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LISTA DE SÍMBOLOS, NOMENCLATURA E ABREVIAÇÕES

4. CARACTERIZAÇÃO FISIOGRÁFICA DO MUNICÍPIO DE GOIÂNIA

O município de Goiânia é marcado pelo intenso incremento populacional, principalmente desde a década de 70, causando uma concentração dos espaços urbanos, refletida na verticalização da região central e sul da cidade. Pertencente à microrregião homônima e fazendo parte da mesorregião Centro Goiano, Goiânia é o município que, neste contexto, gera um processo de conurbação, como é o caso da parte sul, limítrofe ao município de Aparecida de Goiânia (Fig.4.1). Goiânia assume a liderança econômica do Aglomerado Urbano de Goiânia, composto por 14 municípios, dos quais fazem limites territoriais com a capital, os municípios de Goianira, Nerópolis e Goianápolis, ao norte; Aragoiânia e Aparecida de Goiânia, ao sul; Senador Canedo a leste; e Trindade a oeste (IBGE, 1999, IPLAN, 1992). Sua extensão territorial abrange 739,492 km2 (dado referente ao ano de 2002), incluindo a área urbana, de expansão urbana e rural (IBGE, 2003). Seu plano original previa uma população de 50.000 habitantes, em que a área destinada à construção representava aproximadamente 65% (incluindo os espaços livres) e o restante destinava-se às vias públicas, parques e jardins, tendo se desenvolvido até 1950 segundo estas previsões (IPLAN, 1992). Segundo o Censo Demográfico do IBGE, Goiânia possuía em 2000 uma população de 1.093.007 habitantes (IBGE, 2003).

O crescimento acelerado e desordenado do município gerou inúmeros problemas, dentre os quais destaca-se o processo erosivo desencadeado em diversos pontos, entre outros relacionados à ocupação de fundos de vale e poluição dos mananciais hídricos. A Carta de Risco do município de Goiânia, elaborada em 1991, aponta a existência destes problemas (Nascimento & Podestá Filho, 1993).

A geologia da área é composta por rochas metamórficas proterozóicas e depósitos quaternários. A Fig. 4.2 apresenta o mapa geológico modificado de Campos et al.(2003), escala original de 1:50.000, abrangendo a quase totalidade do município. São principalmente granulitos ortoderivados e granulitos paraderivados subordinadamente, do Complexo Granulítico Anápolis-Itauçu, no trecho setentrional; e xistos, gnaisses e quartzitos do Grupo Araxá Sul de Goiás, no restante da área. Apresenta ainda coberturas aluvionares sotopondo indistintamente as unidades anteriores (Campos et al., 2003; Moreton, 1994).

O município encontra-se compartimentado, conforme sua geomorfologia, em cinco unidades morfológicas (Fig.4.3), o Planalto Dissecado de Goiânia a nordeste, os Chapadões de Goiânia na região sudoeste, o Planalto Embutido de Goiânia na faixa central (de SE para NW), Terraços e Planícies da Bacia do Rio Meia Ponte e Fundos de Vale.

Figura 4.1. Localização do município de Goiânia, abrangendo a área de estudos, que compreende aproximadamente a área urbana, de expansão urbana e a área conurbada ao sul do município.

Figura 4.2. Mapa geológico abrangendo a quase totalidade do município de Goiânia (modificado de Campos et al., 2003; escala do original 1:50.000).

Segundo Casseti (1992), as unidades geomorfológicas ocorrem nos seguintes domínios altimétricos: Planalto Dissecado de Goiânia com as maiores altitudes, de 920-950 m, Chapadões de Goiânia, de 860-900 m, Planalto Embutido de Goiânia, de 750-800 m, e unidades de Terraços e Planícies, de 700-720m. A distribuição altimétrica do município é apresentada na Fig 4.4.

Associados a essas unidades morfológicas estão os materiais de cobertura eluviais, coluviais e aluviais. Os primeiros, denominados depósitos detrito-lateríticos, são materiais de cores avermelhadas, formados por massa areno-argilosa contendo grãos e fragmentos de laterita e quartzo e associam-se a relevo de forma tabular. Os coluviões ocorrem indistintamente no município, constituindo-se de depósitos avermelhados, contendo fragmentos e grãos de material laterítico concrecionado e de quartzo. Existem, restritos a planícies fluviais, os colúvio-aluviões e, nos domínios dos fundos de vale, cascalhos, areias e siltes coluviais. Ainda ocorrem, associados às planícies de inundação dos principais cursos d’água, aluviões compostas por cascalhos, areias, siltes e argilas atuais e subatuais (IBGE,1999).

