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Segundo Poehlman (1987), peso de grãos é o objetivo mais complexo com que trabalha o melhorista de milho. Este basicamente está determinado pela ação de numerosos genes, muitos dos quais afetando processos vitais dentro da planta, como nutrição, fotossíntese, transpiração, translocação e o armazenamento de nutrientes. Também afetam direta ou

indiretamente peso de grãos, a precocidade, resistência ao acamamento, a insetos ou doenças e outras características que podem ser avaliadas com maior precisão por seleção visual que peso de grãos.

Em função disso, como ressaltado por Araújo (1992), embora tenham sido obtidos ganhos substanciais em produtividade, a busca de ganhos adicionais tem sido complementada também com esforços para melhoramento desses outros caracteres agronômicos. Parte desse esforço, tem sido dirigido para a redução da altura da planta e da inserção de espiga.

As cultivares de milho nacionais, caracterizavam-se por apresentarem porte de planta e altura de espiga excessivamente elevadas. Segundo Josephson & Kincer (1977), estas são mais sujeitas ao acamamento pela ação dos ventos e chuvas fortes; em relação as plantas de porte baixo, o que acaba interferindo na produtividade final. Assim, a seleção de genótipos de milho de porte baixo, justifica-se pela busca de uma planta cuja arquitetura permita maior resistência ao acamamento e maior adaptação à colheita mecânica.

Os estudos sobre os componentes de variação genética indicam que estes caracteres são controlados predominantemente por genes com efeitos aditivos e com dominância parcial, (Robinson et ai., 1955 e Stuber et ai., 1966). No entanto, para altura de planta, Pai et ai. (1986) relataram forte efeito de dominância e Rood & Major (1981) e Singh et ai. (1985) encontraram evidencias de sobredominância, o mesmo não ocorrendo para altura de espiga. Segundo Rood & Major (1985), a sobredominância pode ser atribuída a efeitos multiplicativos, sendo um destes efeitos, a sobredominância para maior comprimento de internódio, conforme descrito por Giesbrecht (1961 ).

A resistência ao acamamento é hoje um dos principais objetivos dos programas de melhoramento de milho, sendo este no entanto, um caráter por demais complexo. O efeito de alavanca, já citado anteriormente, pode ser um dos fatores que influem no acamamento; porém, os principais causadores deste problema são o complexo de doenças que atingem o colmo e também o

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desbalanceamento nutricional entre colmo e espiga, como já observado por Lavendovski ( 1987). Na verdade, a desnutrição do colmo, pode torná-los tanto mais susceptível às doenças, quanto com menor capacidade de suportar o peso das espigas. Assim, os trabalhos visando uma melhor qualidade de colmo, vão resultar, segundo Magalhães & Silva (1987), em um aumento dos sítios de consumo representado pelos órgãos vegetativos, traduzidos pela maior resistência física do colmo. Isto pode redirecionar os produtos fotossintetizados da espiga para o colmo com conseqüente queda na produção. Tais fatos, de acordo com os autores, parecem indicar a necessidade de se produzir um germoplasma mais balanceado, conciliando o aumento dos sítios de produção com maior intensidade dos sítios de consumo.

A precocidade também é outra característica de importância para o melhoramento. Materiais de ciclo precoce apresentam a vantagem de rotacionar com outros cultivos, ou ainda, maximizar o período de cultivo através do uso de cultivares de diferentes ciclos de maturação. Segundo Gama et ai. (1995), o uso de cultivares de ciclo precoce pode permitir, em algumas regiões, o cultivo de até três safras por ano ou cinco safras em dois anos em um mesmo local.

Em estudos realizados por Troyer & Brown (1972) cruzando materiais de diferentes ciclos de maturação, conseguiram após sete ciclos de seleção, modificar significativamente algumas características agronômicas tendo como critério de seleção o florescimento precoce. As características foram: aumento na produtividade, decréscimo na umidade de grãos e redução da altura de plantas e inserção de espigas. Em populações de milho submetidas à seleção divergente para altura de inserção de espigas (AE), Araújo ( 1992), observou que a redução em AE foi acompanhada de uma forte redução no ciclo, e de forma contrária, seleção para maior AE foi também acompanhada de um alongamento do ciclo. Portanto, a predição de híbridos com menor AP e AE, pode contribuir também para a redução do ciclo e redução no percentual de acamamento e quebramento de plantas, fatores hoje de grande importância na cultura do milho.

Prolificidade (PRO), é a habilidade de uma planta de milho de produzir mais de uma espiga. Por estar altamente correlacionada com produção de grãos e possuir herdabilidade mais alta, constitui-se em um importante caráter para seleção, (Hallauer & Miranda Filho, 1988). Apesar de ter herança quantitativa, prolificidade apresenta distribuição discreta, o que segundo Hallauer (1974), leva a crer que a emissão de espigas depende de certos regimes de umbrais controlados por processos fisiológicos e associados à condições do ambiente para manifestação do caráter.

O estado nutricional da planta também interfere na expressão do caráter. Segundo Anderson et ai. (1985), o aumento das doses de nitrogênio, tendem a aumentar o número de espigas em genótipos prolíficos. Gardner (1988) relatou que genótipos prolíficos além da melhor resposta ao aumento da dosagem, também apresentam maior eficiência na utilização desse mineral.

Com relação às est'lmaflvas de parâmetros genéflcos, a maioria dos autores relataram que elo tem alguma importância, porém, consideram que cr\ é a que predomina, (Reeder et aL 1987 e Zieger 1987). No entanto, Subandi &

Compton ( 197 4) e Shevardnadze ( 1984) relataram em seus trabalhos que dominância parcial a completa foi a responsável pela expressão do caráter. De forma análoga, Sal em et ai. ( 1986) relataram que os valores de quadrado médio obtidos para capacidade específica de combinação, foram maiores que para capacidade geral de combinação discordando dos dados obtidos por Mariani &

Desidério ( 1975).

Para este caráter, as variâncias são também influenciadas pelo ambiente, principalmente no que se refere à densidade de plantio. Segundo Mariani & Desidério (1975) e Ordas & Stucker (1977), em baixa densidade, cr2

A foi

bem maior que cr2 o, ao passo que para altas densidades, a diferença já não foi tão expressiva. De forma semelhante, Hallauer (1974) e Mariani & Desidério (1975) relataram que os valores de herdabilidade decrescem com o aumento da densidade de plantio Para este parâmetro, Hallauer & Miranda Filho (1988)

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relataram um valor médio de 39% com base em 39 estimativas. No entanto, segundo (Motto & Moll, 1983), a distribuição discreta na expressão do caráter, aumenta a interferência do ambiente sobre as estimativas dos parâmetros e efeitos genéticos, o que implica muitas vezes em dados aparentemente contraditórios.

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