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2. REVISÃO DE LITERATURA

2.6 Características de crescimento e escores visuais

2.6.2 Características de escores visuais

Estas características são importantes para identificarmos animais mais equilibrados para não avaliar somente o ganho de peso dos animais. Estes são observados quanto à conformação (C), precocidade (P), musculatura (M), tamanho (T) e umbigo (U).

Para os escores de C, P, M e T, São atribuídas notas, com variação de 1 a 5, na desmama e no sobreano, sempre de forma relativa à média do grupo de contemporâneos (GC). Os escores mais altos indicam presença mais marcante da característica. Em cada GC, deverão existir animais de todas as notas (de 1 a 5), independente de qualquer comparação absoluta com outro grupo ou rebanho da mesma raça. A distribuição ideal das notas é: 40% deverão receber nota 3, 20% nota 2, 20% nota 4, 10% nota 1 e 10% nota 5 (CAMPOS, 2011).

A conformação (C) estima a quantidade de carne na carcaça. Esta característica é influenciada pelo tamanho (principalmente pelo comprimento) e pelo grau de musculosidade. O modo de avaliação é olhar pata o animal vivo, mas imaginar a carcaça do animal, em um frigorífico. É uma estimativa potencial para produção de carne que o animal possui (CARDOSO et al., 2001; CARDOSO et al., 2004; CAMPOS, 2011).

A precocidade de terminação (P) é a capacidade de armazenar gordura, indicando rapidez para atingir acabamento. Ao contrário do proposto por LONG (1973), no sistema Ankony, através da característica ausência de gordura excessiva, avalia-se a capacidade de o animal chegar a um grau de acabamento mínimo de carcaça, com peso vivo não elevado. Animais com maior profundidade de costelas, maior caixa torácica, silhueta cheia, virilhas pesadas e em início de deposição de gordura subcutânea, principalmente na base da cauda, indicam maior precocidade de terminação. Animais altos, esguios, sem caixa, com silhueta de gazela e extremamente enxutos são mais tardios. É importante combinar as precocidades de crescimento (ganho de peso) e de terminação para produzir animais equilibrados e obter a mesma classe de novilho em um menor período de tempo (CARDOSO et al., 2001; CARDOSO et al., 2004; CAMPOS, 2011).

O escore de musculatura (M) é uma avaliação do desenvolvimento de massa muscular como um todo, observada em pontos como antebraço, paleta, lombo, garupa e, principalmente, a largura e profundidade dos quartos traseiros. Analisando-se os animais parados, nota-se que os de musculatura mais desenvolvida apresentam os membros afastados, tanto de frente como de trás. O animal de musculatura forte tem o peito amplo e é mais largo na parte inferior do corpo, recebendo notas mais altas para esta característica. Já o animal de musculatura débil ou fraca em o peito fechado e é mais largo na parte superior do corpo, recebendo notas mais baixas (CARDOSO et al., 2001; CARDOSO et al., 2004; CAMPOS, 2011).

O escore de tamanho (T) compreende o comprimento e, principalmente, a altura do animal. DEPs de T moderado são desejáveis para uma maior e mais eficiente produção de carne em sistemas de ciclo curto. Para a avaliação de tamanho, é utilizado escore 5 para o animal com maior tamanho do grupo avaliado, mas este não é necessariamente o desejado para a raça trabalhada. O escore 1 é destinado ao menor animal do grupo avaliado (CARDOSO et al., 2001; CARDOSO et al., 2004; CAMPOS, 2011).

O escore para tamanho do prepúcio/umbigo (U) é uma característica funcional, por isso, avalia-se o tamanho e o formato do prepúcio e/ou umbigo. Machos com prepúcio muito longo, frequentemente, sofre lesões causadas pela vegetação e têm seu desempenho reprodutivo comprometido. No processo de avaliação do “U”, os animais sempre são analisados em relação a um tamanho e formato de prepúcio/umbigo ideal, e não ao GM. São dadas notas maiores para prepúcio e/ou

umbigo maiores, e notas menores para prepúcio e/ou umbigo menores (CAMPOS et al., 2011).

A estimação de parâmetros e a avaliação genética de escores visuais geralmente são realizadas utilizando-se modelos lineares. Porém, dados categóricos na maioria das vezes não apresentam distribuição normal dos dados e modelos de limiar são mais adequados teoricamente (GIANOLA & FOULLEY, 1983). Os modelos de limiar admitem que existe uma variável subjacente de distribuição contínua, em relação à variável discreta (SORENSEN et al., 1995), e as estimativas referentes a uma determinada categoria são observadas se os valores da escala subjacente estiverem localizados entre os limiares que definem essa categoria. Assim, a distribuição de probabilidade das estimativas, para dados categóricos, depende da posição da média da distribuição subjacente contínua, em relação aos limiares fixos (FARIA et al., 2008).

As estimativas de herdabilidades diretas para os escores visuais encontradas na literatura geralmente são moderadas. CARDOSO et al., (2001) analisando dados de animais da raça Angus na fase de desmama (D) e utilizando modelo linear, encontraram valores de 0,18, 0,19, 0,19 e 0,21 para C, P, M e T, respectivamente, e CARDOSO et al., (2004) avaliando os animais na fase de sobreano (S) estimaram valores de h2 para C, P, M e T de 0,19, 0,25, 0,26 e 0,24, respectivamente. KOURY FILHO et al. (2010) relataram valores de herdabilidades diretas variando entre 0,13 e 0,25 para os escores de C, P e M na fase de desmama e de 0,24 a 0,32 ao sobreano para as mesmas características também com modelo linear. BOLIGON et al. (2013) estimaram valores de h2 para os escores na fase de desmama de 0,21 (C), 0,22 (P) e 0,20 (M) e para fase de sobreano de 0,43 (C), 0,40 (P) e 0,40 (M), trabalhando com animais da raça Nelore e usando modelo de limiar. Para o escore de umbigo, BIGNARDI et al., (2010) utilizando modelo linear encontraram valores de 0,15 de h2 para U a desmama e 0,27 na fase de sobreano em animais da raça Nelore. GORDO et al., (2012) estimaram h2 maiores, de 0,38 também analisando dados de bovinos Nelore e com modelo linear. Também analisando dados em bovinos Nelore, BOLIGON et al., (2016), compararam as estimativas de modelos e encontraram valores de h2 com modelo de limiar para U à desmama de 0,22 e ao sobreano de 0,42, e com modelo linear, 0,16 e 0,29, à desmama e ao sobreano, respectivamente. Os resultados destes estudos indicam existir variabilidade genética para essas características e, apesar de serem avaliados de maneira subjetiva, quando aplicados

criteriosamente e por avaliadores treinados, podem servir para identificar indivíduos com maior precocidade de terminação, melhor musculatura e conformação frigorífica, e sem tamanho excessivo na maturidade (FARIA et al., 2009).

Portanto, espera-se que a utilização de metodologias adequadas e o uso da genômica possa incrementar os ganhos genéticas para características de crescimento e escores visuais, muito utilizadas em programas de melhoramento genético no Brasil.

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