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Caracterização do espaço e materiais

Capítulo V. Enquadramento Contextual

5.3 Caracterização do espaço e materiais

Acreditamos que os centros de educação infantil devem proporcionar a bebés e crianças de tenra idade ambientes bonitos que apoiem o jogo centrado na criança, iniciado pela criança e facilitado pelo educador.

Louis Torelli e charles Durret (1998) in Post e Hohmann (2003, p.99)

A organização do ambiente educativo exige reflexão por parte do educador, no sentido de perceber de que forma a disposição da sala e a arrumação dos materiais favorece a aprendizagem ativa das crianças e, nesse sentido, a sua crescente capacidade e necessidade de autonomia e independência em relação ao adulto. Desta forma, um ambiente bem pensado e organizado oferece às crianças oportunidades de desenvolvimento físico, social, comunicacional e cognitivo. De modo a proporcionar à criança um sentimento de segurança e fomentar a sua autonomia, o espaço físico deve estar bem organizado e dividido em áreas diferenciadas, com materiais arrumados de forma consistente. Porém, no sentido de responder ao desenvolvimento das crianças e às suas necessidades de aprendizagem ativa, importa que o espaço seja também flexível, que cresça e se desenvolva com o próprio grupo.

A sala de atividades do grupo 2A diferenciava-se pela amplitude, pelos seus acessos diretos ao espaço exterior e pelo seu enorme potencial de obtenção de luz natural, já que uma das paredes da sala é totalmente composta por janelas.

O espaço físico encontrava-se dividido em sete áreas de interesse distintas (somo é possível ver na figura seguinte), sendo todas elas do conhecimento das crianças. Seis delas organizavam-se ao redor da sala e uma no espaço central; existia ainda um espaço destinado à higiene e uma área de repouso que surgia apenas nos momentos de descanso.

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A área central (J) era constituída apenas pelo tapete central da sala, de grandes dimensões, onde se realizavam os momentos de acolhimento e praticamente todas as atividades de grande grupo que aconteciam no espaço interior. Este espaço, livre e descongestionado, servia também aos mais variados interesses das crianças, sobretudo nos momentos de escolha livre, sendo utilizado para saltar, correr, gatinhar, rebolar e criar pseudo-áreas de interesse, conjugando materiais.

A área de repouso surgia através da colocação de catres ao longo de todo o espaço da sala. Os catres eram colocados pela equipa de apoio e manutenção durante os períodos de refeição e retirados logo após os momentos de descanso. A disposição dos catres não era aleatória, pelo contrário, respeitava diariamente uma escolha feita pela equipa educativa, de modo a proporcionar a todos as melhores condições de descanso.

O espaço de higiene (H) aglomerava o fraldário e um pequeno lavatório, feito à medida das crianças. Incluído no fraldário existia ainda um armário, onde eram guardadas as fraldas, cremes para muda de fralda, toalhitas e outros pertences das crianças que não haviam ainda realizado o desfralde. Por cima do lavatório, fora do alcance das crianças, existiam duas prateleiras onde se guardavam os cremes de rosto e protetores solares de todas as crianças, assim como escovas de cabelo e medicamentos. Em cima do lavatório encontrava-se, ainda, um tabuleiro com as garrafas de água de todas as crianças, e um garrafão do qual se iam enchendo as garrafas. A escolha de arrumação deste tabuleiro foi pensada no sentido de proporcionar ao grupo a maior autonomia possível quando necessitavam de beber água, dependendo dos adultos apenas quando acabava a água da sua garrafa.

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A área da casa(I), dividida em quarto e cozinha, encontrava-se logo à entrada da sala, constituída por mobiliário de quarto e de cozinha. A parte da cozinha era composta por diversos materiais, desde loiças em plástico e madeira, vassouras a apanhadores, aventais, uma mesa e bancos. Na parte do quarto, era possível encontrar-se mobiliário de quarto, diversos bonecos, carrinhos de bebés e inúmeras roupas, quer para os bonecos, quer para as próprias crianças, além de acessórios e outros objetos como telemóveis e computadores.

A área do supermercado (G) surgia numa pequena estrutura em plástico resistente e com cores alegres, dentro da qual se encontravam diversos alimentos em plástico e embalagens de alimentos em diversos materiais, uma máquina registadora e um carrinho de compras. A existência desta área explica a falta de alimentos na área da cozinha e esta questão levava a uma experimentação muitas vezes conjunta das duas áreas e, outras vezes, permitia momentos de brincadeira que envolviam as crianças das duas áreas.

A área da expressão plástica (F) estava situada na extremidade da sala mais afastada da porta e era constituída por duas mesas de trabalho e cadeiras; a utilização destas mesas nos momentos de escolha livre era, na grande maioria das vezes, divida entre manuseamento de plasticina e desenho/pintura. Junto a estas mesas existiam duas grandes prateleiras, através das quais as crianças tinham acesso a folhas brancas, desenhos impressos, lápis de cor, marcadores, lápis de cera, plasticina e utensílios, e onde se guardavam diversos materiais utilizados para a realização de trabalhos de artes plásticas como tecidos com diferentes cores e texturas, colas, tesouras, revistas, papéis diferenciados. A organização desta área parecia fazer adivinhar uma anterior reflexão da educadora, já que apesar de aportar diferentes materiais, só estavam ao alcance das crianças aqueles que permitiam o seu uso autónomo com segurança.

A área das construções (E) era composta por uma grande variedade de materiais, blocos de madeira, blocos de encaixe de plástico (grandes e pequenos), diversos animais em plástico, carros de corrida em formato pequeno e outros maiores. Por ser constituída apenas por caixas de arrumação (etiquetadas) com os materiais, encostadas a uma das paredes da sala, ao brincar nesta área as crianças ocupavam, muitas vezes, uma parte do espaço central.

A área da biblioteca (D) localizava-se num dos cantos da sala e apresentava um pequeno espaço de descanso, confortável, com um sofá e uma manta, nos quais as crianças tinham a

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oportunidade de explorar diversos livros, que se organizavam numa prateleira também ela ao alcance das crianças.

A prateleira dos livros, a par de uma outra com jogos, marcava a divisão entre a área anterior e a área dos jogos (C), composta também por uma mesa e algumas cadeiras. Neste espaço as crianças podiam encontrar diferentes jogos de encaixe, puzzles e outros jogos de mesa. Relativamente à organização do espaço, saliento, ainda, a existência de um espelho de dimensões consideráveis, colocado ao nível das crianças, numa das paredes da sala. Devo mencionar, também, os esforços da equipa educativa no sentido de facilitar ao grupo a arrumação dos materiais, existindo uma etiquetagem fotográfica de todos os elementos em cada uma das áreas.

No que respeita ao espaço exterior, como anteriormente referi, a sala apresentava uma parede composta por janelas, com portadas de acesso ao exterior, composto por um espaço de areia com escorrega, uma parte de terreno relvado, com baloiços e muito espaço livre e ainda uma parte em cimento, onde era permitido às crianças andar de triciclo e jogar à bola, por exemplo. A facilidade de acesso ao exterior que a sala apresentava levou à realização, em diversos momentos, de atividades de grande e pequeno grupo neste espaço.