiência física pode se manifestar de diferentes maneiras e causar diferentes comprometimentos. Esses comprometimentos podem ser assim relacionados:

A deficiência física pode causar diversos comprometimentos; (a) de um ou de ambos os membros superiores, por ausência, deformidade, paralisia, falta de coordenação, ou presença de movimentos que afetam o funcionamento e o uso das mãos nas atividades escolares; (b) de um ou de ambos os membros inferiores por ausência, deformidade, paralisia, falta de coordenação, ou presença de movimentos anormais que afetam a locomoção e a posição sentada; e (c) da vitalidade, que resulta em menor rendimento no trabalho escolar, em virtude de falta acentuada ou temporária de vigor e agilidade, por doenças que afetam os aparelhos circulatório, respiratório, digestivo, geniturinário, etc (SILVA, 2006, p. 19).

Silva (2006) ainda destaca a questão temporal da deficiência, dividindo-as em: a)

temporárias: quando tratada, permite que o indivíduo volte às suas condições anteriores e

normais; b) recuperável: quando, mediante tratamento ou suplência de outras áreas não atingidas, apresentem melhoras; c) definitiva: quando, apesar de tratadas, o indivíduo não apresenta possibilidade de cura, substituição ou suplência; e d) compensável: quando permite, através da substituição de órgãos, como, por exemplo, a amputação compensável pelo uso de prótese, uma melhora significativa.

Quanto ao tempo em que foi estabelecida a deficiência, Silva (2006, p.19) apresenta a seguinte divisão:

Hereditária – quando resulta de doenças transmitidas por genes, podendo manifestar-se desde o nascimento, ou aparecer posteriormente.

Congênita – quando existe no indivíduo ao nascer e, mais comumente, antes de nascer, isto é, durante a fase intra-uterina.

Adquirida – quando ocorre depois do nascimento, em virtude de infecções, traumatismos, intoxicações.

Existem várias doenças, lesões ou acidentes que podem levar ao desencadeamento de uma deficiência física. Autores como Wolf et al. (1990), Souza (1994), Israel (2000), Boccolini (2000) Costa (2001), Porreta (2004a, 2004b), Kelly (2004), Castro (2005), Silva, (2006) citam exemplos dessas possibilidades:

a) Doenças no sistema osteoarticular: podem ser causadas por problemas genéticos, doenças vasculares, tumores, alterações metabólicas, má postura, entre outras;

b) Doenças musculares: como atrofias musculares neurógenas (alteração do sistema nervoso central), ou miógenas (alteração das fibras musculares);

c) Doenças do sistema nervoso: provocada por afecções (doenças) do sistema nervoso central (encéfalo e medula) e/ou também do sistema nervoso periférico (gânglios, raízes e nervos), motivados por causas genéticas, metabólicas, alérgicas, traumáticas, entre outras;

d) Lesões medulares: de origem traumática (acidentes automobilísticos ou motociclísticos, mergulhos, armas de fogo, agressões físicas, quedas), mas também de origem patológica (hemorragias, tumores, infecções por vírus, etc.;

e) Ostomia: intervenção cirúrgica para a construção de um novo trajeto para saída de fezes e urina (e que acaba limitando as possibilidades de mobilidade);

f) Queimaduras: que podem também levar ao desfiguramento e alterar a elasticidade dos tecidos, limitando os movimentos ou, ainda, em casos mais graves, levar à necessidade de amputação de um ou mais membros;

g) Paralisia Cerebral: lesão não progressiva do cérebro em desenvolvimento, causando debilitação variável na coordenação de movimentos, podendo resultar na incapacidade da criança em manter movimentos normais e a postura (provocada geralmente por falta de oxigenação cerebral);

e) Amputação: retirada parcial ou total de um ou mais membros do corpo (geralmente provocado por traumas, câncer, infecções ou distúrbios vasculares);

f) Poliomielite: provocada por vírus (pólio vírus), que ataca a substância cinzenta da medula e destrói as células motoras, podendo deixar como seqüela paralisia nas áreas motoras correspondentes, mas com preservação da sensibilidade;

g) Traumatismos Crânio-encefálicos: lesão traumática que acomete o crânio e/ou o encéfalo (concussão, contusão, dilaceração); podem causar sequelas graves, como paralisias, paresias, etc.

h) Traumatismo raquimedular (lesão medular): traumatismos raquimedulares são caracterizados por trauma na coluna vertebral, tumores ou más formações que atingem a medula espinhal.

i) Acidente Vascular Encefálico (AVE) ou popularmente chamado de Derrame cerebral: caracterizado por uma desordem que leve a uma obstrução ou rompimento de

vasos, não permitindo o fluxo normal, privando o cérebro de ser suprido pelo sangue necessário para manter a função da estrutura neural (Isquemia cerebral, infarto cerebral, embolia cerebral, trombose cerebral, hemorragia cerebral);

j) Doenças com diagnósticos indefinidos.

2.3. Conceituação, avaliação, implicações pedagógicas e cuidados gerais nas

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