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PARTE I ENQUADRAMENTO DA INVESTIGAÇÃO 17

CAPÍTULO 2 REVISÃO DA LITERATURA 35

2.2. Caracterização do sector 38

A evolução do sector em várias perspectivas, permitindo fazer uma primeira abordagem aos indicadores de mercado, embora não demonstre o impacto das estruturas de distribuição no desempenho per si, possibilita a familiarização com a actividade seguradora, mostrar a sua evolução, e que se revelará importante na compreensão do papel da distribuição.

Assim, com base no relatório de mercado de 2007, da associação portuguesa de seguradores, os prémios de seguro directo representavam 8,54% do produto interno bruto (PIB) nesse ano. Embora se tenha registado um decréscimo de 2006 para 2007, o mesmo se fica a dever a uma consolidação de mercado, quer no ramo vida quer no ramo não vida, indicador que há cinco anos era de 6,85%.

A evolução de 2006 para 2007 foi positiva em quase todas as rubricas, com excepção do valor acrescentado bruto e dos resultados líquidos do exercício (Quadro 1). Este decréscimo de resultados deve-se essencialmente ao ramo não vida com uma descida de 47,5%, tendo sido em parte compensada por uma evolução de 22% no ramo vida.

Quadro 1 - Indicadores da actividade seguradora em Portugal (2006 e 2007)

2006 2007 Var. N. Apólices 17.051.047 18.245.978 7,0% Empresas 2.211.913 2.281.522 3,1% Particulares 14.839.134 15.964.456 7,6% N. Clientes 11.159.992 11.756.147 5,3% N. Balcões Próprios 824 837 1,6%

Valor Acrescentado Bruto 1.907.627 1.906.467 -0,1%

N. Companhias da Amostra 43 45 4,7%

Prémios Emitidos de Seguro Directo 12.166.371 12.690.729 4,3%

Prémios Emitidos Líquidos de Resseguro 11.648.447 12.029.178 3,3%

Recibos por Cobrar 414.568 456.448 10,1%

Resultados Líquidos do Exercício 686.530 634.553 -7,6%

unidade: milhares de euros

Fonte: Associação Portuguesa de Seguradores - Relatório de Mercado 2007

Agregados do Inquérito Total

De um modo geral, os índices de produtividade baseados nos prémios e nas apólices evoluíram favoravelmente. Já quando baseados em variáveis económicas, como os resultados do exercício ou o valor acrescentado bruto, a evolução foi menos positiva, evidenciando uma possível inversão do ciclo económico.

Os resultados apresentados incluem uma segmentação da amostra por ramos e por dimensão. Por ramos, as companhias foram segmentadas em três grupos: as que exploram exclusivamente o ramo vida, as que exploram exclusivamente ramos não vida e as que acumulam a exploração de vida e não vida (multi-ramos).

Por dimensão, o critério foi a quota de mercado em termos de prémios de seguro directo, tendo, também, sido criados três grupos: companhias com quotas inferiores a 1% (pequenas), com quotas entre 1% e 5% (médias) e com quotas superiores a 5% (grandes).

Nos grandes agregados do mercado segurador, o que constatamos de mais relevante é o decréscimo nas estruturas de distribuição do número de mediadores com -30,7%, que se deveu à adaptação ao novo enquadramento legal e consequente aumento dos requisitos para desempenhar a profissão (Quadro 2).

Quadro 2 - Grandes agregados do mercado segurador Português (2006 e 2007)

Grandes Agregados 2006 2007 Var.

N. de Companhias 76 83 9,2%

N. de Empregados 11.518 11.295 -1,9%

N. de Mediadores 37.466 25.947 -30,7%

Activo Líquido 51.060 54.724 7,2%

Activos de Investimento 45.436 49.446 8,8%

Capitais Próprios (Sit. Líquida) 3.900 4.160 6,7%

Prémios de Seguro Directo 13.122 13.751 4,8%

Ramo Vida 8.762 9.369 6,9%

Ramo Não Vida 4.361 4.382 0,5%

Resultados do Exercício 706 669 -5,2%

Conta Técnica Vida 323 388 20,1%

Conta Técnica Não Vida 531 337 -36,5%

Capitais Próprios / Activo Líquido 7,6% 7,6% 0,0 pp

Resultados / Capitais Próprios 18,1% 16,1% -2,0 pp

unidade: milhares de euros

Fonte: Associação Portuguesa de Seguradores - Relatório de Mercado 2007

Por último, analisando os indicadores económicos, constatamos o referido atrás no que diz respeito ao rácio de prémios de seguro directo sobre o PIB, muito embora o rácio de prémios de seguro directo sobre o número de habitantes tenha registado um aumento de 4,7%, com um contributo forte do ramo vida de 6,8% e que se deve assinalar (Quadro 3).

Quadro 3 - Indicadores económicos da actividade seguradora em Portugal (2006 e 2007)

Indicadores 2006 2007 Var.

Activos de Investimento / PIB 29,5% 30,7% 1,2 pp

Prémios S.D. / PIB 8,51% 8,54% 0,0 pp

Ramo Vida 5,68% 5,82% 0,1 pp

Ramo Não Vida 2,83% 2,72% -0,1 pp

Prémios S.D. / N. Habitantes (euros) 1.240 1.297 4,6%

Ramo Vida 828 884 6,8%

Ramo Não Vida 412 413 0,2%

unidade: milhares de euros

Fonte: Associação Portuguesa de Seguradores - Relatório de Mercado 2007

Em termos de prémios de seguro directo o ano de 2007 fechou nos 13,1 milhões de euros versus 3,9 milhões de euros em 1995, ou 9,4 milhões de euros em 2006, um crescimento de 34%, reforçando o que foi dito anteriormente (Figura 2).

