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Características físicas do sêmen e desempenho reprodutivo dos varrões

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 Experimento I

4.1.1 Características físicas do sêmen e desempenho reprodutivo dos varrões

Durante a fase experimental realizou-se 27 coletas de sêmen, estando os dados referentes à sua avaliação física e desempe nho reprodutivo dos varrões utilizados, segundo as raças, apresentados na tabela 29.

Tabela 29 - Características físicas do sêmen e desempenho reprodutivo dos varrões utilizados

Raça

Landrace Large White

Variáveis Média ± s Média ± s Total Média ± s Idade (dias) 309,00 ±21,30a 373,66 ± 89,34b 337,74 ± 68,51 Volume de sêmen (mL) 207,00 ± 79,95 165,41 ± 64,08 188,51 ± 74,98 Motilidade (%) 81,86 ± 5,083 82,50 ± 3,37 82,15 ± 4,33 Vigor (0-5) 3,93 ± 0,37 3,95 ± 0,25 3,94 ± 0,32 Número de sptz/mL (x106) 347,30 ± 161,56 434,79 ± 121,23 386,18 ± 149,12 Número de sptz móveis/mL (x106) 288,93 ± 143,53 358,91 ± 100,01 320,03 ± 128,76 Número de sptz/ejaculado (x109) 65,34 ± 24,69 70,87 ± 29,83 67,79 ± 26,69 Número de sptz móveis/ejaculado(x109) 54,17 ± 22,15 58,76 ± 25,81 56,21 ± 23,48

Número de doses (3x109)/ejaculado 18,01 ± 7,36 19,56 ± 8,60 18,70 ± 7,81

Volume de sêmen/dose inseminante (mL) 13,21± 6,42a 9,25 ± 3,41b 11,45 ± 5,58

Volume de diluidor/dose inseminante (mL) 76,80 ± 6,39a 80,75 ± 3,41b 78,55 ± 5,56

Taxa de diluição (sêmen:diluidor) 1: 7,44 ± 3,99 1: 9,68 ± 3,41 1: 8,44 ± 3,67

Número real de porcas inseminadas/

ejaculado 5,22 ± 3,97 5,33 ± 3,91 5,29 ± 3,87

As análises estatísticas correspondentes aos dados da tabela 29 encontram-se no Anexo A , referente ao Experimento I (pág.130, 131 e 132).

Observa-se, na tabela 29, que apenas a idade, volume de sêmen/dose inseminante (mL) e consequentemente o volume do diluidor/dose inseminante (mL) diferiram (p<0,05) entre os varrões das raças utilizadas. Segundo Amman e Schanbacher (1983) a produção espermática pode ser influenciada pela idade, fatores do ambiente, freqüência de coletas, temperatura ambiente, nutrição, raça e outros fatores estressantes em geral. A produção espermática também é altamente correlacionada com o peso testicular. Sabe- se que em bovinos e caprinos a circunferência do testículo, no ponto médio, é altamente correlacionada com o peso testicular. O número de células de Sertoli estabelecidas durante o desenvolvimento testicular indica a magnitude da produção espermática em machos com maturidade sexual, uma vez que, o maior número de células de Sertoli por grama de testículo resulta em maior eficiência espermática (França et al., 2005). Segundo Valenzuela (1982) existe uma pequena assimetria testicular no varrão, sendo o esquerdo maior em 55% dos machos estudados. Assim, pretende-se que o volume de sêmen possa ter sido influenciado, nesse experimento, pela raça e pela idade aditivamente. Desta forma, verifica-se que nos machos da raça Large White, com 373,66 ± 89,34 dias de idade, necessitou-se de um menor volume de sêmen para se obter uma concentração de 3x109 sptz viáveis (dose inseminante).

Wollmann et al. (2001) analisaram a produção espermática de varrões em uma central de inseminação artificial de suínos durante um ano, sendo os machos das raças Landrace, Large White e Pietran. Verifica ram que machos com menos de 11 meses de

idade, mesmo submetidos à uma baixa freqüência de coletas, apresentaram produ ção espermática inferior à dos com idade superior à 11 meses. As variáveis, volume e concentração apresentaram um comporta mento inversamente proporcional. Além disso, observaram uma queda de produção espermática a partir dos 31 meses de idade. As concentrações espermáticas médias de machos com 7 a 9 meses foram de 391x106/mL, sendo para os machos entre 9 e 11 meses de 404,6x106/mL. Estes valores são similares aos encontrados no presente experimento, quando observou-se uma concentração média, para machos de 11 meses de idade, de 386,18x106/mL (tabela 29).

Deve-se ressaltar que o mesmo ejaculado foi dividido em três alíquotas iguais, para que não houvesse diferença entre os tratamentos. Desta forma, a concentração da dose inseminante foi de 3x109 espermatozóides viáveis para os três tratamentos. Park et al. (1999)demonstra ram que a utilização de doses inseminantes com 1,5, 2,0, 2,5 e 3,0 bilhões de espermatozóides apresentaram resultados semelhantes, no que se refere ao desempenho reprodutivo das fêmeas. Entretanto, Marchetti et al. (2001) verifica ram que doses inseminantes contendo 2,0 bilhões de espermatozóides não alteraram as taxas de parto nem a de retorno ao cio, embora resultassem em leitegadas menores que as obtidas com doses de 4,0 bilhões de espermatozóides. Finalmente, não observa ram diferenças entre doses com 3 ou 4x109 de espermatozóides.

Observa-se, na tabela 29, que a motilidade média dos ejaculados foi de 82,15 ± 4,33. Segundo Johnson et al. (2000) o limite mínimo de motilidade aceitável, para o sêmen estocado e diluído, deve ser igual a 60%. Transcorridas, em média, 19 horas de armazenamento, observa-se que todos os tratamentos apresentaram, ainda, uma motilidade superior à 60% (tabela 30).

