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Caracterização da Atividade Petroquímica

No documento 2007DeboraMartinkoski (páginas 68-73)

2.8 O Ramo Petroquímico e seus Aspectos Ambientais

2.8.1 Caracterização da Atividade Petroquímica

Maranhão (1998) define a indústria petroquímica como a indústria química que utiliza o petróleo como matéria-prima, abrangendo também os produtos derivados do gás natural, a partir das matérias-primas, nafta e gás natural.

Os primeiros produtos são os petroquímicos básicos, fabricados pelas centrais petroquímicas, que são divididos em dois grupos: as olefinas, que abrangem o eteno, o propeno e o butadieno; e os aromáticos, que incluem o benzeno, o tolueno e os xilenos. Os petroquímicos básicos são utilizados para fabricar os produtos intermediários, que por sua vez são transformados nos produtos petroquímicos finais. Estes acabam sendo utilizados como insumos para diversos setores, que se transformam em produtos de consumo (ABREU, 2001). A concepção dos complexos petroquímicos teve como determinantes dois principais fatores: a disponibilidade de matérias-primas e a concessão de incentivos fiscais da política industrial descentralizadora do governo. Por meio destes fatores, os pólos petroquímicos brasileiros foram instalados em São Paulo, Camaçari (BA) e Triunfo (RS), conforme Figura 9.

Figura 9 – Pólos Petroquímicos Brasileiros. Fonte: Suzano Petroquímica (2006).

O pólo petroquímico de São Paulo foi a primeira experiência no setor, realizada em meados da década de 60. Tentou-se aproveitar a infra-estrutura já existente no estado e criar uma central de fornecimento de matéria-prima que atendesse à demanda das empresas que já se localizavam na região (HEMAIS et al, 2001).

Segundo Hemais, Barros e Partorini (2001) em 1970, já com um ritmo de industrialização acelerado, fez-se necessário a expansão da produção de petroquímicos e, a partir daí, foi tomada a decisão de implantar um novo pólo, com melhor infra-estrutura. O local escolhido foi Camaçari, Bahia, que embora estivesse afastada do centro industrial do sul do país, este pólo se justificava por ter alguns incentivos fiscais e, além disso, estava próximo às fontes de matéria-prima, uma vez que a Bahia dispunha, na época, de 80% das reservas de petróleo conhecidas.

No início da década de 80, com as metas governamentais de manter o crescimento e alcançar autonomia econômica e tecnológica para o país, através de estrutura empresarial forte, capaz de competir também com o mercado externo, foi iniciado o projeto para implantação de um terceiro pólo petroquímico, localizado em Triunfo, no Rio Grande do Sul, que detinha na época, 20% do mercado nacional de produtos petroquímicos, além do fácil acesso aos principais mercados sul-americanos da Argentina, Uruguai, Paraguai e Chile (HEMAIS, BARROS E PARTORINI, 2001).

Segundo a Análise Setorial da Indústria Petroquímica (1998) entre 1965 e 1982 foram investidos, na implantação dos três pólos petroquímicos, cerca de US$ 9 bilhões, revelando um movimento de pesados investimentos na consolidação do setor. O modelo tripartite foi adotado para a estrutura do setor, onde a Petroquisa, grupos privados nacionais e internacionais, os quais forneciam tecnologia, se associaram em empresas para montar unidades monoprodutoras, sem ganhos de escala, mas com o objetivo de competir internacionalmente e avançar tecnologicamente.

Entretanto, ainda segundo a Análise Setorial da Indústria Petroquímica (1998) no final dos anos 80, o BNDES, a Petrobras e os empresários, já entendiam que era necessária uma mudança drástica na estrutura do setor petroquímico. A política industrial de substituição de importações, adotada a partir dos anos 70, havia atuado fortemente, para implantar no país um complexo petroquímico moldado com uma forte presença do Estado.

No Brasil, o início da década de 90 foi marcado por conjunturas internas e externas desfavoráveis ao setor. Naquele momento, inúmeras fábricas de petroquímicos começaram a operar no mundo, provocando expansão excessiva da oferta, e conseqüentemente a queda dos preços. Ao mesmo tempo, internamente, a política governamental, na tentativa de estabilizar a moeda, provocou uma recessão que comprometeu a demanda por um período relativamente longo (ANÁLISE SETORIAL DA INDÚSTRIA PETROQUÍMICA, 1998).

