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Caracterização da sala de atividades

Capítulo I – Contextualização das Práticas Supervisionadas

3. Enquadramento Físico e Social da PSEPE

3.2. Caracterização da sala de atividades

“Os espaços de educação pré-escolar podem ser diversos, mas o tipo de equipamento, os materiais existentes e a forma como estão dispostos condicionam, em grande medida, o que as crianças podem fazer e aprender. A organização e a utilização do espaço são expressão das intenções educativas e da dinâmica do grupo, sendo indispensável que o educador se interrogue sobre a função e finalidades educativas dos materiais de modo a planear e fundamentar as razões dessa organização.”

(OCEPE, 1997:37/38)

A organização do espaço da sala deve possibilitar ao educador uma observação direta das crianças a brincar, nas diferentes áreas. A fim de conseguir uma melhor estruturação e organização do espaço da sua sala, o educador deve estar atento e observar as brincadeiras que as crianças desenvolvem, quais as áreas/espaços preferidos, o que gostam mais de fazer, o que lhes suscita mais atenção e perceber o seu estado emocional quando estão mais tranquilas ou agitadas. É necessário, também, considerar o contexto sociocultural das crianças.

Ao organizar os diferentes espaços da aula, o educador deverá ter em conta o ambiente e a instituição (macro contexto), assim como a sala de atividades e os espaços envolventes exteriores (micro contexto), por exemplo, o ambiente pode influenciar a tomada de decisão e de organização dos espaços da sala, em virtude das condições climáticas e dos recursos disponibilizados (elementos estruturais – mobiliário e materiais disponíveis). O mobiliário e o material têm de atender a critérios no que respeita à sua qualidade e quantidade que estão definidos no Despacho Conjunto nº. 258/97, de 21 de Agosto. Por outro lado, a instituição pode condicionar a organização do espaço pela sua arquitetura. Ao nível do micro contexto estes poderão influenciar a organização pelas condições dos espaços exteriores, quer pela dimensão ou pela existência de espaços comuns a todos os grupos da instituição.

Os diferentes espaços deverão possuir uma ampla diversidade de objetos e materiais com a finalidade de estimular nas crianças capacidades de exploração, sensoriais e criativas. Por sua vez, a correta organização (planeamento e equipamento) destes espaços, permitem que as crianças efetuem aprendizagens individuais ou com outras crianças.

As diferentes áreas permitem que as crianças utilizem materiais e objetos diversificados, façam construções e explorações, criem e resolvam problemas, mostrem as suas invenções, guardem as suas coisas e falem à vontade acerca das atividades que desenvolvem. Assim, a organização de áreas temáticas/de trabalho permitem o desenvolvimento da capacidade de autonomia e iniciativa, permitindo de igual modo uma maior interação social e um maior envolvimento nas atividades.

A divisão das diferentes áreas de trabalho, ajudam as crianças a percecionar as opções possíveis, pois cada área apresenta materiais e oportunidades de trabalho

únicas. Quando a criança planeia brincar numa determinada área, sabe, antemão, quais os materiais que tem à sua disposição, e o que pode fazer com cada um deles; deste modo, a criança pensa em que “cantinho” pretende brincar, tem uma intenção específica para brincar naquele espaço, em vez de se dirigir para o espaço sem qualquer intenção. (Hohmann & Weikart, 1997)

Para que o desenvolvimento e a aprendizagem das crianças se possa concretizar, há que ter em conta aspetos que não podem ser esquecidos aquando a gestão e organização do espaço (Zabalza, 1998: 252/253), nomeadamente:

- A idade/nível de desenvolvimento: está diretamente relacionada com o nível de autonomia e com as competências que a criança adquiriu anteriormente, por exemplo no que diz respeito ao mobiliário, deve ser adequado à estatura das crianças, este não deverá ser demasiado alto, porque dificulta o acesso aos materiais que a criança pretende, todavia se existirem outras “barreiras” estas poderão ser transpostas com objetos que permitam que as crianças ultrapassem dificuldades de acesso a objetos ou outros materiais, por exemplo se existir uma bancada com um lavatório, na sala, que não se encontre à altura das crianças, pode optar-se por colocar um estrado para que as crianças consigam usufruir deste recurso;

- As necessidades das crianças (biológicas, afetivas e sociais): as crianças necessitam de diferentes espaços: espaços de repouso e calma, espaços que permitam o movimento livre e espontâneo, espaços para estarem em grupo e espaços individuais;

- As características do ambiente podem ser aproveitadas para saber mais acerca das crianças, que conhecimentos possuem, o que apreciam, mas também se poderão incluir novos elementos que as estimulem. (Zabalza, 1998)

Os espaços de educação pré-escolar podem ser diversos, mas o equipamento, os materiais existentes e a forma como estão dispostos condicionam, em grande medida, o que as crianças podem fazer e aprender.

