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4. Aprendizagem Baseada Em Projetos

4.1. Caracterização de PjBL

De acordo com pressupostos da metodologia PjBL a realização de um projeto assentará na resolução de um problema real que, idealmente, abranja conceitos de diversas áreas.

Segundo o Buck Institut of Education (2009), as características que definem esta metodologia assentam em quatro pilares, sendo eles, os conteúdos, as condições, as atividades e os resultados.

No que diz respeito aos conteúdos, a metodologia do PjBL dá um grande ênfase neste fator, apresentando-o de forma mais real, adaptado à atualidade e realidade que os alunos conhecem. O Buck Institut of Education (2009) refere algumas vantagens inerentes a este tipo de aprendizagem pois, esta aproximação à realidade dos alunos permite despertar o interesse e a motivação, fomentando nos alunos a construção dos saberes a partir da sua experiência.

Relativamente às condições, com as múltiplas formas de participação dos alunos, evita que estes façam apenas o que já estão habituados a fazer. Assim, integrando vários tipos de saberes, esta metodologia pode ir de encontro aos ritmos de aprendizagens de cada aluno.

As atividades na utilização desta metodologia referem-se essencialmente a trabalhos de pesquisa multifacetada, onde os alunos se vão deparando com alguns obstáculos, procurando recursos que permitam a solução dos mesmos. Para além disso, está implícito nas características desta metodologia, um feedback constante por parte do professor, de forma a que o aluno se sinta apoiado nas suas tomadas de decisão.

O último pilar, refere-se aos resultados, que resultam nesta metodologia, num produto final. Desta forma, o PjBL ajuda os alunos no desenvolvimento de competências de trabalho, motivando os alunos na construção de um recurso final, tornando a aprendizagem mais significativa através da integração de conceitos que atravessam várias áreas, articulando os objetivos cognitivos, sociais e emocionais.

Com esta metodologia de ensino, os alunos terão oportunidade para fazer investigação ativa que lhes permitirá consolidar conceitos, aplicar informação e representar o seu conhecimento de diversas formas. Deverá ser promovida a colaboração entre alunos, professores e eventualmente outros membros da comunidade educativa para que haja partilha e distribuição de conhecimento.

O PjBL é também definido por alguns autores como um plano estratégico, recheado de colaboração e atividade, que dá ênfase à “aprendizagem centrada no aluno, no trabalho em equipa e no desenvolvimento de competências” (Johnson, Johnson & Smith, 1998; Bessa & Fontaine, 2002, citados por Fernandes, 2010).

Como refere Prince e Felder uma das principais características desta metodologia é o produto final. Desta forma, os autores salientam que

Project-based learning begins with an assignment to carry out one or more tasks that lead to the production of a final product—a design, a model, a device or a computer simulation. The culmination of the project is normally a written and/or oral report summarizing the procedure used to produce the product and presenting the outcome. (Prince & Felder, 2006, p. 14)

Neste contexto, o PjBL abrange mecanismos fundamentais à resolução de um problema, exigindo ao aluno ou grupo de alunos a obtenção de capacidade de iniciativa, sendo que o projeto desenvolvido deverá culminar num produto final.

Helle, Tynjälä e Olkinuora (2006) com base numa revisão da literatura, identificam um conjunto de características referentes à metodologia de PjBL:

a) Os problemas a resolver podem ser colocados pelos professores, alunos ou outro interveniente;

b) A metodologia utilizada resulta num produto final que podendo ser um relatório, um plano, um programa de computador, um objeto físico ou outro produto;

c) O trabalho decorre, frequentemente, por um período contínuo de trabalho;

d) O professor está envolvido no processo de forma a aconselhar e orientar os alunos através das etapas do projeto, deixando o papel autoritário e de controlo a que normalmente está habituado.

Ainda segundo Helle, et al. (2006), esta metodologia pode ser implementada sob diferentes formas, consoante orientações pedagógicas, éticas ou políticas:

a) Exercício de Projeto: Esta forma de projeto implica a aplicação de conhecimentos por parte dos alunos que tenham sido previamente adquiridos sobre temas ou técnicas anteriormente conhecidas para chegar a um objetivo final.

b) Componente de Projeto: Esta forma de projeto envolve geralmente objetivos mais abrangentes fomentando também possíveis interdisciplinaridades. A mesma pode também estar relacionada com aspetos do mundo real.

c) Orientação de Projeto: Este tipo de projeto é o mais abrangente dos três. Envolve a globalidade do programa de estudos e, neste caso, os

alunos são envolvidos desde o início do curso que frequentam e todas as disciplinas são enquadradas com um determinado objetivo no projeto.

Para além do Buck Institut of Education, também autores como Almeida e Moreira (2007), referem a proximidade da aprendizagem baseada por projetos com a interdisciplinaridade, onde de um lado existe a teoria e do outro a prática.

A metodologia por PjBL remete também para a existência de grupos de trabalho fomentando assim a interação aluno-aluno e o espírito de grupo. Neste sentido, vários autores apontam algumas vantagens na realização deste tipo de trabalho, pois existe uma melhor gestão de conflitos em situações de trabalhos em grupo (César, 2000). Na mesma linha de pensamento, o estudo de Bryant, Romero e Boulay (2008) refere que a atividade de programação realizada entre pares traz benefícios ao nível académico porque, por exemplo, as soluções podem ser elaboradas e discutidas com maior detalhe. Ao trabalharem em grupos, os alunos serão levados a argumentar e defender as suas opiniões sendo que desta forma as aprendizagens tornam-se mais efetivas.

Assim, a operacionalização do cenário de aprendizagem na prática de ensino supervisionada, assentou numa metodologia de aprendizagens por projeto (PjBL) privilegiando vários aspetos (Noordin et al, 2011) nomeadamente:

• Participação dos alunos na própria avaliação; • Trabalho colaborativo;

• Produto final;

• Planificação das fases de Projeto; • Calendarização de fases do Projeto; • Interdisciplinaridade.

Esta metodologia, bem aplicada, requer inevitavelmente, um maior volume de trabalho do que o formato de palestra/tutorial e implica um desenvolvimento contínuo de materiais nas diversas fases (Frank, Lavy & Elata 2003; Helle , Tynjälä & Olkinuora 2006).