• Nenhum resultado encontrado

Distribuição dos resultados quanto à comunicação, fatores e participação da

4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

4.3 Identificação dos tipos de materiais, causas dos desperdícios e sugestões

4.3.5 Distribuição dos resultados quanto à comunicação, fatores e participação da

Os resultados referentes à questão da comunicação como contribuinte para o desperdício, podem ser visualizadas no Gráfico 9, onde 100% dos participantes responderam que a comunicação entre os fornecedores de materiais e o Centro Cirúrgico colabora com a falta ou excessos de materiais. Na justificativa da resposta, 46% responderam que a comunicação fornece parâmetros de consumo evitando a estocagem, 32% das respostas, favorecem uma logística eficiente, 18% refere que a falta de comunicação favorece estoques paralelos, ou seja, fora da área de distribuição que é o almoxarifado.

A comunicação é um item importante em qualquer ambiente de trabalho e isso não diferente no CC. A falta de confiança nos fornecedores leva a um ciclo acumulativo que segundo Vecina Neto e Reinhardt Filho, (1998) a única possibilidade de rompimento é manter estoques suficientes para garantir o abastecimento, levando-se em consideração que o usuário em geral não possui condições adequadas de armazenamento, e os estoques periféricos significam aumento de recursos imobilizados e consequentemente desperdícios.

Sem essa medida, não há como obter o equilíbrio do sistema. Pois quando não há confiança entre usuários e o gerenciamento de materiais instala-se um seguinte ciclo: o usuário pede mais do que precisa – o sistema distribui menos do que foi pedido – como sistema distribui menos, o usuário pede mais do que precisa – como os usuários pedem mais do precisa, o sistema distribui menos – o usuário continua pedindo mais do que precisa. E o ciclo continua (ver Figura 1).

É o que pudemos observar durante toda a trajetória deste estudo, através das manifestações das opiniões dos participantes e através do acompanhamento da rotina do ambiente de análise.

Gráfico 9 - Distribuição percentual dos resultados da comunicação entre os fornecedores de materiais e o centro cirúrgico e a relação com a falta ou excesso de materiais segundo a opinião dos participantes no período de dois meses.

Fonte: Questionário CC/HUJBB - 2014

Nos resultados apresentados no Gráfico 10, referente à questão sobre os fatores que levam aos desperdícios, percebemos que há uma síntese nos resultados, onde das 68 respostas obtidas, 41% foram para os fatores organizacionais, 31% fatores gerenciais e 28% fatores estruturais.

Como fatores organizacionais, Vecina Neto e Reinhardt Filho (1998) cita a falta de objetivos que quando não estão claros, cada unidade cria seu próprio sistema de referência, como consequência, pode ocorrer uma dissociação entre área meio e fim; a falta de profissionalismo da direção; falta de capacitação e de atualização de pessoal; falta de recursos financeiros; falta de controle; corrupção; falta de planejamento, normas e rotinas não estabelecidas.

Entre os fatores gerenciais que derivam dos fatores organizacionais e estruturais, de onde advém diretores improvisados, inseguros ou incapazes de inovar, sem condições de diálogo com a área fim, levando a desmotivação dos funcionários sem compromisso com a instituição.

Ainda para Vecina Neto e Reinhardt Filho (1998) entre os fatores estruturais estão a falta de prioridade política para o setor, com baixos investimentos, baixos salários, a corrupção, serviços de baixa qualidade, o clientelismo político com favorecimentos, os controle burocráticos que agem sobre instrumentos, principalmente no caráter econômico e a centralização excessiva produzindo danos na área de materiais.

Com base nesse gráfico, e no gráfico 2 referente as causas de desperdícios de materiais, foi elaborado pela autora um Diagrama Ishikawa conforme a figura 4, que é uma das ferramentas de qualidade para se identificar os desperdícios e poder combatê-los, podendo-se realizar um levantamento estruturado das causas, sendo a sua elaboração bastante educativa, pois é realizada a partir de um grupo de pessoas envolvidas com o problema (ALVES, 2012).

Gráfico 10–Distribuição percentual dos fatores que contribuem para os desperdícios de materiais.