Perante este fator cabe ao educador questionar-se sobre a função e finalidades educativas dos materiais, de modo a planear e fundamentar as razões dessa organização. Deve ter em vista a satisfação das necessidades educativas do grupo de acordo com os recursos presentes na sala, evitando espaços estereotipados e padronizados, que não são desafiadores para as crianças.

Zabalza (1998) refere que “quando entramos numa sala e vemos como está organizada, fazemos de imediato uma ideia de como trabalha aquele educador, de como vê e entende o trabalho na escola infantil”, ou seja, “diz-me como tens organizada a sala e eu dir-te-ei que tipo de professor és.” (pág. 124)

Segundo este autor, existem critérios que promovem a criação de ambientes de qualidade, ricos e estimulantes, tais como: ao organizar o espaço da sala de atividades, o educador divide-o por áreas de trabalho que permitam à criança

delimitadas com marcas na parede, no chão, ou com mobiliário disposto estrategicamente. No entanto, apesar de haver uma delimitação das áreas, esta organização deve ser flexível a qualquer intervenção ou transformação.

O mobiliário e os materiais devem estar acessíveis às crianças, para que estas se possam tornar cada vez mais autónomas em relação ao educador; o educador deverá ser bastante rigoroso na seleção do mobiliário para garantir a segurança e evitar acidentes e riscos para as crianças; este tem de ser esteticamente agradável, com cores vivas, original e criativo, e tanto quanto seja possível, possa ser personalizado pelas crianças, promovendo a sua participação na decoração do espaço. (Zabalza, 1998)

O processo de aprendizagem implica também que as crianças compreendam como o espaço está organizado e como pode ser utilizado. O conhecimento do espaço, dos materiais e das atividades possíveis são também condição de autonomia da criança e do grupo. Assim sendo, se ao chegarem à sala e encontrarem os móveis e os materiais arrumados de forma agradável, bem organizados e convidativos, as crianças sentem- se motivadas, sabem escolher o que desejam e colaboram com a organização geral. Por outro lado, se as áreas não estiverem bem definidas e os materiais colocados no sítio correto, as crianças não sabem o que podem fazer e ficam desorientadas, sendo incapazes de assumir a atitude de autonomia que se deseja estimular.

Para que as atividades diversificadas aconteçam num ambiente harmonioso e de forma organizada é desejável que sala se encontre preparada de acordo com as necessidades do grupo que nela se encontram. No caso da sala “As Abelhinhas” esta encontra-se bem organizada, apesar de ser uma sala pequena, o que faz com que o mobiliário esteja muito próximo um do outro, no entanto, este facto não prejudica os acessos/percursos das crianças uma vez que têm 4 e 5 anos, e sabem deslocar-se corretamente na sala, sem embater no mobiliário. O posicionamento do mobiliário e dos espaços (cantinhos) permitem uma mobilidade, sem restrições, às crianças para a sua sucessiva autonomia e desenvolvimento.

Contudo, aquando de uma atividade que exija mais espaço é necessário mover o mobiliário (mesas e cadeiras), fator este que pode quebrar o seguimento de uma atividade, bem como pode provocar a agitação do grupo.

A sala “As Abelhinhas” possui material diverso, designadamente: cadeiras, mesas com tampo lavável, estantes, cesto do lixo, quadro de ardósia e expositores em corticite nas paredes, mobiliário este que se encontra enumerado no Despacho Conjunto 258/97 de 21 de Agosto. Como já foi referido anteriormente, a sala é de dimensão reduzida, no entanto, está organizada de modo a que os cantinhos e áreas de brincadeira livre tenham mais espaço, do que propriamente junto às mesas onde as crianças realizam atividades orientadas.

