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No que concerne à origem e estrutura de funcionamento, conforme os registros e esclarecimentos oferecidos pela orientadora pedagógica, o Curso Modular para Jovens e Adultos era uma Experiência Pedagógica implantada pela Secretaria Municipal de Educação (SME) de Campinas no ano de 1996, em parceria com o Espaço Integrado de Desenvolvimento Sociocultural, na área central de Campinas, no prédio das irmãs calvarianas, visando atender a demanda desta região da cidade, por educação supletiva.

O Modular9 tratava-se de uma experiência pedagógica da Secretaria Municipal de Educação de Campinas (SME) que pretendia realizar um trabalho na busca da qualidade no processo de ensino-aprendizagem de jovens e adultos trabalhadores da Rede Municipal de Ensino de Campinas. Os especialistas do ensino noturno da SME de Campinas realizaram observações na escola de Americana e alguns supervisores e a coordenadora pedagógica da SME também coletaram dados em São Carlos (onde já haviam sido implantadas escolas modulares), com o objetivo de conhecer o sistema de ensino modular mais de perto.

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A primeira experiência de Ensino Modular aconteceu quando da sua implantação na EE “João XXIII”, na cidade de Americana e, posteriormente, na cidade de São Carlos, também em escola pública.

Os resultados positivos do desenvolvimento dos alunos, relatados pela direção, pelos professores e pelos alunos da escola de Americana sobre as novas experiências que estavam sendo desenvolvidas em relação à educação de jovens e adultos trabalhadores contribuíram para que a escola modular de jovens e adultos fosse implantada pela Prefeitura Municipal de Campinas. A análise de dados do ensino modular, de acordo com o Projeto Pedagógico, apontava para a eliminação da reprovação na série; a diminuição da evasão; o fim da chamada “pulverização” do ensino (aulas de 45 ou 50 minutos, cinco aulas ao dia de disciplinas diferentes); e o aumento do vínculo afetivo entre professor/aluno, que passam a conviver durante um maior número de tempo e se conhecer melhor.

Assim nasceu o Sistema Modular de Ensino na cidade de Campinas. O Centro Municipal de Educação de Jovens e Adultos funcionou na área central de Campinas de agosto de 1996 a dezembro de 1998, em um prédio com dois pavimentos. Quando foi desfeita a parceria entre a Secretaria Municipal de Educação e as irmãs calvarianas, mudou-se para o prédio de uma escola municipal de ensino fundamental, no Jardim São Fernando, periferia da região sul de Campinas, onde funcionou de janeiro de 1999 a dezembro de 2003. No 1º semestre de 2004, a escola voltou a funcionar em um prédio central alugado pela Prefeitura Municipal de Campinas, atendendo estudantes dos diversos bairros da Região Metropolitana da cidade, mantendo, assim, o sistema Modular.

Os componentes curriculares cursados eram intensivos e excludentes, isto é, ministrados um a um, com cinco aulas diárias, de segunda a sexta-feira. A duração de cada módulo dependia da carga horária do componente curricular:

Português e Matemática: 25 dias letivos, História, Geografia e Ciências: 17 dias letivos cada um.

Como as aulas previstas eram em número de cinco por dia, da mesma disciplina, elas aconteciam em duas modalidades distintas: aulas teóricas e aulas práticas, com a distribuição aproximada de 50% do tempo para cada tipo.

A organização por módulos eliminava a seriação e a reprovação de um aluno em uma série, caso ele não atingisse os objetivos em um único componente curricular. Se isso acontecesse, apenas o módulo em questão deveria ser refeito.

Além disso, o aluno tinha a possibilidade de cursar um segundo módulo em outro turno de funcionamento da escola, desde que houvesse vaga, ou seja, tendo o pré-requisito, o aluno poderia realizar dois módulos ao mesmo tempo de disciplinas e séries diferentes. O horário de funcionamento do período vespertino era das 15:00 h às 19:00 h e o do noturno das 19:00 h às 23:00 h.