Fonte: Questionário CC/HUJBB - 2014

Na figura 4 se observa a correlação entre causas e fatores apresentados nos Gráficos 2 e 10, que levam ao desperdício, dando destaque para a inter-relação entre eles os fatores estruturais, segundo Vecina Neto e Reinhardt Filho, (1998) a centralização excessiva produz danos imensos nessa área de materiais, como compras centralizadas e baseadas exclusivamente em menores preços, afetando a qualidade do material, que associada aos fatores organizacionais como a falta de protocolos, e a dificuldade de controle, afetam os fatores gerenciais, onde a falta de objetivos não estão claros, cada unidade criando seu próprio

sistema de referência, e em consequência havendo dissociação entre área fim e área meio, fortalecendo os excessos de materiais em determinadas unidades e a falta em outras, estimulando o uso inadequado, e a improvisação. Fatores que são mais frequentes em hospitais públicos e de ensino, onde há a presença de estagiários, residentes, população esta associada ao aumento do desperdício na opinião dos participantes do estudo.

Os fatores estruturais, organizacionais e gerenciais que incluem o desconhecimento sobre materiais por parte dos responsáveis pelas compras dos mesmos, a má qualidade dos materiais adquiridos pelo hospital e a falta de materiais são causadores de desperdício no hospital universitário. Por outro lado os fatores inerentes ao processo de trabalho, que incluem a má técnica por deficiência de treinamento do pessoal para o exercício de procedimentos e a falta de organização no trabalho, como ausência de rotinas sobre uso, conservação e aproveitamento de materiais, também são fatores que desencadeiam desperdícios de materiais (VAGHETTI, et. al, 2011).

Figura 4 - Diagrama de Ishikawa no levantamento dos fatores e causas de desperdícios de materiais e medicamentos, segundo a opinião dos profissionais de enfermagem do centro cirúrgico.

Estagiários Falta de protocolos

Qualidade do material dificuldade de controle

Improvisação Uso inadequado

Excessos

Fonte: Questionário CC/HUJBB - 2014

A seguir serão apresentados os resultados referentes à participação da enfermagem no processo de compra e controle de materiais, como redução de desperdícios, podendo ser visualizados no Gráfico 11, 50% das respostas foram que enfermagem deve atuar diretamente no processo de compra e no controle do material; 21% das respostas são que através do conhecimento do ambiente de trabalho, a enfermagem possa diminuir os desperdícios; 11%

Desperdícios

Fatores organizacionais

Fatores gerenciais Fatores estruturais

do gerenciamento do consumo dos materiais, com a implantação de protocolos e 7% conhecendo os custos e no controle dos materiais haveria a diminuição dos desperdícios.

Na instituição estudada, isso já é uma realidade, a enfermagem participa diretamente no processo de compra, dando pareceres técnicos, participando das licitações, da Comissão de Padronização de Materiais, gerenciando almoxarifados. A inclusão da enfermagem no processo administrativo já é vivenciada pelo hospital.

Corroboram Costa e Guimarães (2004); Garcia et al (2012) quando dizem que informalmente, o enfermeiro sempre participou do processo de compras de materiais em hospitais, tendo em vista que sua competência lhe assegura condições para opinar quanto ao tipo, a quantidade, qualidade dos materiais a serem adquiridos para utilização.

De acordo com Honório e Albuquerque, (2005); Garcia et al., (2012) a atuação do enfermeiro na administração de recursos materiais, constitui uma das conquistas nas esferas de tomada de decisão, destacando-se a importância do seu papel na dimensão técnico- administrativa inerente ao processo de cuidar e gerenciar.

O que se pode observar nos resultados é a ausência do compartilhamento com a equipe, daí o desconhecimento da participação ativa da enfermagem no processo de compra e controle de materiais. Segundo Vaghetti et al., (2011) o compartilhamento da equipe pode provocar o comprometimento dos trabalhadores com a questão do desperdício, pois é fato que somente com a adesão dos trabalhadores é que podem ser implementadas ações efetivas de otimização de materiais, uma vez que suas vivências são fundamentais para o êxito da instituição.

Gráfico 11– Distribuição percentual da participação da enfermagem no processo de compra e controle de materiais

Fonte: Questionário CC/HUJBB - 2014