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Uma questão crucial na análise das empresas apoiadas pelo FEDER é a sua situação financeira e operacional comparativamente ao resto da economia. Esta seção apresenta as características das empresas apoiadas pelo FEDER comparando-as com o grupo de empresas candidatas que não foram selecionadas para receber os incentivos - ver Secção 2 para mais informação relativa às candidaturas e às taxas de aprovação.

As Tabela 52 e Tabela 53 apresentam estatísticas financeiras e operacionais no momento da candidatura relativas às empresas apoiadas pelo FEDER, bem como para as empresas não selecionadas no QREN e no PT2020.

Quer no QREN quer no PT2020, as empresas apoiadas pelo FEDER apresentam situações financeiras e operacionais mais robustas do que as observadas para o grupo de empresas que, tendo-se candidatado, não beneficiaram de incentivos. As empresas apoiadas pelo FEDER têm maior autonomia financeira, são mais rentáveis, menos endividadas, têm maior liquidez, são de maior dimensão, exportam mais e apresentam um rácio exportações/vendas mais elevado, e têm maior produtividade do trabalho.

Tabela 52: Características operacionais e financeiras das empresas apoiadas pelo FEDER

e das empresas não selecionadas no QREN

Empresas FEDER Empresas não selecionadas

Média Mediana Média Mediana

Autonomia financeira 0,32 0,34 0,11 0,29 Rendibilidade 0.00 0,08 -1,61 0,06 Endividamento 0,68 0,66 2,41 0,71 Liquidez 7,24 1,44 7,30 1,29 Ativos (m€) 15.318,6 1.874,7 9.702,2 627,5 Emprego 67,39 17,00 38,45 7,00 Valor Acrescentado (m€) 3117, 0 474,4 1.541,3 146,3 Volume de negócios (m€) 11408,5 1.351,0 7.158,3 409,6 Exportações (m€) 5646,6 92.870,63 2.593,9 0,00 Rácio exportações/vendas 0,29 0,11 0,20 0,01 Produtividade (m€) 31,3 25,8 24,9 20,5

Fonte: Cálculos do autor com base nos dados da Agência para o Desenvolvimento e Coesão e SCIE (INE)

Tabela 53: Características operacionais e financeiras das empresas apoiadas pelo FEDER

e das empresas não selecionadas no PT2020

Empresas FEDER Empresas não selecionadas

Média Mediana Média Mediana

Autonomia financeira 0,32 0,35 0,11 0,32 Rendibilidade 0,00 0,08 -0,86 0,07 Endividamento 0,68 0,65 1,62 0,68 Liquidez 8,73 1,55 7,38 1,52 Ativos (m€) 8.891,5 1.795,4 4.286,2 509,1 Emprego 53,61 17,00 25,71 7,00 Valor Acrescentado (m€) 2.120,8 475,9 895,6 146,3 Volume de negócios (m€) 7.608,8 1407,6 4.329,0 425,3 Exportações (m€) 3.888,6 158,2 1.485,2 0,00 Rácio exportações/vendas 0,32 0,17 0,18 0,00 Produtividade (m€) 30,7 25,5 23,6 20,4

Fonte: Cálculos do autor com base nos dados da Agência para o Desenvolvimento e Coesão e SCIE (INE)

O grupo de empresas que se candidataram e receberam incentivos FEDER são muito heterogéneas, nomeadamente em termos de sector de atividade e dimensão. Assim, a análise gráfica que se segue centra-se apenas nas empresas do setor das ‘Indústrias Transformadoras’, comparando empresas selecionadas e não selecionadas para receber incentivos FEDER.

As Figura 13 a Figura 17 apresentam as exportações e a produtividade médias, bem como as medianas da rendibilidade, do endividamento e da autonomia financeira das empresas nos dois grupos: empresas apoiadas pelo FEDER versus empresas não selecionadas.

Os dados confirmam que as empresas apoiadas pelo FEDER se encontravam em melhores situações financeira e operacional do que as empresas não selecionadas. No entanto, as diferenças entre os dois grupos de empresas são mais evidentes em 2012 e 2013, quando a crise Portuguesa associada à crise da dívida soberana foi mais grave.

