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Capítulo VI – Estudo de Caso

6.1. Caracterização da cooperativa

A informação contida neste ponto foi obtida de dados e panfletos fornecidos pela CCT. A Cooperativa Café Timor (CCT) é 100% propriedade dos timorenses envolvidos na transformação e comercialização de café orgânico em nome dos membros, agricultores produtores de café. A CCT foi criada em 2000, pelo projecto Reabilitação Económica e Desenvolvimento Agrícola (TERADP), implementado pela National Cooperatives Business Association (NCBA) com uma ajuda da USAID.

Inicialmente, o programa foi desenvolvido por NCBA em cooperação com o Centro de Cooperativas dos sucos em Timor-Timur (PUSKUD), em 1994, com a missão de desenvolver o café orgânico de Timor-Leste como produto no mercado internacional (Piedade, 2002). Em consonância com a missão declarada e visão, um acordo foi assinado entre a PUSKUD e a NCBA para o desenvolvimento do café orgânico, em 1995. Esta cooperação teve uma evolução positiva e importante pois tornou-se uma concorrente na comercialização de café com a PT Batara Indra e PT Denok.

Depois da independência de Timor-Leste após a "consulta popular”de 30 de Agosto de 1999, e mediante acordo escrito dos directores, a PUSKUD mudou o seu nome e tornou-se CCT. Os objectivos do projecto foram, e ainda são, melhorar o nível de bem- estar dos produtores de café; introduzir cadeias de comercialização para os produtores; e

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contribuir para o planeamento e política de desenvolvimento de um produto que suporta a economia do povo de Timor-Leste.

A produção de café orgânico da CCT tem crescido em linha com a crescente procura de café orgânico por parte dos Estados Unidos da América, da União Europeia e da Austrália. A produção foi 30 toneladas em 1995 e 457 t em 1996, 775 t em 1997; 1.363 t em 1998; 1.476 t em 1999, 1.255 t em 2000; 1.320 t em 2001 (Piedade, 2002).

Os objectivos do programa abrangem também a prestação de cuidados primários de saúde às famílias membro da CCT, e o desenvolvimento da cultura de baunilha e indústrias de engorda bovinos, bem como a diversificação de café orgânico. O programa inclui também um programa de educação, não formal, no desenvolvimento de cooperativas e empresas de pequeno escala, bem como uma cooperativa de comércio nos produtos domésticos de primeira necessidade para as populações rurais com preços razoáveis, é um esforço para reduzir o custo excessivo de vida geral para o povo de Timor-Leste (Piedade, 2002).

A Cooperativa Café Timor (CCT) é um dos maiores compradores de café do território e continua a depender do apoio técnico e financeiro disponibilizado pela NCBA. Se os apoios NCBA deixassem de existir, provavelmente a cooperativa não teria ainda condições de continuar o seu funcionamento. Para além disso, todos os aspectos relacionados com a comercialização do café, são geridos pela NCBA, o que não constitui nenhum benefício a longo prazo aos associados, no sentido de alcançarem autonomia (Gum, 2002).

A Cooperativa apresenta os seguintes órgãos sociais: a) Assembleia Geral (ordinária ou extraordinária); b) Conselho de Administração e c) Conselho Fiscal. A Assembleia Geral dos associados, ordinária ou extraordinária, é o órgão supremo da cooperativa, onde se toma toda e qualquer decisão de interesse dos associados.

A Cooperativa é administrada por um Conselho de Administração composto por três membros (presidente, secretário e tesoureiro), todos sócios, com o direito a voto e ser votado. São eleitos por um período de cinco anos. O conselho de administração é responsável por todas as decisões sobre as políticas da cooperativa, a coordenação com o governo e o planeamento relacionado com o desenvolvimento da cooperativa.

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O Conselho Fiscal é constituído por quatros membros efectivos, todos associados activos, eleitos por um mandato de cinco anos, sendo permitida a reeleição para o próximo período.

A NCBA dá assistência ou apoio, através de um assessor de processamento agrícola, um consultor de desenvolvimento da empresa, um assessor de finanças, um assessor de extensão e um assessor para a saúde. Estas cinco pessoas são consideradas como pessoal expatriado a longo prazo, mas também tem assessores técnicos a curto prazo para dar formação aos técnicos, dar assistência para a instalação de novos equipamentos, a construção de instalações, ao aconselhamento sobre a doença e controlo de pragas no café.

A CCT tem três níveis de organização e gestão. A nível nacional a CCT, a nível local as CCO e a nível base os grupos dos agricultores. Cada uma das CCO tem uma directoria eleita (pelos grupos de agricultores). A directoria da CCO é composta por um chefe, um secretário e um tesoureiro. Em contraste com as anteriores cooperativas do tempo Indonésio, o governo não está envolvido em qualquer nível de operações da cooperativa.

As decisões da CCT são tomadas por consenso. Embora os consultores estrangeiros dêem conselhos nos processos de tomada de decisão, as decisões finais são tomadas pelos dirigentes da cooperativa.

As reuniões anuais da CCT que incluem os representantes das CCO e os representantes dos agricultores são realizadas para discutir questões pós-colheita e para planear a próxima safra.

As reuniões regulares são realizadas pela dirigentes da cooperativa para discutir questões de negócios, planear e programar as actividades de extensão e garantir que as informações sobre preços, qualidade e mudanças administrativas são transmitidas aos agricultores. A tomada de decisão envolve, quase sempre, uma grande discussão que acaba por resultar em um consenso. Depois de uma decisão tomada, aos dirigentes cooperativos cabe a responsabilidade de manter todos os membros informados e relatar o progresso para o próximo nível da estrutura da cooperativa.

Os dirigentes da CCT são responsáveis por manter contacto com as agências relevantes do governo e que representem os interesses dos cooperantes relativamente a aspectos

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como: os impostos, os direitos cooperativos, os encargos de transporte e outras questões que podem afectar as suas actividades económicas.

A responsabilidade das CCO's é coordenar o programa da colheita e da aquisição do café cereja dos produtores. A CCT tem a responsabilidade pelo funcionamento das instalações de processamento café húmido, pelas operações de secagem e classificação do café em grão e em pó (para assegurar a alta qualidade do produto final) e pelas operações de exportação de café, pertencendo à NCBA a procura dos mercados de exportação.

As divisões das estruturas da CCT e CCO fazem um plano de trabalho anual, que inclui avaliações regulares das operações e o desempenho pessoal. Relativamente ao desempenho, após da colheita de café, é feita uma avaliação sobre todas as actividades relacionadas com a aquisição, a colheita e a transformação e as alterações necessárias do pessoal de gestão em cada divisão.