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Parte II – Estudo Empírico

5. Caracterização do campo de investigação

5.1. Caracterização da Escola/Meio

Esta escola, de 1º ciclo, fica situada na Freguesia de Alcabideche, concelho de Cascais. É uma escola pública e encontra-se no novo modelo Autonomia e Gestão Vertical, ao qual pertencem um Jardim de Infância; cinco escolas do 1º ciclo e a escola EB2,3 que funciona como sede do Agrupamento.

A escola está implantada numa zona habitacional, num meio de características semi-rurais e tem vindo a sofrer alterações significativas, quer devido ao aumento da construção para habitação própria, quer à construção de bairros de realojamento no âmbito do programa PER (Programa Especial de Realojamento) da Câmara Municipal de Cascais.

Possui dois edifícios autónomos, distribuídos no mesmo logradouro, sendo um deles de construção moderna sem tipo definido e o outro de plano Centenário.

O edifício de construção moderna tem duas salas de aula, uma cozinha e um refeitório, quatro casas de banho, três pequenas arrecadações e uma pequena sala de professores. O plano Centenário tem uma sala de aula, uma sala de entrada (onde funciona uma pequena biblioteca utilizada pelo pessoal docente e discente) e duas casas de banho.

Devido ao aumento da população escolar, foi ainda colocado no espaço do recreio um “contentor” que funciona como sala de aula.

Da comunidade educativa faziam parte noventa e quatro alunos, distribuídos por quatro turmas (1º, 2º, 3º e 4º ano, respectivamente) que funcionavam em regime normal (entre as 9h e as 15h e 30min, com 1h e 30min de almoço) e quatro docentes.

No ano em que decorreu o presente estudo, foram ainda colocadas uma professora de Ensino Especial e uma do Apoio Sócio-educativo, cujo apoio é partilhado com outras escolas do agrupamento.

Dispunha ainda esta escola de duas Auxiliares de Acção Educativa.

O refeitório tinha três funcionárias e era administrado pela Santa Casa da Misericórdia de Cascais.

Esta escola não era tida como uma escola problemática, não tendo aparentemente características multiculturais ou multi-éticas acentuadas e aparentemente apresentava um ambiente calmo.

O edifício situa-se numa zona de classe média a tender para a alta, mas os alunos que o frequentavam eram provenientes de todos os estratos sociais, incluindo alunos de uma instituição de solidariedade denominada “Aldeia de crianças S.O.S.”. Esta instituição acolhe crianças órfãs, abandonadas ou desprotegidas, proporcionando-lhes uma “família” e cuidados. Algumas destas crianças eram alunas da referida escola, revelando algumas, problemas de integração social e de aprendizagem.

5.2. Caracterização dos Participantes

5.2.1. A Turma

A turma dos alunos onde se desenvolveu o estudo é constituída por 24 alunos, 16 raparigas e 8 rapazes, com idades compreendidas entre os 8 e os 10 anos.

Nela estão incluídos 21 alunos matriculados pela primeira vez no 3º Ano de escolaridade e 3 alunos matriculados no 2º Ano pela 2ª vez, por motivo de retenção, sendo que o aluno com 10 anos já possui uma retenção repetida (está no 2º ano pela 2ª vez).

De acordo com o Projecto Curricular de Turma (PCT) que nos foi facultado pela docente, a situação socio-económica dos pais dos alunos é mais ou menos estável e a composição do agregado familiar é variável: doze alunos vivem no agregado com o pai, a mãe e irmãos; um vive apenas com a mãe; cinco com a mãe e outros; dois com o pai e outros três vivem com a mãe da “família” da Aldeia S.O.S.

Quanto à diversidade cultural, este grupo tem apenas duas crianças oriundas dos PALOP’S (Moçambique e Guiné).

Os alunos pertencem, na sua maioria, a uma classe socio-económica média, com escolaridade parental média.

