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5 Análise e discussão dos resultados

5.1 Estrutura de gerenciamento da cadeia de suprimentos

5.2.1 Características e incertezas da cadeia estudada

Utilizando o referencial proposto por Van der Vorst e Beulens (2002), o autor formulou questões objetivando obter dos respondentes:

a) Características da cadeia que pudessem explicar as incertezas identificas e suas causas, complementando a análise estruturada realizada na seção anterior.

b) Percepção às incertezas genéricas proposta por Van der Vorst e Beulens (2002), trazendo-as às peculiaridades da cadeia estudada.

c) Lista de incertezas críticas à cadeia, percepção de causa e solução proposta pelos respondentes.

O autor inicialmente replicou mesmo o questionário aberto utilizado no trabalho de referência abordando: objetivos da cadeia; indicadores de performance; estrutura de controle; sistema de informação; organização e estrutura de governança; incertezas presentes, impacto, fontes e mudanças propostas.

5.2.1.1Objetivos da cadeia

Os respondentes foram questionados sobre quais os objetivos da cadeia, especificamente com relação troca (trade-off) custo versus flexibilidade.

Os respondentes 01, 04 e 06 entenderam que a flexibilidade nesta cadeia é grande fonte de oportunidade, logo não é possível entendê-la como uma cadeia de commodity puramente orientada a custo. Estes reconheceram que o menor custo global é fator preponderante na competitividade da cadeia, porém neste caso o menor custo pode não trazer o melhor resultado, pelo fato de não atender às necessidades da mesma.

Os outros respondentes ao contrário, afirmaram que a cadeia é orientada a custo como qualquer commodity e não suporta aumento nos mesmos, não pagando por flexibilidade. O autor observou que estes respondentes não identificam ações como aumento da capacidade de armazenagem e opção por frete rodoviário como uma ação para aumentar a flexibilidade da cadeia em detrimento de custo.

5.2.1.2Indicadores de performance

Segundo Stock e Lambert (2001) a literatura raramente foca em medidas de performance em cadeias de suprimento devido serem difíceis de medir, difíceis de quantificar e difíceis de ser comparadas por padrões estabelecidos.

Os respondentes foram questionados sobre quais indicadores de cadeia são utilizados e quais deveriam ser.

Com exceção dos respondentes 03 e 06 todos reconheceram alguns indicadores operacionais de área, departamento ou empresa como: aderência a orçamento; performances operacionais

de carregamento, transporte e embarque; financeiros (resultado); custo (produção, frete, movimentação e embarque). Não reconheceram porém, que estes são indicadores de cadeia. Os respondentes 03 e 06, por outro lado entendem que os indicadores de performance de frete terrestre e operação portuária, são indicadores de cadeia. A pesquisa não identificou de que forma estes indicadores são compartilhados com os demais membros da mesma.

Todos foram unânimes em dizer que indicadores de cadeia deveriam ser desenvolvidos e entenderam que isto é essencial para o seu desenvolvimento.

5.2.1.3Estrutura de controle e estrutura de governança

Em aderência ao constatado no bloco 02, as entrevistas mostraram que a estrutura de controle é bem definida e focada em ações e decisões gerencias no dia a dia, com baixo nível de decisões automatizadas. Os papéis dentro das empresas e entre os membros da cadeia são bem definidos e é baixo o conflito de competências. Outra constatação é que as empresas estudadas atuam com líderes de suas cadeias, sem com isto terem controle sobre os demais participantes.

5.2.1.4Sistemas de informação da cadeia

Reproduzindo o que foi constatado com as questões do bloco 02, existe uma posição comum entre todos os entrevistados sobre a não efetividade dos sistemas de informação para a cadeia. Todas as empresas estudadas são estruturadas com sistemas ERP e especialistas em logística, porém não há integração entre estes e os sistemas de fornecedores e clientes, logo, há grande dificuldade no fluxo automático de informações.

