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5. RESULTADOS

5.2. A PRÁTICA DO FOLLOW-UP NA CGPEG

5.2.1. Caracterização da CGPEG

Responsável pelo licenciamento de empreendimentos de petróleo e gás offshore no Brasil, a CGPEG responde à Diretoria de Licenciamento Ambiental (DILIC), um dos órgãos singulares que compõe o organograma do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA). Autarquia criada em 1989 (BRASIL, 1989) e vinculada ao Ministério do Meio Ambiente (MMA), o IBAMA tem entre suas competências a condução da AIA e do “licenciamento ambiental de atividades, empreendimentos, produtos e processos considerados efetiva ou potencialmente poluidores, bem como daqueles capazes de causar degradação ambiental” (BRASIL, 2011a, p. 1). Especificamente para esse fim, DILIC é responsável por “orientar, coordenar, executar e supervisionar atividades de Avaliação de Impactos Ambientais (AIA) no âmbito do Licenciamento Ambiental Federal, visando promover o desenvolvimento sustentável” (BRASIL, 2011a, p.28). Na prática, essas atividades são desenvolvidas não apenas pela CGPEG, mas também pela Coordenação Geral de Infraestrutura de Energia Elétrica (CGENE) e pela Coordenação Geral de Transporte, Mineração e Obras Civis (CGTMO). Ainda, são vinculados tecnicamente à DILIC os Núcleos de licenciamento ambiental (NLA), instalados nas Superintendências Estaduais do IBAMA (SUPES), com a função de dar “apoio técnico, administrativo e logístico aos procedimentos licenciamento ambiental executados em nível federal” (BRASIL, 2008a). Apenas no caso da CGPEG, o licenciamento é conduzido integralmente por esta coordenação, sem a atuação de NLAs (MENDONÇA, 2015).

A Figura 7 apresenta um organograma do IBAMA, destacando a posição da CGPEG e suas sub-coordenações.

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Figura 7 – Organograma do IBAMA.

Fonte: Elaborado pela autora.

Em 199813, as atividades de petróleo e gás natural offshore e de energia nuclear eram licenciadas pela unidade de licenciamento do IBAMA conhecida como Escritório de Licenciamento de Petróleo e Nuclear (ELPN) 14, localizado na cidade do Rio de Janeiro/RJ. Inicialmente composto por 6 consultores externos, o ELPN apresentava um quadro crescente de contratação para atender à demanda do licenciamento e, especialmente a partir da homologação do primeiro concurso público em 2002, seguido de outros, o quadro de funcionários dessa unidade saltou para aproximadamente 80 analistas ambientais até 2014

13 Esse mesmo ano foi marcado pela sanção da “Lei do Óleo”, responsável pela flexibilização da exploração e produção de petróleo no Brasil e pela criação da Agência Nacional de Petróleo (ANP), autarquia responsável por contratar, regular e fiscalizar as atividades do setor (BRASIL, 1997).

(MENDONÇA, 2015). Em 2006, o ELPN passou a ser denominado CGPEG15, vinculada formalmente à DILIC. Sua estrutura passou a ser organizada em duas sub-coordenações: a COEXP e a CPROD, responsáveis pela execução das análises e avaliações dos estudos ambientais, bem como dos demais procedimentos técnicos relativos ao licenciamento ambiental federal (LAF). A COEXP está orientada para as atividades de pesquisa sísmica, pesquisa eletromagnética, pesquisas utilizando outras tecnologias e perfuração de poços do setor de exploração e produção de petróleo e gás, enquanto a CPROD tem seu foco nas atividades de produção e escoamento de petróleo e gás natural (BRASIL, 2011a).

O licenciamento das atividades petrolíferas nas regiões norte e nordeste do Brasil foi direcionado, em 2010, para uma nova unidade de licenciamento do IBAMA: a Unidade Avançada de Licenciamento Ambiental Especializada (UALAE). Localizada em Sergipe, essa unidade que respondia tecnicamente à CGPEG acabou extinta em 2014 (informação verbal)16. Após a realização da 11ª Rodada de Licitações para concessão de blocos exploratórios pela Agência Nacional de Petróleo (ANP)17 em maio de 2013 (AGÊNCIA NACIONAL DO PETRÓLEO GÁS NATURAL E BIOCOMBUSTÍVEIS, 2015b) e a expectativa de aumento da demanda de atividades de licenciamento devido a previsão de crescimento de atividades de sísmica e perfuração na região da Margem Equatorial18, foi criada a Unidade Avançada de Apoio ao Licenciamento (UAL)19: localizada juntamente com as demais sub-coordenações da CGPEG, a UAL responde tecnicamente à DILIC, mas na prática atua conjuntamente com a COEXP e é responsável pelo licenciamento das atividades de exploração de petróleo e gás na região da margem equatorial. Sua equipe, composta por 6 analistas ambientais, lida com as atividades pré e pós-decisão na área que lhe compete (informação verbal)20.

