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Caracterização dos resultados sobre a existência e a identificação de controle

4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

4.3 Identificação dos tipos de materiais, causas dos desperdícios e sugestões

4.3.4 Caracterização dos resultados sobre a existência e a identificação de controle

dos participantes da pesquisa.

Questionados sobre a existência ou não de controle de materiais no Centro Cirúrgico, os resultados das respostas aparecem no gráfico 5, onde observamos que dos 28 participantes 19 (68%) responderam que existe controle de materiais no CC e 9 (32%) apresentaram como resposta não haver controle de materiais.

Quanto à questão de identificação dos tipos de controle conforme o gráfico 6, 44% citaram o registro em ficha de consumo de material gasto. Esse impresso a que se referem os participantes é um impresso elaborado pelo próprio setor conforme anexo B, fazendo parte de outros impressos que compõe o prontuário do paciente. Nele estão relacionados todos os materiais que serão consumidos durante o procedimento cirúrgico, especificação e quantidade de materiais, além da identificação do paciente, tipo de cirurgia, data da cirurgia, início e término do procedimento. Todos esses dados são preenchidos pelo circulante de sala que acompanhará o procedimento, e ao término o impresso é anexado ao prontuário, não ficando nenhum registro do consumo na unidade. Um fato importante observado nas respostas é que 25% dos profissionais desconhecem qualquer tipo de controle de materiais na unidade de análise. No entanto todos os profissionais participantes da pesquisa conhecem esse impresso e o preenchem, porém alguns não o reconhecem como controle. 16% citaram também como forma de controle, a reposição de materiais nas salas ao final da cirurgia, 6%informou que o controle é através de checklist conforme anexo C, que também é um impresso elaborado pelo próprio setor, estabelecendo cotas pré-determinadas dos materiais de consumo para serem repostas nas salas de cirurgias. 3% responderam como forma de controle a previsão e provisão dos materiais e medicamentos pela enfermagem.

Gráfico 5 - Distribuição percentual quanto à existência de controle de material

Fonte: Questionário CC/HUJBB - 2014

Foram citadas várias formas de controle de materiais de consumo, porém de acordo com o que foram observados durante o acompanhamento dos procedimentos cirúrgicos e da rotina da unidade do estudo, os resultados demonstram a necessidade de se aplicar novas ferramentas para um desenvolvimento de um plano gerencial de estoques que possibilite maior controle dos materiais, pois as existentes não retratam exatamente de quantos materiais serão necessários para os procedimentos cirúrgicos.

Gráfico 6 - Distribuição percentual das formas de controle de materiais de consumo, segundo os participantes da pesquisa.

Fonte: Questionário CC/HUJBB - 2014

Quanto às questões do encaminhamento de materiais para a sala de operação, conforme o Gráfico 7, 63% dos participantes, responderam que os materiais são estocados nas salas de cirurgia após o término dos procedimentos cirúrgicos; 28% responderam que os materiais são encaminhados de acordo com o tipo de procedimento e apenas 9% encaminham os materiais somente quando há o agendamento cirúrgico.

Gráfico 7 – Distribuição do encaminhamento para a sala de cirurgias dos materiais de consumo no período de junho a agosto de 2014.

O Gráfico 8 apresenta os resultados quanto a questão relacionada ao destino dos materiais de consumo que perderam a validade ou que foram danificados durante o período de armazenamento no CC. 53% das respostas foram para o desprezo do material na própria unidade; 24% foram para a devolução ao almoxarifado e farmácia e 23% para o uso dependendo do da necessidade e do tempo de validade. Esses resultados mostram certas discrepâncias entre as resposta, pois se há desprezo de materiais na própria unidade, ou devolução de sobras, há uma falta também desses materiais, que acabam sendo usados mesmo fora da validade. Isto é preocupante, quando pensamos na segurança do paciente.