Neste período de debilidade diante da conjuntura, profundas mudanças começaram a ocorrer no setor petroquímico. A política econômica acelerou a queda das barreiras; liberou os preços e iniciou a privatização das participações do Estado nesta indústria, o que levou à desarticulação da Petroquisa.

A partir de julho de 1994, o plano de estabilização propiciou um aumento significativo da demanda por produtos petroquímicos. Na mesma época os preços internacionais se recuperaram e o setor teve um grande aumento da demanda. Desde então, se intensificou o processo de mudanças do setor, surgiram projetos de instalação de novas unidades e

ampliações das existentes, além da construção de novas centrais (ANÁLISE SETORIAL DA INDÚSTRIA PETROQUÍMICA, 1998).

Para Abreu (2001) durante a década de 90, os grupos instalados no Brasil passaram então a dar resposta a um novo cenário, com perspectiva de estabilização da economia e incremento da demanda por petroquímicos, sendo que a concorrência em uma economia aberta melhorou a capacidade de sobrevivência das empresas durante esse período.

De maneira geral, o setor petroquímico brasileiro divide-se em três gerações distintas, cada uma das quais correspondendo a uma determinada fase de transformação das matérias- primas ou insumos petroquímicos. A Figura 10 ilustra resumidamente as diferentes fases envolvidas na produção petroquímica.

Figura 10 – Fases da Produção Petroquímica. Fonte: Suzano (2006).

Os produtores de primeira geração, como é o caso da empresa em estudo, são consideradas as centrais de matérias-primas petroquímicas ou unidades de craqueamento. Esses produtores efetuam o fracionamento da matéria-prima (nafta ou gás natural) de maneira a obter os produtos petroquímicos básicos, tais como o eteno e o propeno, entre outros.

As três centrais petroquímicas (produtores de primeira geração) que ocupam o cenário petroquímico brasileiro desde as últimas décadas são todas baseadas na nafta. A Nafta é resultante do processo de refino de petróleo, sendo a principal matéria-prima da indústria petroquímica nacional. A Petrobrás atua como o principal fornecedor de nafta aos produtores de primeira geração no Brasil. Cerca de 30% do volume de nafta utilizado por esses produtores vêm sendo importadas junto a fornecedores internacionais (SUZANO, 2006).

Os produtores de segunda geração efetuam o processamento dos insumos petroquímicos adquiridos junto aos produtores de primeira geração, visando à obtenção de produtos petroquímicos intermediários ou finais. Os produtos intermediários, tais como o estireno, passarão ainda por etapas adicionais de produção até serem transformados em produtos finais, como o poliestireno ou a borracha de butadieno e estireno. Além desses, os produtos finais petroquímicos compreendem os polietilenos, o polipropileno e os elastômeros, entre outros, que são diretamente fornecidos para os produtores de terceira geração (transformadores) (SUZANO, 2006).

Ainda segundo a petroquímica Suzano (2006), existem atualmente no país cerca de 50 produtores de segunda geração. Em geral, os produtos da segunda geração apresentam-se na forma sólida e são produzidos em péletes de plástico ou em pó. O transporte rodoviário é o principal instrumento de direcionamento desses produtos aos produtores de terceira geração, os quais se encontram mais concentrados na região sudeste e não necessariamente situam-se próximos aos pólos petroquímicos.

Os produtores de terceira geração, denominados transformadores, compram os petroquímicos finais dos produtores de segunda geração e os transformam em produtos para uso do consumidor final, dentre os quais, incluem:

• embalagens plásticas (sacos, sacolas, frascos);

• utilidades domésticas (utensílios domésticos e eletrodomésticos) • brinquedos;

• calçados, solados, sandálias plásticas e de borracha; • pneus; e

• autopeças (painéis internos, pára-choques).

Segundo a petroquímica Suzano (2006), os produtores de terceira geração produzem uma variedade de bens de consumo e produtos industriais com vasta aplicação em variados segmentos industriais, destacando-se as indústrias automobilística, alimentícia, de eletroeletrônicos, de higiene e limpeza, entre outras. Atualmente, estima-se que existam mais de 6.000 produtores de terceira geração no país.

No documento 2007DeboraMartinkoski (páginas 68-73)