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3. METODOLOGIA

3.1 Características da pesquisa

Para ir da oportunidade ao êxito é preciso enfrentar os medos de mudança, romper com esse sentimento e ir atrás do vento oportuno. Para isso, é preciso mudar a mentalidade. É preciso ter uma mentalidade humilde. Uma mentalidade moderna (CORTELLA, 2007, p. 47).

Esta investigação adota uma abordagem qualitativa, tendo como sustentação inicial o entendimento de Severino (2013, p. 119) de que é uma abordagem “que faz referência mais a seus fundamentos epistemológicos3 do que propriamente a especificidades metodológicas.” Nas pesquisas com esta abordagem, com frequência se estabelece uma relação entre o sujeito e o mundo real, relação esta que não pode ser generalizada tampouco traduzida em números. Esta modalidade de pesquisa é realizada com um número reduzido de sujeitos e tem se utilizado cada vez mais de análises textuais onde o material a ser analisado pode ser produzido a partir de entrevistas ou de textos já existentes, o que será contemplado nessa investigação. Nesse sentido, este estudo aprofunda a compreensão do tema aqui tratado – formação e aperfeiçoamento em um contexto de educação corporativa - a partir de uma análise rigorosa dos dados coletados junto ao ambiente natural (que é a fonte direta para essa coleta).

Observa, ainda, as cinco características básicas apresentadas por Ludke & André (1986):

A pesquisa qualitativa tem o ambiente natural como fonte direta de dados e o pesquisador como seu principal instrumento; os dados coletados são predominantemente descritivos; a preocupação com o processo é muito maior do que com o produto; o “significado” que as pessoas dão às coisas e à sua vida são focos de atenção especial pelo pesquisador; a análise dos dados tende a seguir um processo indutivo (LUDKE & ANDRÉ, 1986, p. 11-12).

Severino (2013) traz ainda os seguintes esclarecimentos sobre a pesquisa quantitativa ou qualitativa:

Quando se fala de pesquisa quantitativa ou qualitativa, e mesmo quando se fala de metodologia quantitativa ou qualitativa, apesar da liberdade de linguagem consagrada pelo uso acadêmico, não se está referindo a uma modalidade de metodologia em particular. Daí ser preferível falar-se de abordagem quantitativa, de abordagem

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Nesta direção, trago como referência básica o conceito de epistemologia (do gr. episteme: ciência, e logos: teoria) no sentido de ser a disciplina cujo “problema central, e que define seu estatuto geral, consiste em estabelecer se o conhecimento poderá ser reduzido a um puro registro, pelo sujeito, dos dados já anteriormente organizados independentemente dele no mundo exterior, ou se o sujeito poderá intervir ativamente no conhecimento dos objetos. Em outras palavras, ela se interessa pelo problema do crescimento dos conhecimentos científicos. Por isso, podemos defini-la como a disciplina que toma por objeto não mais a ciência verdadeira de que deveríamos estabelecer as condições de possibilidade ou os títulos de legitimidade, mas as ciências em via de se fazerem, em seu processo de gênese, de formação e de estruturação progressiva” (JAPIASSÚ & MARCONDES, 2008, p. 88).

qualitativa, pois, com essas designações, cabe referir-se a conjuntos de metodologias, envolvendo, eventualmente, diversas referências epistemológicas (SEVERINO, 2013, p. 119).

Lincoln & Guba (1985) esclarecem que investigar a realidade sociocultural, como é o caso da presente pesquisa, não é tarefa fácil, nem objetiva, e, tampouco, neutra. Esse tipo de investigação pressupõe condições, opções e compromisso com o rigor epistemológico que se expressa no traçado metodológico a ser construído.

Os autores atentam, ainda, para o fato de que existe uma influência mútua entre conhecimento e o conhecedor, bem como que existe uma série de implicações e correlações entre os fenômenos, e não apenas uma relação linear, entre outros aspectos.

Nessa abordagem, o pesquisador busca compreender quais os significados que os interlocutores constroem sobre seu mundo e sobre as experiências nele vividas. Para reunir os dados que constituirão o estudo são realizadas entrevistas, observações ou analisados documentos.

Tendo em vista que, a partir da construção do estado do conhecimento, percebi que o tema aqui investigado ainda carece de um estudo mais profundo, pois ainda não foi explorado significativamente, encontrei amparo nos ensinamentos de Richardson (1999), para definir que, em um primeiro momento, esta investigação terá um caráter exploratório.

Severino (2013) explica que, quanto aos seus objetivos, uma pesquisa pode ser exploratória ou explicativa:

A pesquisa exploratória busca apenas levantar informações sobre um determinado objeto, delimitando assim um campo de trabalho, mapeando as condições de manifestação desse objeto. Na verdade, ela é uma preparação para a pesquisa explicativa.

A pesquisa explicativa é aquela que, além de registrar e analisar os fenômenos estudados, busca identificar as suas causas, seja através da aplicação do método experimental/matemático, seja através da interpretação possibilitada pelos métodos qualitativos (SEVERINO, 2013, p. 123).

Também foram examinados os estudos de Clandinin & Connelly (2000) que, ao considerarem a estreita relação entre narrar e produzir sentidos, perceberam a investigação narrativa como uma das formas mais significativas para uma reflexão

sobre experiências educativas. Nesse sentido, e considerando que o ser humano é naturalmente um contador de histórias, essa abordagem escolhida foi uma alternativa para se compreender a experiência por meio de histórias vividas, relatadas e em movimento. Nesse contexto, os autores sugerem que um texto narrativo contenha descrição, narrativa e argumento, bem como que interação, continuidade e situação constituam a pesquisa narrativa.

Não posso deixar de resgatar, neste momento, a questão da temporalidade já destacada na introdução, pois nas narrativas existe uma articulação entre presente, passado e futuro.

Benjamin (2011), no ensaio O Narrador, explica que a fonte a que recorrem todos os narradores é a experiência que passa de pessoa para pessoa. Ele esclarece que uma das características de muitos narradores é o senso prático e que o narrador é um homem que dá conselhos. Acresce que a natureza da verdadeira narrativa tem sempre em si uma dimensão utilitária, bem como que “essa utilidade pode consistir seja num ensinamento moral, seja numa sugestão prática, seja num provérbio ou numa norma de vida” (BENJAMIN, 2011, p. 200).

A narrativa [...] é ela própria, num certo sentido, uma forma artesanal de comunicação. Ela não está interessada em transmitir o "puro em si" da coisa narrada como uma informação ou um relatório. Ela mergulha a coisa na vida do narrador para em seguida retirá-la dele. Assim se imprime na narrativa a marca do narrador, como a mão do oleiro na argila do vaso [...] (BENJAMIN, 2011, p. 205).

Como bem ensina Pérez (2003, p. 112), “narrar a vida é reinventá-la. É produzir novos sentidos, é reatualizar, em novo contexto, as marcas inscritas em nosso corpo, em nossa história”.

Nesse trabalho, portanto, a narrativa foi assumida, de forma crescente e simultaneamente, como uma forma de organização das informações colhidas durante a investigação, nos termos propostos por Reis & Climent (2012).

Esses autores explicam que o que será narrado constitui uma história que o investigador conta a si mesmo e a seus leitores e que a narrativa elaborada pelo investigador pretende compreender os elementos singulares que configuram a

história. “As narrativas podem constituir poderosas fontes de inspiração e conhecimento, animando os leitores a que reflitam profundamente sobre a vida dos outros e sobre a sua própria vida” (REIS & CLIMENT, 2012, p. 30).