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3.1 – CARACTERIZAÇÃO DA ORGANIZAÇÃO

Fundamentação Prática

3.1 – CARACTERIZAÇÃO DA ORGANIZAÇÃO

As organizações são agrupamentos humanos intencionalmente construídos e reconstruídos, a fim de se atingirem objectivos específicos. Uma organização nunca constitui uma unidade pronta e acabada, mas um organismo social vivo e sujeito a mudanças.

Teixeira (2005: 24)

3.1.1 – Da criação ao actual estatuto do Sistema Nacional de Saúde11

A organização dos serviços de saúde sofreu, através dos tempos, a influência dos conceitos religiosos, políticos e sociais de cada época e foi-se concretizando para dar resposta ao aparecimento das doenças.

O Dr. Ricardo Jorge inicia em 1899, a organização dos “Serviços de Saúde e Beneficência Pública” que, regulamentada em 1901, entra em vigor em 1903. A prestação de cuidados de saúde era então de índole privada, cabendo ao Estado apenas a assistência aos pobres.

A Lei n.º 2011, de 2 de Abril de 1946, estabelece a organização dos serviços prestadores de cuidados de saúde então existentes: Hospitais das Misericórdias, Estatais, Serviços Médico-Sociais, de Saúde Pública e Privados.

Só em 1971, com a reforma do sistema de saúde e assistência (conhecida como “a reforma de Gonçalves Ferreira”), surge o primeiro esboço de um Serviço Nacional de Saúde (SNS). São explicitados princípios, como sejam o reconhecimento do direito à saúde de todos os portugueses, cabendo ao Estado assegurar esse direito, através de uma política unitária de saúde da responsabilidade do Ministério da Saúde, a integração de todas as actividades de saúde e assistência, com vista a tirar melhor rendimento dos recursos utilizados, e ainda a noção de planeamento central e de descentralização na execução, dinamizando-se os serviços locais.

Foi, no entanto, a partir de 1974 que a política de saúde em Portugal sofreu modificações radicais, tendo surgido condições políticas e sociais que permitiram, em

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www.portaldasaúde.pt (acesso em 6 de Setembro de 2008).

1979, a criação do SNS, através do qual o Estado assegura o direito à saúde (promoção, prevenção e vigilância) a todos os cidadãos.

De referenciar que, em 1976, o “despacho Arnault” abriu acesso aos Postos de Previdência Social (mais tarde Segurança Social) a todos os cidadãos independentemente da sua capacidade contributiva.

O SNS envolve todos os cuidados integrados de saúde, compreendendo a promoção e vigilância da saúde, a prevenção da doença, o diagnóstico e tratamento dos doentes e a reabilitação médica e social. Tem como objectivo a efectivação, por parte do Estado, da responsabilidade que lhe cabe na protecção da saúde individual e colectiva. Goza de autonomia administrativa e financeira, estrutura-se numa organização descentralizada e desconcentrada, compreendendo órgãos de âmbito central, regional e local, e dispõe de serviços prestadores de cuidados de saúde primários e diferenciados. É apoiado por actividades de ensino que visam a formação e aperfeiçoamento dos profissionais de saúde.

Nos anos 90 é aprovada a Lei Orgânica do Ministério da Saúde e é publicado o novo estatuto do SNS através do Decreto-Lei n.º 11/93, de 15 de Janeiro, que tenta ultrapassar a dicotomia entre os cuidados de saúde primários e diferenciados, através da criação de unidades integradas. As unidades integradas de saúde pretendem viabilizar a articulação entre grupos personalizados de centros de saúde e hospitais. Procurar-se uma gestão de recursos mais próxima dos destinatários.

Em 1999 foi estabelecido o regime dos Sistemas Locais de Saúde (SLS), que são um conjunto de recursos articulados na base da complementaridade e organizados segundo critérios geográfico-populacionais, que visam facilitar a participação social e que, em conjunto com os centros de saúde e hospitais, pretendem promover a saúde e a racionalização da utilização dos recursos.

É no prosseguimento desta linha de actuação que são criados os Centros de Responsabilidade Integrada (CRI). Pretende-se que os CRI constituam verdadeiros órgãos de gestão intermédia, que, sem quebrar a unidade de conjunto, sejam dotados de poder decisório, possibilitando-se a desconcentração da tomada de decisão.

Com a aprovação do novo regime de gestão hospitalar (Lei n.º 27/2002, de 8 de Novembro), introduzem-se modificações profundas na Lei de Bases da Saúde. Acolhe- se e define-se um novo modelo de gestão hospitalar, aplicável aos estabelecimentos

hospitalares que integram a Rede de Prestação de Cuidados de Saúde e dá-se expressão institucional a modelos de gestão de tipo empresarial (EPE).

Mais recentemente, com o Programa do XVII Governo Constitucional para a saúde é atribuída uma particular relevância à reestruturação dos centros de saúde (Lei n.º 88/2005, de 3 de Junho, que revoga a Lei n.º 60/2003, de 1 de Abril, que cria a rede de cuidados de saúde primários e repristina a Lei n.º 157/99, de 10 de Maio, que estabelece o regime de criação, organização e funcionamento dos centros de saúde) e que consagra uma matriz organizativa com base em unidades de saúde familiar (USF).