Figura 2 - Evolução dos prémios de seguro directo do mercado segurador Português (1995 a 2007) 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 Não Vida 2,2 2,4 2,5 2,7 2,9 3,3 3,5 3,9 4,0 4,2 4,3 4,4 3,9 Vida 1,7 2,2 2,3 2,9 3,8 3,8 4,5 4,6 5,4 6,3 9,1 8,8 9,2 0 2 4 6 8 10 12 14 € mil milhões

Evolução dos Prémios de Seguro Directo

Fonte: Associação Portuguesa de Seguradores – Relatório de Mercado 2007

No que diz respeito aos canais de distribuição, antes de mais, é de salientar que existe uma separação entre os designados canais tradicionais e os novos canais de distribuição. Na figura de canais de distribuição tradicionais, adaptando a actual

terminologia, estão incluídos os corretores, os agentes de seguros (exclusivos e não exclusivos) os mediadores de seguros ligados e os balcões das companhias de seguros. No caso dos chamados canais novos estão incluídos os bancos, correios, telefone, internet, direct mailing, stands auto e sociedades de mediação imobiliária.

Os resultados mais recentes do peso de cada um dos canais identificados estão indicados podendo constatar-se a importância dos canais novos em comparação com os tradicionais (Quadro 4).

Quadro 4 - Evolução dos canais de distribuição no sector segurador Português, (2006 e 2007)

TOTAL 2006 2007

Canais Tradicionais 38,3% 36,0%

Canais Novos 61,7% 64,0%

Fonte: Associação Portuguesa de Seguradores – Canais de Distribuição 2007

Uma evolução do segmento vida superior à do segmento não vida, como sucedeu em 2007, tende, por si só, a reforçar a quota dos canais novos na distribuição da produção global da actividade seguradora, já que, como é sabido, uma larga fatia dos produtos do ramo vida é vendida nos balcões dos bancos. Em qualquer caso, o incremento do peso dos canais novos foi comum aos segmentos vida e não vida, e foi extensível, para além do canal bancário, a outros canais de menor expressão, como os correios e o telefone.

É de referir, também, que os canais directos de colocação de seguros, balcões das companhias, representam no seu conjunto 5,6%, ou seja, a sua expressão é muito reduzida face a todos os canais de distribuição (Quadro 5).

Quadro 5 - Estrutura dos canais de distribuição no mercado segurador Português (2006 e 2007)

2006 2007 2006 2007 2006 2007 TRADICIONAIS Mediadores 10,3% 8,9% 78,7% 77,5% 32,6% 30,4% - Agentes 8,6% 7,5% 60,2% 59,2% 25,4% 23,7% - Corretores 1,1% 1,0% 16,3% 16,4% 6,0% 5,8% - Angariadores 0,7% 0,4% 2,2% 1,9% 1,2% 0,8% Venda Directa 3,4% 3,6% 10,4% 10,0% 5,6% 5,6% TOTAL 1 13,7% 12,5% 89,1% 87,5% 38,3% 36,0% NOVOS Bancos 83,8% 84,7% 9,1% 10,0% 59,4% 61,3% C.T.T. 2,1% 2,6% 0,0% 0,0% 1,4% 1,8% Telefone 0,0% 0,0% 1,3% 1,5% 0,4% 0,5% Internet 0,0% 0,0% 0,1% 0,1% 0,0% 0,0% Outros 0,3% 0,2% 0,4% 0,9% 0,4% 0,4% TOTAL 2 86,3% 87,5% 10,9% 12,5% 61,7% 64,0% TOTAL (1+2) 100% 100% 100% 100% 100% 100%

Fonte: Associação Portuguesa de Seguradores - Canais de Distribuição 2007

Estrutura dos Canais de Distribuição Ramo Vida Ramo Não Vida Total

A actividade seguradora para chegar aos clientes finais é totalmente dependente dos canais de distribuição que conseguir angariar, de forma a disponibilizar a sua oferta de produtos. Esta constatação implica que as estruturas de distribuição deverão ser geridas de forma estratégica, nomeadamente, deverão fazer parte dos objectivos da organização. Concluímos assim que uma das componentes principais da evolução verificada no sector segurador prende-se com a gestão e organização dos canais de distribuição. Esta vertente têm vindo a ganhar maior importância pelo aparecimento de novos canais de distribuição, que assumem um papel mais importante no volume de prémios apresentados nos resultados.

Mas nesta fase de análise e caracterização do sector, temos ainda pouca informação de como são agregadas as variáveis estratégicas que conduzem à gestão e organização dos canais de distribuição, quais os factores mais importantes que as organizações têm em linha de conta, como são compatibilizados e geridos os múltiplos canais que são utilizados pelas seguradoras e como é a repartida a cadeia de valor pelos diversos membros da distribuição.

Em face do quadro de referências e do tipo de questões a observar escolhem-se para abordar na especificidade a teoria dos canais de distribuição (El-Ansary & Stern, 1972; Stern et al. 1996) e a teoria dos recursos (Penrose, 1959; Teece, 1982; Wernelft, 1984; Barney, 1986; Das & Teng, 2000). Isto, porque se considerou poderem transportar para o estudo pontos de vista diversos, reconhecendo, no entanto, a existência de outros, neste caso, de menor importância.