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Na atual conjuntura e no contexto de globalização, é necessário entender o papel dos principais produtores agropecuários nos processos e das características dos produtores rurais, tendo base nos dados disponibilizados pelo censo da agropecuário 2017 que levantou informações sobre os produtores, os estabelecimentos, relações de ocupação e trabalho, dinâmicas dos meios produtivos, a intensidade da mecanização, os diferentes usos da terra, os volumes de produção, entre outros aspectos.

Então, tem-se um estado potente como base o resultado do censo agro 2017, no qual o número de pessoas ocupadas em atividades agropecuárias chega a 424 mil, sendo que 7 mil estabelecimentos agropecuários cultivam a soja em grão, com uma produção estadual de 29 milhões de toneladas e, com uma produção de 28,5 milhões de toneladas de milho, ambas as culturas sendo agricultura temporária. Um estado com 54,8 milhões de hectares, sendo a área dos 118,7 estabelecimentos agropecuários do estado.

Quanto às características dos produtores, observa-se que o total de estabelecimentos nos quais o produtor é do gênero feminino elevou-se de 12.6% para 18,7%, isso é uma variável que pode se notar a maior participação da mulher na atividade no setor da agropecuária. No que tange à idade, o censo de 2017 aponta a redução do percentual de produtores com idade até 45 anos e o aumento mais significante daqueles com idade a partir de 55 anos (IBGE, 2017a).

Há que se destacar ainda que 23,1% dos produtores declararam que não sabem ler e nem escrever. No censo agropecuário 2017, havia, em 30 de setembro 2017, entre produtores e pessoas com laços de parentesco com eles, que trabalhavam no estabelecimento, e empregados temporários e permanentes, 15.036.978 pessoas ocupadas nos estabelecimentos agropecuários. Assim, a média de pessoas ocupadas por estabelecimentos foi de 3,0 pessoas. Em 2006, essa média era de 3,2.

Cabe ressaltar que do total de pessoas ocupadas na data de referência, 72,9% (10.958.787) pertenciam ao grupo de produtores e trabalhadores com laços de parentesco com os produtores.

Quando se fala em pessoas ocupadas, observa-se quanto a posição de ocupação, as categorias presentes no censo são empregador, empregado, conta própria, não remunerado e trabalhador na produção para o próprio consumo (IBGE, 2018).

O estado de Mato Grosso é conhecido como o celeiro do país, campeão na produção de soja, milho, algodão e de rebanho bovino, e quer alcançar novos títulos do lado de fora da porteira das fazendas (MATO GROSSO, 2015).

No agronegócio, em pouco mais de uma década, o PIB estadual passou de R$ 12,3 bilhões (1999) para R$ 80,8 bilhões (2012), representando um crescimento de 554%. Neste mesmo período, o PIB brasileiro aumentou 312%, segundo dados do IBGE (2017b). Grande parte deste desempenho positivo veio do campo. Com o agronegócio consolidado, Mato Grosso é terreno fértil para as indústrias que atuam antes e depois da porteira. Até 2017, segundo a Federação das Indústrias no Estado de Mato Grosso (MATO GROSSO, 2015), o estado tinha 11.398 unidades industriais em operação, com 166 mil empregos gerados. Desta forma na (tabela 3) podemos verificar o quanto a população ocupada cresceu no período hora pesquisado, saindo de 358 336 em 2006 para 424 465 em 2017, isso representa um aumento no número de empregos de 15,58 % no setor da atividade econômica da agropecuária.

Conforme a tabela 3 é possível observar a evolução do segmento Agropecuário do estado de Mato Grosso.

Já para o município de Sinop diversos fatores que levaram o governo Federal, na década de 1970, a adotar a política de ocupação da Amazônia Legal e, desta forma a cidade de Sinop, que foi planejada nos anos 70 do século XX, como parte do plano de ocupação das terras da Amazônia legal.

Sendo desde o início pensada como polo regional e destinada a atender as funções do agronegócio. Por se tratar de uma região com uma geografia que é extremamente favorável para a agricultura e com períodos climáticos bem definidos.

Pontua também, Santos (2011, p. 90), “... que desde o início de sua colonização os primeiros habitantes de Sinop vieram para se dedicar à

agricultura e alguns, ao mesmo tempo, à atividade comercial...”. E, isso foi motivo para a migração em massa na época, especialmente de centenas de famílias da região sul do país.

Conforme dados do IBGE (2017a), na escala hierárquica dos centros urbanos brasileiros, classificados pelo IBGE, Sinop caracteriza-se como “Centro Sub-Regional A”, subordinada a “Capital Regional A”, Cuiabá-MT.

Esta denominação ocorre em função da centralidade que a cidade desempenha sobre outros municípios da região, no processo de distribuição de bens e serviços.

Desta forma, a cidade polariza diretamente oito municípios de menor porte em seu entorno e indiretamente mais um município, conforme demostra-se pela figura 3.

