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Características da escola inclusiva

De acordo com a Declaração de Salamanca (UNESCO, 1994), a escola inclusiva é a forma mais eficaz de alcançar uma educação para todos. Deve abranger todas as crianças, independentemente das suas condições físicas, intelectuais, emocionais ou linguísticas. Incluindo deste modo crianças comprometidas, talentosas ou com deficiência, crianças marginalizadas e de minorias étnicas ou culturais. Outro aspeto referido na declaração anterior, e que consideramos pertinente e atual, é a importância dada à preparação dos alunos

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com NEE para a vida adulta, para a educação contínua e para a participação da comunidade, de uma forma ativa na educação e no desenvolvimento humano dos referidos alunos, e à preocupação demonstrada relativamente à educação de meninas com deficiência. Salienta a importância de ser dada uma atenção especial para a elaboração e implementação de programas de educação de adultos, em que deveria ser dada prioridade a pessoas portadoras de deficiência e também programas elaborados de raiz e tendo em atenção as condições e necessidades de cada um. Esta declaração salienta uma ligação clara entre a educação especial e a inclusão que se refere a crianças e adultos com NEE.

Para Silva et al (2013) é na escola pública que se constrói uma educação inclusiva, onde possa existir processos de transformação e diferenciação face a necessidades que se colocam. Deve também dispor de recursos humanos e materiais para responder a essas mesmas necessidades.

Segundo Arnáiz e Ortiz (cit in Correia, 2003, pp. 62-63), o objetivo das escolas inclusivas centra-se, em criar um sistema educativo que possa dar respostas às necessidades dos alunos, ou seja, respeitar a individualidade e desenvolver uma cultura de colaboração para a resolução de problemas, aumentando assim a igualdade de oportunidades e facilitando a aprendizagem profissional de todos os professores, com vista a uma melhoria educativa.

Para a UNESCO (2009), uma escola inclusiva tem de oferecer possibilidades e oportunidades para que haja uma variedade de métodos de trabalho e um tratamento individualizado, a fim de garantir que nenhuma criança seja excluída de participar na vida da escola. Este relatório também refere que o suporte dos docentes é essencial e acrescenta que o apoio por parte da comunidade é, também, fundamental. Todos devem ser capazes e dispostos a assegurar a inclusão de todos na sala de aula, independentemente das suas diferenças. Janney e Snell (2013) ainda referem que a escola inclusiva é um local onde se pode modificar o currículo, a forma como os docentes ensinam, a forma como os alunos aprendem e a forma como os alunos, com e sem NEE, bem como os professores, interagem uns com os outros.

De acordo com o Relatório do Departamento de Educação do Governo Estatal de Victoria (s/d), as escolas inclusivas reconhecem e respondem às diversas necessidades dos alunos, respeitando e ajustando tanto o ritmo como o estilo de aprendizagem de cada um, garantindo a qualidade educativa através da adaptação curricular, adequando a organização, os métodos de ensino e mobilizando os recursos disponibilizados através de parcerias com a comunidade.

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Seguindo a mesma filosofia, o Canadian Research Center on Inclusive Education1 defende que a escola inclusiva deve proporcionar:

 Um ambiente de apoio;  Relações positivas;

 Sentimentos de competência;  Oportunidades de participação.

Por seu turno, o Departamento de Educação e Ciência da Irlanda (2007) ainda salienta que, para as escolas serem de facto inclusivas devem examinar e adaptar, se necessário, a sua cultura, os valores, a gestão, as políticas e os conteúdos curriculares. Devem também adaptar as abordagens à aprendizagem e ensino com vista a acolher alunos com NEE, alunos com diferentes estilos de aprendizagem e alunos provenientes de ambientes e culturas diferentes.

De acordo com o DE e DH (2015) (Departament of Education e Department of Health do Reino Unido), as escolas inclusivas devem apoiar alunos com variadas NEE. Devem ainda rever e avaliar a amplitude e o impacto do apoio prestado e ainda cooperar com autoridades e instituições locais avaliando os recursos disponíveis na comunidade, assim como colaborar com outras instituições de educação para explorar as formas como diferentes necessidades podem ser consideradas e atendidas de uma forma mais eficaz.

A escola inclusiva possui como traços essenciais: o sentido de comunidade e a aceitação das diferenças e resposta às necessidades individuais. Além destes aspetos, deve ter-se em consideração que para construir uma escola inclusiva pode ser necessário proceder a mudanças na filosofia, no currículo, nas estratégias de ensino e na estrutura de organização da própria escola.

Tendo em consideração os objetivos deste trabalho, e feita a reflexão sobre a educação especial, importa agora analisar a contribuição das TIC para a educação num sentido geral, para posteriormente avançar para a reflexão sobre as TIC na Educação Especial.

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II - AS TIC NA EDUCAÇÃO

As TIC desempenham um papel fulcral na nossa sociedade e é com naturalidade que esta temática também desperte muito interesse na educação. Não existem muitas dúvidas quanto às potencialidades e à utilidade que as TIC poderão ter no processo de ensino aprendizagem. Quando se fala nos seus benefícios e potencialidades, é importante esclarecer que estas não se limitam aos alunos, se as TIC podem promover a motivação e interesse dos alunos, elas trazem benefícios também para os professores, proporcionando a diversificação de metodologias, permitindo o acesso à informação a uma escala global e oferecendo aos docentes uma plataforma de comunicação com colegas.

Neste segundo capítulo, propomos abordar as TIC na educação, referindo o conceito de Edutainment e a sua relevância na educação. De seguida, iremos abordar as ferramentas digitais de autor e faremos uma análise de alguns destes softwares. Seguidamente, iremos falar sobre o conceito de RED e analisar as potencialidades e os desafios da implementação e da utilização de TIC na sala de aula. Por fim, terminamos com uma reflexão sobre os novos desafios na formação inicial e contínua de professores.