Relativamente ao desempenho escolar, a professora, em conversa informal caracterizou a turma “como sendo uma turma heterogénea, como são a maioria das turmas, embora na sua maioria, os alunos sejam interessados, possuam bom aproveitamento e sejam muito receptivos a novas experiências de aprendizagem”.

A professora falou também do envolvimento que a maioria dos Encarregados de Educação tem demonstrado relativamente à Escola. Acompanham a evolução dos filhos, ajudam em trabalhos de pesquisa e participam em diversas actividades, nomeadamente no “Problema da semana” e na “História da semana”.

A turma está habituada a trabalhar de diferentes formas: individualmente, aos pares, em pequenos grupos ou com a turma toda.

Informou também que estes alunos têm vindo a revelar maior interesse pela área da Matemática, nomeadamente na resolução de problemas.

Ainda segundo a professora, este grupo “é um grupo que se relaciona bem, não apresentando dificuldades de rejeição ou liderança entre os pares e não apresentando também problemas de disciplina”.

Tendo-nos sido facultado o acesso ao Projecto Curricular de Turma, pudemos também constatar que as AT estão incluídas nas competências transversais, no item “Relacionamento Interpessoal e de Grupo”, surgindo também para desenvolvimento de competências sociais (interiorização de regras de comportamento na sala de aula; gestão de conflitos e debate de temas em articulação com os conteúdos de Estudo do Meio e de Educação para a Cidadania) a desenvolver na área curricular não disciplinar de Formação Cívica.

Em conversa informal com a docente da turma, percebemos que as AT, apenas acontecem na sua turma e que do seu conhecimento mais nenhuma docente aderiu à sua prática, apesar de terem conhecimento que esta actividade acontece semanalmente na sua turma.

5.2.2. A Professora

Neste estudo, considerámos relevante mencionar alguns aspectos do percurso profissional, da docente, assim como da sua percepção acerca das Assembleias de Turma.

Esta professora já era do nosso conhecimento pessoal há alguns anos atrás, altura em que leccionámos na mesma escola.

Por outro lado, também era do nosso conhecimento que a referida professora implementava as Assembleias de Turma na sua prática pedagógica. Esta actividade, de acordo com a sua entrevista, vem sendo desenvolvida nas suas

turmas, praticamente desde o início da sua actividade profissional. Informalmente já nos tinha dito que começou a realizar AT numa escola de Algés, no ano lectivo 1990/91. Contudo, nunca tínhamos trocado ideias sobre estas práticas, nem assistido a elas.

A professora em causa possuía 21 anos de serviço, trabalhou em vários distritos do país. À data, já pertencia há três anos ao quadro da escola onde se realizou o presente estudo.

Fez a sua formação inicial na Escola do Magistério Primário de Chaves e mais tarde “quando estava no 16º Ano de serviço” (E2) fez o Complemento de Formação no domínio de especialização da Matemática, na ESE de Lisboa.

Assumiu que na sua formação inicial, este não era o curso que pretendia, mas as saídas que havia na zona onde vivia eram muito poucas, para além de ainda ser muito nova na altura (18 anos).

Ao entrar no Magistério Primário ainda quis desistir, mas desde a primeira vez que começou a contactar com crianças que tudo mudou. A este propósito, durante a entrevista afirmou: “(...) hoje estou realmente muito satisfeita com aquilo que faço, gosto muito e se voltasse atrás era o curso que tirava de novo” (E6).

Tem efectuado formação contínua em diversas áreas curriculares e não curriculares, mas em nenhuma se abordou a questão das AT.

É professora deste grupo desde o 1º Ano, iniciando-os nas AT desde essa altura, embora como referiu na sua entrevista, não as realizasse com a periodicidade e objectivos com que as implementava actualmente, no mesmo grupo. Inicialmente neste espaço faziam, essencialmente, a avaliação dos comportamentos (auto e hetero-avaliação) e davam sugestões sobre algumas das actividades que gostariam de realizar na semana seguinte.

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