Os materiais de cobertura são representados por solos predominantemente do tipo Latossolo, em geral ocorrendo em relevo plano a suave ondulado (Fig. 4.5, Fig. 4.6). As principais classes encontradas e de maior expressão consistem em: Latossolo Vermelho Escuro (LE), correspondente a aproximadamente 25,5 % da área; Latossolo Roxo (LR), originado das rochas ultrabásicas, totalizando 25,5 % da área e Latossolo Vermelho Amarelo (LV), correspondente a 41 % da área. Ocorrem ainda, em menor proporção, solos do tipo Podzólico Vermelho Escuro (PE), com pedregosidade, concreções e cascalhos; Cambissolos (C), com presença de cascalhos, calhaus, ou mesmo matacões; Solos Litólicos (R), com presença em alguns casos de grande quantidade de cascalhos ou concreções ou mesmo de matacões no perfil ou na superfície; Gleissolos (G); e Solos Aluviais, distribuindo-se esses três últimos em planícies fluviais (IBGE, 1999).

A Fig. 4.7 representa a ocorrência dos solos no município de Goiânia classificados com base no Sistema Brasileiro de Classificação de Solos (Embrapa/CNPS, 1999). Na metodologia utilizada por Campos et al. (2003), para a caracterização das classes de solos foram usados somente os parâmetros macroscópicos, como cor, estrutura, textura, presença de cerosidade e linhas de pedras, observados em perfis de solo, não tendo sido realizado o levantamento dos componentes químicos. Assim, os solos foram classificados apenas nos dois primeiros níveis categóricos do sistema de classificação da Embrapa/CNPS (1999). O levantamento realizado apontou a existência de três grupos definidos em função da dinâmica

das águas nos solos e a partir de análises de resultados de ensaios de infiltração in situ: o primeiro grupo abrangendo os Latossolos Vermelho e Vermelho-Amarelo, Nitossolo Vermelho e Chernossolo; o segundo o Cambissolo, Neossoloso Litólico e Plintossolo e o terceiro, o Neossolo Flúvico e o Gleissolo.

Referente ao primeiro grupo, os latossolos observados segundo Campos et al. (2003) são solos que apresentam o horizonte B latossólico, em avançado estágio de intemperismo; compostos em geral por quantidades variáveis de óxidos de ferro e alumínio, argilas com estrutura mineral 1:1, quartzo e outros minerais resistentes ao intemperismo; com baixa capacidade de troca catiônica e expressiva atuação do processo de ferralitização; com espessura total em alguns casos maior que 20 metros e na maior parte dos casos bem drenados. São solos extremamente ácidos, com baixa saturação por bases, distróficos ou álicos. Campos et al. (2003) também aponta a presença de latossolos vermelhos distroférricos derivados dos granulitos de composição básica e ultrabásica.

Os nitossolos compreendem solos espessos e bem drenados com incremento no teor de argila no horizonte B; estruturação moderada a forte e superfície dos agregados com cerosidade; em geral moderadamente ácidos a álicos, com saturação por bases variando de baixa a alta; caulíniticos-oxídicos e por isso com argilas de baixa atividade. A classe relativa ao chernossolo háplico engloba os solos com horizonte A chernozêmico, ou seja, horizonte relativamente espesso, com alta saturação por bases e cor escura; em geral moderadamente ácidos e fortemente alcalinos, com argila de atividade alta. Esses últimos são relacionados à ocorrência sobre as rochas calcissilicáticas do Complexo Anápolis-Itaúçu.

De acordo com Campos et al. (2003), o segundo grupo caracteriza-se por apresentar solos com perfis rasos a muito rasos, que favorecem o escoamento superficial e em muitos casos sem ocorrência de zona saturada. Já o terceiro grupo apresenta níveis d'água rasos, em que os solos permanecem totalmente saturados em alguns períodos do ano.