Em relação aos procedimentos de licenciamento ambiental coordenados pela CGPEG, sua regulamentação é dada pela Portaria MMA 422/2011 (BRASIL, 2011b), que direciona as atividades considerando três tipologias: (1) pesquisa sísmica, (2) perfuração de poços e (3)

15 A CGPEG foi criada a partir do Decreto Federal 5718/06, de 13 de março de 2006.

16 Informação verbal: dados obtidos em entrevista realizada com entrevistado 1 em 20 nov. 2014.

17 A ANP é uma autarquia federal vinculada ao Ministério de Minas e Energia, responsável por: atividades de regulação das indústrias e do comercio de petróleo, gás natural e biocombustíveis; licitação e outorga de blocos para as atividades de exploração, desenvolvimento e produção, bem como fiscalização direta ou conveniada com outros órgãos públicos das atividades do setor (AGÊNCIA NACIONAL DO PETRÓLEO GÁS NATURAL E BIOCOMBUSTÍVEIS, 2015c).

18 A Margem Equatorial é uma área que foi outorgada para exploração em 2013 e abrange 11 bacias sedimentares brasileiras: Barreirinhas, Ceará, Espírito Santo, Foz do Amazonas, Pará-Maranhão, Parnaíba, Pernambuco- Paraíba, Potiguar, Recôncavo, Sergipe-Alagoas e Tucano (AGÊNCIA NACIONAL DO PETRÓLEO GÁS NATURAL E BIOCOMBUSTÍVEIS, 2015b).

19 A UAL foi criada a partir da Portaria MMA 19/14, em 18 de setembro de 2014.

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produção, escoamento de petróleo e gás natural e teste de longa duração. A primeira tipologia é submetida à licença de pesquisa sísmica (LPS), a segunda à licença de operação (LO) e a terceira à tríplice licença (licença prévia – LP, licença de instalação – LI e licença de operação – LO).

As atividades de pesquisa sísmica e de perfuração, em geral, têm duração entre um mês a um ano, podendo chegar, em casos excepcionais, a dois anos. Já as atividades de produção podem se manter em operação por décadas (WALTER et al., 2004).

A pesquisa sísmica é uma atividade realizada para definir a formação geológica da subsuperfície marinha, permitindo uma análise da probabilidade do acúmulo de hidrocarbonetos; a sísmica de reflexão, método mais eficiente de acordo com Cardoso (2012), consiste em explosões de cargas de ar comprimido que formam ondas elásticas captadas por hidrofones a partir de sua reflexão e são convertidas em vibrações mecânicas e estas em oscilações elétricas registradas por sismógrafos (CARDOSO, 2012).

As atividades de perfuração podem ser empregadas para várias finalidades, tanto na fase de exploração para desenvolvimento de novos campos, quanto para produção de petróleo e gás (por exemplo, a perfuração de poços pode servir para injeção de água visando aumentar a produção dos poços que se conectam ao mesmo campo) (CARDOSO, 2012).

Para melhor compreensão do universo de empreendimentos e processos de licenciamento coordenados pela CGPEG, foi realizado um levantamento de dados através do Sistema Informatizado de Licenciamento Ambiental Federal (SILAF) (INSTITUTO BRASILEIRO DO MEIO AMBIENTE E DOS RECURSOS NATURAIS RENOVÁVEIS, [s.d.]) para identificação do número de processos e licenças já emitidas por essa coordenação para cada tipologia. Tal levantamento considerou o período entre 1998 (criação do ELPN) e 30 de março de 2016 (Tabela 1).

Tabela 1 – Licenças emitidas para atividades do setor de petróleo e gás natural offshore por tipologia dentro do período de janeiro de 1998 a março de 2016.

Fonte: elaborado pela autora.

Número de processos Número de licenças emitidas Tipologia

146 263 Pesquisa sísmica

96 (sendo 2 TACs) 171 (sendo 7 para os TACs) Perfuração 90 (sendo 18 Testes de

longa duração e Desenvolvimentos de

produção e 1 TAC)

370 (sendo 54 para Testes de longa duração e Desenvolvimentos de produção e 4 para o TAC)