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Medidas obtidas na própria empresa determinaram que no processo produtivo ocorre grande reposição de água devido às perdas do sistema, correspondente a cerca de

60% do volume total utilizado em um dia de lavagem. Ou seja, como cada tanque possui a capacidade de 7m³ de água, após um dia de trabalho ocorre a reposição de cerca de 4,2m³, resultando ao final da semana (5,5 dias de trabalho) uma perda de aproximadamente 23,1m³ de água por tanque.

De acordo com estudo publicado por BORDONALLI (2009), ao avaliar a massa de material recuperado em uma recicladora por dia, foram diagnosticados um montante de cerca de 4.800 kg/dia, com um consumo de água no processo de 10 a 15m³/dia. Tomando esses parâmetros como referência, a massa corresponde a aproximadamente o dobro do material processado pela empresa em estudo durante o mesmo período, que recupera cerca de 2.164 kg/dia, porém o consumo de água diário é equivalente, neste diariamente são consumidos no processo cerca de 11,2 m³/dia, entre a capacidade do tanque e a reposição, o que leva a concluir que o sistema em estudo consome grande volume de água, devido a perdas inerentes ao processo.

Devido ao grande volume de água que é captada e utilizada no tanque de lavagem, as características do manancial são de grande importância no resultado final do processo, pois pode adicionar ao efluente algumas de suas características físicas e químicas. Na Tabela 3 estão registradas os valores mensurados no momento da coleta das amostras da água de abastecimento, referenciando as medições do pH e da temperatura.

Tabela 3: Características físico-químicas da água do manancial

Características físico-químicas

Número de coletas da

água do manancial Média Desvio Padrão Fatores experimentais pH 7,37 7,06 7,12 7,18 0,164 Temperatura (°C) 21,2 22,4 22,6 22,07 0,757

Observa-se que a variação de temperatura entre a menor e a maior registrada ficou em 1,4°C, e está provavelmente relacionada ao regime climático do ano, bem como ao período do dia e o volume de água em seu leito. O desvio padrão indicou uma baixa variabilidade, ou seja, que todos os valores estão muito próximos a média.

A média mensurada do pH identifica um meio ligeiramente alcalino (7,0 - 7,18), dentro dos padrões estabelecidos pela Resolução CONAMA n° 430/2011 (BRASIL,

2011), que estabelece como limite o intervalo entre 5,0 e 9,0. O desvio padrão também indicou uma baixa dispersão dos dados obtidos em relação à média nos três ensaios. A Tabela 4 apresenta as médias dos resultados obtidos, em g/L, dos sólidos totais, dissolvidos e suspensos, fixos e voláteis, a partir das três amostras coletadas.

Tabela 4: Resultados das médias finais, em g/L, e do desvio padrão dos sólidos totais, dissolvidos e suspensos, fixos e voláteis, da água do manancial

Valores, Médias e Desvio Padrão dos sólidos totais, dissolvidos e suspensos Água do manancial

Fatores experimentais Ensaios Média g/L padrão Desvio

1º 2º 3º

Sólidos totais 0,0573 0,0587 0,0987 0,0716 0,0235 Sólidos totais voláteis 0,0107 0,0320 0,0587 0,0338 0,0241 Sólidos totais fixos 0,0467 0,0267 0,0400 0,0378 0,0102 Sólidos dissolvidos totais 0,0160 0,0200 0,0520 0,0293 0,0197 Sólidos dissolvidos voláteis 0,0093 0,0053 0,0187 0,0111 0,0069 Sólidos dissolvidos fixos 0,0067 0,0147 0,0333 0,0182 0,0136 Sólidos suspensos totais 0,0320 0,0467 0,0867 0,0551 0,0283 Sólidos suspensos voláteis 0,0067 0,0373 0,0453 0,0298 0,0204 Sólidos suspensos fixos 0,0253 0,0093 0,0413 0,0253 0,0160

Comparando os resultados obtidos nos fatores experimentais através do desvio padrão constata-se que todos os valores ficaram abaixo das médias, os resultados são pouco dispersos, não representando grandes oscilações entre os ensaios.