No que diz respeito a espaços lúdicos, cantinhos, que convidam à brincadeira livre e à realização de atividades orientadas, a Obra de Santa Zita de Castelo Branco, mais concretamente a sala de atividades “As Abelhinhas”, está organizada por cantinhos temáticos: o cantinho dos livros, o cantinho da casinha, o cantinho da pintura, o cantinho do computador, o cantinho da garagem, o cantinho dos jogos e construções, o cantinho do quadro de ardósia.

O cantinho da casinha situa-se num espaço exterior à sala de atividades, onde as crianças podem brincar com bonecas, com materiais relacionados com a cozinha (talheres, pratos, chávenas, alimentos variados, tachos, etc.) com fogão, mesa, cama, cómoda com alguns acessórios de caraterização (lenços, aventais, sapatos e um carrinho de bebé de brincar) propícios aos momentos de “faz-de-conta” e de representação, entre outros.

Todo o mobiliário e materiais está de acordo com a faixa etária e com a altura das crianças. Ao apetrechar o cantinho da casinha, o educador, deverá ter em consideração as vivências e experiências anteriores do seu grupo de crianças, pois para imitarem as pessoas que conhecem, as crianças precisam de ter à sua disposição materiais e auxiliares que lhe sejam familiares.

Esta área é um espaço onde as crianças passam muito tempo, e é, para muitas, a principal escolha. Este cantinho, tal como todos os outros, tem um número limite de utilizadores (cinco crianças). Nesta área as crianças dispõem de “(…) um espaço de representação de diferentes papéis sociais, a área da casa, permite que as crianças desenvolvam uma imagem coerente do seu mundo mais imediato. As crianças têm múltiplas oportunidades para trabalharem cooperativamente, expressarem os seus sentimentos, usarem a linguagem para comunicar sobre os papéis que representam e

responderem às necessidades e pedidos umas das outras.” (Hohmann & Weikart, 1997:188)

Neste espaço, as crianças desenvolvem atividades de imitação, exploração e jogo simbólico e dramático, quer individualmente, quer com o grupo de pares. A área da casa constitui um centro de simulação e de interpretação de papéis.

É neste espaço que as crianças têm oportunidade de representar o que sabem sobre as pessoas que observam e com quem interagem no seu quotidiano, em que experimentam papéis como: as mães, os pais, os bebés, animais de estimação, mudar de casa, telefonar a um amigo, fazer um almoço de família, dar uma festa.

A imitação de pessoas e situações que viveram ajuda as crianças a entenderem melhor o “mundo dos adultos”. Esta interação dá-lhes a oportunidade de trabalharem em grupo, de exprimirem sentimentos e ideias e de utilizarem a linguagem para comunicarem os seus papéis, e responderem adequadamente às necessidades e pedidos das outras crianças.

No cantinho dos jogos existem variadas tipologias de jogos: jogos de encaixe, jogos de associação, jogos para trabalharem a matemática, como puzzles, blocos lógicos, tangram e figuras geométricas; o conhecimento do mundo, como peças do corpo humano, alguns jogos de correspondência de peças.

É imprescindível este género de área, onde as crianças:

“(…) aprendem coisas novas e crescem a cada dia, a todos os níveis: cognitivo, emocional, linguístico, social e motor (…). O jogo e a brincadeira são sempre situações em que a criança realiza, constrói e se apropria de conhecimentos das mais diversas ordens. Eles possibilitam, igualmente, a construção de categorias e a ampliação dos conceitos das várias áreas do conhecimento. (…) Cabe ao educador mediar estas situações, aproveitando para interagir e transmitir conhecimentos através da brincadeira que ali se desenrola, uma vez que o lúdico possibilita uma das actividades mais significativas para a aprendizagem.” (Homem, 2009: 23)

Nesta área “(…) as crianças brincam com jogos simples, puzzles e conjuntos de

materiais lúdicos que podem ser

manipulados e usados de diversas maneiras. Trabalhando sózinhas ou perto de outras, as crianças usam os materiais, ora de uma forma simples, ora complexa; podem explorar novos materiais (…), encaixar e desmontar estruturas pequenas, formar padrões.” (Hohmann & Weikart, 1997: 199)

Neste cantinho, bem como nos restantes, os materiais encontram-se todos acessíveis às crianças e isso permite que sejam elas que arrumam os materiais,

guardando-os no respetivo armário em caixas que encaixam no armário que limita o espaço dessa área.