O módulo simultâneo podia ser cursado pelo aluno para atender suas necessidades específicas que podiam ser: reprovação no módulo, trancamento de matrícula, adiantamento do tempo de escolarização, aprofundamento de estudos. Assim, o aluno que realizasse seus estudos no curso, utilizando-se de módulos simultâneos, poderia ter reduzido seu tempo de escolaridade. Por exemplo, um aluno do nível III (7ª série) do noturno que já tivesse realizado o módulo de história deste nível e, em virtude de estar em férias do trabalho, quisesse adiantar o módulo de história do nível IV, podia cursar esta disciplina no período vespertino e continuar cursando outra à noite.

O Centro Municipal de Educação de Jovens e Adultos era organizado em níveis que correspondiam às diferentes séries ou termos: o nível I correspondia

ao 1º termo, ou 5ª série; o nível II correspondia ao 2º termo, ou 6ª série; o nível III correspondia ao 3º termo, ou 7ª série e o nível IV correspondia ao 4º termo, ou 8ª série.

O curso era presencial, portanto era obrigatória a freqüência mínima de 75% do aluno, prevista na Lei de Diretrizes e Bases (LDB 9394/96) que regulamenta a educação no país. Segundo Souza & Silva (1997), pouca coisa foi alterada com a nova LDB 9.394/96 em relação ao Capítulo IV da Lei 5.692/71. A LDB 9394/96 prefere utilizar a expressão Educação de Jovens e Adultos, mostrando-se mais flexível, quando considera a modalidade supletiva de cursos e exames como uma em meio a outras “oportunidades educacionais apropriadas”. A lei atual reduziu a idade mínima para os exames supletivos para maiores de quinze e dezoito anos, respectivamente, para os ensinos fundamental e médio.

No ano 2000, data em que foi realizada a coleta, tal como tinha acontecido de 1996 a 1999, o Centro Municipal de Educação de Jovens e Adultos Modular também funcionava em dois turnos: vespertino e noturno. No vespertino, a unidade contava com três classes no 2º piso (cedidas pela direção da escola municipal de ensino fundamental que funcionava no mesmo local), em virtude de se mostrarem ociosas no ano de 1999) e à noite utilizava cinco salas de aula, no 1º pavimento, próprias da referida unidade de ensino (U.E.). Em virtude de seu funcionamento em um espaço ocupado por outra unidade de ensino, a escola modular tinha uma infra-estrutura administrativa precária, funcionando em uma sala bem pequena, que era comum para os arquivos, instalações para máquina copiadora, funcionamento da secretaria/diretoria da escola, armário de

Quanto ao material audiovisual, este ia muito além da infra-estrutura das escolas típicas do município em 2000. Essa U.E. contava com duas televisões, um videocassete, várias fitas de vídeo, dois aparelhos de som (sendo um de grande porte e outro de mão) kits de Ciências, mapas de História e Geografia, livros didáticos e paradidáticos para consulta e pesquisa, coleções de todas as disciplinas e dezenas de revistas.

No que se refere à biblioteca, por causa da falta de um local apropriado, a equipe vinha trabalhando com leitura e pesquisa de uma maneira improvisada, ou seja, livros nas prateleiras da diretoria da outra escola referida”, armários no corredor. Para viabilizar a leitura do pequeno acervo que contava com 11 coleções de Português e outras disciplinas; livros didáticos e paradidáticos; 26 dicionários de Inglês e 43 de Português; romances e revistas, todos doados por professores, alunos e comunidade, foi criado um sistema de biblioteca móvel: os professores se utilizavam de carrinho de feira, onde carregavam dicionários, livros e revistas para a classe, com os quais os alunos trabalhavam, em todas aulas e em todas as disciplinas. Essa unidade de ensino valorizava os momentos de leitura na escola, com a finalidade de atender às necessidades dos alunos do ensino supletivo, levando em conta as suas especificidades.

Em maio de 2000, a biblioteca própria dessa unidade de ensino foi inaugurada, em uma sala estruturada com divisórias.

Os estudantes também tinham acesso à sala de informática, pois, mediante uma formação oferecida em serviço, os professores fizeram um curso introdutório que os preparou para proporcionar aos alunos atividades básicas aplicadas à utilização do computador.

Pode-se dizer que a infra-estrutura oferecida pela escola modular era superior à média das escolas municipais naquele período, o que motivava a todos, alunos, professores, funcionários e direção, para a realização de um bom trabalho. De fato, a taxa de evasão e repetência era baixíssima e, depois de concluído o ensino fundamental, voltavam para rever os amigos e os professores.

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