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No escopo das organizações de saúde, os hospitais representam as principais engrenagens do sistema de prestação de serviços de saúde no Brasil. Os estabelecimentos de saúde classificam-se em: clínicas, prontos-socorros, postos de saúde, ambulatórios, hospitais (FELDMAN; GATTO; CUNHA, 2005; FORGIA; COUTTOLENC, 2009). Porém, com o aumento das exigências da população acerca da qualidade no atendimento e maior cuidado nos tipos de gestão adotados, sobretudo no que se refere ao capital humano, essas organizações passaram a fazer parte do complexo organizacional, sendo definidas como tal, devido à necessidade de gestão específica.

Nesse contexto, a organização hospitalar conta com infraestrutura de instalações, equipamentos, instrumentais, médicos, funcionários de diversas especialidades, recursos financeiros e, especialmente, os clientes que ali se dirigem em busca de tratamento ou consulta. Nesse sentido, para se proceder adequadamente à gestão desses recursos, faz-se necessário um gestor competente, capaz de entender, sobretudo, de pessoas e que possa fomentar na equipe o comprometimento com a organização e seus objetivos (FELDMAN; GATTO; CUNHA, 2005; MELENCHION, 2008).

De acordo com a Federação Brasileira de Hospitais (2013) no ano de 2012, o setor hospitalar brasileiro contava com 7.400 hospitais e 471 mil leitos, sendo composto pelos seguintes subsetores principais: hospitais públicos; hospitais privados, hospitais conveniados ou contratados pelo Sistema Único de Saúde (SUS); hospitais particulares com fins lucrativos; e, hospitais filantrópicos não financiados pelo SUS (FORGIA; COUTTOLENC, 2009).

No Brasil, da quantidade total de hospitais públicos existentes, 71% são municipais e a maior parte dos restantes é formada por entidades estaduais. O governo federal opera um número relativamente reduzido de hospitais, sendo esse total de apenas 147 unidades, os quais são administrados por meio do Ministério da Saúde e do Ministério da Educação. Os hospitais privados compreendem 65% da quantidade total de hospitais no país, sendo que, cerca de 70% dos leitos pertencem ao setor privado, tornando esse setor o principal prestador de serviços hospitalares no Brasil. Aproximadamente 70% das unidades hospitalares privadas recebem financiamento público, incluindo a maior parte das instituições sem fins lucrativos (filantrópicas e beneficentes) e cerca de metade dos hospitais com fins lucrativos, em que as instituições filantrópicas vinculadas ao SUS operam por meio de convênios e são obrigadas a oferecer pelo menos 60% de seus leitos a pacientes do SUS. Os hospitais particulares com fins lucrativos e alguns filantrópicos não financiados pelo SUS são administrados e custeados de forma privada, representando cerca de 20% de todas as unidades hospitalares do país e 30% do total de hospitais privados (FORGIA; COUTTOLENC, 2009).

Nesta pesquisa, conforme especificado no capítulo 3, foram selecionados dois casos sendo denominados aqui como Hospital Caso A e Hospital Caso B, como forma de garantir o anonimato das instituições e dos gestores participantes da pesquisa, contextualizando-os nos parágrafos subsequentes.

O Hospital Caso A, nesta pesquisa denominado como HCA, é uma organização de pessoa jurídica de direito privado e foi fundado em 1963 por um grupo de médicos e seu projeto arquitetônico foi elaborado especificamente para instalações de unidades hospitalares, o que beneficiou sua expanção planejada até nos dias de hoje. No ano de 1991, uma nova equipe de médicos adquiriu o HCA e assumiu sua gestão e controle da organização, com vistas ao crescimento dessa instituição, além e um processo constante de modernização.