Estudos têm demonstrado que na presença de motilidade igual ou superior a 60%, a taxa de penetração espermática, a taxa de parto e o número de nascidos vivos não apresentam diferenças. Mesmo assim, considerando-se que a capacidade fertilizan te envolve outros fatores (morfologia esper

mática, integridade funcional do espermato zoide, contaminação microbiana, individu alidade) preocupou-se, neste estudo, com a freqüência de utilização dos machos para que fosse a mais uniforme possível entre os tratamentos, como se observa na tabela 21.

Tabela 30. Efeito de diferentes protocolos de resfriamento sobre características seminais do sêmen diluído de varrões

Características Espermáticas

Motilidade (%) Vigor

Tratamentos

Sêmen fresco Sêmen resfriado Sêmen fresco Sêmen resfriado

Tempo de estocagem

T1E1 82,23 ± 3,66aA 67,62 ± 6,34bA 3,88 ± 0,33aA 2,98 ± 0,39bA 17,27 ± 7,60

T2E1 82,24 ± 3,43aA 74,48 ± 2,44bB 3,97 ± 0,33aA 3,34 ± 0,27bB 19,62 ± 7,55

T3E1 82,12 ± 3,51aA 73,62 ± 4,39bB 4,00 ± 0,28aA 3,27 ± 0,41bB 19,93 ± 8,13

a,b médias seguidas por letras minúsculas diferentes na mesma linha, para a mesma característica, diferem (p<0,05). A,B médias seguidas por letras maiúsculas diferentes na mesma coluna, diferem (p<0,05)

As análises estatísticas correspondentes aos dados da tabela 30 encontram-se no Anexo A , referente ao Experimento I (pág. 132 e 133).

No presente experimento, verifica-se, na tabela 30, que os tratamentos T2E1 e T3E1 (conservação à 5ºC) apresentaram maiores motilidade e vigor (p<0,05) quando comparados ao T1E1 (17ºC), para um período médio de armazenamento de 18,94 horas. Diferentemente, Katzer (2002) avaliando o efeito do período de incubação, observou que a motilidade espermática foi maior (p<0,05) no sêmen armazenado a 17ºC do que no estocado à 5ºC. O período de incubação a 17ºC, seguido pelo resfriamento a 5ºC, resultou em maior percentual de motilidade (74,2%) em relação ao resfriamento direto para 5ºC (38,9%). Foote (2002) utilizando o mesmo diluidor do T2E1, do presente estudo, verificou que a motilidade não declinou mais do que 10% durante as primeiras 48 horas de armazenamento à 5ºC. Da mesma forma, Corrêa et al. (2006) usando o diluidor “PigPel-5” para diluir e armazenar o sêmen a 5ºC, verificou uma motilidade

média de 67,9%, após 24 horas de preservação.

Merece ênfase a grande diferença entre os resultados de motilidade, obtidos após 18,94 horas de preservação à 5ºC, no presente experimento, com os sumarizados na tabela 6, em que a motilidade média foi de 48,52% para o sêmen diluído em diferentes diluidores e estocado à 5ºC. Assim, verificou-se altos índices de motilidade, neste estudo, quando compara dos aos obtidos na maioria dos trabalhos. Tais resultados podem estar relacionados à composição do diluidor, à taxa de resfriamento ou ao holding time utilizado, bem como a seu efeito aditivo (Weber, 1989; Moore et al., 1976; Nascimento, 1997; Kotzias-Bandeira, 1999; Katzer 2002).

Kayser et al. (1992) afirmam que os espermatozóides equinos podem ser resfriados rapidamente de 37 a 20ºC, mas, nas temperaturas de 20ºC a 5ºC, deveriam

ser resfriados à taxas mais lentas, de ≤0,1ºC/min a 0,05ºC/min, para não prejudicar a viabilidade espermática.

Roner (2003) avaliando o mesmo contêiner utilizado no presente experimento, obteve taxas de resfriamento de 0,0049ºC/min (17 a 8ºC) e 0,0066ºC/min (8 a 5,38ºC), em direção à uma temperatura final de armazenamento de 5ºC. No diluidor X-Cell (longa duração), os resultados de motilidade e vigor foram de 55% e 3,25 a 5ºC, respectivamente, após um período de armazenamento de 36 horas.

A taxa de diluição média do experimento I foi de 1:8,44 (tabela 29). Segundo Ruvalcaba (1994) a taxa de diluição deve estar entre 1:5 e 1:15, embora Martin Rillo et al. (1994) considerem ótima uma taxa de diluição de 1:10. Uma taxa menor que 1:5 tem sido considerada crítica, ocasionando baixa viabilidade espermática devido à carência de substratos energéticos e à perda da capacidade tamponante do meio (Flowers, 1996). Alexpoulos et al. (1996) observaram decréscimo significativo da motilidade espermática em doses inseminantes com menor diluição (5x109 sptz/dose inseminante), quando comparada à de doses apresentando maiores taxas de diluição (1x109 e 3x109). Segundo Levis (1997), a taxa ótima de diluição também depende das características físicas do diluidor utilizado, tais como pH, pressão osmótica e capacidade tamponante. Segundo Varner et al. (1987), trabalhando com sêmen de equinos deveria se dar grande ênfase ao número de células espermáticas por mL de sêmen diluído, em detrimento da taxa de diluição, e que

deveria estar no intervalo de 30 a 50 x106 espermatozóides por mL de sêmen diluído. Neste aspecto, as doses utilizadas, no presente experimento, atendem à demanda do autor mencionado anteriormente.

4.1.2 Período de conservação do sêmen