Figura 13: Produtividade média das empresas do setor das Indústrias Transformadoras:

empresas apoiadas pelo FEDER versus empresas não selecionadas, 2008-2018

Fonte: Cálculos do autor com base nos dados da Agência para o Desenvolvimento e Coesão e SCIE (INE)

Figura 14: Média das exportações das empresas do setor das Indústrias

Transformadoras: empresas apoiadas pelo FEDER versus empresas não selecionadas, 2008-2018

Fonte: Cálculos do autor com base nos dados da Agência para o Desenvolvimento e Coesão e SCIE (INE) -5 000 10 000 15 000 20 000 25 000 30 000 35 000 40 000 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018

ESIF firms Non selected

-5000 000 10000 000 15000 000 20000 000 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018

Figura 15: Mediana da rendibilidade das empresas do setor das Indústrias

Transformadoras: empresas apoiadas pelo FEDER versus empresas não selecionadas, 2008-2018

Fonte: Cálculos próprios com dados da Agência para o Desenvolvimento e Coesão e SCIE (INE)

Figura 16: Mediana do endividamento das empresas do setor das Indústrias

Transformadoras: empresas apoiadas pelo FEDER versus empresas não selecionadas, 2008-2018

Fonte: Cálculos do autor com base nos dados da Agência para o Desenvolvimento e Coesão e SCIE (INE) 0.0% 2.0% 4.0% 6.0% 8.0% 10.0% 12.0% 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018

ESIF firms Non selected

50.0% 55.0% 60.0% 65.0% 70.0% 75.0% 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018

Figura 17: Mediana da autonomia financeira das empresas do setor das Indústrias

Transformadoras: empresas apoiadas pelo FEDER versus empresas não selecionadas, 2008-2018

Fonte: Cálculos do autor com base nos dados da Agência para o Desenvolvimento e Coesão e SCIE (INE)

Para identificar as principais características operacionais e financeiras das empresas apoiadas pelo FEDER no QREN e no PT2020, estimou-se um conjunto de modelos probit. A variável dependente é igual a um se a empresa recebeu incentivos FEDER. Os modelos foram primeiro estimados para toda a economia e, em seguida, por dimensão da empresa. Por fim, as estimações foram replicadas considerando apenas o setor das ‘Indústrias Transformadoras’.

As variáveis explicativas respeitam ao ano em que a empresa contratou os incentivos FEDER. A análise considerou, uma de cada vez, as seguintes variáveis financeiras e operacionais: autonomia financeira, rendibilidade, endividamento, liquidez, volume de negócios, valor acrescentado, formação bruta de capital fixo, exportações, rácio exportações/vendas e produtividade. Dos resultados de estimação, destacam-se os seguintes:

A autonomia financeira tem um efeito positivo e estatisticamente significativo

sobre a probabilidade das empresas receberem incentivos FEDER, tanto no QREN como no PT2020, seja para toda a economia, seja para cada uma das subamostras criadas em função das quatro dimensões consideradas.

O endividamento tem um efeito negativo e estatisticamente significativo na

probabilidade das empresas serem financiadas pelo FEDER, tanto no QREN e como no PT2020, para todos as dimensões de empresa consideradas (exceto para grandes empresas no QREN).

Quando consideramos apenas o setor das Indústrias Transformadoras, a

autonomia financeira e o endividamento são determinantes estatisticamente significativos da obtenção de incentivos FEDER no QREN e no PT2020.

O valor acrescentado e a formação bruta de capital fixo têm um efeito positivo e estatisticamente significativo sobre a probabilidade das empresas serem financiadas pelo FEDER no QREN e no PT2020 para todas as classes de dimensão da empresa (exceto para grandes empresas no PT2020).

0.0% 10.0% 20.0% 30.0% 40.0% 50.0% 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018

Em geral, estes resultados também são válidos quando consideramos a

subamostra das empresas do sector das ‘Indústrias Transformadoras’.

As exportações têm um efeito positivo e estatisticamente significativo na probabilidade das empresas serem financiadas pelo FEDER no QREN e no PT2020 para as quatro classes de dimensão de empresa consideradas.

Por outro lado, a intensidade exportadora, medida pelo rácio das exportações/vendas, não afeta a probabilidade das empresas serem financiadas pelo FEDER no QREN e PT2020.

14. O impacto dos incentivos FEDER no investimento das empresas, no