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CARACTERIZAÇÃO DA CONFLUÊNCIA

3. CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO

3.1. CARACTERIZAÇÃO DA CONFLUÊNCIA

A área do estudo compreende a confluência dos rios Paraná e Piquiri, em que o último deságua na margem esquerda do primeiro. Este trecho do Rio Paraná é dividido em dois canais: direito (divisa com o Mato Grosso do Sul) e esquerdo (divisa com o Paraná), separados pela Ilha Grande (Figura 9).

Figura 9. Localização e caracterização da área do estudo. Fonte: Elaborado pelo autor.

A confluência estudada apresenta uma clara distinção da coloração da água dos respectivos rios, causada em função da maior quantidade de sedimentos suspensos transportados pelo Rio Piquiri (AGUIAR, 2009). Lima et al. (2004) estimaram que o Rio Paraná recebe uma média de 5.000 toneladas (t)/dia vinda do Rio Piquiri.

No trecho que compreende a confluência, a largura do Rio Paraná é de ~1.200 m, enquanto o canal do Rio Piquiri é menor com ~250 m. Tendo a área de confluência dos canais como referência, o Rio Piquiri foi estudado até 3 km a montante e mantém

praticamente a mesma largura em todo o trecho. Por outro lado, o Paraná tem 2,5 km a montante e 3,5 km a jusante da confluência, que se diferenciam na largura, sendo, mais largo desde 1.200 m a jusante da foz do Piquiri até 2.000 m para montante. Neste trecho mais largo existe um arquipélago de cinco ilhas e a largura do canal diminui conforme avança para jusante em até ~650 m de uma margem a outra.

Na área da confluência existe uma planície de inundação, comum aos dois sistemas (Piquiri e Paraná), com área aproximada de 10,6 km² e dique marginal com cerca de 1,5 m de altura. Embora esteja fora da área estudada, considera-se importante demonstrar outro trecho de planície adjacente à área de estudo, localizada na margem esquerda do Rio Piquiri, em torno de 5 km acima da confluência (Figura 9).

A área do estudo também possui dique que margeia o Rio Paraná em toda a margem direita (Ilha Grande), o qual é estreito e apresenta vegetação esparsa. Na margem esquerda acima da confluência, o dique é mais nítido e recoberto por vegetação densa. Abaixo da confluência, na margem esquerda do Rio Paraná, não há dique marginal e o rio escoa balizado por uma margem alta com afloramento de rochas e com vegetação arbórea (Figura 9). Na margem esquerda do Rio Piquiri há uma faixa estreita inundável, onde também há um dique marginal visível e com vegetação arbórea, com locais de afloramento das rochas da Formação Caiuá (Figura 10). A margem direita do Rio Piquiri é formada por depósitos sedimentares de planície de inundação e apresenta dique contínuo em toda a extensão da área do estudo, sendo recoberto por vegetação densa (Figura 9).

Geologicamente, a área do estudo pertence ao Grupo São Bento, Formação Serra Geral e ao Grupo Bauru, Formação Caiuá. A Formação Serra Geral é constituída de rochas ígneas, no qual predominam os basaltos, enquanto a Formação Caiuá é constituída por depósitos eólicos e fluviais, cuja característica é possuir arenitos de granulometria fina a médio e apresentar estratificação cruzada (MINEROPAR, 2001). É possível observar na margem esquerda do Rio Piquiri o afloramento do arenito Caiuá e suas estratificações cruzadas (Figura 10). A geomorfologia da área do estudo está inserida no planalto de Umuarama, conforme mapeamento do Mineropar (2006).

Figura 10. Afloramento do arenito Caiuá na margem esquerda do Rio Piquiri. Fonte: Acervo do autor.

O tipo climático para a área de estudo, segundo classificação do Koppen, é o Cfa (clima temperado úmido com verão quente). Como a distribuição da precipitação ao longo do ano é homogênea para a Bacia do Rio Piquiri, é difícil a determinação dos períodos secos e chuvosos (IAP, 2017), sendo a precipitação muito variada para toda a bacia, mas na foz é inferior a 1.300 milímetros (mm) (BITTENCOURT, 1993).

