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CAPÍTULO 4 – METODOLOGIA

4.1. Caracterização do campo: estrutura física da escola, organização das salas de aula, rotina

A presente pesquisa foi realizada em uma escola-classe da rede pública do Distrito Federal no período de fevereiro a setembro de 2012. A escola se localiza na cidade de Taguatinga e é frequentada por alunos do primeiro ao quinto ano do ensino fundamental.

O setor onde fica a escola é constituído de um grupo de moradores que estão no local desde o início de sua construção (1968), composto por famílias de classe média cujos filhos estudam, em sua maioria, em escolas particulares. O outro grupo de moradores são provenientes de uma expansão do setor, construída mais recentemente (em 1986), que ocupa uma área limítrofe à região administrativa de Ceilândia. Esse grupo de pessoas faz parte de uma parcela mais pobre da população local, que vieram de assentamentos ou invasões do Distrito Federal e construíram suas casas em regime de mutirão.

Essa instituição foi escolhida para a realização deste estudo principalmente por ter vários estudantes com diagnóstico de deficiência intelectual incluídos em turmas de ensino regular. Além

disso, a equipe diretiva da escola, ao ler o projeto de pesquisa – que tinha como foco as práticas pedagógicas no contexto da educação inclusiva –, demonstrou abertura e interesse para que o estudo, que também era um projeto de formação para corpo docente, fosse realizado naquela instituição.

4.1.1. A escola

Na época da pesquisa, a escola possuía quinhentos alunos matriculados. Em sua estrutura física, ela é constituída por dois portões – um para a entrada de carros (destinado aos professores e servidores da escola) e outro para a entrada de alunos e da comunidade. O portão de entrada dos alunos dá acesso a um pátio amplo, que era utilizado como área recreativa dos alunos (ver planta da escola no anexo 1).

A partir deste portão de entrada existe uma rampa que leva a outro portão, que por sua vez dá acesso a um corredor. Por esse corredor chega-se às salas da secretaria e da equipe diretiva da escola, aos banheiros dos professores (localizados à direita do corredor), às salas dos professores, ao almoxarifado, ao laboratório de informática e à copa dos professores (localizadas à esquerda do corredor).

Ao final do referido corredor, há mais um portão, que dá entrada aos outros espaços da escola: quatro blocos, que comportam dezoito salas de aula, uma sala de recursos, uma sala para a equipe especializada de apoio à aprendizagem da escola, uma sala de orientação educacional e uma sala de leitura. Ao final dos blocos, no sentido perpendicular, está um pátio coberto, onde são feitas reuniões com os pais e apresentações dos alunos. Em uma das extremidades do pátio estão localizadas a cozinha e a dispensa da escola e, em outra, os banheiros dos alunos, um almoxarifado e a sala das servidoras da escola.

O primeiro bloco (bloco A) comporta três salas de aula e uma sala de leitura. O segundo bloco (B) e o terceiro bloco (C) possuem, cada um, cinco salas de aula. No quarto bloco (D), encontram-se uma sala para reforço escolar, três salas de aula, a sala de recursos, a sala da Equipe Especializada de Apoio à Aprendizagem (EEAA) e a sala da orientadora educacional. Cada sala tem, em média, trinta e oito por noventa metros quadrados (38m X 90m). Em quase todas, há uma porta de acesso, entre cinco e oito janelas, um quadro branco, um ventilador, um armário de aço, uma mesa com cadeira para o professor e entre trinta e cinco (35) a quarenta (40) carteiras para os alunos.

O espaço utilizado para os encontros com os professores que participaram da pesquisa foi a sala de recursos (4ª sala do bloco D). Essa sala era usada, comumente, para atendimento dos alunos com necessidades educacionais especiais incluídos em turmas de ensino regular. Contudo, às quartas-feiras, destinava-se a reuniões coletivas dos professores com a equipe diretiva da escola.

A sala de recursos é do mesmo tamanho das salas de aula; tem cinco janelas e uma porta de acesso; uma grande mesa retangular (usada para as reuniões com os professores); vinte cadeiras com encostos e assentos acolchoados; uma mesa redonda (média), geralmente utilizada para atendimento dos alunos e reuniões menores; um armário cinza; uma prateleira de aço (em que a professora da sala de recursos guarda jogos e materiais didático-pedagógicos); e um quadro negro.

As salas de aula nas quais foram realizadas as videogravações foram a turma do primeiro ano matutino (1ª – Bloco A) e a turma do terceiro ano matutino (última sala do Bloco B). Na primeira, havia um quadro branco, dezesseis carteiras, dispostas de quatro em quatro (para formação de grupos entre os alunos), um armário no fundo da sala, uma mesa retangular com cadeira para uso da professora e algumas carteiras encostadas na parede (utilizadas para colocar o filtro dos alunos), próximo à porta de saída, como apoio para servir o lanche e também para colocar alguns materiais utilizados em sala de aula durante as atividades. Havia também dois murais ao lado do quadro branco, com a mensagem “sejam bem-vindos”, e nomes de aniversariantes e ajudantes do dia. Acima do quadro havia um alfabeto ilustrado afixado à parede. Abaixo do quadro, sobre uma carteira, ficava um aparelho de som, utilizado pela professora para trabalhar músicas e histórias infantis. Na turma pesquisada, havia 16 alunos matriculados, sendo um aluno incluído por apresentar diagnóstico de deficiência intelectual, que será chamado nesta pesquisa de João.

Na sala do terceiro ano, havia um quadro branco, cerca de vinte carteiras, uma cômoda grande com várias gavetas para guardar materiais didático-pedagógicos utilizados pelos alunos, uma mesa retangular com uma cadeira para uso da professora e um mural de enfeite (localizado ao fundo da sala e afixado à parede). Nesse mural, estava escrito “não se pode falar de educação sem amor”. Na sala, também havia um aparelho de som, que ficava sobre uma carteira, utilizado para ouvir músicas e histórias infantis. Nessa turma, havia 18 alunos, sendo que três, chamados na pesquisa de Bianca, Marcus e Gustavo, eram alunos incluídos por apresentarem diagnóstico de deficiência intelectual.

4.1.2. A rotina dos professores

Os professores que participaram da pesquisa estavam em regência de turma no período matutino e todos ministravam aulas no ensino fundamental (do 1º ao 5º ano). O horário das aulas era das 7h30 às 12h30, havendo um intervalo para recreação dos alunos das 10h15 às 10h30.

De acordo com as normas trabalhistas da Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal, os docentes tinham que cumprir diariamente uma carga de cinco horas em sala de aula, no período matutino. O período vespertino era destinado a três horas de coordenação pedagógica, que eram divididas da seguinte forma: dois dias da semana eram destinados à coordenação individual (sendo que um desses dias poderia ser utilizado para realização de cursos junto à EAPE – Escola de

Aperfeiçoamento de Profissionais da Educação); outro dia reservava-se à coordenação coletiva com a equipe diretiva da escola (quarta-feira); e dois dias eram utilizados para folga dos professores (segunda e sexta-feira).