A reforma continuada do sistema de saúde e, como consequência, a estruturação do SNS têm que ser encaradas como um processo de aperfeiçoamento constante por forma a acompanhar a evolução, necessidades e expectativas da sociedade.

3.1.2 – Os Centros de Saúde12

O presente estudo efectuou-se nas unidades de saúde que compreendem a ARS Norte – SRS de Bragança (nomeadamente, Centro de Saúde de Alfândega da Fé, Bragança, Carrazeda de Ansiães, Freixo de Espada à Cinta, Macedo de Cavaleiros, Miranda do Douro, Mirandela I, Mirandela II, Mogadouro, Torre de Moncorvo, Vila Flor, Vimioso, Vinhais, Unidade de Saúde Familiar de Torre de Dona Chama e Serviço de Urgência Básica (SUB) de Macedo de Cavaleiros), pertencendo esta área

geográfica à província tradicional de Trás-os-Montes e Alto Douro, limitada a norte e a leste com Espanha, a sul com o distrito da Guarda e de Viseu e a oeste com o distrito de Vila Real, com uma área total de 6608 Km2 e uma população residente de 148 80813 pessoas.

Os Centros de Saúde são unidades básicas do SNS para atendimento e prestação

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www.arsnorte.min-saude.pt (acesso em 8 de Setembro de 2008).

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de cuidados de saúde primários à população. A sua missão implica que uma parte substancial da sua actividade e cuidados se dirijam à comunidade que serve, incluindo abordagens preventivas e de promoção da saúde de âmbito ambiental a grupos específicos, abordagens de prevenção terciárias dirigidas ao indivíduo ou às famílias, entre outros. A promoção, tratamento e reabilitação constituem, pois, as principais funções dos centros de saúde, às quais devem ser dada prioridade, já que constituem o núcleo essencial da filosofia e estratégia dos cuidados de saúde primários. Uma outra parte da actividade dos centros de saúde, está relacionada, com o promover o desenvolvimento profissional e pessoal dos seus recursos humanos e o colaborar com instituições de ensino na formação.

As Unidades de Saúde Familiar estão inseridas no Centro de Saúde como uma unidade com autonomia técnica e funcional, sem personalidade jurídica, mas com um novo modelo organizacional, leve e flexível, para uma prestação de cuidados de saúde, aos indivíduos (mínimo de 4000 e máximo de 18 000) e às famílias, de maior proximidade e de elevado nível de qualidade.

Os objectivos estratégicos dos centros de saúde passam pela melhoria contínua da qualidade da prestação de serviços, como meio de mudança sustentada de cultura da organização. Considerando-se essencial a consciencialização da interdependência e complementaridade entre todos os profissionais, como forma de garantir uma eficaz prevenção e promoção da saúde, um melhor e mais eficaz encaminhamento e referenciação na doença e uma melhor eficiência e efectividade dos cuidados de saúde.

O centro de saúde e os seus serviços prosseguem, nos termos e nas formas da lei, fins de interesse público, como objectivo primeiro a promoção, prevenção, tratamento e reabilitação da saúde dos utentes. Para além do respeito pelos fundamentos gerais, faz- se reger também pelos seguintes princípios:

1. Focalização no utente, respeitando e promovendo a sua autonomia; 2. Melhoria contínua dos padrões de qualidade dos serviços prestados;

3. Respeito pela dignidade, pala não discriminação e pela humanização dos cuidados de saúde;

4. Respeito pela autonomia técnica dos profissionais num contexto de desenvolvimento profissional contínuo;

6. Desenvolvimento do sentido de pertença, da dedicação, do trabalho em equipa e da auto-estima dos profissionais.

7. Valorização e reconhecimento do contributo dos seus recursos humanos;

8. Obtenção de ganhos de saúde, melhorando de forma progressiva o nível de todos os indicadores de saúde das populações da área de influência;

9. Cultura do conhecimento, da excelência técnica e da racionalidade;

10. Cultura da multidisciplinaridade, da cooperação e da lealdade, potenciando um bom clima organizacional;

11. Ética e integridade orientando as acções segundo os mais nobres princípios de conduta, nas relações com os doentes e profissionais.

3.1.3 – Justificação e escolha da Organização

A elaboração de um estudo sobre liderança e motivação, em unidades de saúde que circunscrevem a ARS Norte – SRS de Bragança, prende-se com o facto de o autor deste estudo ser um profissional de saúde, que exerce funções e tem residência nesta área geográfica. Pretendendo com esta investigação clarificar alguns pontos-chave nas organizações de saúde, especialmente ao nível dos recursos humanos. Por esta mesma razão, esta investigação tem um carácter pertinente, interessante e muito actual. É, um contributo para a melhor compreensão do papel dos líderes nas organizações, para a motivação e aumento da produtividade dos colaboradores, pois todas as organizações por mais pequenas que sejam acabam por passar por situações negativas causadas pela insatisfação dos colaboradores.

Revela-se assim, importante uma investigação que aborde a problemática da motivação dos colaboradores e que analise a verdadeira importância da liderança para essa motivação.