No cantinho dos jogos e construções, encontram-se legos e materiais de manipulação, onde as crianças têm oportunidade de brincar sozinhas ou com os colegas, onde constroem todo o tipo de estruturas, onde fazem testes de equilíbrio, inclusão, padronização e simetria, desenvolvem também combinações de blocos com figuras de pessoas, de animais e de carros, em brincadeiras que imitam a realidade vivida e interiorizada.

As crianças conferem diferentes significados às suas construções, que podem ser: casas e celeiros; as peças de blocos ou pavimentações podem ser ruas, muros, entre outros. À medida que as crianças brincam, quer sozinhas, quer em grupo, o educador pode e deve apoiar as atividades de exploração, imitação, resolução de problemas a nível espacial, seriação, comparação e “faz de conta”.

O cantinho dos animais contempla uma caixa com variadíssimos animais em plástico.

No cantinho da garagem existe um tapete com um circuito e uma garagem onde as crianças brincam com os diferentes carros, simulando estradas e uma estrutura que representa uma garagem. Esta área é frequentada, maioritariamente, por meninos. Neste espaço a criança tem oportunidade de brincar com carros e outro tipo de meios de transporte, estimulando a aprendizagem dos conceitos de tamanho, superfície, forma, peso, volume, quantidade e equilíbrio e noções de geometria e de física.

Neste cantinho, as crianças desenvolvem atividades de construção e exploração, bem como atividades de imitação e jogo dramático do que veem no seu dia-a-dia, durante o jogo dramático (faz de conta) as crianças brincam umas com as outras, representando diferentes papéis e experiências, tais como: referir que “vai ao mecânico”, “vai estacionar”, convidar amigos para ir dar um passeio. Ao representar diferentes papéis sociais que observa no seu meio, a criança interioriza e compreende melhor o meio em que vive.

No cantinho dos livros a criança tem à sua disposição diferentes tipos de livros, colocados num expositor, para uma exploração livre, uma vez que nesta idade as crianças já têm consciência de

que é necessário preservar o material.

Os livros arrumados e

disponibilizados nos

expositores, deixando visíveis as capas, permitem que a criança vislumbre com maior rapidez os livros que tem à sua disposição. A tipologia de livros disponíveis, não deverá contemplar toda a coleção de livros disponíveis para o pré-escolar, uma vez que é muito mais motivador e

interessante substituí-los periodicamente. Este espaço deve ser um cantinho

“(…) agradável onde podem ver livros e revistas, sózinhos, com os amigos ou com um adulto que concordou em lhes ler em voz alta. (…) Embora as crianças do Jardim de Infância “escrevam” habitualmente usando gatafunhos, desenhos e letras inventadas, em vez de escrita convencional, é importante que se expressem dessa maneira já que este tipo de experiência marca o início dos comportamentos de leitura e escrita.” (Hohmann & Weikart, 1997:202/203)

É neste espaço que as crianças observam e leem livros, simulando a leitura recorrendo à memorização e pistas visuais transmitidas pelo texto icónico, ouvem histórias, inventam histórias e recontam-nas à sua maneira.

O cantinho da pintura dispõe de um cavalete com os respetivos acessórios (copos com tinta, pincéis e folhas de papel manteiga). A utilização do cavalete permite que as crianças trabalhem sozinhas e discutam as suas construções plásticas com os outros amigos. Quando terminam as suas construções plásticas, o educador afixa-as no placard de corticite, para que possam secar e mostrar as suas atividades artísticas e criativas.

É um espaço onde as crianças desenvolvem a criatividade, experimentam e treinam noções de espaço, imagem mental

Figura 7 – Cantinho dos Livros

dos objetos e pessoas.

O cantinho do computador consiste num espaço utilizado para a exploração da informática pelas crianças, onde dispõem

de jogos interativos, visualizam filmes,

jogam jogos didáticos com temas

diversificados favoráveis ao seu

desenvolvimento.

