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Características De Um Clima Favorável À Criatividade Nas Organizações

No documento Colaboração para a Criatividade (páginas 40-44)

2.1 Criatividade

2.1.7 Características De Um Clima Favorável À Criatividade Nas Organizações

O ambiente organizacional predominante é um fator de fundamental para a promoção da criatividade e geração de propostas inovadoras. Algumas características relativas a esse aspeto foram apresentadas por Van Cundy (1987 apud Alencar, 1993) e são explicitadas a seguir.

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Autonomia

A autonomia é um parâmetro que tem a ver com a liberdade que é dada aos colaboradores para criar.

Sistema de premiação dependente do desempenho

Esta medida é largamente aceite como uma ótima forma de promover e potenciar a criatividade, através de um sistema justo e correto de premiação numa base séria de competência e trabalho.

Apoio à criatividade

O apoio à criatividade tem de partir das estruturas com responsabilidades maiores nas organizações, no sentido de mostrarem abertura, atenção e suporte a novas ideias e apoio à mudança.

Aceitação das diferenças e interesse pela diversidade entre os membros

A criação de um ambiente de discussão e apresentação de novas ideias é fundamental para a proliferação da criatividade. O ambiente organizacional deve abraçar quaisquer diferenças entre os indivíduos sem lhes conferir sentimento de repressão ou inferiorização perante diferentes ideias.

Envolvimento pessoal

O compromisso pessoal entre o indivíduo e a organização onde colabora é um fator preponderante no sucesso das duas partes. Aliás, isto relaciona-se com a motivação intrínseca do indivíduo, pelo que facilmente se percebe que um indivíduo comprometido com a organização é um indivíduo motivado e dedicado ao trabalho que investiga. A satisfação pessoal depende do reconhecimento pessoal do esforço feito, o que tem efeito direto na motivação pessoal para o trabalho.

Apoio da direção

O apoio e incentivo à criatividade são a base de um ambiente favorável ao sucesso. No entanto, entende-se que motivar a produção de ideias, tolerar o fracasso e encorajar a experimentação e o risco são parâmetros que estão ao alcance da direção e têm influência

34 no sucesso da criatividade. Paralelamente, aceita-se que o não impedimento e até o incentivo à realização de um segundo trabalho, a criação de um espaço para que os colaboradores expressem as suas ideias, fazem com que o colaborador se sinta confiante e parte da organização.

De um modo genérico, a literatura afirma que a liberdade no local de trabalho é uma premissa fundamental para que se possam encontrar novas ideias (Alencar, 1998). A liberdade associada à informalidade ao mesmo tempo que existe uma flexibilidade e cooperação mútuas entre as várias estruturas existentes na organização. Paralelamente, a existência de uma estrutura e clima de trabalho que incentive os indivíduos baseada num clima de iniciativa e desafio com reforços positivos. A par disto, é fundamental que exista uma cultura interna de responsabilização e delegação de autonomia aos colaboradores (Alencar, 1995).

2.1.8 O Processo De Resolução Criativa De Problemas

O processo de resolução criativa de problemas envolve três etapas distintas: produção de muitas ideias, a busca da melhor solução e a implementação da ideia (Alencar, 1995). A primeira etapa caracteriza-se pelo encontro do maior número possível de ideias e soluções possíveis para o problema que se deseja resolver.

Na segunda etapa, analisam-se as diversas soluções propostas inicialmente, para se escolher, então, a melhor alternativa.

Na terneira etapa, deve-se implementar a solução escolhida.

Primeira etapa: produção de muitas ideias

Na primeira etapa, o objetivo é produzir e explorar ideias uma vez que por norma a resposta não surge de imediato (Alencar, 1995).

É fundamental vislumbrar o problema de várias formas, sob um novo ponto de vista, no sentido de produzir todas as respostas possíveis. É comum existir um certo magnetismo para soluções que se mostram inadequadas, trazendo uma certa incapacidade para evoluir. Daí a importância de um intenso processo de exploração de ideias.

35 Um intenso processo de exploração de ideias procura novos argumentos e informações, adquirindo e utilizando a bagagem de conhecimento na procura de novas respostas. O processo de exploração de ideias pressupõe a consideração de várias alternativas, examinando o maior número de possibilidades que possam levá-lo a uma solução mais adequada. Neste sentido, o fator curiosidade é o impulsionador na exploração das várias possibilidades, informações e impressões até na atenção a detalhes que possam indicar a solução mais adequada (Machado, 2015, a).

Esta comunhão entre o domínio do conhecimento com a aplicação de técnicas adequadas, como o brainstorming, tempestade de ideias, ou a lista de atributos, que favorecem a emergência de muitas respostas são, claramente, os catalisadores no processo de produção de ideias (Alencar, 1995).

Segunda etapa: a busca da melhor solução

O processo de decisão e seleção das ideias anteriormente encontradas não é simples nem rápido uma vez que nesta fase, muitas vezes, a resposta que parece ser a melhor não será a mais correta (Alencar, 1995).

Para facilitar a avaliação de ideias, alguns autores como Parnes (1992), sugerem que o processo de avaliação seja feito de uma forma sistemática, após o indivíduo dispor de um grande número de possíveis soluções, considerando-se as seguintes etapas: primeiramente, devem-se selecionar alguns critérios ou padrões de julgamento (como custo, utilidade, beleza, tempo, entre outros) em que numa fase posterior se escolhem os mais apropriados.

Após elaborar uma lista de critérios, cada ideia ou solução é avaliada relativamente a cada um deles, utilizando-se uma escala de três pontos, onde "1" seria insatisfatório, "2" razoável e "3" satisfatório (Alencar, 1995).

Após a avaliação de cada ideia de acordo com o primeiro critério, são novamente avaliadas utilizando-se o segundo critério, e assim sucessivamente. Concluída a avaliação, selecionam-se as soluções com o maior número de pontos (Alencar, 1995).

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Terceira etapa: a implementação da ideia

O processo de implementação de uma nova ideia ou solução muitas vezes impõe barreiras e dificuldades. Isto porque muitas vezes alguns intervenientes entendem a inovação e consequente mudança como algo ameaçador. Existe, em muitos casos, um sentimento de rejeição a qualquer desenvolvimento que diverge do comum, do vulgar e do conhecido (Alencar, 1995).

Aliás, a rejeição de novas ideias tem sido regra e não exceção em muitos contextos. Portanto, é importante que seja prestada toda atenção a uma ideia sob pena de ser rapidamente anulada pelos inúmeros obstáculos que lhe são colocados.

É necessário, também, tomar consciência dos bloqueios internos que impedem de colocar uma nova ideia em prática (Alencar, 1995).

Por isto mesmo, é fundamental promover as qualidades de argumentação de quem pretende implementar a mudança e se empenha na defesa e implementação da sua própria ideia e que não se deixa abater facilmente diante dos possíveis obstáculos (Machado, 2015, b).

A habilidade para apresentar uma nova ideia ou solução pode desempenhar um papel decisivo na sua aceitação e, por isso, entende-se que a implementação pode constituir um desafio (Alencar, 1995).

Finalizando, o que é importante é promover condições para o desenvolvimento das potencialidades existentes em todos os indivíduos e chamar a atenção das organizações para as potencialidades dos seus recursos humanos, que na maioria das vezes não têm sido devidamente reconhecidas e aproveitadas (Alencar, 1995).

No documento Colaboração para a Criatividade (páginas 40-44)

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