5.2.1.5Incertezas presentes na cadeia

As fontes genéricas de incertezas propostas por Van der Vorst e Beulens (2002) foram classificadas da seguinte forma: características Inerentes (demanda, produto, processo e suprimentos); configuração da cadeia de suprimentos (infraestrutura e interação entre partes); estrutura de controle da cadeia de suprimentos (horizonte de pedido e processo de decisão); sistema de informações da cadeia de suprimentos (cronologia, acuracidade e disponibilidade); estrutura organizacional da cadeia de suprimentos (autoridade e comportamento humano). Os respondentes foram questionados sobre quais incertezas entendiam relevantes na cadeia estudada, às restrições impostas por estas incertezas, sua fonte e sugestões de mudança.

Aplicando a mesma classificação utilizada na referência teórica, o resultado foi organizado no quadro 11.

Incerteza relevante Restrições à cadeia Fonte da incerteza Alteração proposta

Inerentes Demanda de açúcar no exterior. Aumento na oscilação do fluxo físico. Oscilação de mercado; câmbio; oportunidades comerciais.

Contratos de longo prazo; alinhamento da área comercial com a área logística. Disponibilidade de açúcar na usina. Não atendimento do pedido. Arbitragem de mercado (etanol, mercado interno); fatores climáticos.

Trabalhar com diversas fontes de suprimento. Qualidade do

produto.

Reduz oferta de produto; paralisa a cadeia.

Falta de controle na produção.

Trabalhar com diversas fontes de suprimento.

Configuração

Oferta de transporte rodoviário e ferroviário.

Aumento de custo; não atendimento do pedido.

Concorrência entre ca- deias; concorrência com outras commodities.

Parcerias de longo prazo com fornecedores de transporte terrestre; aquisição de ativos; profissionalizar

fornecedores. Oferta de navios. Restringe capacidade de

escoamento; aumento na oscilação do fluxo físico.

Comércio internacional, frota inadequada.

Afretamento de navios; vendas CIF.

Produção e expedi- ção de açúcar nas usinas.

Não atendimento do pedido; aumento na oscilação do fluxo físico.

Problemas no processo. Trabalhar com diversas fontes de suprimento. Estrutura de con- trole Horizonte de pedido (janelas de embar- que). Aumento na oscilação do fluxo físico.

Modelo de contrato. Alteração de contrato; contratos de longo prazo; desenvolver destino. Comercialização e

processo de nomea- ção de venda física.

Aumento na oscilação do fluxo físico.

Existência de intermediá- rios na venda; flexibilidade comercial.

Contratos de longo prazo e venda direta.

Sistema de infor- mação

Oferta de frete. Aumento de custo. Falta de informação sobre oferta demanda de fretes.

Banco de dados governa- mental.

Quadro 11 – Principais incertezas identificadas na cadeia de suprimentos estudada Fonte: elaborado pelo autor com base no resultado das entrevistas.

Algumas incertezas foram mencionadas por mais de um respondente, havendo um consenso quanto ao impacto, fontes da incerteza e formas de mitigá-la. No quadro 12, as incertezas mencionadas são relacionadas aos respondentes, onde é possível observar que a demanda de açúcar no exterior (mercado), disponibilidade de açúcar nas usinas e horizonte de pedido (janelas de embarque) foram mencionados por mais de 50% dos respondentes.

Incertezas relevantes da cadeia Respondentes

1 2 3 4 5 6 7 8 9 Demanda de açúcar no exterior (mercado). x x x x x x

Disponibilidade de açúcar na usina. x x x x x

Qualidade do produto x

Oferta de transporte rodoviário e ferroviário x x x x

Oferta de navios x x x

Produção e expedição de açúcar nas usinas x x x x

Horizonte de pedido (janelas de embarque). x x x x x x x Comercialização e processo de nomeação de venda física. x

Informação sobre fretes x

Quadro 12 – Incertezas relevantes da cadeia, frequência de respostas Fonte: elaborado pelo autor com base no resultado das entrevistas.