É comum ouvir na área da saúde a frase “antes de tudo, não cause dano”; expressão mencionada desde 1980 significa a preocupação em não gerar consequências indesejáveis após executar um ato mesmo que seja com boas intenções. (SOBECC, 2013).

Durante a observação da rotina do setor, notou-se também que esses materiais vencidos eram destinados para treinamento dos discentes em aulas práticas.

Dessa forma, não se trata de um incentivo ao aproveitamento dos materiais ou restrição ao uso de materiais e insumos para diminuição dos desperdícios, o que Sisinno e Moreira (2005) avaliam é a importância da conscientização do seu uso racional e da também da importância da implantação e utilização de procedimentos padronizados, com a valorização do fator humano.

Gráfico 8 – Distribuição do destino dado aos materiais que perderam a validade no Centro Cirúrgico durante o período de junho a agosto de 2014.

Observa-se que nas duas questões há um contraste entre as respostas, quanto ao estoque conforme o Gráfico 7, e o desprezo dos materiais por perda da validade apresentados no Gráfico 8, ratificando o funcionamento isolado das unidades, pois enquanto em uma há sobra, criação de estoques e devolução de materiais, em outras há falta dos mesmos recursos. Em muitos momentos, a unidade de análise passa a ser o mini-almoxarifado realizando a distribuição para outras unidades do hospital, devido alguns materiais serem exclusivos desse setor, não sendo liberados pelo almoxarifado para outros setores, porém não havendo um controle do que sai. Se pensarmos na lógica administrativa do hospital, fica claro que as unidades funcionam de forma estanque sem vínculo entre si, apesar de integrarem o mesmo serviço. Essa discrepância de provisão de recursos materiais se dá porque as unidades pedem de forma desorganizada ou porque algumas são privilegiadas por dar maior repercussão para o hospital no ambiente de saúde local?

Costa e Guimarães (2004) consideram que a administração deva ser única para todas as unidades e que, para tal, deve ser considerada a centralização da administração, Centralização que não significa atropelar os princípios do SUS, mas que valorize a figura do gestor, que junto com sua equipe e seus pares é capaz de oferecer qualidade em seus serviços sem que para isto o outro fique prejudicado.

Segundo Barbieri e Machline (2009), quanto maior for a capacidade de uma organização gerir os materiais de forma adequada, maior a sua capacidade de oferecer à sua clientela bens e serviços de qualidade com baixos custos operacionais.

Na tabela 8 estão apresentados os resultados quanto a relação entre os excessos de materiais e os desperdícios corroborando com as questões anteriores, quando 100% dos participantes disseram que os excessos de materiais no CC, que é a unidade de análise, geram desperdícios. Dos 28 participantes, 12 (42,86%) responderam que o excesso de material estimula o uso inadequado, 7 (25%) acham que dificulta o controle no total do material e 6 (21,43%) disseram que os excessos estimulam o desperdício.

Voltando para Barbieri e Machline, (2009) materiais estocados em demasia consomem recursos que poderiam ser mais bem aplicados em outras atividades da organização. Outro tipo de prejuízo que os excessos de materiais causam a organização, é que eles escondem as ineficiências do sistema produtivo perpetuando os problemas administrativos e operacionais. Portanto, qualquer estoque além do necessário é um desperdício que deve ser combatido.

Tabela 8 – Distribuição percentual dos excessos de materiais em relação ao desperdício, segundo a opinião dos participantes da pesquisa.

EM SUA OPINIÃO O EXCESSO DE MATERIAL COLABORA COM O

DESPERDÍCIO? POR QUÊ? N %

Dificuldade de controle no total de material 07 25,00

Estimula o uso inadequado de material 12 42,86

Devido à falta de protocolos ocorre o uso inadequado do material 02 7,14

Os excessos estimulam o desperdício 06 21,43

A falta de planejamento favorece o desperdício 01 3,57

TOTAL 28 100,00

Fonte: Questionário CC/HUJBB - 2014

4.3.5. Distribuição dos resultados quanto à comunicação, fatores e participação da