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2.2 PLANEJAMENTO TURÍSTICO

2.2.4 Caracterização do planejamento turístico

O planejamento turístico possui diversas características, uma delas refere-se a sua abrangência, que tanto pode ser a nível local, regional, estadual ou nacional.

No âmbito nacional, Molina e Rodríguez (2001, p. 86) afirmam que é “aquele cujas políticas são aplicáveis em todo o país”. Ou seja, são as políticas que servem de instrumentos orientadores das ações para a estruturação dos destinos, pautado num objetivo comum. Estas políticas serão descritas no item de políticas públicas.

Em relação ao planejamento a nível regional, para Organização Mundial do Turismo (OMT, 1998, 177) envolve a coordenação pelas entidades locais e superioras do território com vistas a promover a infraestrutura de acesso à região (rede de transporte) e comunicação, proporcionando também a “realização das entradas necessárias para a realização de atividades que promovam um determinado tipo de investimento público”. Também coloca (OMT, 2003) que por vezes, também envolve o estabelecimento de padrões de instalações e serviços e, outras vezes, a determinação de políticas regionais de investimento, com trabalho de marketing turístico regional.

O planejamento regional tanto é visto como o agrupamento dos municípios, conforme o autor acima, assim como o agrupamento dos estados, entendido por Molina e Rodríguez (2001, p.86), que afirmam ser “válido para uma grande região do país, com características físicas, econômicas e sociais semelhantes”.

Em relação ao planejamento estadual, Molina e Rodríguez (2001) o definem como aquele dentro dos limites do estado e o local compreendem aquele realizado nos limites do município.

Entretanto, o que deve ser considerado como fator principal no planejamento turístico é o fato de que é sobre os núcleos receptores que a atividade vai impor maior gama de transformações, que são de caráter social e espacial. Para promover a acessibilidade dos turistas (aeroportos e rodoviárias), as infraestruturas são implantadas ou apropriadas; também são criadas infraestruturas de hospedagem, restauração, lazer e serviços em geral para uso turístico, como menciona Cruz (2003, p. 25) “o turismo é capaz de reorganizar sociedades inteiras para que ele possa acontecer”.

Neste contexto apresentado, fica nítido que o destino turístico precisa ser amplamente pensado com base na realidade e características do local, preservando a integridade, sem degradar ou descaracterizar o

destino.

Um aspecto importante, trazido por Cebrián Abellán et. al. (2001), é que a planificação turística só é efetiva quando previne riscos tanto sobre o território como sobre a própria atividade. Para ele não é possível uma planificação turística do território quando a pretensão é se concentrar em maximizar benefícios em curto prazo. Além disto, deduz que só pode haver resultados sustentáveis e previsão de risco quando se unem planificação com gestão.

Para o foco na gestão turística, tanto local como regional, é imprescindível abranger o poder público (em todos os níveis), o privado, o terceiro setor e a comunidade, seguindo políticas estruturadas para desenvolvimento sustentável.

Fogaça (2008) coloca que o ideal da gestão de uma destinação turística se dá a partir de um modelo participativo, estando todos os agentes (público, privado e comunidade) buscando um objetivo comum, com estratégias/ações determinadas sob responsabilidade de cada um.

Para que o planejamento ocorra, faz-se necessária a adoção de metodologias, desta forma, algumas etapas precisam ser seguidas para que se alcancem os objetivos propostos.

Para Ignarra (2003), as etapas para o planejamento consistem em:

a) Diagnóstico; b) Prognóstico;

c) Estabelecimento de objetivos e metas; d) Implantação do plano;

e) Acompanhamento dos resultados. Para Beni (1997), as etapas são:

a) Estudo preliminar – que proporciona a visão de ordenação geopolítica e administrativa; o inventário dos recursos, atrativos e equipamentos; perfil socioeconômico; estágio de desenvolvimento do turismo no local e as tendências do tráfego turístico.

b) Diagnóstico – é a análise dos recursos ambientais, naturais, patrimoniais e culturais e da estrutura econômica, político-institucional e infraestrutura urbana e de acesso; caracterização da estrutura social e das demanda atual e futura; identificação da situação atual do mercado e potencial turístico e do desequilíbrio entre oferta e demanda.

c) Prognóstico – possibilita a formulação de políticas e diretrizes de orientação e programas de ação; estabelece metas e projetos para a sustentabilidade do desenvolvimento econômico e adota programas para o desenvolvimento sustentável do produto turístico.

Há também elementos para serem considerados no processo, conforme traz Molina e Rodriguez (2001): a) receptor – grupo, objeto ou fenômeno no qual se pretende intervir; b) agente do planejamento – indivíduo ou entidade encarregada de conduzir o processo; c) previsão – relacionada com a avaliação antecipada de cenários e variáveis condicionantes; d) informação – aqui há preocupação centrada na determinação da quantidade e qualidade da informação necessária, inclusive confiabilidade; e) objetivos – são os elementos orientadores das ações; f) meios para alcançar os objetivos – referente à determinação de quais (quantitativo e qualitativo) recursos humanos, financeiros e físicos serão disponíveis; g) prazos – para se alcançar os objetivos propostos; h) coordenação – necessidade de fixar sequência às ações para obter maior rendimento dos recursos disponíveis; i)

eficiência – cumpre a função de avaliar as vantagens e desvantagens das

ações comprometidas no processo e j) decisão – processo constante, comprometido com as bases integradas pelos elementos mencionados acima.

Que o planejamento é um instrumento que permite orientar o desenvolvimento da atividade turística é evidente, entretanto, como coloca Silveira (2011), ele não é uma panacéia, responsável por solucionar os problemas ocasionados pelo desenvolvimento inadequado da atividade. Neste sentido, o autor também menciona que o planejamento, que tem por premissa básica os aspectos territorial, focado no uso do solo e recursos naturais, não pode se esgotar nisto, precisa de uma intervenção mais ampla sobre os subsistemas econômico e social.

Neste sentido, buscar-se-á no item a seguir focar no planejamento e estruturação do destino turístico.

2.2.5 Elementos a serem considerados no processo de