De acordo com ITCG (2009), a área do estudo apresenta floresta do tipo Estacional Semidecidual. Característica de ocupação pioneira das regiões Norte e Oeste do Estado do Paraná e dos vales dos rios formadores da Bacia do Rio Paraná (RODERJAN et al., 2002). No entanto, em razão da agricultura e pastagens, a cobertura vegetal resume-se a fragmentos. Na região do baixo curso do Rio Piquiri, o uso do solo é definido conforme a variação geológica. Em solos derivados de rochas basálticas tem-se a agricultura comercial intensiva e nos solos arenosos derivados dos arenitos da Formação Caiuá é comum a pecuária de corte, agricultura comercial de grãos e plantio de cana-de-açúcar (PAROLIN et al., 2010).

Os dados hídricos da área de estudo são monitorados pelas estações fluviométricas de Guaíra e Balsa Santa Maria, nas cidades de Guaíra (Rio Paraná) e Palotina (Rio Piquiri), ambas no Paraná. A estação fluviométrica de Guaíra possui série histórica desde a década de 1920. A menor descarga registrada foi em 1944, com 2.490 m³/s, e a maior descarga foi em 1983, com 39.852 m³/s (SOUZA FILHO,

1993; ROCHA et al., 2001; ROCHA, 2010; LELI, 2015). A vazão para o período de 1972 a 2014 indica uma descarga média anual de 11.130 m³/s (Figura 11).

O comportamento da vazão para o período anterior ao fechamento da Hidrelétrica Porto Primavera (1972 a 1998) demonstrava um regime regular, com decréscimo do período de cheia ~16.000 m³/s (fevereiro) para a vazante 9.000 m³/s (agosto) de forma mais acentuada, apresentando uma redução de 43,8%. Após fechamento do barramento o decréscimo deixou de ser acentuado, o período de cheia de ~13.000 m³/s, a vazante de ~9.500 m³/s uma redução do regime de vazão é de 30,7% (Figura11).

Figura 11. Distribuição da vazão anual para a Estação de Guaíra no Rio Paraná. Fonte dos dados:

Itaipu.

O hidrograma (Figura 12) da estação fluviométrica de Guaíra mostra que no período de 1980 a 1999 ocorreram três grandes picos no nível fluviométrico. No ano de 1983 alcançou a cota de 466 cm, no ano de 1990 atingiu a cota de 457 cm e no ano de 1997 a cota de 402 cm. Observa-se um intervalo temporal de sete anos entre os eventos. Estes picos estão atrelados ao fenômeno El Niño, atuante nesses anos no Hemisfério Sul. Rocha et al. (2001) atribuem a vazão recorde de 1983 justamente à atuação do fenômeno El Niño.

-43,8%

-30,7%

Figura 12. Comportamento das cotas altimétricas da Estação de Guaíra no Rio Paraná. Fonte dos dados: Instituto das Águas do Paraná (2016).

A partir do ano de 1999 não houve nenhum evento superior a 350 cm da cota altimétrica. Esse novo comportamento provavelmente está atrelado ao controle hidrológico que a barragem de Porto Primavera exerce no trecho a jusante de sua

No baixo curso do Rio Piquiri, o monitoramento fluviométrico é realizado pela Estação Balsa Santa Maria. Entre os anos de 1980 e 2016, a vazão média foi de 532,8 m³/s, a máxima de 6.978,67 m³/s no ano de 2014 e a mínima de 75,1 m³/s no ano de

1980 1981 1982 1983 1984 1985 1986 1987 1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015

Cota (cm)

Anos

Máximo Media Mínimo

Período sob Influência da Hidrelétrica Porto Primavera.

A Estação Balsa Santa Maria recebe as águas drenadas de uma área de aproximadamente 20.982 km² da Bacia do Piquiri, o que corresponde a 83,5% da área.

Dos solos da bacia, 17.769 km2 são derivados de rochas efusivas e 3.212 km² são de terrenos suprabalsálticos arenosos, correspondendo a 85% e 15% da bacia, respectivamente (BITTENCOURT, 1993). Tais aspectos de cobertura geológica refletem no tipo de material sedimentar transportado pelo Rio Piquiri (BITTENCOURT, 1993). Atualmente o Rio Piquiri é uma das principais fontes do sedimento transportado até o reservatório de Itaipu (BITTENCOURT, 1993; ANGST, 2008). Tal fato é potencializado pela intensa atividade agrícola na bacia (ANGST, 2008).

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