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Caracterização dos Contextos em Estudo

3. Metodologia

3.4. Caracterização dos Contextos em Estudo

O nosso estudo, por estar centrado numa instituição e em dois jovens que a frequentam, recorre a uma amostra não probabilística por conveniência. Sousa (2009) refere que, em estudos de pequena amplitude, recorre-se muitas vezes à seleção não probabilística das amostras, pois “apesar das desvantagens da sua eventual não representatividade, são extremamente fáceis de organizar” (p.70). A amostra por conveniência “envolve a

aceitação como amostra, de grupos já existentes” (Sousa, 2009, p.70), o que aconteceu no nosso estudo.

Após a solicitação de autorização para se efetuar o estudo na APECI de Torres Vedras, a amostra recaiu sobre dois jovens que frequentam a Valência Sócio-Educativa da mesma. Os critérios de escolha dos sujeitos basearam-se no grau de comprometimento do comportamento adaptativo dos sujeitos e o seu potencial/possibilidade de interação com o animal. No processo de seleção da amostra contámos com a colaboração da equipa de coordenação da instituição.

3.4.1. Caracterização da Instituição.

A investigação foi feita na APECI de Torres Vedras.

A APECI é uma Instituição Particular de Solidariedade Social, fundada em 1979 por um grupo de pais, dispondo de várias Áreas/Valências de atendimento com o intuito de dar resposta às necessidades e promover a qualidade de vida da pessoa com deficiência mental. A sua área geográfica de ação abrange: Torres Vedras, Sobral de Monte Agraço, Cadaval e Alenquer.

O número de crianças, jovens e adultos acompanhados nas diversas Áreas/Valências da Instituição ronda os 580.

São objetivos da Instituição:

 Dar apoio à população com deficiência mental ou dificuldades de aprendizagem e suas famílias.

 Garantir apoios complementares diferenciados a crianças da faixa etária dos 0 até entrada na escolaridade obrigatória com deficiência ou em risco de atraso grave de desenvolvimento.

 Proporcionar apoios complementares diferenciados aos alunos das escolas da rede regular de ensino que apresentem necessidades educativas específicas.

 Dar formação e promover a integração de jovens com deficiência intelectual ou dificuldades de aprendizagem no mundo laboral e na sociedade em geral.

A Valência Sócio-Educativa, apoiada pelo Ministério da Educação, é uma das valências da Instituição na qual se encontram os jovens que participam no presente estudo.

Esta valência assegura o atendimento de alunos com Necessidades Educativas Especiais, referidos pelo Sistema de Ensino Regular e com acordo do Ministério da Educação, quando se verifica insuficiência de recursos para responder às suas necessidades nas escolas.

Quatro das salas da Instituição recebem alunos desta valência. Esta valência possui duas unidades onde os conteúdos trabalhados diferem consoante as características da população a trabalhar e dos objetivos que com elas se pretende atingir.

Unidade I - Esta unidade abrange crianças dos 6 aos 11 anos. Tem por objetivo promover competências ao nível cognitivo, da autonomia pessoal, socialização e comunicação. Unidade II - Recebe jovens dos 12 aos 18 anos. Tem por objetivo promover competências ao nível da comunicação, competências académicas (escolarização) e preparação para a vida ativa.

Objetivos fundamentais:

 Providenciar a frequência de áreas curriculares alternativas, proporcionando programas específicos de aprendizagem e técnicas específicas de apoio pedagógico, visando a promoção das competências académicas dos alunos;

 Orientar a educação dos alunos por modelos centrados nas atividades, tendo em conta as características e o desenvolvimento de cada um;

 Promover o desenvolvimento biopsicossocial dos alunos em articulação com a família e com a comunidade.

Apoios técnicos existentes:  Psicologia;  Terapia da Fala;  Hipoterapia;  Serviço Social;  Psicomotricidade;  Terapia Ocupacional;  Hidroterapia;  Fisioterapia.

3.4.2. Caracterização dos participantes.

Por motivos de anonimato para os efeitos do estudo, os sujeitos estão identificados somente com as letras iniciais do seu nome. Não serão apresentados os processos individuais dos alunos pelos mesmos motivos, embora tenham sido consultados para completar a informação, cedida pela professora titular da turma, sobre os alunos em estudo. Foi solicitada autorização para consulta dos processos aos encarregados de educação (Apêndice A). A apresentação que se segue não é extensiva, pois a aplicação da ECA E:2 (que será apresentada nos resultados) é a base para o desenvolvimento do projeto em questão.

3.4.2.1. Sujeito de estudo: F.

O aluno F. frequenta a valência Sócio-Educativa da APECI, nível II. Tem 16 anos e é portador do Síndrome de Angelman.

A sua autonomia está extremamente comprometida, sendo que o aluno não fala, tem muitas dificuldades no andar e apresenta muitos medos e bloqueios. Um dos seus grandes receios são exatamente os animais.

O aluno não apresenta dificuldades visuais nem auditivas. Não é autónomo nas atividades de vida diária (não cuida da sua higiene pessoal, não se veste com autonomia, e precisa de ajuda na alimentação). O seu desenvolvimento motor é deficitário. Embora se desloque sem ajudas, o seu passo é inseguro (anda com os pés afastados e de uma forma rígida), fazendo muitas paragens (pára aos mais variados obstáculos, inclusive na mudança da cor do piso). Faz uso de ambos os membros superiores, mas a sua motricidade fina é extremamente comprometida, uma vez que apresenta espasticidade nos membros superiores (que o faz tremer muito as mãos).

Relativamente as capacidades cognitivas, o aluno não lê nem escreve, usa um conjunto de imagens semelhantes às utilizadas nos PECS (Sistema de Comunicação por Troca de Imagem) para comunicar com a professora, auxiliar e pares pedagógicos. Tem uma comunicação não-verbal muito expressiva (característica dos sujeitos com Síndrome de Angelman). Não tem consciência dos números nem do conceito de tempo.

Em termos de socialização, o aluno isola-se no recreio, mantendo-se a um canto, mas interage com os pares quando abordado. Esse comportamento é intendido como fruto dos seus vários medos.

3.4.2.2. Sujeito de estudo: ZD.

O aluno ZD frequenta a valência Sócio-Educativa da APECI, nível II. Tem 19 anos e é portador do Síndrome de Down.

Tem comprometimento cognitivo, praticamente não fala (diz palavras simples mas sem construir frases), mas compreende discurso simples. Atende á solicitação de tarefas simples. Foi caracterizado como tendo falta de sentido de responsabilidade e autonomia. É autónomo em tarefas simples de vida diária, faz a sua higiene básica (só precisa de ajuda em tarefas mais complexas), come, veste-se e despe-se sozinho.

Em termos físicos, o ZD não tem dificuldades visuais nem auditivas, tem um funcionamento motor sem dificuldades aparentes, com perfeita utilização de membros superiores e inferiores e uma boa motricidade fina.

Relativamente ao desenvolvimento cognitivo, o ZD escreve o seu nome e algumas palavras simples, tem consciência dos números, fazendo contagens simples. Associa as horas do relógio a determinados eventos (exemplo ao meio dia é hora de almoçar).

É comunicativo e, geralmente, bem-disposto não tendo grandes problemas de socialização. Tem alguns problemas em cumprir regras que lhe sejam impostas.

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