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2. CRONOGRAMAS

3.2.5. Caracterização geotécnica

3.2.5.1. Geomorfologia

No município de Lauro Müller ocorrem as seguintes unidades geomorfológicas: Depressão da Zona Carbonífera Catarinense e Baixada Alúvio- Coluvionar.

A Depressão da Zona Carbonífera Catarinense abrange a sub-bacia do rio Palmeiras, caracterizando-se por ter um relevo de colinas e morros, com média a alta densidade de drenagem, desenvolvido a partir do sopé da escarpa da Serra Geral. A geração desta depressão está diretamente relacionada à erosão regressiva da escarpa da Serra Geral e à exumação de rochas Permianas da Bacia do Paraná, algumas delas constituindo-se em jazidas de carvão mineral.

Predominam nesta depressão periférica as rochas do Grupo Guatá, da base da sequência Permiana, destacando-se os arenitos, siltitos e folhelhos carbonosos de ambiente fluvial a deltáico da Formação Rio Bonito, e os siltitos argilosos e arenitos finos de ambiente marinho raso da Formação Palermo. Sobrepostas a essas unidades, afloram as rochas do Grupo Passa Dois, destacando-se os folhelhos, siltitos e arenitos finos marinhos da Formação Irati. Também são mapeadas rochas básicas da Formação Serra Geral. As minas de carvão mineral estão concentradas junto aos afloramentos de rochas da Formação Rio Bonito.

A Planície Aluvial está inserida junto à planície do rio Palmeiras. Os terrenos dessa unidade geomorfológica são formados por sedimentos argilo- arenosos a argilosos, com algumas barras de pontal onde se acumulam, principalmente, depósitos de seixos.

3.2.5.2. Geomorfologia da área da sub-bacia do rio Palmeiras

Na sub-bacia do rio Palmeiras, onde está inserida a área do PRAD está presente a unidade geomorfológica Depressão da Bacia Carbonífera.

A unidade Depressão da Bacia Carbonífera está constituída por colinas convexas de topos arredondados ou alongados, com gradientes suaves a médios. As bocas de minas em consideração neste PRAD ocorrem no terço superior dessa unidade geomorfológica, ocupando terrenos cuja amplitude de relevo varia entre 224 e 242 m (Figura 14). De maneira subordinada ocorrem morrotes isolados com declividades mais acentuadas que apresentam baixa a média densidade de drenagem com padrão dendrítico.

Figura 14 – Modelo digital do terreno Fonte: Do Autor

3.2.5.3. Declividade

A declividade da área foi determinada a partir do modelo digital do terreno (Figura 14) que teve como origem dos dados as ortofotocartas do vôo realizado na região carbonífera em fevereiro de 2002, disponibilizadas pelo Departamento Nacional da Produção Mineral (DNPM).

As declividades dos terrenos foram agrupadas em classes e representadas no mapa de declividade (Figura 15), de modo que possa ser utilizado como um dos principais indicadores da susceptibilidade à erosão.

Para elaboração deste mapa foram selecionadas as seguintes classes de declividades: • 0 a 5% • >5 a 15% • >15 a 30% • >30 a 50% • >50 a 100% • >100%

Figura 15 – Mapa de declividade Fonte: Do Autor

As bocas de mina objeto deste PRAD localizam-se em terrenos cujas declividades variam de 3,5 a 22,4%. A Tabela 8mostra a declividade de cada boca de mina, sendo que a classe >15 - 30% apresenta a maior representatividade (71,4%) em relação às classes 0 – 5% e >5 – 15%.

Tabela 8 – Declividade dos terrenos onde ocorrem as bocas de minas

BMA Declividade (%) Classe

510 3,5 0 – 5%

511 16,4 >15 – 30%

BMA Declividade (%) Classe 513 12,6 >5 – 15% 514 17,4 >15 – 30% 566 15,2 >15 – 30% 819 22,4 >15 – 30% Fonte: Do Autor

Os terrenos onde se localiza a boca de mina pertencente à classe de 0 a 5%, são planos e mal drenados. Apenas uma boca de mina está dentro da área correspondente à unidade geomorfológica baixada alúvio-coluvionar, podendo, em razão disso, estar sujeita à inundação como é o caso da boca de mina BM0514.

