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CARACTERIZAÇÃO DO TERRITÓRIO

6. RESULTADOS E DISCUSSÃO

6.2. CARACTERIZAÇÃO DO TERRITÓRIO

Compreender a dinâmica da região onde está inserido o serviço é primordial, por isso mesmo, a opção de iniciar pelo caminhar no território e o diálogo com a população, com toda a simplicidade e complexidade que tais estratégias representam. O território não é apenas uma delimitação geográfica, ele tem vida, pois ele é sentido, percebido e modificado pela população. O bairro Castelo, possui diferenças do seu vizinho Areia Branca, e ambos também são diferentes do Jardim Piratininga. E dentro de um mesmo bairro sujeitos de micro áreas diferentes têm percepções distintas.

O Castelo é um bairro composto por casas populares, um conjunto habitacional Dale Coutinho e uma parte de ocupação irregular sobre o dique. No bairro estão localizadas três instituições de ensino, duas públicas municipais e uma particular. Possui uma avenida comercial, onde se localizam supermercados, restaurantes, casas de carnes, lotérica, boutiques, camelôs entre outros tipos de comércio. Essa mesma via é passagem obrigatória para grande maioria dos ônibus que transitam pela região como um todo e se dirigem ao ponto final.

Figura 6. Conjunto Habitacional Dale Coutinho

A mobilidade foi apontada como um ponto positivo do bairro, justamente por ter ônibus que levam a vários pontos da cidade. O fluxo de pessoas deve-se também ao fato do bairro possuir dois equipamentos públicos que são referência para a região noroeste: o Complexo Hospitalar da Zona Noroeste (formado pelo Pronto-socorro, Hospital e Maternidade Silvério Fontes Hospital Arthur Domingues Pinto e o Ambulatório de Especialidades) e o Centro Esportivo e Recreativo da Zona Noroeste. Este último é muito procurado pela população por oferecer diversas modalidades esportivas gratuitas. Ele fica localizado em uma outra grande avenida, que antes possuía um canal, hoje coberto, que serve de ponto de encontro e de grande circulação também da população. É ali onde as famílias passam os fins de tarde, os jovens se encontram nos carrinhos de lanche e os idosos para os jogos de tabuleiro. De um lado se encontra este cenário, do outro já se inicia o bairro da Areia Branca.

É no início dessa avenida que desemboca no bairro do Castelo, mas se inicia na Areia Branca, que está localizado um outro equipamento, o Centro Cultural da Zona Noroeste. E também onde uma grande área se transforma todos os anos durante o carnaval no Sambódromo.

Figura 7. Avenida Afonso Schimidt – Zona Noroeste

Este pequeno trecho tem uma outra peculiaridade, nele estão localizados os poucos prédios que existem no Areia Branca, parte de um conjunto habitacional construído mais recentemente. O resto do bairro é formado por casas térreas e uma grande parte dedicada ao Cemitério da Areia Branca. O bairro conta com três instituições de ensino, sendo duas públicas e municipais e uma particular. O fluxo de pessoas é pequeno, e as casas são maiores que as casas populares do Castelo. Chama a atenção o número de casas com pequenas, grandes e médias reformas.

Tais características demonstram que apesar de serem bairros vizinhos são perfis populacionais diferentes. Os diálogos realizados com os moradores apontam um problema em comum: a violência. No caso da Areia Branca são os assaltos e roubos constantes. Já no Castelo existe uma dupla violência, a policial e a causada pelo tráfico de drogas. Outra questão levantada durante as observações foi a consciência da população com relação ao lixo e a sujeira. Interessante notar que os próprios sujeitos reclamam dos seus pares. E esse é um problema que agrava as constante enchentes que assolam a população do Castelo. O bairro da Areia Branca por ser mais alto não sofre com este problema. Entre prós e contras, quem mora nesses bairros mora por opção ou por falta de opção. Não só por questões objetivas entre elas o baixo custo de vida da região, mas também questões subjetivas como a solidariedade, relações de confiança e o afeto entre os vizinhos.

“[...] a região foi habitada por uma população que começou a invadir ali a região e construir suas casas né. Muitos terrenos na ocasião não eram nem regulamentados, a construção, ali aquela região, boa parte dela ela é de mangue, uma região de mangue que foi urbanizada, digamos assim, de uma maneira para poder facilitar a ocupação das pessoas. [...] E os problemas ali então, decorrentes dessa situação são muito comuns e frequentes, com a própria natureza, questão de alagamento muito frequente, na questão social, acho que o poder público foi ao longo do tempo investindo muito para aquela região se tornar facilmente habitável. Assim, o poder público facilitou a ocupação daquela região na medida que se asfalta, se leva água para lá, luz pra lá, transporte pra lá, se urbaniza aquela região como se fosse qualquer outra região de ocupação facilitada pra população” (G1 - E4).

“Nós temos vários conjuntos habitacionais nessa região. Conjuntos habitacionais que foram entregues a mais de quarenta anos (Dale Coutinho), portanto as pessoas que lá residem, as famílias, são famílias de idosos, então nesses conjuntos habitacionais, com perfil de idosos bem acentuados nós temos um tipo de problema, um tipo de queixa, um tipo de… vamos dizer assim...um problema social mais grave,que tá relacionado à violência contra o idoso, que tá relacionado à descaso, negligência, às vezes a forma mesmo

de pauperização que ele vive, às vezes com uma renda extremamente pequena para várias pessoas da família." (G1 - E3)

Os trechos acima, de duas entrevistadas mostra que elas compreendem os processos históricos de formação da região. Tal percepção é importante, pois a forma como o território é compreendido, sua história, sua cultura, sua população vai ser fundamental para levantar as demandas e estruturar quais as ações necessárias para aquele território dentro de suas especificidades (WESTHPHAL e MENDES apud SCHUTZ e MIOTO, 2010).

6.3. O NASF COMO APOSTA PARA A CONSOLIDAÇÃO DE UM MODELO