Quanto às condições hidrogeológicas, o manto de alteração compõe o domínio poroso caracterizado por uma porosidade intergranular. Além do domínio poroso, as rochas cristalinas do tipo granulitos, xistos e quartzitos constituem-se em aquíferos, as quais apresentam uma porosidade secundária de origem tectônica e, assim, só permitem acumulação de água em descontinuidades planares, como as zonas de fratura e as zonas de falhas (Campos et al., 2003).

O clima tropical úmido de Goiânia é comandado pelos sistemas regionais de circulação atmosférica, que atuam sobre a região Centro-Oeste.

Figura 4.4. Carta hipsométrica do município de Goiânia (imagem resultante da "Shuttle Radar Topography Mission", da "U. S. Geological Survey, EROS Data Center", de maio de 2003, resolução de 90 m).

Figura 4.5. Mapa de solos do município de Goiânia (modificado de IPLAN / IBGE / UFG, 1991, escala do original, 1:40.000), a legenda encontra-se expandida na Fig. 4.6.

Figura 4.6. Legenda expandida do mapa de solos do município de Goiânia (modificado de IPLAN / IBGE / UFG, 1991).

Figura 4.7. Mapa de solos do município de Goiânia segundo a classificação da Embrapa/CNPS (1999), modificado de Campos et al. (2003), escala do original, 1:50.000.

A dinâmica da circulação regional é responsável pela variação sazonal do clima de Goiânia, com duas estações bem definidas, uma úmida com chuvas torrenciais, e outra seca, de abril a setembro. No que se refere ao período de maior intensidade pluviométrica, os meses mais chuvosos são de dezembro a março, com precipitação média mensal acima de 250 mm e média anual de cerca de 1500 mm. Já a precipitação média dos meses menos chuvosos (junho a agosto) fica abaixo de 10 mm. As temperaturas mais elevadas durante o ano em Goiânia ocorrem nos meses de setembro, outubro, novembro e dezembro, com médias oscilando entre 29ºC e 31ºC, muitas vezes chegando a índices superiores a 35oC. Os meses mais frios correspondem aos meses junho e julho, com médias das mínimas oscilando entre 13ºC e 18ºC . A esse mesmo período associam-se os menores índices de umidade relativa do ar, o qual apresenta uma variação térmica diária de até 10ºC (IBGE 1999, SEPLAN 2002, Campos et al. 2003).

Por se encontrar em área de clima tropical úmido, com período seco muito prolongado, a cobertura vegetal no município de Goiânia caracteriza-se por formações florestadas, conhecidas como cerradão (Savana Arbórea Densa) e formações mais abertas (Savana Arbórea Aberta), o cerrado e o campo cerrado, que ocorrem em colinas suaves em solos pobres e lixiviados. Em relevo colinoso e em áreas aluviais ao longo dos rios, ocorrem também remanescentes de Floresta Estacional Semidecidual Aluvial ao longo do rio Meia Ponte, conhecida como floresta ciliar; de Floresta de Galeria, ao longo dos córregos; e de Floresta Estacional Semidecidual, como os agrupamentos florestais existentes no Campus II da UFG. Existem também em relevo colinoso as áreas de transição fitogeográfica, encontrados em forma de capões de contatos entre a Floresta Estacional e o Cerrado. Na parte noroeste do município, na região onde predominam rochas granulíticas ortoderivadas são ainda encontrados capões de Floresta Estacional Decidual (IBGE, 1999).

A rede de drenagens, entalhada nos relevos tabulares e suavemente convexos, compreende principalmente um segmento do rio Meia Ponte, afluente do rio Paranaíba, que nasce a aproximadamente 80 km a noroeste do município, cujas cabeceiras coincidem com os limites políticos, conferindo um aspecto embaciado à região. Seus tributários são pela margem esquerda, os córregos do Esgoto, Samambaia, Ladeira, Erosão, Lajeado e ribeirão João Leite; e pela margem direita os córregos São Domingos, da Onça, Palmito, Água Branca, Gameleira, Barreiro, São José e os ribeirões Caveirinha e Anicuns. O sudoeste de Goiânia é atravessado pela bacia do rio Dourados, a única que não se liga ao rio Meia Ponte no município (IBGE, 1999).

5. MODELAGEM DIGITAL E CARACTERIZAÇÃO MORFOMÉTRICA DO