Tabela 3. Confronto dos resultados dos dados estruturais dos Censos Agropecuários em Mato Grosso - 1975/2017

Dados estruturais Censos

1975 1980 1985 1995/1996 2006 2017 (1)

Estabelecimentos 56.118 63.383 77.921 78.762 112.987 118.676

Área total (ha) 21.949.146 34.554.548 37.835.651 49.839.631 48.688.711 54.830.819

Utilização das terras (ha)

Lavouras permanentes (2) (3) 42.174 129.800 136.605 169.734 408.550 105.244 Lavouras temporárias (3) (4) 459.093 1.423.448 1.992.838 2.782.011 6.018.182 9.684.623 Pastagens naturais 8.640.861 10.086.383 9.685.306 6.189.573 4.404.283 4.038.736 Pastagens plantadas (3) (5) 2.602.607 4.693.320 6.719.064 15.262.488 17.658.375 18.995.877 Matas naturais (3) (6) 7.101.035 13.379.416 14.126.813 21.475.765 19.106.923 20.682.060 Matas plantadas 23.023 50.105 26.171 67.829 69.714 196.663 Pessoal ocupado 263.179 318.570 359.221 326.767 358.336 424.465 Tratores 2.643 11.156 19.534 32.752 42.330 71.042 Efetivo de animais (3) (7) Bovinos 3.110.119 5.243.044 6 545 956 14 438.135 20.666.147 24.118.840 Bubalinos 1.715 8.661 18 011 24.314 10.665 11.246 Caprinos 7.769 9.199 13 903 20.353 29.408 45.509 Ovinos 7.010 13.343 35 118 160.335 354.748 232.462 Suínos 459.403 535.236 671 150 671.789 1.292.222 2.347.679

Aves (galinhas, galos, frangas e frangos) (1 000 cabeças) 2.344 2.964 3 673 13.066 30.285 58.271 Produção animal

Produção de leite de vaca (1 000 l) 39.138 91.572 122 917 375.426 553.807 745.851

Produção de leite de cabra (1 000 l) 29 35 435 90 70 91

Produção de lã (t) 1 2 2 3 1 2

Produção de ovos de galinha (1 000 dúzias) 3.631 4.633 4 812 17.278 18.928 145.268

O município foi criado de forma planejada pela Sociedade Imobiliária Noroeste do Paraná - SINOP, de Maringá, que constituiu a Colonizadora Sinop ou Sinop Terras S/A, que deram nome a ela.

A utilização de incentivos fiscais destinados à ocupação da Amazônia Legal Brasileira, em 1971, possibilitou à empresa a aquisição de duas grandes áreas (uma de 369.017 ha e outra de 275.983 ha), totalizando 645 mil hectares de terras, denominada Gleba Celeste, localizada no norte do Estado de Mato Grosso (no início da floresta amazônica) e que pertencia ao município de Chapada dos Guimarães, “até então o maior Município do Mundo em extensão de terras” (SANTOS, 2011, p. 105).

Conforme Miléski (2018), da revista notícia, e um levantamento socioeconômico realizado pela GEU (Grupo de Estudos Urbanos), apontou que Sinop e os 17 municípios que compõem a sua área de abrangência direta, movimentam R$728 milhões por mês. A cifra corresponde a soma das rendas familiares. Sinop corresponde a apenas 30% desse montante (Figura 2).

Miléski (2018) relata ainda que Sinop tem sua ocupação a partir de 1972 sempre possuindo grande dinamismo econômico e destacando-se como polo regional. Descrevem na publicação da referida revista que uma de suas características marcantes de Sinop é o papel que desde sua origem exerce o setor incorporador e imobiliário privado como agente modelador do espaço urbano e de sua estrutura fundiária e no mercado de trabalho. Destaca-se também por pertencer à Amazônia Legal, integrar o Portal do Agronegócio, conforme classificação pelo Ministério do Turismo.

Conforme é possível observar a figura 3, a localização geográfica do município de Sinop.

Ao longo de sua história, o município de Sinop passou por vários momentos significativos de crescimento, porém, a partir da década de 1990, quando a cidade se consolidou, como polo comercial e industrial, centro universitário e centro em especialidades medicas, o crescimento passou a ser mais acelerado.

Figura 3. Mapa do Estado de Mato Grosso com localização do município de Sinop. Fonte: IBGE (2017a), adaptado pela autora.

Viegas (2014) cita reportagem da edição nº 2364 da Revista Veja (Anexo V) onde se destaca “Sinop completa 40 anos e está entre as cidades médias que

mais cresce no Brasil”, também, seguindo essa mesma linha, a Edição de nº 1064 de abril de 2014 da Revista Exame, colocou Sinop no ranking das “100 Melhores Cidades do Brasil para Investir em Negócios” (SINOP, 2014).

Reforçando essa afirmação, o autor Santos (2011, p. 54), diz:

“... A atividade pioneira que entra em declínio na primeira década deste século em consequência tanto do esgotamento natural, mas principalmente, da atuação dos órgãos públicos que iniciaram fiscalizações que culminaram com o fechamento de dezenas de madeireiras, especialmente as clandestinas...”.

Santos (2011, p. 141), destaca ainda que:

“... as primeiras atividades não agropecuárias decorreram da instalação de máquinas de beneficiamento de arroz, de armazéns de secos e molhados e, principalmente, de beneficiamento de madeiras, sendo que já em 1973 operavam localmente duas madeireiras. Assim, a principal atividade econômica local até a década de 1990 foi a indústria madeireira, sendo que “mais de 300 madeireiras de pequeno, médio e grande porte foram instaladas em Sinop...”.

O Programa de Integração Nacional – PIN, dos anos 1970, destinou um conjunto de incentivos fiscais e financeiros para a região amazônica, a partir da atuação da Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia (SUDAM) e da Superintendência de Desenvolvimento do Centro-Oeste (SUDECO). Desta forma o município mato-grossense de Sinop é um retrato de uso dos fundos públicos e territoriais e do deslocamento da força de trabalho no desenvolvimento regional brasileiro (SANTOS, 2011).

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