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Colaboração Para A Criatividade

No documento Colaboração para a Criatividade (páginas 55-58)

Assiste-se a substanciais indicadores de que o momento experienciado pela humanidade a nível global caminha para uma importante transformação que resulta da globalização. Assim sendo, há um impactante fluxo de fatores que dialogam e se sustentam entre si como tendências que caminham rumo ao desenvolvimento sustentável, pautando-se na integração entre tecnologia, cultura, sociedade, meio ambiente e economia. “O atual contexto de mudanças sociais, económicas e de inovações tecnológicas demanda das organizações estruturas abertas e capazes de promover a interatividade e a partilha da informação” (Castells 2002 apud Alves et al. 2010, p. 2).

Este momento emergente pode ser verificado sob as perspetivas da economia criativa, como paradigma económico baseado na subjetividade e na capacidade humana de empreender serviços, produtos e soluções inovadoras e assentes em valores sociais. A globalidade, cada vez mais fluída e dinâmica carece de iniciativas sustentáveis, em que o ambiente socioecónomico necessita de novas formas de relacionamento e organizações assentes na colaboração.

De um modo genérico, antevê-se que a flexibilidade e colaboração motivam a produtividade e a criatividade nos colaboradores. Contudo, a questão da colaboração tem contornos que muitas vezes podem revelar-se desastrosos em determinadas circunstâncias, nomeadamente quando a colaboração surge entre duas organizações da mesma área. Na verdade, a questão da colaboração para a criatividade tem uma vertente humana e de relações interpessoais muito acentuada e por isso, estes fatores têm de ser muito bem geridos e analisados. Por isso mesmo, quando duas organizações colaboram numa perspetiva de criatividade, os limites da colaboração devem estar bem definidos pois fatores como cultura organizacional, crenças, comportamentos e até posicionamento, formas de trabalhar, têm de estar alinhados no sentido de se ajudar à criação de ideias. Alves et al. (2010) afirma que os comportamentos na colaboração ou partilha são influenciados por diversos fatores, como por exemplo, a cultura organizacional, as

48 atitudes e personalidades dos envolvidos, bem como as ferramentas e mecanismos disponíveis para a realização das trocas de informação.

Assim sendo, os intervenientes têm de estar orientados para uma lógica de colaboração em torno de um objetivo comum, colocando muitas vezes de parte questões que têm a ver com a individualidade de cada um, no sentido de se aproximar da equipa que intervém na colaboração através da partilha. A partilha da informação é definida por Davenport como o “... ato voluntário de colocá-las à disposição dos outros. (...). O vocábulo compartilhamento implica vontade” (Davenport 1998 apud Alves et al. 2010, p. 4)

Colaborar significa muitas vezes criar disponibilidade para trabalhar num projeto inesperado e reformular a agenda, as prioridades e até o estilo pessoal na forma de criar. Isso implica necessariamente muita criatividade dentro e fora do local de trabalho. A colaboração para a criatividade carece de método, cedências, compromisso, envolvimento, clima apropriado, liderança e cultura das empresas que se convergem. Evidentemente, que uma colaboração para a criatividade pode assumir vários estágios, desde uma colaboração pontual em determinado projeto de um produto ou serviço como pode haver quase que uma simbiose, num determinado momento, entre duas organizações.

Vivemos um tempo em que se exige a todos os profissionais articulação e relação de diferentes saberes que gerem novas habilidade capazes de atender às demandas atuais, cada vez mais interrelacionadas e complexas. Portanto, “colaborar carrega o sentido de trabalho conjunto e implica objetivos compartilhados e uma intenção explícita de somar algo ou criar algo diferenciado, o que, segundo a autora, se contrapõe a uma simples troca de informação”. (Kaye, 1991 apud Alves et al. 2010, p. 4)

É sabido que do ponto de vista humano, as pessoas são por natureza altamente sociais e por isso, com facilidade reagem à presença de outras pessoas copiando muitas vezes o que observam. No entanto, este princípio pode nem sempre aplicar-se em situações desta natureza uma vez que em situações de colaboração pode surgir alguma rigidez e até obstáculo a uma colaboração positiva.

49 A sociedade competitiva de que fazemos parte, é fértil em juízos de valor e, pode facilmente, levar a avaliações dos outros e às suas ideias, transmitindo segurança ou insegurança.

Os indivíduos reagem, perante os outros com segurança psicológica quando aceitam a pessoa, quando há empatia e procuram compreendê-la em vez de a avaliar de imediato. Contudo, também têm a liberdade psicológica de pensar, sentir e contribuir plenamente. Numa organização que precisa de colaboração, e precisam sempre, é importante que o comportamento contagioso seja benéfico para que toda a equipa ou organização siga o caminho do sucesso.

Ser criativo requer ampliar o olhar, abrir a mente e sair da zona de conforto, mais ainda numa vertente de colaboração onde no fundo tem de existir um trabalho de equipa. Apesar de ter de existir uma certa liberdade na forma como a criatividade é vista e apreendida, no sentido de se alargarem horizontes, também tem de existir um certo equilíbrio entre as organizações nas expetativas que lançam sobre os colaboradores que mesmo detentores de uma certa autonomia, têm de estar alinhados para o objetivo a que se propõem e naquilo que buscam. Portanto, é um cenário que exige muito de cada um dos intervenientes porque numa situação de colaboração para a criatividade, acaba por existir um certo balizamento nas formas de atuar e introduzir as novas ideias criativas. Michael P. Farrel (2001) no livro Collaborative Circles: Friendship Dynamics and Creative Work defende que “creative work is rarely done by a solitary genius. Artists, writers, scientists and other professionals often do their most creative work by collaborating within a circle of friends. In this circle they experiment together, challenge each other and develop the courage to reveal themselves against the established traditions in their field. Gathered as a group, they discuss their emerging ideas, and forge a new shared vision that guides their work. When these 'collaborative circles' work well, the unusual interactions that occur in them draw the maximum creative potential from their members”.

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3 METODOLOGIA

Neste capítulo pretende-se explicar o objetivo que esteve na base do presente trabalho de investigação e fundamentar a metodologia utilizada.

No documento Colaboração para a Criatividade (páginas 55-58)

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