O primeira e segunda amostragens foram coletadas em período chuvoso, sendo que o leito do rio encontrava-se com um volume maior de água e, apesar de um eventual maior arraste de solo pela chuva, constatou-se uma presença menor de sólidos totais. No terceiro ensaio, ocorreu um acréscimo de mais de cento e cinquenta por cento em relação aos sólidos totais, o primeiro e segundo ensaio apresentaram uma média de 0,058g/L, em contrapartida o terceiro ensaio alcançou 0,098g/L de sólidos totais.

O menor volume mensurado foi dos sólidos dissolvidos totais, indicando uma baixa presença de materiais orgânicos e inorgânicos, substâncias naturais resultantes da decomposição parcial de compostos como folhas e outros substratos, apesar da presença maciça no entorno de lavoura de cana e da vegetação natural existente em toda margem. No primeiro e segundo ensaios os sólidos dissolvidos totais ficaram, respectivamente,

0,0160g/L e 0,0200g/L e, com a diminuição da chuva e o volume de água reduzido, o terceiro ensaio indicou uma quantidade maior, de 0,0520g/L.

A concentração de sólidos dissolvidos voláteis também remete à presença de compostos orgânicos na água, nota-se que seu valor é muito baixo (mínimo de0,0053g/L e máximo de 0,093g/L).

De acordo com a Resolução CONAMA nº 20 (BRASIL, 1986), o valor máximo de sólidos dissolvidos é de 500 mg/L, ou seja, 0,5g/L. De acordo com a Tabela 4, os índices obtidos no manancial referenciado neste estudo encontram-se muito abaixo do estabelecido. Quanto aos sólidos em suspensão, os índices sugerem a presença de partículas inorgânicas como areia, silte e argila.

No primeiro e segundo ensaio também constatou-se um volume menor de sólidos suspensos totais, sendo 0,0320g/L e 0,0467g/L respectivamente, sofrendo um aumento de quase o dobro no terceiro ensaio, 0,0867g/L, a presença deste tipo de material pode resultar no aumento da turbidez das águas, e do lodo no tanque pela deposição devido a maior densidade que a água.

A presença de sólidos dissolvidos relaciona-se também com a condutividade elétrica, quanto mais pura for a água, menor a condutividade do meio, ou seja, passa a apresentar uma condução pequena de eletricidade. No primeiro e segundo ensaios foi medida a menor massa de sólidos, onde foram obtidos os menores indicadores na medição da condutividade, a resistividade permaneceu nos mesmos parâmetros. A maior condutividade ocorreu no terceiro ensaio onde a presença de sólidos foi maior, conforme pode ser observado na Tabela 5.

Tabela 5: Características complementares da água do manancial Características físico-químicas complementares da água do manancial Ensaios Média Fatores experimentais Condutividade (mS) 33,05 34,51 53,20 1.087 Resistividade (kΩ) 33,20 30,28 28,70 1.242

De acordo com a resolução nº 430/2011, (BRASIL, 2011) o limite para a presença de sólidos sedimentáveis é de 1mL/L. Nos três ensaios apresentados na Tabela 6, os

valores mensurados na água do manancial estão aquém dos limites da legislação e o desvio padrão dos sólidos sedimentáveis estão próximos a média, a variação foi pequena.

Tabela 6: Resultados de sólidos sedimentáveis da água do manancial

1° ensaio 2° ensaio 3° ensaio Média Desvio padrão

Sólidos sedimentáveis (mL/L)

0.2 0,1 0,5 0,2 0,21

Observa-se pelos resultados da Tabela 67 que no primeiro e segundo ensaio os valores obtidos são bem mais baixos que no terceiro. Esses resultados indicam que estes sólidos podem ser removidos através de sedimentação simples. Deve ser ressaltado, entretanto, que quando o volume de sólidos sedimentáveis é muito reduzido, principalmente no segundo ensaio, a análise apresenta baixa precisão devido à dificuldade de leitura no cone.