Os terrenos onde se localizam as bocas de minas pertencentes à classe de declividade de 5 a 15% não apresentam susceptibilidade às inundações.

3.2.5.4. Suscetibilidade à erosão

Neste trabalho, entende-se por suscetibilidade à erosão (laminar e linear) a maior ou menor facilidade com que uma área é erodida pelos processos erosivos naturais. Como mostra a Tabela 9, na área do PRAD, as bocas de minas estão situadas em terrenos de muito baixa a moderada susceptibilidade à erosão (100%).

Tabela 9 – Declividade dos terrenos onde ocorrem as bocas de minas

BMA Classe Susceptibilidade à erosão

510 0 – 5% muito baixa 511 >15 – 30% moderada 512 >15 – 30% moderada 513 >5 – 15% baixa 514 >15 – 30% moderada 566 >15 – 30% moderada 819 >15 – 30% moderada Fonte: Do Autor

O padrão de relevo é um fator muito importante na atuação dos processos erosivos. Em relevos fortes ondulados, o volume de água é grande e o escoamento superficial é rápido, com alta energia, necessitando implantação de obras de porte.

A natureza do solo e do substrato rochoso são fatores naturais que influenciam diretamente na atuação dos processos erosivos.

Os solos profundos, permeáveis e bem estruturados são pouco suscetíveis aos processos erosivos, porém, se estes, posicionarem-se sobre um substrato rochoso impermeável, pode haver acúmulo de água na interface solo/substrato rochoso impermeável, originando um fluxo concentrado induzindo aos processos erosivos. Nas encostas dos vales formados pelos afluentes do rio Palmeiras toda a faixa de terrenos com declividade maior do que 15% possuem substrato rochoso impermeável constituído por siltitos e folhelhos, laminados e físseis das Formações Irati e Palermo. Porém, no trabalho de campo não foram observados indícios de erosão por esse processo, possivelmente em razão da ocorrência de solos pouco profundos dentro da área de influência direta (AID).

Bocas de minas situadas em áreas de muito baixa susceptibilidade à erosão

As áreas com muito baixa susceptibilidade à erosão compreendem os terrenos planos, pertencentes à classe de declividade de 0 a 5%. Esses terrenos estão situados na planície aluvial das drenagens afluentes formadores da sub-bacia do rio Palmeiras. Pelo fato de tratar-se de áreas planas, mal drenadas, o escoamento superficial de processa lentamente, com baixa energia e, portanto, sem capacidade de arranque e transporte de partículas, não causando problemas relacionados à erosão.

Bocas de minas situadas em áreas de baixa susceptibilidade à erosão

As áreas com baixa susceptibilidade à erosão compreendem os terrenos pertencentes à classe de declividade >5 a 15%. São áreas com relevo suave ondulado, com amplitude da ordem de 234 m. As encostas dos vales têm formas convexas e possuem baixa densidade de drenagens. Os vales são abertos com planícies aluviais restritas.

Na área abrangida por esta unidade, o substrato rochoso é constituído por rochas pelíticas das Formações Irati e Palermo. Sobre estas áreas desenvolvem-se solos pouco profundos, moderadamente a pouco permeáveis e moderadamente estruturados.

Em razão das características associadas com o relevo pouco ondulado, com encostas de pouco declividade, bem como suas características geológico- geotécnicas (tais como: boa capacidade de suporte, fácil escavabilidade, declividade de 5 a 15%), conferem a essas áreas baixa suscetibilidade à erosão.

Bocas de minas situadas em áreas de moderada susceptibilidade à erosão

As áreas de moderada susceptibilidade à erosão compreendem os terrenos inseridos na classe de declividade de >15 a 30%. São terrenos de relevo pouco ondulado, com morros arrasados, de forma arredondada ou alongada, com encostas suaves de forma geralmente convexa. O substrato rochoso é constituído por rochas sedimentares pelíticas.

Sobre estas áreas desenvolvem-se solos Podzólicos Vermelho-Amarelo, abruptos ou gradacionais, moderadamente estruturados, bastante profundos, pouco a moderadamente permeáveis. Embora estes solos sejam resistentes aos processos erosivos, a suscetibilidade à erosão é moderada, pelo fato de as formas de relevo serem um tanto onduladas.

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