Existe uma grande panóplia de programas de software que permitem que as crianças desenhem, façam máscaras, bolos, efetuem jogos de adequação,

comparação, contagem e memória,

elaborem padrões, façam experiências com letras, escrevam o seu nome, entre outras.

Quando as crianças manuseiam

computadores, partilham jogos, ideias, estratégias e descobertas, apoiando-se umas nas outras para resolverem problemas. “As crianças que são bem sucedidas com os computadores por via do

entusiasmo que demonstram atraem, por vezes, outras que passam a acompanhá-las nas suas actividades. Ansiosas para mostrar as suas capacidades estes “especialistas” ajudam as crianças mais retraídas no uso dos computadores” (Hohmann (1990:9) citado por Hohmann & Weikart, 1997:209)

O cantinho do quadro é um espaço em que a criança representa através do desenho situações pessoais significativas, que pode apagar a qualquer momento, se assim lhe aprouver. As crianças utilizam, também, o quadro para escrever o nome, para realizarem desenhos, palavras inventadas, ao invés da escrita

convencional. Este

comportamento é muito

importante uma vez que marca o início da aprendizagem da leitura e da escrita.

Figura 10 – Cantinho do quadro

Para além do espaço interior (micro contexto), também, o espaço exterior funciona como espaço educativo pelas potencialidades e oportunidades educativas que oferece. O espaço exterior constitui um prolongamento do espaço interior, na medida em que pode potenciar o desenvolvimento de atividades enriquecedoras que antemão, não se podem concretizar no espaço interior. Neste espaço, as crianças têm à sua disposição materiais e utensílios com os quais podem contactar e manipular, e que lhes oferecem diferentes formas de brincar e de se expressarem livremente.

É no espaço exterior que as crianças podem correr livremente, onde têm à sua disposição brinquedos com rodas, tais como: bicicletas, triciclos e carros, onde podem jogar à bola, andar de escorrega, trepar às árvores, puxar cestos com cordas, regar plantas, cuidar de pequenos animais domésticos (tartarugas), ou seja atividades que apenas podem desenvolver no espaço exterior.

Quando se encontram no exterior, as crianças evidenciam capacidades distintas daquelas que demonstram em espaços interiores. Podem, por exemplo, demonstrar que possuem grandes qualidades de equilíbrio, ao treparem às árvores, no espaldar e nas diferentes cordas dispostas nas árvores. É fundamental para o crescimento e desenvolvimento de cada criança, que tenham, a cada dia, acesso a um espaço exterior, onde possam brincar livremente. (Hohmann & Weikart, 1997)

3.2.1. Organização do tempo

“O tempo educativo contempla de forma equilibrada, diversos ritmos e tipo de actividades, em diferentes situações... e permite oportunidades de aprendizagem diversificadas…” (OCEPE, 1997:20)

O tempo educativo tem, regra geral, uma distribuição flexível, embora corres- ponda a momentos que se repetem com uma certa periodicidade. A sucessão de cada dia tem um determinado ritmo, existindo uma rotina que é educativa porque é intencionalmente planeada pelo educador e é conhecida pelas crianças, que sabem o que podem fazer nos vários momentos e prever a sua sucessão.

As referências temporais estabelecidas pela rotina transmitem segurança à criança e servem como fundamento para a compreensão do tempo e, simultaneamente, estimulam a sua autonomia e iniciativa.

A rotina diária determina o funcionamento da sala, do grupo e dos adultos e deve estar intimamente relacionada com a organização do espaço, pois a utilização do tempo depende das experiências e oportunidades educativas que se podem retirar dos espaços; a articulação entre tempo e espaço deve ser planeada pela educadora e ter em conta as características do grupo e as necessidades das crianças.

A rotina, segundo Zabalza (1998), é um instrumento que enquanto estrutura organizacional pedagógica permite ao educador promover atividades lúdicas diferenciadas de acordo com as experiências que pretende promover. Uma rotina diária adequada permite que a criança concretize os seus desejos e interesses, faça escolhas, tome decisões e resolva problemas de acordo com a sua individualidade, no contexto em que surgem.

Ainda para o referido autor, a rotina baseia-se na repetição de atividades e ritmos, na organização espácio-temporal da sala e desempenha importantes funções na configuração do contexto educativo.

Vejamos, de acordo com Zabalza (1998), o importante papel desempenhado pelas