Em 2012 o HCA recebeu a certificação de Acreditação Hospitalar, que é um método de avaliação dos recursos instituicionais, voluntário, periódico e reservado, que busca garantir a qualidade da assistência por meio de padrões previamente definidos, com vistas a melhorar continuamente o desempenho organizacional. Essa certificação, no Brasil, é realizada pela Organização Nacional de Acreditação (ONA), que é uma organização não governamental sem fins lucrativos e credenciada pelo Ministério da Saúde para atestar a qualidade dos serviços médicos-hospitalares de hospitais públicos e privados em todo o Brasil. Essa avaliação é feita por uma equipe multiprofissional, com base no Manual Brasileiro de Acreditação Hospitalar (BRASIL, 2012).

Em sua estrutura organizacional e administrativa o HCA conta em seus níveis estratégicos com: Presidente, Vice-presidente, Diretor Superintendente, Diretora Clínica, Diretora de Recursos Humanos, Coordenadora de Planejamento e mais outros 20 cargos de gestão das áreas clínica, administrativa e técnica.

Por sua vez, o Hospital Caso B, foi denominado nesta pesquisa como HCB. Trata-se de uma instituição de pessoa jurídica e de direito privado, que iniciou suas atividades no ano de 1928 de forma modesta. Com o passar dos anos, acompanhando o crescimento da cidade onde está inserido, Campo Grande, o HCB também foi tendo seu crescimento, com a construção de outros pavilhões, alguns deles em funcionamento até hoje.

Atualmente, o HCB possui aproximadamente 2.500 funcionários, 500 leitos ativos e presta serviços de saúde à população onde está inserido, sendo considerado o maior e mais equipado hospital do Estado de Mato Grosso do Sul, atuando nas seguintes especialidades: Neurologia, Neurocirurgia, Cirurgia Cardíaca Congênita, Cirurgia Cardíaca Pediatrica, Cirurgia Cardíaca, Transplantes, Nefrologia, Traumato/Ortopedia, Urologia, Ginecologia/Obstetrícia, Pediatria, Psiquiatria, Oftalmologia, Buco-Maxilo, Cirurgia Vascular, Queimados, Gestação de Alto Risco, Cirurgia Geral, Cirurgia Torácica, Transplantes.

Em comparação com outras organizações hospitalares do seu Estado, o HCB tem o maior e mais completo pronto-socorro (adulto e infantil) da região, respondendo por mais de 40% dos atendimentos de urgência e emergência prestados à população, com atendimentos exclusivos em queimaduras, ortopedia, traumas e neurologia. Sua estrutura organizacional está assim representada: Conselho de Administração, Diretor Superintendente, Diretor Técnico e Clínico, Diretor de Recursos Humanos, Diretor de Planejamento e mais 32 cargos de gestores das áreas administrativas e clínica.

Apresentam-se no Quadro 11, o dimensionamento de leitos, cargos e pessoal de cada organização, bem como sua visão, missão, valores e estrutura.

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HOSPITAL CASO A

Contribuir com soluções de saúde, para o bem estar físico, mental e social dos clientes internos e externos, promovendo o

aprimoramento contínuo da qualidade dos serviços oferecidos por meio de uma

organização autossustentável

Termos o reconhecimento regional e nacional como instituição de excelência em medicina preventiva e curativa em Cardiologia e Pneumologia. Ampliar e manter o nível da Instituição, identificando, atraindo e retendo profissionais com potencial técnico, cientifico e social. Valorização do funcionário; Eficiência e qualidade; Comprome- timento; Harmonização. 109 20 600 HOSPITAL CASO B

Atender a todos com qualidade e

humanização, visando a satisfação de seus clientes e funcionários

Ser o melhor hospital da região, oferecendo excelência na prestação de serviço, na

capacitação das pessoas, inovando em tecnologia, no

desenvolvimento e na qualidade de vida de nossa comunidade

Respeito ao cliente; Ambiente de Trabalho Harmonioso;

Valorização das Pessoas; Comportamento ético com Clientes e Fornecedores; Preservação da História; Pensamento Sistêmico; Responsabilidade Social. 500 32 2500

Quadro 11 - Caracterização das organizações hospitalares selecionadas para a pesquisa.