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Mensalmente são recebidas cerca de 100 toneladas de matéria prima, estocada na parte externa do barracão. Na triagem trabalham dois funcionários, cada um separa manualmente, por dia, 750 kg de material, que são encaminhados à moagem e lavagem. O materiais inadequados são estocados em caçambas e encaminhados a um aterro sanitário em Cesário Lange, que também recebe os resíduos municipais.

Os materiais são lavados em dois tanques com capacidade para 7.000 litros de água cada e na sequência são encaminhados as duas linhas de secadoras centrifugas. Através de dutos de ventilação forçada o material é acondicionado em um cesto onde ao alcançar sua capacidade de armazenamento, aproximadamente 3.000 quilos, são encaminhados a estocagem para posterior envio a empresa responsável pela extrusão do material.

Os 7.000 litros de efluente são descartados a cada 11 dias em um tanque de decantação com capacidade para 15.000 litros (3 x 5 x 1 m). Os sedimentos que se acumulam na superfície são coletados, e juntamente com o sedimento do fundo da banheira de lavagem e o resíduo da triagem, são encaminhados para o aterro. Como já comentado, posteriormente a água residual é descartada sobre o solo atingindo o manancial dentro da propriedade.

As etapas a seguir, descrevem de forma sucinta o processo que ocorre na empresa, caracterizando o funcionamento dos dois conjuntos de equipamentos responsáveis pela recuperação dos filmes plásticos.

Separação Manual: Em duas esteiras são realizadas a triagem dos diferentes tipos

de plásticos, de acordo com a identificação ou com o aspecto visual, visando a retirada de materiais inadequados ao processo. Nesta etapa são separados rótulos de plásticos, tampas de garrafas, produtos compostos por mais de um tipo de plástico, embalagens metalizadas, grampos, restos de alimentos, etc. Os diferentes tipos de plásticos, o PEAD, PEBD e PP, são beneficiados simultaneamente, a operação de lavagem não é realizada por tipo de plástico. A Figura 10 apresenta foto da triagem da matéria-prima.

Figura 10: Local de triagem da matéria prima com a esteira ao fundo

Os materiais metálicos, quando detectados nos fardos são recolhidos, os menores são separados através da passagem de um imã manual sobre o local. Estes materiais considerados inadequados são ensacados para posterior descarte e envio ao aterro.

Moagem e lavagem: Nesta etapa as embalagens, ainda inteiras, são transportadas

pelas esteiras mecânicas até os moinhos de facas rotativas provido de bicos injetores de água sob pressão (Figura 11 a). As saídas dos moinhos são direcionadas às duas banheiras de lavagem, em formato de canal, com 6m de comprimento, por 1,30m de largura, e 1,10m de altura, com três hastes giratórias. O volume de cada canal é de 8m3, sendo o volume útil efetivamente utilizado correspondente a 7m³, para evitar transbordo durante a lavagem. A Figura 11 b exibe o tanque de lavagem com detalhe para as hastes, que conferem ao fluxo de plásticos flutuantes um escoamento longitudinal.

(a)

(b)

Figura 11: (a) Saída dos moinhos de facas - (b) Tanque de lavagem

Além da lavagem e do escoamento para recolhimento posterior, o tanque permite a separação do material flutuante (os polímeros de interesse) do material de maior densidade que a água, tais como areia, silte, e resinas sem interesse à reciclagem, que sedimentam no fundo das banheiras. São acumulados por um período variável entre 6 a 11 dias, dependendo da deterioração da qualidade da água e da eficiência da lavagem dos

plásticos. Após esse período, ocorre a drenagem do efluente. Durante a troca da água oriunda da lavagem, permanece no fundo dos tanques de lavagem o material sedimentado, (Figura 12), o lodo. Trata-se de um material de difícil retirada pelo alto teor de umidade e que, após a remoção, é armazenado em caçambas. A água de lavagem é direcionada ao tanque de decantação, enterrado no solo (Figura 13).

Figura 12: Lodo acumulado no tanque de lavagem

Figura 13: Tanque de decantação enterrado no solo

Após a lavagem, a coleta do material flutuante (plásticos moídos) é realizada por um equipamento constituído de tambor com eixo rotativo horizontal, de rotação contínua, instalado na extremidade à jusante dos canais de lavagem. Neste tambor há uma rosca

plásticos e drenagem do excesso de água (Figura 14), que retorna através de caneletas ao tanque de lavagem.

Figura 14: Tubo de eixo rotativo que separa os materiais flutuantes (de interesse) da água

Secagem: O plástico já limpo é encaminhado a um conjunto de centrífugas, onde

através de alta rotação ocorre o processo de secagem dos plásticos moídos. Impedidos de retornar pela presença da rosca sem fim interna, os plásticos secos são direcionados, pelo sistema de ventilação forçada, a tubulação que direciona o material para acondicionamento em cestos. O material permanece armazenado no local até alcançar o volume mínimo de transporte para envio à empresa responsável pela extrusão.

Como já comentado, para o abastecimento da indústria a água é coletada em um manancial situado na divisa do lote. Este possui águas claras, não apresenta odor perceptível e tem poucos resíduos visíveis. Através de um desvio realizado no leito do rio, as águas foram direcionadas a uma roda d’água que movimenta uma bomba mecânica responsável pelo deslocamento da água até o reservatório instalado na parte superior do terreno.

Como já comentado, a matéria prima adquirida pela empresa é basicamente constituída de filmes plásticos provenientes majoritariamente da coleta pós-consumo (por catadores autônomos ou associados em cooperativas) e podem ser classificados,

basicamente, em três categorias: PEAD, PEBD e PP. Parte dos lotes é oriundo de resíduos de indústrias (pré-consumo), com propriedades geralmente melhores que os resíduos pós- consumo por não estarem contaminados com outros materiais. Porém o material pós- consumo e os refugos de indústrias são lavados na mesma água, o que pode ocasionar contaminação em todo o material.

Visando ilustrar os procedimentos atualmente realizados na empresa de beneficiamento de filmes plásticos, foi elaborado o fluxograma da Figura 15, caracterizando todas as etapas descritas que compõem o processo.

Figura 15: Fluxograma do processo de beneficiamento - situação atual